Davd Brandt Berg nasceu em
Oakland, Califórnia, em 1919, filho de um pregador protestante pertencente a um
grupo denominado "Aliança Cristã e Missionária". Sua mãe, Virgínia
Berg, dizendo-se curada e recuperada milagrosamente de um grave acidente,
tornou-se uma evangelista internacionalmente conhecida e desempenhou junto ao
jovem David um papel muito importante na sua formação religiosa.
Ainda jovem, Berg se entregou
ao ministério evangelístico de tempo integral. Foi ordenado pela igreja do pai
e pastoreou uma igreja entre os anos de 1948 e 1951. Desgostoso com certa
atitude da igreja deixou o pastorado e se entregou a outras atividades até que,
em 1954, foi trabalhar com um evangelista pentecostal chamado Fred Jordan,
Durante alguns anos participou de campanhas evangelisticas e trabalhou por algum
tempo em pequenas congregações promovendo avivamentos espirituais e
trabalhando com os jovens, principalmente na área da música. ..
Em 1967 Berg começou um
trabalho diferente na Califórnia. Dizendo ter recebido de Deus uma revelação,
acerca de uma missão "diferente", foi trabalhar entre os Hippies e
viciados em tóxicos, pregando um evangelho apocalíptico e atacando a sociedade
americana, bem como às igrejas organizadas. Tal pregação encontrou eco entre
os jovens hippies e logo Berg abriu uma lanchonete para servir como ponto de
encontro do movimento que chamava "Adolescentes Para Cristo". A música
era o ponto alto do movimento e aos poucos, entre música, sanduíches e
cafezinhos, Berg começou a organizar o seu grupo de seguidores. Passaram a
marcar horários para estudo da Bíblia e
reuniões musicais de louvor.
Aos poucos o grupo foi-se
organizando. Sua hierarquia inicial era composta de Primeiros Ministros,
Ministros, Arcebispos, Bispos e Pastores. O nome de Berg foi trocado por um nome
bíblico ("Moisés David") e a seita passou por uma grande fase de
crescimento. A novidade atraía a milhares de jovens que julgavam finalmente ter
encontrado uma religião ao seu gosto.
Moisés David ou Mo, como era
chamado na intimidade, pregava contra os métodos adotados pelas igrejas
tradicionais principalmente no que se refere a atingir aos jovens. No clube
fundado na lanchonete, atraia os jovens com música e ambiente próprio e
falava-lhes a respeito da Bíblia, ajudava os que enfrentavam problemas com
drogas e aconselhava-os nos mais diversos tipos de problemas.
A partir de 1970, a história
da seita é um pouco confusa. Houve um afastamento de Mo que passou a se
comunicar com a liderança apenas por carta. Mesmo assim o movimento continuou
crescendo. Diz-se que Mo mudou para as ilhas Canárias, de onde dirigia o
movimento por correspondência e não tem lugar fixo de residência até hoje.
Suas cartas passaram a ser verdadeiramente "mensagens" tidas como
inspiradas e divulgadas amplamente pelos seus seguidores. A doutrina da seita
está baseada principalmente nas cartas de Mo, onde há uma mistura de
ocultismo, permissividade e heresias.
O movimento se expandiu e atua
em muitos países, contando com milhares de seguidores. No Brasil, chegou em
1973 e sua história entre nós não é nada recomendável. Já tiveram inúmeros
problemas com a policia e têm sido acusados de amor livre entre os seus adeptos
e até de subversão.
Para ser um Minino de Deus,
nome que dão aos adeptos, é necessário abandonar a família, os estudos e a
profissão e ir morar com a comunidade que se transforma na "nova família".
Cada comunidade é composta de no máximo vinte pessoas formada por casais e
filhos, rapazes e moças, vivendo em casas alugadas e tendo tudò em comum. A
acusação de promiscuidade sexual se dá devido a esse tipo de relacionamento.
Eles dizem que isso não é verdade, mas pelo que ensinam acerca do sexo, não
podemos tirar outra conclusão. Em carta publicada pela imprensa, acusados de
amor livre,- respondem: "Não nos achamos no direito de nos intrometer na
vida particular dos membros, se desejam ter relações mais íntimas com pessoas
que amam ou que acreditam poder ajudar a aproximar-se de Deus, sendo tais
pessoas adultas e responsáveis. "
Quando uma pessoa passa a fazer
parte de uma comunidade dos Meninos de Deus ela é chamada de "bebê".
