Lovers Go
Por Crickz



Cap�tulo Um

! Desce da�, agora! � mandou ao ver sentar sobre um galho grosso de uma �rvore, em frente a um lago.
, sobe aqui, d� pra ver a sua casa daqui! E a minha tamb�m! � ia apontando com o dedo indicador.
� N�o. Desce logo e vamos andar mais um pouco de bicicleta, vai.
� Anda, , eu te ajudo a subir � ele ignorou a amiga. � Pega a minha m�o.
� Eu tenho medo de altura, voc� sabe.
� Deixa de ser maricas e vem aqui pra cima.
logo fez o que disse. N�o gostava de ser encarada como covarde, e sabia disso. Ele sabia que ela s� precisava ser ligeiramente provocada para ceder.
e eram melhores amigos desde muito, muito tempo. H� mais ou menos h� nove anos - desde que nasceram.
... � disse, um pouco hesitante.
� O que foi?
� Er, nada. Deixa pra l�.
� Fala! � o garoto insistiu.
� Eu queria... eu queria saber se, er...
� Se...- foi fazendo gestos com as m�os.
� Se voc�, er, eu n�o queria mesmo fazer essa pergunta, mas voc� insistiu... Eu queria saber se... voc�j�tipoassimbeijouumagarotanaboca. �, � isso a�.
come�ou gargalhar alto.
� Voc� ta rindo do qu�? � quis saber, dando-lhe. um leve tapa no bra�o.
� � que � disse, ainda rindo, com as m�os na barriga � � que voc� falou t�o r�pido que eu n�o pude entender nada!
rolou os olhos, frustrada.
� Repete � pediu.
� N�o � a garota cruzou os bra�os. � Agora n�o quero mais saber.
� Qual �? N�o vai dar uma de maricas agora, vai? � provocou.
A garota olhou para cheia de raiva. Seus l�bios se contra�am para n�o dizer nenhuma besteira.
� N�o � nada demais. Deixa pra l�.
� Vamos � disse com um pouco mais de ternura. � Eu n�o vou zombar de voc�. Juro! � ele cruzou os dedos, beijando-os.
� Hum � a garota fez uma careta. � Eu s� queria te perguntar se voc� j� beijou uma menina � ela disse. � Na boca! � acrescentou.
pareceu engasgar na pr�pria saliva. Corou levemente.
� Eu... eu n�o � respondeu ap�s dar-lhe leves palmadas nas costas.
As sobrancelhas de que antes estavam franzidas relaxaram.
� E se eu te pedisse � brincava com uma folha. � Pra, hum, me beijar?
� Pra fazer O QUE? � arregalou os olhos, surpreso.
� Ah, sei l�! Voc� n�o tem curiosidade de saber como �? � ela perguntou encabulada.
� Tenho, mas... � esquisito.
� O que tem? Voc� n�o dar uma de... maricas, vai? � brincou.
� Ei, eu n�o sou maricas, sua, sua, RAINHA DAS MARICAS!
� Ah, �? Prove.
lambeu seus l�bios e fitou os da amiga por alguns instantes. Ele n�o sabia o que fazer. Ele j� vira em filmes, mas n�o tinha experi�ncia alguma.
Ele se aproximou da garota, inseguro. Encostou em seu antebra�o suavemente, encostou seus l�bios nos dela por alguns mil�simos de segundo e voltou � mesma posi��o que estava antes.
e se encararam por um momento, at� que ele teve coragem de se pronunciar.
� Ent�o... � tentou pression�-la a dizer algo.
� Ent�o... � ela disse. � � s� isso?
� Como assim �s� isso�? O que mais eu posso fazer?
� Eu pensei que voc� ia fazer igual minha m�e faz com o papai.
� Tipo... com l�ngua e, e, saliva? � o garoto pareceu chocado.
� �, oras. N�o � assim que se faz?
� Eu n�o sei! Mas � nojento!
� Hum, � mesmo. Sabe, minha m�e disse que quando a gente beija, a gente ama algu�m. � p�de sentir suas bochechas ferverem.
� Mas como eu sei se eu amo algu�m? � perguntou.
� Eu n�o sei � ela respondeu.
� Ta, eu n�o te beijei com l�ngua e essas coisas nojentas � fez careta � Mas eu te beijei de qualquer jeito. Ent�o quer dizer que... � falou. � que eu... que eu...
� Eu acho que sim � disse, j� sabendo o que ele queria dizer.
� E agora? � parecia incapaz de dizer nada.
� Agora acho que voc� precisa... dizer.
brincou com os dedos por alguns segundos. Suspirou alto e disse:
� Ok, vira de costas.
virou-se com cuidado, para n�o cair do tronco em que estava sentada. Seu cora��o batia forte e rapidamente, como se fosse sair pela sua boca.
� Humm � resmungou. � Eu, eu... eu te amo.

Cap�tulo Dois

, pra onde � que voc� ta me levando? � perguntou com os olhos vendados por um len�o.
� D� pra parar de fazer perguntas? Estamos quase l�! � ele respondeu.
sorriu. sempre lhe fazia pequenas surpresas, principalmente em seus anivers�rios. Ela se sentia extremamente feliz em pensar que algu�m se importava tanto com ela.
A garota p�de sentir o cheiro de grama e o barulho da �gua do lago se mover.
� Pronta? � perguntou, ainda segurando as m�os de .
� Uhum.
� L� vai. Um... � foi desfazendo vagarosamente o n� que havia feito para vendar a amiga. � Dois... tr�s!
Quando o len�o j� n�o cobria seus olhos, p�de ver um lindo balan�o de madeira amarrado a um tronco de �rvore. As cordas que seguravam o balan�o estavam enfeitadas por algumas flores cor-de-rosa e brancas.
� Parab�ns! � ele disse.
� Aw, ! � suspirou.
Tudo estava lindo. Havia uma toalha xadrez estendida no ch�o e, sobre ela, havia um cesta de pique-nique.
� Voc� fez tudo sozinho? � ela quis saber
� Fiz � ele respondeu. lan�ou-lhe um olhar significativo. � Ta bom, meu pai me ajudou fazer uma parte. � a garota lan�ou-lhe outro olhar. - Ta bom, ele fez tudo. Mas a id�ia foi minha!
� Obrigada, � ela agradeceu, ainda sorrindo. � Est� tudo lindo.
� Vem, vamos comer. Mam�e fez aqueles sandu�ches que voc� gosta.

� Isso aqui ta t�o legal! � exclamou. � Brigada mesmo por se dar ao trabalho de, todo ano, fazer essas coisas pra mim.
sentiu suas bochechas ficarem mais quentes.
� Obrigada por me deixar sem gra�a todo santo anivers�rio! � ele respondeu, dando um sorriso amarelo.
Os dois ficaram calados por algum tempo, apenas apreciando a paisagem. Os raios de sol se refletiam na �gua e uma brisa leve e refrescante batia em seus rostos.
� Voc� est� animada pra o come�o das aulas? � quebrou o sil�ncio.
� Muito. Mam�e disse que a quinta s�rie � uma das s�ries mais divertidas! Ela disse que os professores j� n�o nos tratam mais como pirralhos.
sorriu.
� J� era hora, n�?
Ela assentiu com a cabe�a.
Eles se encararam por alguns segundos, at� ouvirem gritos e risadas.
Ta namorando! Ta namorando! e ouviram um pequeno grupo de pessoas cantarem.

� Eu n�o to namorando! Parem com isso � Harry pediu. Ele j� estava ficando irritado com a zoa��o dos amigos.
� D� pra voc�s calarem a boca? � mandou. � Ele j� disse que n�o ta namorando a idiota da Hailey!
Todos olharam assustados para .
� Qual �? Foi s� uma brincadeira. N�o precisa ficar estressada desse jeito � falou.
� Sabe o que isso quer dizer? � perguntou olhando para .
sorriu.
� Isso quer dizer � ela disse � que a gosta do Harold!
O grupo explodiu em risadas.
� A ta apaixonada! A ta apaixonada! � e gritavam e saltitavam.
A garota olhou para o grupo, furiosa. Bufou e correu em dire��o ao lago, largando o resto para tr�s.

apenas observava de longe chorar e solu�ar.
� Voc� acha que eu deveria ir falar com ela? � virou se pra .
Ele deu de ombros. �s vezes, ela se preocupava demais com as pessoas.
� Oi � cumprimentou que a olhou assustada.
� O-oi � ela respondeu gaguejando. � Eu n�o quero ser rude, mas, por favor, vai embora, eu quero ficar sozinha.
� Sabe, - ela ignorou o que dissera � muita gente gosta de brincar que eu e ele, � ela apontou para que olhava emburrado para o lago, - namoramos. Mas eu aprendi que nunca se deve ligar muito pra o que os outros dizem. Mas s� no caso de mentiras!
ficou quieta. Acalmou-se e enxugou as l�grimas. Virou-se para , sorrindo.
� Muito prazer. Eu sou a , mas pode me chamar de � e estendeu sua m�o.
� Prazer o meu, . Meu nome � , mas pode me chamar de � apertou a m�o da outra.
� Desculpa atrapalhar o seu lanche.
� Sem problemas. Quer ficar com a gente?
� Tem certeza? � perguntou. � Ele n�o parece muito feliz...
olhou para . Seus bra�o permaneciam cruzados e suas sobrancelhas, franzidas.
� Certeza absoluta � ela respondeu. � � que hoje � meu anivers�rio, e ele preparou tudo. Deve ser isso.
� Hum... � resmungou. � Sabe, acho que n�o vai dar. Melhor eu voltar pra casa.
olhou para a menina, confusa.
� N�o tem problema nenhum. Fica aqui com a gente! � insistiu.
� � melhor n�o. Voc�s dois podem ficar a�. Ah sim, parab�ns! � a outra disse sorrindo maliciosamente.
Hunf, n�o entendi murmurou.
� Voc� vai entender. Mais cedo ou mais tarde, voc� vai entender o que eu quero dizer.
E partiu.

