Descoberta pode confirmar relato do
Antigo Testamento sobre dilúvio
Traços de antigo litoral no fundo do Mar Negro sugerem
ocorrência de grande inundação
- LONDRES - Sérios indícios de que houve uma grande inundação,
que poderiam confirmar o que é contado no Antigo Testamento sobre a
Arca de Noé, foram descobertos nas águas do Mar Negro por uma
expedição norte-americana. Pesquisadores submarinos chefiados por
Robert Ballard, o oceanógrafo que encontrou o Titanic e outros
navios afundados no século 20, descobriram um antigo litoral a 135
metros de profundidade. "Não sei ao certo se essa foi ou não
a inundação de Noé, mas garanto que houve uma inundação",
disse David Mindell, um dos pesquisadores.
- A equipe de Ballard baseou seu trabalho na teoria da inundação bíblica
sugerida por dois geólogos marinhos da Universidade de Colúmbia em
Nova York, William Ryan e Walter Pittman, em seu livro Noha's Flood
(A Inundação de Noé). Ballard explicou: "Durante a última
Era Glacial, geleiras avançaram pela superfície do mundo. Isso
baixou em 120 metros o nível dos mares. Depois, há 12 mil anos, no
fim da Era Glacial, as geleiras começaram a recuar." Por causa
desse baixo nível do mar, o leste do Mediterrâneo foi separado do
Mar Negro, motivo pelo qual, quando os oceanos começaram a subir, o
nível do Mar Negro não subiu. Ballard continuou: "Há cerca
de 7.600 anos, o Mediterrâneo rompeu um dique natural no Bósforo e
inundou catastroficamente a região. Os moradores dessa área, 120
metros abaixo do nível do mar, passaram por transtornos.
Defrontaram-se com uma inundação comparável a 10 mil Cataratas do
Niágara." Essa inundação foi muito maior que a descrita no Gênese,
que teria durado 40 dias e 40 noites, cobrindo todos os seres vivos
sob 7 metros de água, exceto Noé, sua família e os animais
levados na Arca.
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- Avanço da água - Pela nova teoria, acredita-se que a cada
dia, durante 2 anos, 16 quilômetros cúbicos de água marinha
atravessaram o Estreito de Bósforo, que se alargava, e foram
despejadas no que era então um lago de água doce, erguendo seu nível
em 15 centímetros por dia.
- A água salgada que avançava, mais pesada que a água doce, foi
parar no leito do lago, transformando-o num mar cuja profundidade não
tem condições de manter nenhum tipo de vida. Essa área de escuridão
inerte é chamada de abismo anóxico, o que significa que a água aí
presa não consegue circular e perdeu seu oxigênio, segundo artigo
publicado no jornal The Washington Post.
- "Tais condições não existem em nenhum outro lugar do
mundo", declarou Ballard ao jornal. A teoria pressupõe que,
nessa zona morta, navios são preservados intactos, possivelmente
ainda com suas velas da Idade do Bronze, apenas aguardando a chegada
de Ballard e equipe.
- "Quero encontrar a história de Jasão e dos argonautas e sua
busca do Velocino de Ouro", disse o oceanógrafo. Mas sua
procura de antigos navegantes talvez precise esperar até o próximo
ano, quando Ballard pretende empregar um veículo de exploração
submarina do governo norte-americano operado por controle remoto. Os
exploradores estão convencidos de que devem existir muitos navios
no fundo das águas, pois o Mar Negro serviu de rota comercial,
desde a Grécia antiga até Bizâncio e o Império Otomano. (The
Times)
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