Too Good To Be True

Por Criickz


Capítulo Um

- , eu preciso mesmo usar isso? – apontou para seu uniforme escolar. – Fala sério, a gente não ta mais no primário. O segundo ano precisa usar saia, camisa e gravata? Isso é ridículo!
- Deixa de ser fresca, . Se você quiser ficar aqui, vai ter que se adaptar. Se não, volta pra Chelmsford e passe bem. Além disso, os meninos ficam lindos de camisa e terno. – respondeu. apenas rolou os olhos e sentou-se no sofá de seu apartamento.

era sua amiga de infância, ou melhor; melhor amiga, que já morava em Londres há três anos. se mudara apenas há 2 dias antes do início do primeiro bimestre de aulas. Ela costumava morar com os pais em Chelmsford mas quando eles decidiram se divorciar, a mãe de se mudou para o Brasil, e a garota se mudou com o pai para a pequena cidade que vive atualmente. Porém, ela decidira que queria morar com a amiga- num apartamento cujas contas eram pagas por seus pais – para, assim, se tornar mais independente.

- Vai logo, a gente vai chegar atrasada. Meu primeiro dia e não quero causar má impressão – berrou.
- Mas que saco! – disse ao passar brilho nos lábios – Pronto. Ta felizinha agora?
- Uh-huh.
- Ok, vam’bora.

- Cacete, ta frio! – reclamou ao sentir um vento gelado bater em seu rosto.
- Acho que hoje vai nevar... – afirmou olhando para o céu.
- Oba! Eu amo neve! – disse começando a rodar pela calçada de braços abertos.
- Esse povo autista... – suspirou.
- Ei, eu não sou autista!
- Claro que é. Você acha que eu sou surda? Você fica falando sozinha no seu quarto!
- Eu não falo sozinha. Eu falo com o Melocoton! E o Melô é especial, tá?
- Aquele bicho roxo feio? Ai, rolou os olhos e bufou.
- Ontem lá na Joy’s foi legal, né?
- Super! Melhor sorvete da face da terra! – lambeu os lábios.
- Concordo plenamente. – respondeu.
começou a gargalhar.
- Que foi? – perguntou ao ver a amiga se sentar na calçada rindo sem parar.
- Eu lembrei do que o Harry disse ontem.
- Ah, da minha campanha? – fez cara feia. – Eu tava só na sétima série, poxa!
- ‘Críquete para meninas e meninos’ – zombou. – Aonde você tava com a cabeça?
- Eu só lutei pelos meus direitos, oras. Não tem nada de mau nisso.
- Oh, não, magina.
apenas ficou quieta com o comentário. Era uma campanha muito boa. Tinha até buttons! pensou.
– Erm... o que achou do pessoal? – mudou de assunto subitamente.
- A , e os outros quatro?
- É claro; quem mais podia ser? – disse de um jeito arrogante.
- Adorei! – ignorou a amiga. – Só que o e o são meio retardadinhos, né?
- O é! – ela riu. – Mas o não! Nem vem falar mal do meu namorado pra cima de mim.
deu de ombros.
- Falando nele, como vão as coisas?
- Mais perfeitas impossível – sorriu radiante. – Amanhã a gente completa um ano.
- Aw, que fofos – apertou a bochecha da outra.
- E você?
- Eu o quê?
- E você, de olho em alguém?
- , amor, eu cheguei anteontem!
- E daí? O amou você.
- O ? – riu um tanto sem graça – Não. Nem nem ninguém. Quantas vezes eu vou ter que te lembrar que não posso?
- Mas, ! Você não precisa se comprometer com ninguém. Você pode só... hum...- fazia gestos exagerados com as mãos - se é que você me entende. – deu cutucões no braço de .
- Ewc, ! Eu não sou assim. Quanto menos eu me apegar a qualquer pessoa vai ser melhor pra mim. E tenho dito.
rolou os olhos.
- Você não vai conseguir – resmungou.
- Espere e verá.
- Você é patética.
- Cala a boca, .
- Ah, qual é, ?
- Qual é o que? Vai ser muito melhor pra mim se eu não me envolver com ninguém. Não quero que ninguém se machuque.
- Você vai se machucar muito mais gostando do cara em silêncio – afirmou.
- Eu não vou me apaixonar por ninguém! Quer saber? Chega dessa história – finalizou o assunto.
deu de ombros. Como as pessoas podem ser tão tolas? ela pensava.

Capítulo 2

- E aí, caras. - disse num tom meio desanimado para os amigos que estavam sentados em cima de uma mesinha no pátio.
- Ei, que cara é essa? - perguntou preocupado ao ver a cara de .
- Nada. Quero dizer, a mesma coisa de sempre. Meus pais vivem brigando agora e eu tô ficando cheio disso.
- Calma, - tentou tranquilizá-lo - é só uma fase. Você vai ver. Quero dizer, todos casais passam por uma crise... tudo vai se resolver.
- Eu sei - respondeu.- Mas ninguém fica na mesma fase por 2 anos! - ele virou o rosto para o outro lado para que os amigos não vissem as lágrimas que começaram a brotar em seus olhos.
Harry colocou a mão em um dos ombros de .
- Ficar assim não vai ajudar em nada. Tenta conversar com eles, ok?
- É, acho que vocês têm razão. - suspirou.
- O que a gente vai fazer hoje? – tentou animar.
- Não sei. Vocês têm alguma coisa pra fazer? – Harry perguntou.
- Nada – respondeu.
- Desocupado também – falou.
- Vamos tentar escrever alguma coisa hoje? A gente ta meio enferrujado.
- Claro! – todos concordaram.