Cap�tulo Tr�s

assistia As Tartarugas Ninjas na televis�o, quando ouviu a campainha tocar.
� Deixa que eu atendo! � gritou.
� Oi, ! � disse quando abriu a porta. � Vamos pro lago? Tenho uma surpresa pra voc�.
� Mas hoje n�o � o meu anivers�rio.
� E da�?
� � que voc� s� faz surpresas no meu anivers�rio � respondeu .
� Que besteira. Vamos! � ele pegou as m�os de e a guiou at� sua bicicleta. - R�pido, antes que escure�a!

� P�ra aqui � pediu para .
, o que � que voc� vai fazer?
� P�ra de fazer perguntas e fecha os olhos. N�o abre at� eu mandar!
assentiu. Ele segurou as duas m�os da garota, levando-a para perto da �rvore em que o balan�o estava. I love when our hands touch...
� Pode abrir? � ela perguntou.
� S� mais um minuto � disse, posicionando-a para que ficasse de frente � surpresa. - Preparada? Pode abrir.
Vagarosamente, abriu os olhos. Ao ver uma grande casa constru�da na �rvore, abriu um largo sorriso.
! Isso �... � simplesmente... � ela n�o conseguia achar palavras pra definir o que sentia.
� �, eu sei � ele tamb�m sorria.
� Posso, er, subir? � perguntou.
� Claro! Vem comigo.
Os dois subiram na �rvore por uma escada com degraus de madeira, presas a uma corda de cada lado.
� Uau � foi tudo o que conseguiu dizer.
� Pois �. Dessa vez eu ajudei o meu pai a fazer � pareceu orgulhoso. � A gente dividiu a casa um duas partes: uma parte pra voc� e outra pra mim.
ainda n�o conseguia pronunciar uma palavra. Ela passou por um m�bile com v�rias pedras cor-de-rosa at� chegar em um pufe roxo. Sentou-se nele e observou, maravilhada, as coisas que havia l� dentro. Havia, mais ao canto, uma pequena mesa de madeira r�stica com algumas canetas e alguns cadernos. Um grande ba� dividia a casa em duas partes. Um pouco mais para frente, se encontrava uma casa de bonecas.
, percebendo o olhar da amiga para a casa, disse:
� � demais, n�o �? Papai disse que voc� j� era grande pra ter uma casinha de bonecas. Eu sabia que voc� nunca p�de ter uma, mas que voc� sempre quis e...
o interrompeu, pulando em seu pesco�o e abra�ando o amigo com for�a.
� Voc� n�o vai chorar, vai? � perguntou, definitivamente sem gra�a.
Tarde demais; ela j� chorava. Chorava de felicidade; chorava porque sempre achava algum jeito de realizar os desejos dela; chorava porque ele se importava muito com ela e ela nunca p�de agradecer ou fazer nada � altura.
... Eu, eu...
� S� diz que gostou, ok? � ele disse, arrancando um sorriso da amiga.
� Eu n�o gostei. Eu amei!
� Voc� pode dizer ', voc� � o maioral e o gostos�o da parada�, tamb�m � brincou.
� Voc� � o maioral, ! Sem esse neg�cio de gostos�o! � riu. � Brigada, mesmo!
� Meu pai disse que � noite � mais legal, porque fica tudo escuro e aqui s� fica iluminado pelas luzes das casas e tudo mais.
� Parece legal... � ela comentou. N�o estava achando nada agrad�vel a proximidade de .
Mas ele n�o pareceu estar se incomodando com isso, pelo contr�rio, estava gostando.
Agindo impulsivamente, ele segurou a m�o direita de a encarou. Depois, foi, gentilmente, levando sua m�o at� o ombro da garota. Ele n�o tinha id�ia do que fazia. Seu cora��o palpitava e sua m�o esquerda estava come�ando a suar, de t�o nervoso.
� Eu acho melhor eu voltar pra casa. Ta ficando tarde e a minha m�e deve estar preocupada.
pareceu voltar do transe. Chacoalhou a cabe�a. O que havia feito?

Cap�tulo Quatro

, p�ra com isso e desce desse balan�o! � pediu.
� N�o � ele disse grosseiramente. � Por que voc� n�o vai fazer companhia pra aquele seu namoradinho est�pido e me deixa em paz?
� Que saco, . Eu j� disse que o Matthew n�o � meu namorado! Quantas vezes eu vou ter que repetir? � ela disse, j� irritada.
� N�o, magina � ele desdenhou. � Eu vi com os meus pr�prios olhos voc� conversando l� no p�tio, ta? Nem vem dizer que estou mentindo.
� A gente tava conversando � falou e viu murmurar �n�o falei?�. � Mas ele s� tava me pedindo ajuda em matem�tica. Ele vai repetir a sexta s�rie se n�o for bem na prova, entende? Por isso. Pronto. Satisfeito? Ele me pediu pra n�o contar pra ningu�m e olha s�; eu contei, s� pra satisfazer os seus doces.
estava visivelmente envergonhado. �s vezes, s� de ver conversar com outros garotos, dava-ve raiva.
� N�o � doce � ele respondeu, sem dar o bra�o a torcer.
� Quer saber, ? V� se cresce! � e saiu correndo, de volta � sua casa.
Meninos s�o t�o infantis, pensou.
Meninas s�o t�o... t�o... tentou pensar em algo ruim, mas n�o conseguiu.

� E a�? � perguntou ao ver entrar em seu quarto.
� E a� que o � um babaca. � ela respondeu furiosa.
� Garotos s�o t�o imaturos � disse.
� Bingo! � brincou.
� Meninas, voc�s n�o v�em? � �bvio que o gosta da .
que antes bebia suco, cuspiu tudo para fora.
� O que voc� disse? � ela quis saber, incr�dula.
� Ai, meu Deus. Ele ta com ci�mes! Sempre que ele te v� conversando com os garotos ele tem chilique!
, assim como as outras duas, n�o acreditava no que ouvia.
� Sabe o que eu acho? Eu acho que chega de filmes de romance pra voc�, disse desligando a televis�o.
� Ei, eu amo �Simplesmente Amor�! Liga! � pediu.
� N�o. Chega de televis�o. Vamos pro lago � disse.
� Isso!

� E a�? � perguntou ao ver entrar emburrado em seu quarto.
� E a� o que? � respondeu.
� Voc� ta bem? � quis saber.
� Claro que estou � bufou. � Por que a pergunta?
� � que a gente viu voc� sair correndo todo irritado do col�gio � Harry contou.
� N�o foi nada.
� Qual �, . N�s somos amigos, n�o somos? Conta pra gente o que se passa nessa cabecinha oca que te pertence � disse.
O garoto olhou bravo para .
� Vamos. N�o vai doer se nos contar, vai? � Harry insistia.
n�o disse nada. Ele pensava em alguma justificativa para sua raiva, mas a verdade era que ele n�o tinha raz�o para ficar naquele estado. Ou talvez tinha, e n�o sabia.
� � que... garotas s�o t�o... sens�veis.
� S� isso? � perguntou.
� Er, �. Basicamente isso � respondeu sem entender.
� Quer saber, � Harry disse. � V� se cresce!

Cap�tulo Cinco (preparados para um pouco de drama? :B)

� Ei, cad� a ? � quis saber olhando para os lados.
� N�o tenho id�ia. J� deve estar vindo � respondeu.
, e estavam sentadas juntas a , em frente a uma �rvore no p�tio do col�gio.
� S�tima s�rie. Whoopee! � tentou descontrair um pouco.
� Yey � disse sem empolga��o.
� O que voc� tem, ? Passou a �ltima semana inteira com essa cara feia. Nos conte o que houve � pediu com certa ternura.
� Nada � ele respondeu. N�o queria conversar sobre seus problemas com tr�s garotas que, na sua opini�o, n�o tinham conhecimento da express�o �guardar segredo�.
� Vamos, . N�o seja orgulhoso. Diz pra gente o que voc� tem! � insistia, balan�ando levemente a perna do garoto.
� Me deixem em paz! Que saco! � urrou e saiu andando rapidamente para longe das tr�s, sem perceber a chegada de Harry, e .
� Que bicho mordeu ele? � perguntou apontando para um vermelho de raiva.
deu de ombros.
� Voc�s n�o acham que ele ta esquisito? Ele ficou desse jeito durante a semana toda.
� Pois �. Ele n�o quer falar com a gente tamb�m � Harry falou com ar de descontentamento.
� N�o duvido nada que, se a tivesse passado essa semana com a gente, ele estaria bem melhor � comentou, sentando-se ao lado de que o olhou com cara feia.
� Falando na , o que houve com ela? Ela ta doente ou coisa assim? � Harry perguntou.
� N�o sei � respondeu. � Ela passou a semana inteira fora de casa. Fui l� todos os dias e o �nico que ficava em casa era o pai dela.
� Hum, estranho � disse.
O rosto de se iluminou de repente.
� S� pode ser isso � falou. � Os pais dela se separaram. E ela se mudou. S� pode ser.
� �... � disse. � Lembro que sempre que passava por l�, os olhos do pai dela estavam vermelhos, como se tivesse chorado.
De longe, p�de ouvir lamenta��es como �Que pena� e �Coitadinha�.
Os pais de se separaram? Ele tentava entender. De repente, sentiu uma dor no cora��o e um pensamento lhe veio � cabe�a: Ela havia o deixado?