Somente após treinamento específico onde aprende a se submeter à nova forma
de vida, engaja-se ao grupo de visitação que sai pelas portas ou pelas ruas e
praças anunciando as mensagens de Mo. Ao se ligar definitivamente ao movimento,
a pessoa é obrigada a assinar uma declaração doando todos os seus bens à
organização. A total independência é uma das principais exigências para ser
ligado ao grupo.
Ao ingressar na organização
vem aquilo que podemos chamar de lavagem cerebral: obrigações de decorar
determinado número de versículos da Bíblia, privações físicas, crueldades
psicológicas e um processo que cria uma tremenda ansiedade, aliados à tremenda
propaganda em torno da seita e de Moisés David, que é exaltado como o único,
verdadeiro e venerado profeta de Deus.
O processo de doutrinação é muito bem feito. Aos poucos, as sessões vão-se .prolongando e se tornando mais freqüentes; os doutrinadores se alternam para não ficarem cansativos; as leituras contínuas e os textos repetitivos "fixam" bem na mente das pessoas as doutrinas dirigidas para o propósito específico. Tudo é feito sob controle. Não dão tempo para que os adeptos conversem particularmente ou reflitam sobre os ensinamentos recebidos. Os cânticos também encerram com muita habilidade os ensinamentos da seita. O objetivo final é a submissão total da inteligência e da vontade
do adepto ao grupo. Nesse ponto
são semelhantes ao movimento Hare Krishna e ao Moonismo.
São
palavras atribuídas a Mo: "Nós temos um Deus sexy, e uma religião sexy e
um líder muito sexy com um grupo de jovens seguidores extremamente sexy. Se você
não gosta de sexo, que vá embora enquanto pode."
Para
Mo, Deus é pai de todos e criou todas as coisas para a alegria e o prazer dos
seus filhos. A seita enaltece o amor e entende que todas as pessoas são livres
para fazer o que bem entendem, e que essa liberdade é divina. Usam a expressão
bíblica "Todas as coisas são puras para os puros" para justificar a
permissividade e a maneira libertina como vivem.
O
valor de Jesus Cristo para os Meninos de Deus se restringe até onde as,
interpretações de sua vida e de seus ensinos se adequam ao seu modo de viver e
de entender o mundo. Citam muitas expressões dos evangelhos e muitos exemplos
de Cristo, porém o fazem tão somente quando convém à sua filosofia. Atitudes
como mudanças de vida, conversão, santificação outras, recomendadas pelo
Mestre, não levam em consideração.
Impressionado
com Daniel 9.2, que fala dos tempos da assolação da terra com a duração de
setenta anos, Moisés David calculou certas datas: morrerá em 1989 e o mundo
acabará em 1993. O livro preferido da seita é o Apocalipse. Acreditam que um
dia a humanidade será uma só família e a terra será habitada por aqueles
que, purificados, saberão viver o verdadeiro amor.
Os meninos de Deus rejeitam a
família, o Estado, as igrejas, a sociedade e tudo o que é organizado.
Consideram tudo isso obra de Satanás, com quem estão em permanente luta. É um
resquício da filosofia Hippye que se revoltou com a sociedade nos anos 60.
Dizem que o mundo se dividiu
entre ricos e pobres e a sociedade moderna é uma estrutura formada pelo
dinheiro, que é a raiz de todos os males. Profissionais, policiais, forças
armadas, instituições, e tudo o mais, fazem parte de um esquema no qual os
pobres são constantemente sacrificados pelos ricos e têm sua liberdade
cerceada por uma moral fabricada em laboratórios. Os ricos sofrerão o castigo
matando-se uns aos outros numa guerra atômica que marcará o fim do mundo, e os
pobres (Os Meninos de Deus) estarão livres para construir a sociedade ideal
onde reine o amor.
Na realidade, o que acontece
com uma pessoa que se torna adepto da seita é que, pouco a pouco vai se
transformando em um verdadeiro robô. Suas vontades são cerceadas em nome da
organização.
Torna-se totalmente alienada do
mundo e da sociedade; cria complexos,
acumula traumas e torna-se totalmente esquizofrênica. Os que têm se libertado
das garras dessa seita falsa, têm dito que viviam totalmente escravizados, como
robôs, sem vontade própria e dirigidos pelos desejos dos membros da organização.