- Mas, mãe!
- Não, . Eu quero que você venha pro Brasil comigo.
- Mas eu não quero ir pro Brasil. Eu quero morar com a .
- Já disse que não. Ponto final.
- Por que não? Eu já sou grandinha, você não acha? E eu sou bastante responsável! Você sabe que o meu sonho é morar sozinha.
- Nossa, filha, você diz como se fosse horrível morar comigo.
- Não é isso, mãe. Mas é que eu preciso me tornar mais independente, sabe? Eu quero poder me virar sozinha. Você já fez demais por mim.
- Não sei...
- Por favor! – insistia.
- Eu preciso falar com o seu pai, antes.
- Então... posso considerar isso como um sim?
- Um ‘sim’ que vai valer um ano. Só um ano!
- Brigada, mãe! Você é a melhor!

- ? ? Alô? – chamava a amiga.
- Que é?
- Pára de pasmar, menina.
- Eu não estou pasmando. Só, er, me lembrando de algumas coisas...
- Tanto faz. Vamos pra lá.
apontou para quatro garotos sentados sobre a mesma do pátio, perto de uma grande fonte com a água um pouco suja.
- Olá. – as duas os cumprimentaram.
- Hey, amor – deu um longo beijo em , interrompido por , que fingiu limpar a garganta.
- Arrumem um quarto! – Harry brincou.
O casal deu a língua.
- Aquelas não são a e a ? – apontou para duas garotas que vinham correndo na direção do grupo.
- Geeeeeeente! – gritou.
e pulavam.
O que houve?
A gente conseguiu! – arfava.
- Conseguiram o quê?
- Aimeudeus. A gente conseguiu! – as duas se abraçaram.
- Conseguiram O QUÊ? – Harry gritou.
- Deixa de ser grosso, Harold. – respondeu fazendo Harry corar e virar a cara, emburrado.
- Jura? – também pulava.
- Nossa, pensei que nunca mais ia ter baile nesse colégio. – comentou.
- Eu também... não depois do que aconteceu com o Andrew.
- Andrew? Quem é esse? – quis saber.
- Andrew Matthews. Basicamente, ele atirou no John Springfield ano passado. Depois do baile. – explicou.
- Ele atirou assim? Do nada?
- Não. John e a turminha dele – apontou para o time de futebol – começaram a tirar uma com a cara do Andrew no baile do ano passado. O coitado do Andrew, é claro, não gostou da gozação e BÃM – ele bateu as mãos fazendo com que se assustasse – foi tiro pra tudo que é lado. John e Matthews foram expulsos e tudo mais. Também, não era pra menos. O Andrew acabou com o colégio. Têm furos de bala em todas as paredes, há, ainda, um pouco de sangue no piso e...
- Não inventa, .
- Ta. Tudo o que eu disse é verdade. Até a parte dos furos nas paredes...
- Mas me disseram que ele voltou – deu de ombros.
- Sério? – pareceu chocada.
- Aham. Ih, falando nele, olha ele lá – indicou.
o observou. Um garoto não muito magro nem gordo; também não muito alto e moreno, Tinha cabelos excessivamente oleosos. Olhos claros escondidos por trás de óculos de lentes bastante grossas.
- E zoavam ele por quê? – perguntou ao não achar nada de incomum em Andrew.
- Ele tem dislexia – respondeu.
- Mas ele é ótimo em esportes. Acho que é por isso que faziam aquele tipo de coisa com ele. Queriam intimidá-lo.
- Que coisa estúpida, essa - disse concordou.
- Pois é.
Um silêncio tomou conta da roda.
- Ei, - Harry tentou quebrar o silêncio – vocês querem ir lá pra casa hoje? A gente vai tentar escrever um pouco. A gente pode fazer alguma coisa depois.
- Claro! Por que não? – , e concordaram. Todos se viraram para .
- Er, – ela estava visivelmente envergonhada - eu tenho outras coisas pra fazer - mentiu. – É. Eu vou indo. Vou resolver mais algumas coisas do baile.
- Ah, vou com você – disse.
As duas partiram.
Harry observou até ela entrar no prédio da escola. Abaixou a cabeça.
- Por que ela me esnoba desse jeito?
Todos se entreolharam sem saber o que dizer.
- Ela não te esnoba, Judd. Você não ouviu? Ela tinha que arrumar as coisas pro baile.
- Eu sei. Mas e aquele ‘deixa de ser grosso, Harold’? Ela sempre me chama de Harold e nunca fala comigo direito. Eu nem ao menos sei o que fiz de errado pra ela!
- Você não fez nada.
- Então por que ela me trata assim?
mordeu o lábio inferior, sem palavras para consolar o amigo.
- Merda! - ele urrou.
- Vem, Harry. Vamos conversar – disse.

Continua~
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