� Por favor, por favor, esteja em casa. Esteja em casa � murmurava enquanto corria em dire��o a casa de .
Ao chegar, bateu muitas vezes na porta, com for�a.
! � a m�e de exclamou surpresa � O que voc� est� fazendo aqui, querido?
estava com as m�os no peito, cansado de tanto correr. Seu cora��o parecia que ia saltar pela boca. Ent�o era isso, ela n�o havia ido embora.
Ele teve vontade de gritar de felicidade. Ela n�o foi, ela n�o foi!
� A est�? � perguntou ap�s de recompor.
� Claro. Entre, querido.
entrou e logo sentiu cheiro de torradas e p�o. A casa toda estava clara devido ao sol, mas atmosfera lhe parecia triste.
� J� a chamei. Ela estava se vestindo para o col�gio � Sra disse sorrindo.
n�o teve que esperar muito para ver . Por�m, viu uma diferente, uma p�lida, com os olhos vermelhos e inchados. Ela parecia cansada. Seus cabelos estavam bagun�ados e suas roupas, amarrotadas.
� Oi, ! O que voc� est� fazendo aqui � essa hora? � perguntou ao v�-lo.
� Er � resmungou. � Eu... eu s� tava querendo ver como voc� tava. N�o te vi a semana inteira.
� Eu estou bem � mentiu. - Brigada por se preocupar.
sorriu, mas sabia que havia algo de errado.
, filha, vem tomar caf� � sua m�e a chamou. � J� tomou caf�, querido?
� N�o, n�o precisa. J� tomei caf�, tia � ele respondeu.
� M�e, eu to atrasada � respondeu. � A gente tem que ir.
� Filha, a sua anemia vai piorar se n�o comer � Sra Yu deixou escapar, fazendo com que lhe desse um olhar de desaprova��o, e olh�-la surpreso.
� Voc� ta com anemia? � perguntou. � Mas voc� disse que estava bem!
� Eu estou bem� disse em um tom de voz mais agressivo. - Vem, , vamos.
, � melhor voc� comer. Escuta a sua m�e � ele insistiu.
� Ai, que saco - reclamou. - Pronto, como no caminho � ela disse agarrando uma ma�� no cesto de frutas. � Agora, vamos.

� Ei! Por que voc� n�o me disse que estava doente? � perguntou, j� fora da casa da amiga.
tentou ignor�-lo.
� Por que voc� sumiu essa semana toda? A gente ia descobrir de qualquer jeito, sabia? � continuou. � A gente tinha combinado de ir patinar, mas voc� faltou. Eu fiquei sem par l�, sabe? Voc� sempre foge dos compromissos.
Ela olhou para , lan�ando-lhe um olhar fulminante. Ele sempre dava um jeito de misturar coisas que n�o tinham nada a ver umas com as outras.
� Cacilda, ! Eu n�o quero falar sobre isso! Ta dif�cil de entender ou quer que eu desenhe? � ela disse, j� cheia das besteiras que ele dizia.
O garoto a olhou de um jeito esquisito.
� Ih, tem mais alguma coisa a�, n�o tem? Digo, voc� fazendo todo esse drama. O que � que ta acontecendo, ? Conversa comigo. Eu sei que voc� ta meio fraca e tudo mais, mas eu tenho direito de saber o que se passa na sua vida, n�o tenho? � ele n�o conseguia parar de falar. � Quero dizer, a gente � amigo desde que nascemos, poxa! Voc� me entende, n�o entende? ? ?
Mas nunca p�de saber se ela entendia ou n�o, pois quando virou-se na dire��o da garota, ela estava ca�da no ch�o; totalmente inconsciente.

Cap�tulo Seis

j� come�ava a ficar cansado. Os resultados dos exames de n�o sa�am e ningu�m dizia nada. Os pais da garota conversavam com um m�dico na secretaria e n�o p�de deixar de notar que a Sra chorava muito. Ele sabia que havia alguma coisa de errado com a amiga, mas ningu�m lhe dava nenhuma informa��o sobre seu estado.
Com l�grimas nos olhos, ele virou-se para , que estava deitada em uma larga cama com v�rios aparelhos em sua volta. Alcan�ou sua m�o direita e a acariciou suavemente. O que est� havendo, ? Pensava. nunca a vira t�o p�lida e com apar�ncia t�o cansada. Ao seu ver, ela parecia estar muito fraca e ter emagrecido muito.
Looking in you eyes� hoping they won�t cry. And even if they do, I�ll be in bed so close to you - cantou baixinho alguns versos que lhe vieram � cabe�a, ao p� do ouvido de , tentando n�o acord�-la.
Ele olhou mais uma vez para a secretaria, e seu olhar cruzou com o do pai dela. mordeu os l�bios, ainda encarando Sr . Ele notou preocupa��o em seus olhos vermelhos. O garoto estava come�ando a ficar irritado. Por qu� ningu�m falava com ele? Pensou em ir conversar com os pais de , mas achara melhor ficar, pois queria estar do lado da amiga quando acordasse.
? � ele ouviu uma voz familiar sussurrar seu nome.
! � disse aliviado. � Voc� est� bem? Eu fiquei t�o preocupado...
sorriu. Seu rosto estava menos p�lido, mas ainda parecia fraca.
... voc� n�o deveria estar aqui. Tem aula hoje � ela disse, piscando os olhos vagarosamente e mantendo-os fechados por alguns segundos.
� � s� o primeiro dia. Nem tem mat�ria � falou.
mirou seu rosto por um tempo.
...
� Hum?
� Voc� esteve chorando? � ela perguntou.
� Eu?! N�o... n�o, foi s� um cisco que entrou no meu olho � desconversou.
� Ah, sim � disse. Ela sabia que ele era orgulhoso demais para admitir que chorara.
... � chamou novamente. � Voc� estava cantando?
� Er, - ele corou � n�o, n�o estava. Voc� deve ter escutado o...
� Voc� canta bem, sabia? � a garota comentou.
Ele sorriu e permaneceu calado. Olhou a sua volta e reparou que havia um pequeno r�dio sobre uma mesa.
� Liga o r�dio pra mim? � pediu.
levantou-se da cadeira e fez o que ela pedira.
� E essa vai pra voc�, meu caro apaixonado, que gosta de algu�m mas n�o tem coragem de se declarar! Quem sabe essa m�sica n�o te d� uma forcinha, huh? � o locutor de r�dio disse com sua voz grossa e animada.
Ao ouvir as primeiras notas da m�sica, fechou os olhos.
� Eu adoro essa m�sica... � sussurrou.

I'm starting to fashion an idea in my head
(Estou come�ando a formar uma id�ia na minha cabe�a)
Where I would impress you
(Onde eu impressionaria voc�)
With every single word I said
(Com cada palavra que eu dissesse)
Would come out insightful or brave or smooth or charming
(Sairia perceptiva ou corajosa, ou suave, ou charmosa)
And you'd want to call me
(E voc� ia querer me ligar)
And I would be there every time you need me
(E eu estaria l� sempre que precisasse de mim)
I'd be there every time
(Eu estaria l� todo o tempo)

cantava a m�sica com um tom de voz baixo, quase inaud�vel. apenas a observava, encantado. Ele n�o tinha id�ia do que estava acontecendo com ela. Agora, n�o saiba nem agir mais na presen�a de . Tudo que dizia soava bobo e infantil. Quando a via sentia suas m�os tremerem e a sua nuca suar. E o que fizera naquela manh�? Sa�ra correndo � procura da garota, pensando que ela havia ido embora. Sentia-se como um pateta. Um completo perdedor.

