Imenso e profundo, majestoso e sereno repleto de encantos e despertando
assombro, simples como um lago e misterioso como o mar, o Amazonas não
nasceu como os outros rios...
Diz a lenda que o mundo ser mundo, o Sol e a Lua viviam casados, amando-se
numa fusão de ardência e doçura. Eis porém,
que Tupã quis criar Humanidade, mas esta não poderia substitir
sob as chamas do astro de fogo atiçadas pelos arroubos do amor.
Em obediência, pois ao desejo divino, o Sol e a Lua para sempre tiveram
de se separar.
"E naquela noite - escreve o poeta uruguaiano Gastón Figueira -
a lua , sozinha, ferida de amor, chorou. Suas lágrimas caíram
ao mar; porém, as doces gotas dos olhos da Lua e as gotas amargas
do mar não puderam se misturar. Toda aquela tristeza, toda
aquela dor e beleza se transformou. E das lágrimas da lua um rio
maravilhoso nasceu..."
Descido de misteriosas regiões, semeado de florestas, morada de Iara e da Cobra Grande, berço sempre ondulante da Vitória Régia, leito caudaloso sem par, rio que enfrenta o mar nas pororocas, o Amazonas certamente não nasceu como nasce os outros rios....