Universal faz tráfico. Palavras de ex-pastor

Ele diz a um jornal português que a igreja estaria envolvida com drogas, armas, prostituição e falsificação de dinheiro

O jornal português Expresso publicou, na edição de 2000, reportagem em que Jorge Coelho, ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, acusa a instituição de estar envolvida com tráfico de drogas, de armas, contrabando de diamantes, falsificação de dinheiro, lavagem de dinheiro e prostituição.

 

Segundo ele, a Universal está ligada ao Cartel de Cali, que teria financiado a compra da TV Record no Brasil.

 

Coelho, um português de 22 anos, contou ao jornal que entrou para a Universal com 14 anos e se tornou pastor um ano depois. Ficou na função por quatro anos. Sua primeira tarefa ilegal teria sido investir US$ 10 milhões em tráfico de armas, o que teria rendido US$ 25 milhões à igreja.

 

Segundo o jornal, o ex-pastor vem de uma família da média burguesia e desistiu dos estudos aos 14 anos, para tentar uma forma de ganhar dinheiro fácil. Ele diz que decidiu entrar para a Universal ao ver a forma como viviam os pastores, os carros, as roupas e as casas que têm. A mãe de Coelho era crente da Igreja Universal e, como ele, falava várias línguas. Subiu rapidamente na hierarquia, atuando em outros países além de Portugal.

 

 

Negócios ilícitos Com apenas 16 anos, Coelho foi enviado como pastor para a Suíça. Por causa de uma viagem do responsável brasileiro no país para o Brasil, acabou substituindo-o. Lá, disse ele, começou a tomar parte nos negócios ilícitos da Igreja, que eram justificados como uma forma de garantir que a palavra de Deus não deixasse de ser pregada. Os lucros das operações eram escoados através de empresas off-shore da Universal.

 

Ele disse que em apenas dois meses a igreja "lavou" US$ 1 bilhão através de uma empresa de Luxemburgo, pertencente a uma pessoa chamada Alex, que fazia a ligação entre a Universal e os bancos.

 

A "lavagem" foi dividida em lances de 100 milhões com base em empresas off-shore e contratos fictícios, a partir de garantias emitidas por um banco de propriedade da Universal no Brasil. Todos os negócios eram feitos utilizando "laranjas", pessoas que ao entrarem na Universal como crentes davam todos os seus dados e assinavam papéis a favor da igreja.

 

Coelho disse que, entre os crimes que cometeu pela Universal, levou um automóvel com o porta-malas cheio de droga de Lisboa até Luxemburgo. Ele também afirmou que, quando esteve na Bélgica, recebeu da responsável por um bordel de Antuérpia o pagamento pelas prostitutas que a Igreja Universal teria levado para o país. Na Bélgica, um funcionário da embaixada francesa emitia passaportes falsificados vendendo-os aos membros da igreja, de acordo com o ex-pastor.