But for now i'll look so longingly
(Mas por enquanto, eu ficarei ansioso)
Waiting
(Esperando)
For you to want me
(Por voc� me querer)
For you to need me
(Por voc� precisar de mim)
For you to notice me.
(Por voc� me notar)

A m�sica acabou e ela abriu os olhos. Sorriu para e ele retribuiu o sorriso.
Perdedor, perdedor, ecoava em sua cabe�a.
Os dois se assustaram ao ver a porta do quarto se abrir.
� Filha, est� se sentindo melhor? � a m�e de perguntou, sem perceber o susto que a filha levara.
� Estou, m�e � ela respondeu.
Sra mexia nos cabelos de , segurando-se para n�o chorar.
� O m�dico disse que voc� vai ter alta amanh� � disse e virou-se para . � Querido, � melhor voc� ir para casa. Voc� est� aqui h� quase cinco horas. Sua m�e j� deve estar preocupada com voc�.
� N�o, tia. Eu quero ficar... � respondeu.
� Querido, voc� est� cansado. O pai da te leva pra casa, ta bem? Pode deixar que eu cuido dela. Fica tranq�ilo � Sra o assegurou.
� Hum... Se � assim, ent�o acho melhor voltar � disse levantando-se da cadeira e seguindo em dire��o a . � Se cuida, ok? � disse a ela.
� Vai l�, � respondeu. � Eu vou me cuidar.
� Promete?
� Prometo � ela riu.
beijou sua testa e foi embora.
Ela o observou at� onde podia se ver.

� Voc� n�o contou pra ele, contou? � Sra perguntou.
� N�o, m�e. E nem vou contar � respondeu rispidamente.
� Minha filha, ele tem que saber...
� N�o, n�o tem, m�e. E ele n�o vai saber, ok? Assim vai ser melhor pra n�s dois - disse. - Eu acho.

Cap�tulo Sete

� Depois de fatorar, � s� resolver. � p�de ouvir a professora de �lgebra dizer. Sua voz lhe parecia distante e ela n�o entendia nada que a Sra Callahan explicava.
? ? � a chamou, balan�ando seu bra�o levemente.
A garota que antes estava de bru�os, levantou a cabe�a.
� Oi? � ela disse meio sonolenta.
� Voc� est� bem? � perguntou.
� N�o... Acho que estou doente � respondeu.
� O que � que voc� tem? , voc� quer ir pra enfermaria? � come�ava a ficar preocupada.
� N�o, n�o precisa. Eu tenho aquela alergia, sabe? Aquela alergia chamada algebrinite. �, eu n�o posso ser exposta � �lgebra que fico assim, entende? � brincou.
deu um profundo suspiro.
� Cacilda, ! Quase nos matou de susto!
� Nunca brinque com isso, ok? � deu-lhe um tapa na cabe�a.
� Outch. Doeu! � reclamou um pouco mais alto do que deveria.
� Algum problema, senhorita? � Sra Callahan quis saber.
� N�o, nenhum problema, professora � ela respondeu.
� Ent�o � melhor ficar calada, senhorita. A n�o ser que queira passar a tarde na deten��o � avisou a professora, visivelmente irritada.
� Sim, senhora � respondeu. � Vaca � murmurou.
� O que a senhorita disse? � perguntou a professora, franzindo as sobrancelhas.
� Nada, Sra Callahan. Pode continuar com a sua aula � falou.
� Hum... � Resmungou. � Pois bem, continuando... Ao aplicar o produto not�vel...
Vadia!
! � advertiu.
e , deten��o! J�! � ela apontou para a porta aberta.
� Mas professora, o n�o fez nada! � Harry meteu-se na discuss�o.
� Harold, quer deten��o tamb�m?
� N�o, n�o senhora � respondeu ao ouvir sussurrar �Senta a�, Judd!�
� Isso � completamente injusto, Sra Callahan � se intrometeu.
� Voc� tamb�m, dona ?
� Eu s� estou dizendo que...
� Muito bem � disse. � , e , sigam o inspetor para a sala de deten��es.

Bufando, os tr�s seguiram o inspetor com suas mochilas nas costas. O inspetor abriu a porta, que continha uma placa escrita �Sala de Castigos�, e entraram.
, voc� ta sob efeito de algum medicamento? � perguntou bravo.
� Qual �, ? Aquela mal amada bem que merecia!
!
gargalhava.
� Foi engra�ado, vai! Ela j� estava roxa de raiva! � zombou e riu.
� Vamos ter que passar a tarde toda aqui? � ele perguntou.
� Yep � respondeu.
� E a gente vai fazer o que? � quis saber, entortando a boca.
olhou para a janela. Era suficientemente grande para ela passar.
� Ei, nem vem com essa! Se a gente fugir, a gente se mete em encrenca � avisou ao perceber o olhar de para a janela.
� Encrenca � o meu sobrenome, amor � ela disse. � � tipo aquele seriado, sabe? �Alias; codinome: perigo�, mas a� voc� substitui para �; codinome: encrenca�.
e o garoto trocaram olhares.
� Que foi?
Os outros dois riram.
� Que p�ssimo, ! � brincou e ela deu a l�ngua.
� E a�, voc�s v�o sair daqui ou n�o?
� N�o sei... � falou.
� Ent�o ta � disse. � Quando deixar a bichice de lado voc� vem, ok?
Ele rolou os olhos.
� Ta bom, eu vou. Vamos logo, ent�o.
� Deixa o ir primeiro � sugeriu � Ele � o mais gordo e a gente vai ter que empurr�-lo.
� Ei! � o garoto protestou.
� S� digo a verdade...
� D� pra voc� dois calarem a boca? � gritou. � Mas � verdade, . Vai na frente que a gente te empurra. Anda, algu�m pode chegar.
O garoto abriu a janela e p�s a cabe�a para fora. Depois os bra�os e o tronco.
� Ow, voc�s est�o me molestando! Tirem as patas da minha bunda � reclamou dando tapas nas m�os das garotas.
� Ih, desculpe � sorriu maliciosamente.
� Tarada... � sibilou. � For�a! Ai, , voc� est� gordo!
� Estou nada!
� Juro que, se voc� soltar algum g�s t�xico na minha cara, eu te mato! � disse, empurrando que estava preso na janela.
� Fiquem quietas e me tirem logo daqui.
As duas faziam tudo o que podiam, mas n�o parecia ser o necess�rio para fazer com que desentalasse. Seguravam-se para n�o rir da cena que presenciavam.
� Que barulho � esse? � perguntou.
Todos ficaram calados por alguns segundos.
� Passos. Droga, tem algu�m vindo pra c�. Tirem-me logo dessa bodega! � Ele come�ava a ficar desesperado.
� Calma, calma � elas continuavam a fazer for�a.
Hem, hem � ouviram uma voz feminina bem atr�s deles.
� Merda, estamos ferrados.

� Ora, ora, ora. O que temos aqui?
� Vai se danar, Paris. - disse com desd�m.
Paris Miller era a garota mais popular do col�gio. S� vestia roupas de grife e vivia numa mans�o n�o muito longe dali. Seus cabelos loiros oxigenados eram impecavelmente arrumados com ajuda de chapinhas, e suas unhas bem feitas.
� Tentando fugir, ? � Ela sorriu, ignorando o que falara. Seus dentes eram excessivamente brancos. Na opini�o de , eles deviam ser capazes de brilhar no escuro.
n�o conseguia falar. Seu olhar estava fixado nas pernas bem torneadas e bronzeadas, artificialmente, de Paris.
� Voc� � um imbecil, � falou , rolando os olhos. Homens...
� O que � que voc� est� fazendo na deten��o? � perguntou com desd�m.
� Nada que te interesse � Paris respondeu com ar superior.
� Imagino que tenha vomitado no professor mais uma vez. � debochou.
n�o p�de conter o riso. Paris vomitara na sexta s�rie em seu professor de biologia, acidentalmente, e fora mandada � deten��o por isso.
� Calem a boca � grunhiu ela, chateada. e ainda riam. a mirava, hipnotizado.
� Ei, , em que brech� voc� comprou essa sua... hum... roupa? � Paris sorriu ironicamente.
� No mesmo em que a sua m�e compra as suas, amor. � revirou os olhos.
Paris abriu a boca pra revidar, mas n�o encontrou nada para dizer.
� Creio que voc�s n�o tenham companhia para ir ao baile de inverno, ou t�m? � Ela n�o desistia de rebaixarem as outras duas.
� Pra sua informa��o, eu tenho, sim. Eu vou com o ! � respondeu , vitoriosa.
e arregalaram os olhos.
� Voc� vai com o ? Ele te convidou quando? � questionou .
� Mas ele n�o me disse nada... Como assim? � pareceu confuso.
� N�o importa. � corou. � Eu vou com ele e ponto.
� E voc�, ? � Paris n�o iria se dar por vencida t�o cedo.
� Eu? Eu o qu�?
� Voc� tem acompanhante pro baile?
� Eu... � Ela n�o tinha resposta. O que iria dizer? Que n�o tinha par para o baile e virar motivo de zombaria? Com certeza, n�o.
� Voc�... � Paris falou.
Droga, droga, droga. E agora?
� � claro que eu tenho acompanhante � disse , mostrando convic��o. Deu um suspiro profundo. Por favor, , n�o me mate por isso. � Eu vou com o .



Cap�tulo Oito

, me desculpa, mesmo. � tentava se desculpar. Os dois voltavam para suas casas ap�s passarem a tarde na deten��o. � Voc� viu que ela tava me provocando. Eu n�o ia dizer que n�o tinha par nenhum, n�?
esbo�ou um sorriso.
� Sem problemas, ch�rie. � Ele colocou a m�o nos bolsos de sua cal�a jeans. � Eu tamb�m n�o tinha par, mesmo!
� Vejo que est� prestando aten��o nas aulas de franc�s! � riu. � Obrigada, � agradeceu ela. - Esse vai ser o melhor baile da sua vida.
� Eu nunca fui a um baile antes... � Admitiu ele. � Ent�o � bom esse ser bom mesmo, sen�o ficarei traumatizado pro resto da minha vida! � Brincou.
� Pode deixar, mon ami. Prometo ser a melhor acompanhante que voc� vai ter em toda a sua vida. E se voc� se comportar, a gente dan�a uma m�sica lenta. � piscou para ele. abriu um sorriso maior.
� Serei um bom garoto, ent�o � disse, retirando as m�os dos bolsos. Ele e chegaram � casa na �rvore.
� Vamos subir? � perguntou a garota.
deu de ombros. levou o gesto como um sim e subiu as escadas. Ele a seguiu.
� Outch � gritou ela enquanto subia. � Meu dedo!
� Que foi? � perguntou , mostrando preocupa��o.
� Uma farpa idiota... � respondeu.
Os dois entraram na casa. sentou-se no ch�o, sobre um tapete, analisando o dedo, com cara de dor.
� Deixa eu ver... � pegou seu dedo machucado. � Foi s� uma farpa mesmo. Posso tir�-la? Prometo que n�o d�i; bom, n�o tanto.
fez cara feia.
� Se doer, prepare-se pra se despedir da dancinha lenta! � Avisou ela, sorrindo.
� Ih, nem querida dan�ar com voc� mesmo... � mentiu. � Vamos, deixa de frescura. S� vai doer um pouquinho, voc� nem vai sentir direito.
� Jura? � Ela fez bico.
� Juro pela vida do Harry!
� Como se voc� desse a m�nima pra vida do Harry � riu.
� Por isso mesmo! � Ele disse, fazendo a garota gargalhar. � No tr�s. Vou puxar de uma vez.
� Pronto, � agora que o Harry morre � sibilou ela.
� Um... � fechou os olhos com for�a e cerrou os dentes. � Dois... tr�s! � puxou o pequeno peda�o de madeira do dedo indicador da menina.
Ela deu um berro.
� Cacete, ! � berrou e come�ou a chacoalhar a m�o freneticamente.
� Voc� � fraca demais. Foi s� uma farpa est�pida � falou e ela o olhou com raiva. � Olha, at� vou dar um beijinho pra melhorar. � Ele pegou o dedo da garota e beijou delicadamente. � Ta melhor assim?
� Hm... � ela murmurou. Seus olhares se encontraram e se encararam por um tempo.
... � disse num sussurro quase inaud�vel.
Ch�rie... � respondeu, mordendo o l�bio inferior. A garota abriu um pequeno sorriso.
� Eu gosto quando voc� me chama de �ch�rie� � disse ela.
� Que bom, ch�rie. � Ele tamb�m sorria. O garoto foi aproximando-se cada vez mais dela. N�o sabia ao certo o que estava fazendo. Seu corpo parecia agir por si s� e o tempo parecia ter parado naquele momento.
... � ela disse novamente.
� Qu�? � perguntou .
Os dois estavam muito pr�ximos um do outro, e seus narizes estavam a poucos cent�metros de dist�ncia.
se aproximava cada vez mais. prendeu a respira��o e virou a cabe�a pro lado, olhando para a janela. Ele mirou-a, desapontado, e se afastou, apoiando as costas na parede mais pr�xima.
� Eu... er... � tentava encontrar palavras. � Eu... me desculpa.
Ele estava desconcertado. Tudo parecia t�o certo...
� N�o fala nada, ... � abanou o ar com a m�o, ainda olhando para a janela.
� S�rio, , eu n�o fiz por mal. � Ele tentava se explicar.
� Eu tamb�m to falando s�rio, ! � Ela sussurrou. O garoto chacoalhou a cabe�a, confuso.
� Eu s� to tentando te dizer que...
� Shhhh! � Ela p�s o dedo indicador sobre seus l�bios. � N�o vamos atrapalh�-los.
� Atrapalhar quem? � Ele queria saber. N�o estava entendendo nada.
� A e o ! Eles est�o l� embaixo... Olha! � apontou para duas pessoas que estavam atr�s de uma �rvore.

� Voc� me trouxe at� aqui pra n�o falar nada? � franziu as sobrancelhas.
� Eu... e-eu... � que.. eu, voc�... �... � gaguejava. Suas m�os e sua nuca suavam sem parar.
� Eu, voc�... � fazia gestos com as m�os.
olhou para os lados, esperando que algu�m o socorresse. , para ele, era um tanto quanto intimidadora. Ele tinha medo de uma rea��o ruim a o que ele estava prestes a dizer.
� Eu s� queria saber... sabe, se, bem, voc�... � Ele tinha que dizer. Todos j� tinham par, menos ele. iria com , com , Harry e Halley, e com Jefferson � o nerd.
, ser� que daria pra se apressar? Eu tenho manicure daqui � olhou em seu rel�gio, - vinte minutos e n�o quero me atrasar, ta bem?
podia ser bem f�til quando queria.
� isso, ou vai ou racha, o garoto pensou. �Vai ou racha?�. Ele estava passando tempo demais com .
� Voc� sabe... O baile de inverno ta chegando, o primeiro de nossas vidas! � Ele levantou um dos bra�os, empolgado. A garota lan�ou-lhe um olhar feio. � Er, bom... Sabe, eu n�o tenho par, voc� n�o tem par... ent�o... � esperou que ela conseguisse entender o que queria dizer.
� Ent�o... � levantou as duas sobrancelhas.
� Voc� ainda n�o entendeu? Eu... voc�... baile...
� N�o estou entendendo o que diz, . Vai, desembucha. J� disse que estou com pressa.
bateu sua testa com a palma de sua m�o.
� Eu queria saber se voc� gostaria de ir ao baile comigo, porra! � Ele berrou com irrita��o.
Parab�ns, , agora sim voc� n�o tem par mesmo, ele pensou. Olhou para , que permanecia com os olhos arregalados.
� �... acho melhor eu ir! � O menino pegou seu casaco, que estava no ch�o, e passou pela garota.
� Espera! � Ela gritou. Ele virou-se, esbo�ando um sorriso. � Esteja l� �s sete, de carro! Se atrase ou me d� um bolo e papai de mata.
assentiu com a cabe�a, ainda sorrindo.
seguiu em dire��o � sua casa. Ir com ao baile n�o era m� id�ia... N�o mesmo!

arqueou as sobrancelhas. Ela havia acabado com o �momento� deles pra reparar em e ?
� �, eu sei! Muito esquisito, n�o �? � Ela disse, reparando no olhar confuso de . - Tipo, n�s somos todos melhores amigos e tudo mais... � simplesmente muito... estranho! � Ela fez careta. � N�o �?
fitou-a. Era claro que ele acreditava que melhores amigos podiam se envolver. N�o era esquisito, era... era bom! E era o que ele queria fazer; se envolver com sua melhor amiga, a melhor amiga que estava ali, bem na sua frente.
? � esperava uma resposta.
� Er, �, � estranho mesmo � ele disse, covardemente.
�N�o � estranho. Voc� n�o acha que seria melhor voc� ficar com algu�m que voc� conhece h� mais tempo? Um algu�m que voc� confia, que voc� realmente ama? Um algu�m como eu?�, ele queria dizer aquilo. Queria poder dizer o que sentia, desde muito tempo, mas n�o tinha coragem.
franziu os l�bios, incapaz de declarar o que realmente sentia. Ele sentia-se como um perdedor por mentir. Ela tamb�m...


Cap�tulo Nove

No dia seguinte, fez o que costumava fazer todas as manh�s antes de ir para o col�gio, e saiu de casa.
� Porra de vento � queixou-se ao sentir um vento forte e gelado se chocar contra seu rosto e bagun�ar seus cabelos. Arrumou seu cachecol que teimava em desenrolar de seu pesco�o e apertou os passos, a fim de chegar mais r�pido.
? � Ela escutou algu�m dizer seu nome. Virou-se para ver quem era. Um garoto loiro, de porte atl�tico e olhos claros, encontrava-se h� mais ou menos 2 metros dela.
� Oi, Matt � disse ela, sem muita empolga��o, ao v�-lo passar seu bra�o direito sobre seus ombros.
� Tudo bom, gata? � Matthew perguntou. rolou os olhos e assentiu, dando um grunhido.
� N�o me chama de gata, ta bem? � pediu ela. Odiava aqueles tipos de apelidos.
� E a�, gata... � Matthew a ignorou. � Queria saber se tem acompanhante pro baile de inverno. � Ele abriu um sorriso grande e a olhou cheio de esperan�a.
� Desculpe, mas j� tenho par � disse , sem pena alguma.
O sorriso de Matthew n�o sumiu.
� Qual �... Quem � o seu par? O Jason? � Ele viu sacudir a cabe�a. � Hm, o Robert? � Ela fez careta. � Ah, n�o... � Matthew fez cara de nojo. � Voc� vai com o , n�o �?
A garota o ignorou e apertou o passo. Ele a seguiu.
� Voc� ta falando s�rio? � ele prosseguiu. � O � um fracassado! Voc� merece coisa melhor... � Ele abriu um sorriso maior. � Tipo eu.
Foi a vez de fazer cara de nojo.
� Matt, d� um tempo!
� Vamos, ... Por que uma pessoa como voc� iria preferir ir a um baile com um garoto como o do que com um garoto como eu?
Ela olhou-o com desd�m.
� Exatamente porque o � completamente diferente de voc�. � n�o ligava em parecer uma pessoa fria. Matthew merecia.
- Oh, certo. Ent�o, voc� prefere sair com um p� rapado como o , do que comigo, o capit�o da sele��o de futebol, amado e adorado por todas as garotas? � O rapaz arqueou a sobrancelha.
riu.
� Meu Deus, Brown! Voc� com certeza tem uma grande impress�o de si mesmo, huh? � disse ela. Caramba, que babaca.
� Talvez... � respondeu simplesmente, dando de ombros. � Mas eu s� digo a verdade, nada mais que a verdade. � Levantou os bra�os.
Os dois continuavam andando. Finalmente avistou o col�gio logo � sua frente. Deu gra�as a Deus por isso.
� Ent�o... � continuou. � O que acha? Eu e voc�? Por favor? � Ele mordeu o l�bio inferior.
� Eu acho... � Ela se aproximou dele. � Que eu e voc�... � Ela p�s a m�o sobre o peito do garoto, que estava coberto por um casaco de moletom. � Estamos atrasados pra aula. � E correu, deixando-o para tr�s. Matthew mirou-a com cara de desentendido.
� N�o! � gritou. � Espera a�!
revirou os olhos mais uma vez e n�o se virou na dire��o dele. Entrou no col�gio e seguiu para seu arm�rio.

15... 78... Qual era a senha mesmo?, ela tentava se concentrar para poder abrir seu arm�rio.
� Eu s� quero uma boa justificativa pra voc� n�o querer ser o meu par pro baile. � Matthew a interrompeu.
virou-se pra ele, com raiva.
� Eu j� disse que j� tenho acompanhante. N�o � o bastante pra voc�, garoto? � Ela decidiu n�o ser mais �sutil� com ele.
� Claro que n�o. N�o quando o seu acompanhante � o � desdenhou.
� Acontece que o meu acompanhante � o , e eu n�o dou a m�nima se voc� gosta dele ou n�o � respondeu ela, curta e grossa. � Agora, d�-me licen�a porque preciso abrir esse arm�rio idiota... - E virou-se para seu arm�rio novamente.
15...78... Qual era o pr�ximo mesmo?
� Mas... voc�... � Matthew estava indignado. Aparentemente, nunca fora dispensado antes. � Voc� n�o pode simplesmente me trocar por um perdedor como o ! � Ele entortou a boca.
15... 78... Oh, sim, 44...
� S�rio, � totalmente inacredit�vel! Eu sou o cara mais cobi�ado daqui! � ele continuava.
23... 39... N�o... Como era mesmo?
� Cara, eu n�o conhe�o nenhuma garota que n�o faria de tudo pra sair comigo! E voc�... voc� est� me dando um fora? � O garoto continuava sozinho.
fechou os olhos. Talvez Matthew percebesse que estava a enchendo e sairia de perto.
� Eu sou, tipo assim, o rei! Todos esses babacas daqui querem ser como eu! � Apontou para si mesmo.
N�o, ele n�o percebeu. abriu seu olhos e bateu na porta de seu arm�rio, com for�a.
� Cacete, Matt! � urrou ela, chamando aten��o de quem passava pelo corredor. � Eu n�o vou sair com voc�! Conseguiu entender ou vai querer que eu desenhe pra voc�? � gritou . Matthew mostrou-se assustado. � Ah, sim, eu n�o sou como uma dessas garotas que gostaria muito de sair com voc�, exatamente pelo fato de ser VOC�! Voc� � t�o orgulhoso... e... e... nojento!
... � murmurou ele, olhando para os lados, tentando ver se algu�m havia prestado aten��o no que ela havia dito.
� Tenha d�, n�? Agora, v� se me d� licen�a porque eu preciso mesmo abrir esse arm�rio imbecil.
... � ele repetiu, pegando no bra�o da garota. Ela olhou para Matthew com os olhos comprimidos. Que parte ele n�o havia entendido?
� Ser� que voc� poderia parar de me apertar? Ta me machucando... � tentou n�o ficar mais nervosa do que j� estava.
� S� se voc� disser que vai ao baile comigo... - Ele piscou para ela.
� Santo Cristo, Matt! Desista. J� disse que n�o vou ser sua acompanhante � falou . � Agora solta o meu bra�o porque voc� ta me apertando e cortando toda a minha circula��o...
� Mas o que custa voc� sair comigo? � perguntou.
� Matt, solta o meu bra�o...
� Eu sou um �timo partido. N�o h� quem n�o ache isso e...
� Matt, solta o...
�... e todo mundo me ama. Por que voc� n�o me ama?
Caramba, que beb�!
� Brown, o meu... o meu bra...
� Eu n�o vou soltar a porra do seu bra�o! � berrou, fazendo com que seu rosto ficasse vermelho.
� Ei, , o que � que ta acontecendo? � quis saber, chegando mais perto dos dois.
Matthew olhou para o garoto dos p�s � cabe�a.
� S�rio, , voc� tem certeza de que quer sair com ele? � Ele fez careta.
� E qual o problema? � perguntou olhando para as pr�prias roupas. � Eu n�o visto roupas da GAP, nem fico amarrando o meu casaquinho no pesco�o pra combinar com a boina rid�cula, mas n�o � por isso que eu sou pior do que voc�. � Ele deu de ombros.
� Fica na tua... � Matthew apontou para . � Isso � s� entre eu e ela.
As sobrancelhas de se levantaram.
� Ah, n�o... Eu ouvi o meu nome a� no meio... e ouvi sobre baile tamb�m. � soltou uma risada. � Qual �? Levou fora da e deu chilique? � Ele viu os l�bios de Matthew se comprimirem. � Ih... n�o suporta pra perder pro bom e velho garanh�o aqui, huh? � Brincou.
� Cala a boca. � Matthew cerrou os dentes.
� Ei... Relaxa, foi s� brincadeira! � sorria.
, s�rio, cala a boca � pediu.
� Mas, , eu s� disse que... � viu Matthew pular em seu pesco�o. � Ei! Ei! Sai de cima de mim, palha�o!
observava a briga com os olhos arregalados. estava mesmo brigando por causa dela? Sorriu involuntariamente.
� Ser� que d� pra parar de ficar rindo e me ajudar aqui, ? � disse antes de levar um soco no nariz.
� MATT! � gritou ela e tirou Matthew de cima de . � Qual � o seu problema? � E sentou do lado de , que estava com a m�o no nariz, tentando conter seu sangramento.
� O meu problema? � Ele se fez de desentendido. � Qual � o problema DELE, n�?
estreitou os olhos.
, acho melhor a gente sair daqui. Um inspetor pode chegar e voc� vai se meter em encrenca. � disse ela. Ele assentiu com a cabe�a.
Matthew a olhou, indignado. Ningu�m nunca lhe recusava nada!
Os dois foram para o p�tio e sentaram-se debaixo de uma �rvore com folhas verdes e flores perfumadas.
� Eu... eu acho que vou buscar gelo l� na enfermaria... e uns algod�es e, hm, essas coisas. � Ela se levantou e tirou algumas folhas secas que haviam grudado em sua cal�a.
� Certo... � respondeu , colocando a m�o em seu olho machucado.
n�o teve de esperar muito para que voltasse logo para tratar de seus ferimentos.
� Er... � come�ou ela. � Voc� se importa se eu tocar a� no... no seu machucado? � E apontou para o olho roxo dele.
Ele resmungou, aprovando.
� Ta... � Ela pegou o gelo e foi aproximando do rosto do garoto. � Talvez doa um pouquinho... e, voc� sabe, n�, gelo n�o � nenhum peda�o de carne, o que realmente seria melhor pra esse seu olho, mas acho que ajuda.
riu.
� Peda�o de carne? � zombou. - Carne? De que era voc� �?
olhou feio para ele, mas resolveu n�o discutir. Pegou um saquinho que continha algumas pedras de gelo e pressionou contra o olho de , com for�a.
� Ai, ai! � reclamou ele. � Quer deixar meu olho pior do que j� ta?
� Talvez... � respondeu ela com uma das sobrancelhas levantadas.
endireitou a postura.
� Ah, qual �. O neg�cio sobre a carne foi s� brincadeira! � falou ele, sorrindo.
� Uhum � resmungou, limpando as bochechas de , que estavam sujas de sangue.
Ele percebeu que havia algo com ela.
� Vamos, n�o fica assim. Foi s� uma brincadeira boba. � afirmou. - O que h� de errado com voc�?
� N�o h� nada de errado comigo. � Ela continuava sem olhar para .
... � disse ele num sussurro. Ela sentiu o ar quente sair da boca dele e aquilo lhe causou um arrepio. � � repetiu, aproximando-se um pouco mais dela. Ele pousou sua m�o sobre a m�o dela, e aquilo causou um outro arrepio nela. n�o parecia conseguir encar�-lo.
, n�o faz isso � pediu ela, enquanto levantava-se.
� Eu n�o fiz nada... - defendeu-se - voc� n�o me deixa fazer nada! � bufou e saiu andando em dire��o ao pr�dio do col�gio.
encostou suas costas no tronco da �rvore em que estava apoiado, e baixou sua cabe�a. Ela estava meio abalada, mas n�o por causa da brincadeira, mas sim por causa do que acontecera h� alguns minutos atr�s. sempre a defendia de pessoas como Matthew, por�m ela sentia algo diferente quando ele fazia algo para ela nos �ltimos meses. N�o era para menos; eles haviam crescido e as coisas haviam mudado; ela podia sentir que as coisas entre eles haviam mudado, e achava que pensava o mesmo. Mas ser� que estava pronta lidar com tais mudan�as?

Cap�tulo Dez

Ap�s a pequena discuss�o com , decidiu ficar mais um tempo no p�tio para espairecer.
sabia que estava bancando a est�pida, a dif�cil. Mas n�o tinha culpa. Nunca fora boa com palavras e muito menos com a��es. Definitivamente n�o era culpa sua.
O sinal que anunciava que a primeira aula havia terminado tocou, e decidiu ir � aula. N�o era sempre que poderia fugir de seus problemas.
Ela entrou em sua sala e viu que a carteira em que costumava sentar estava ocupada. Ela estava acostumada a sentar entre e , mas n�o sentaria naquele dia. Sua carteira era ocupada por ningu�m mais ningu�m menos que Paris.
sentou-se em um lugar qualquer e pegou seus livros de Portugu�s, evitando contato visual com qualquer um de seus amigos, Paris e Matthew.

Ser� que era poss�vel algu�m morrer de t�dio? Se fosse, definitivamente estava. No entanto, quando o sono estava prestes a dar seu golpe final, ela sentiu algo bater levemente em sua nuca. Um est�pido papel amassado a fez acordar e, agora, teria de assistir a aula tediosa de portugu�s.
Ela olhou para tr�s. Todos pareciam fazer o exerc�cio que a professora mandaram fazer.
Imbecil � murmurou baixinho para si mesma, voltando a olhar para o nada.
recostou sua cabe�a sobre seu bra�o, decidida a cochilar, quando sentiu outra bola de papel bater no alto de sua cabe�a.
Agora o imbecil estava encrencado.
Brava, pegou os dois pap�is amassados e seguiu em dire��o � professora. Quem esse idiota pensa que �?, pensou consigo mesma, percebendo o qu�o est�pida e infantil estava parecendo. Ela se levantara viu rir e mexer seus bra�os exageradamente.
� Abre, sua idiota! � sussurrou , apontando para o papel.
sentou-se, amaldi�oando a si mesma por ser t�o distra�da.
Acorda, babaca, leu tais palavras no papel. Abriu o outro. Reuni�o no banheiro assim que terminar a aula. S�rio, bicha.
Ela riu e fez sinal de positivo para .

� Certo � disse , um tanto afobada. � e Matt est�o com os olhos roxos. O que tem a me dizer sobre isso? � Ela viu abrir a boca, mas a interrompeu. � DETALHES, fofa, detalhes!
� Sei l�. Voc� pode deduzir, n�? � fez cara como quem dissesse algo �bvio.
� Poder eu posso. Eu posso deduzir que o Matt e o s�o gays, voc� deu em cima do Matt e o partiu pra cima deles.
revirou os olhos.
� Touch�, amiga. Foi exatamente isso que aconteceu. Agora, se me d� licen�a, tenho uma aula pra assistir.
� N�o! � agarrou os bra�os da garota e a fez sentar na tampa da privada. � S�rio, me conta o que houve... Eu quero saber a sua vers�o dos fatos! Porque, pelo o que o Matt anda espalhando por a�, eu...
estreitou os olhos.
� E o qu� ele anda espalhando por a�? � Quis saber ela, irritada.
� Ele anda dizendo que voc� tinha acabado de aceitar o pedido dele pra ir ao baile, quando o chegou, escutou tudo e partiu pra cima dele. Voc� ficou com pena do e aceitou ir ao baile com ele. � soltou de uma vez s�. � Mas, vamos, eu sei que n�o � verdade!
� Como cafajeste, o Matt � um belo dum mentiroso � disse, um tanto confusa. � Eu s� disse pra ele que eu n�o iria ao baile com ele e ele ficou nervoso. � Ela murrou a porta e seguiu em dire��o � pia.
� Quem diria que aquela nerd, que passava horas e horas em sua humilde casinha na �rvore, escrevendo em seu di�rio, se tornaria uma grande arrasadora de cora��es? - Riu , recebendo v�rios pingos de �gua no rosto.
� Quem diria que aquela menina chata e pentelha poderia ficar mais irritante ainda? - falou , saindo do banheiro.
� Fica brava n�o, xuxu � disse , mais suavemente. � Eu n�o disse nada que voc� ainda n�o saiba, disse?
A outra n�o ousou responder.
� Voc� sabe que os dois bonit�es gostam de voc�, n�o sabe?
virou a cabe�a para o outro lado.
� E eu acho que voc� gosta de um deles! � provocou , fazendo fazer uma careta.
� Eu acho mesmo � falou � que voc� precisa de terapia! � Recebeu um soco leve de .
� Abre seus olhos, bicha. Voc� n�o ta vendo o que ta na sua frente h� muito tempo...

As aulas passaram rapidamente, e logo todos estavam em sua casa.
procurava algo pela internet que pudesse acabar com seu t�dio. Seus deveres de casa j� estavam devidamente feitos e n�o havia mais nada que pudesse fazer. Navegava pelo MySpace, tentando encontrar algo legal para ver. Nada.
Algum tempo depois, uma mensagem instant�nea apareceu em sua tela.

Hot: Ei, , todos estamos indo para o Jerry�s, tomar sorvete! Quer vir?
: Qualquer coisa que acabe com o meu t�dio, meu chapa!

Assim que entrou na sorveteria, ela vestiu o casaco. O ar-condicionado provavelmente estava ligado no m�ximo. Ela odiava ares-condicionados.
! Aqui! � Ouviu Harry gritar.
Seguiu at� a mesa e percebeu que todos os lugares estavam ocupados.
� Sabe, � bom mesmo saber que voc�s se preocupam com a minha comodidade. � Ironizou ela, pegando um peda�o de papel e assoando o nariz. Maldito ar-condicionado.
� N�o esquenta, � disse . � O tamb�m ficou sem lugar. � Ela apontou para o garoto, que parecia um tanto desolado por estar sozinho. � Vai l�. � Riu, fazendo um cora��o no ar com os dedos.
Eu apontou para si mesma, falando baixo � odeio voc�! � Apontou para , que, juntamente de e , prendia o riso com as m�os.
A garota ajeitou-se na cadeira, desconfortavelmente, em frente de . Ele olhava para baixo e mexia em seu sorvete derretido.
pigarreou. Estava sem gra�a. Olhou mais uma vez para e seu olho roxo. Se sentiu p�ssima. Se sentiu no dever de dizer alguma coisa.
... hm... � Ela limpou a garganta. � Sinto muito pelo seu... isso a�. � Levou o dedo indicador para perto do olho machucado do garoto.
Ele continuou calado. Estava amargurado. Colocou uma colher de sorvete na boca, tentando n�o fazer cara feia para seu detest�vel sorvete de pistache. Ele queria evitar conversas.
� Eu entendo que n�o queira conversar � comentou ela honestamente. � Eu... eu sou uma est�pida... me desculpe.
atreveu-se a colocar mais uma colherada na boca, mas desistiu. Mergulhou a ponta da sua colher em seu sorvete e levantou-se. abaixou sua cabe�a, decepcionada. Tinha estragado tudo, mais uma vez. Resolveu-se ir embora tamb�m, quando viu que estava l�, em frente � jukebox, colocando uma moeda. Ela voltou ao seu lugar e o observou escolher uma m�sica.
A m�sica escolhida � nunca a ouvira antes� come�ou a tocar, e, para sua surpresa, se dirigiu � ela. Ele apenas pegou em sua m�o e a guiou at� o centro de uma pequena e simples pista de dan�a, com o piso xadrez. Ele colocou uma das m�os da garota no ombro dele e a fez com que ela ficasse mais perto. Os dois dan�avam de forma esquisita. Nenhum dos dois fizeram aquilo antes.
colocou o queixo no ombro de , fazendo-o rir.
� Isso faz c�cegas... � reclamou.
Os dois ficaram quietos, apenas escutando a m�sica.

All this feels strange and untrue
(Isso tudo parece estranho e irreal)
And I won't waste a minute without you
(E eu n�o quero perder um s� minuto sem voc�)

My bones ache, my skin feels cold
(Meus ossos doem, minha pele est� fria)
And I'm getting so tired and so old
(E estou ficando t�o cansado e t�o velho)

teve vontade de chorar. era t�o bom com ela, e ela continuava agindo feito idiota. Ela o abra�ou mais forte.

The anger swells in my guts
(A raiva me corr�i por dentro)
And I won't feel these slices and cuts
(E eu n�o sentirei os peda�os e cortes)
I want so much to open your eyes
(Eu quero tanto abrir seus olhos)
�Cause I need you to look into mine
(Porque eu preciso que voc� olhe nos meus)

� Voc� ainda � minha acompanhante, n�o �? � perguntou ele. � Porque eu n�o me importo de dar mais umas surras no Matt! � ele disse e gargalhou.
� Voc� n�o precisa mais bater em ningu�m... � respondeu. � At� porque voc� n�o consegue bater em ningu�m. � Ela brincou.
fingiu estar bravo.
� Bom, agora n�o sei mais se quero algu�m que me menospreza assim... Eu tenho uma fila de admiradoras, sabe? � Ele apontou para algumas garotas no canto, que acenaram.
Ela arqueou a sobrancelha.
� Acontece que n�o h� acompanhante melhor do que eu... Eu sou �nica, sabia? - Ela riu.
� N�o, n�o sabia... Mas ainda acho que voc� n�o � algu�m que mere�a qualquer um dos meus olhos roxos! � Piscou ele, com o olho machucado.
sentiu uma pontada de culpa.
� Sinto muito sobre isso, � falou ela sinceramente.
� Eu sei que sente, ch�rie. � ele disse em seu melhor franc�s. � Esque�a isso... Agora somos s� eu, voc�, Snow Patrol e meu bafo de pistache.
� Precisamos resolver sobre esse seu bafo a�. � Ela zombou, tampando o nariz. � J� vi que a gente n�o vai poder vir pra c� antes do baile. Bafo de pistache resulta em -sem-dan�a-coladinha!
� Sem problemas quanto a isso � ele disse. � A gente j� ta agarradinho aqui... � Sorriu.
� Voc� � um aproveitador, meu rapaz! Sagaz demais pro meu gosto... Acho que preciso de algu�m mais idiota pra eu poder me aproveitar, entende? � Ela brincou.
� Bom, pra isso o Matthew, com certeza, se qualifica!
fingiu concordar.
� Acho que dev�amos trocar de pares. Formamos um casal bonito demais.
� Casal? � franziu a sobrancelha, afastando-se um pouco. � N�s somos um casal? - Perguntou e assentiu com a cabe�a. � Mas eu pensei que voc� e a Paris formavam um casal.
O garoto gargalhou.
� Deus que me livre! � Ele olhou para o teto. � Nem no meu pior pesadelo.
� Vamos, . Imagina se voc�s tivessem filhos! V�rias Paris Hilton gordinhas andando pela casa, dizendo que voc� est� com uma cara p�ssima e que o amante da mam�e � bonit�o, huh?
� Com certeza... Seria um sonho � afirmou sarcasticamente.
� QUE sonho! � exclamou.
� Ah! E eu n�o sou gordinho, ta? � Alegou ele e ela balan�ou a cabe�a.

Get up, get out, get away from these liars
(Levante-se, saia, v� pra longe desses mentirosos)
�Cause they don't get your soul or your fire
(Pois eles n�o pegam sua alma ou seu fogo)
Take my hand, knot your fingers through mine
(Pegue a minha m�o, entrelace seus dedos nos meus)
And we'll walk from this dark room for the last time
(E iremos sair desse quarto escuro pela �ltima vez)

� Bonita essa m�sica � ela comentou, com a voz branda.
concordou. A m�sica retratava exatamente o que ele queria lhe dizer: Que ela abrisse seus olhos.

Every minute from this minute now
(Cada minuto a partir deste agora)
We can do what we like anywhere
(N�s podemos fazer o que gostamos em qualquer lugar)
I want so much to open your eyes
(Eu quero tanto que voc� abra seus olhos)
�Cause I need you to look into mine
(Porque eu preciso que voc� olhe nos meus)

[Snow Patrol � Open Your Eyes]

A m�sica finalmente acabou, mas continuou abra�ado a .
? � ela o chamou. � , a m�sica acabou.
Ela olhou para ele. Seus olhos estavam fechados.
? � murmurou.
viu os cantos da boca dele se levantarem.
� Que foi? � ele perguntou.
� N�o sei se voc� percebeu, mas a m�sica terminou � ela respondeu.
� Ah, eu sei disso � disse , ainda de olhos fechados. � Mas � que ta t�o gostoso aqui...
abriu a boca, indignada.
� Safado! � Ela deu um leve soco no peito do garoto e o puxou pela m�o. � Vamos pra casa. Todos foram embora e deixaram a gente aqui...
� Nossos supostos amigos s�o um bando de imbecis.
� N�o posso concordar mais! � levantou os bra�os. � Enfim, vamos embora.

Cap�tulo Onze

e andavam lado a lado por uma rua deserta, que logo daria na casa de , que ficava mais pr�xima � sorveteria.
� Hm... minha vez, agora � anunciou . � Eu e Shane West numa ilha deserta, 20 reais.
fez careta.
� Eu e Pamela Anderson num motel, 55 reais � disse e a garota fez cara de nojo.
� Voc� conseguiria qualquer uma como a Pamela Anderson em qualquer esquina de rua. � entortou a boca e riu.
� Eu e... � Ela botou a m�o no queixo. � Eu e Orlando Bloom nos beijando a luz do luar, 100 reais!
� Credo! Que coisa de filme de com�dia rom�ntica med�ocre e barata! � Zombou ele.
fez cara de magoada.
, �s vezes suas palavras ferem meus sentimentos. � Ela fingiu chorar. � Voc� partiu meu cora��o, . Partiu meu cora��o!
gargalhou e bateu palmas.
� Acho que voc� tem que parar de assistir as reprises de A Usurpadora!
deu de ombros.
� Eu e Paul Walker assistindo A Usurpadora... n�o tem pre�o! � Suspirou.
� Hm... � resmungou. � e saindo desse frio e indo tomar chocolate quente n�o tem pre�o!
Os dois acabaram de chegar � casa de .
� Cad� sua m�e pra nos fazer um bom chocolate quente, com mini marshmallows em cima? � Ela lambeu os l�bios, em frente � porta da casa.
colocou a m�o na ma�aneta da porta, mas n�o abriu ao ouvir seus pais gritarem da sala.
, est� tudo bem? � perguntou a garota, olhando para ele, preocupada.
Ele pigarreou.
� Ser� que tem problema se eu dormir na sua casa? � quis saber ele, inseguro.
� N�o, sem problemas. � Ela balan�ou a cabe�a. � Voc�... quer entrar pra pegar suas roupas? Porque, se n�o quiser, tudo bem. Voc� deixou algumas coisas l� em casa da �ltima vez que dormiu l�...
� Eu, hm... podemos ir direto pra sua casa? N�o to a fim de falar com meus pais... � disse ele em tom de voz baixo.
� Claro.

Eles andaram em sil�ncio. Se ele n�o queria conversar sobre o que havia ocorrido na sua casa, ela n�o iria pression�-lo. sabia que, quando algum dos dois estivesse calado, o outro respeitaria. E ela o fez.
� Manh�! � gritou da sala. � Cheguei!
Ningu�m respondeu.
� Vem, vamos subir pro meu quarto.

� De quem � esse viol�o? � perguntou , ao entrar no quarto de e ver um viol�o apoiado em sua escrivaninha.
� Do meu pai... Tentei tocar qualquer coisa, mas n�o saiu nada. J� estou totalmente conformada. Sou uma nega��o pra instrumentos! � Os dois riram.
pegou o viol�o.
� Sabe que eu toco bem melhor agora? � declarou ele, sem mod�stia. � Bem, foi o que meu pai disse.
� Ent�o talvez voc� tenha a paci�ncia de me ensinar, porque meu pai quase deu com esse viol�o na minha cabe�a!
� Veremos... � falou ele, sentando-se na cama e posicionando o viol�o em seu colo.
� Vai tocar o qu�?
� Voc� quer que eu toque o qu�?
� Er... � pensou, olhando para o teto de seu quarto cheio de estrelas fluorescentes. � Ah, se lembra de quando eu fui parar no hospital?
� Claro, n�... Nunca tomei um susto maior do que naquele dia e...
� Ent�o � ela o interrompeu. � Se lembra de quando voc� cantou uma m�sica pra mim?
corou.
� Hm, n�o sei... Acho que sim... Me lembro vagamente de ter cantado alguma coisa, mas n�o lembro o qu� � mentiu.
� Deixe-me refrescar a sua mem�ria � ela falou e limpou a garganta. � N�o ria! � Advertiu. � Foi assim... Looking in you eyes� hoping they won�t cry, and even if they do, I�ll be in bed so close to you�
� N�o acredito que se lembra... � murmurou ele.
� Como n�o me lembraria? Foi a primeira vez que qualquer outra pessoa, sem ser minha m�e ou meu pai, cantou alguma coisa pra mim...
sentiu suas bochechas ficarem mais quentes.
� Foi voc� que inventou, n�o foi? � ela perguntou e assentiu. � Vai, canta ela pra mim...
O garoto pareceu envergonhado.
� Eu n�o tenho ela pronta... E, hm, ela n�o � boa.
� Sem desculpas, ! Canta o que voc� tem pronto pra mim, anda.
� Ah, n�o.
� Vai logo, mariquinhas! � Ela provocou.
� Certo... Mas n�o ri! Ou sen�o te dou com o viol�o na cabe�a tamb�m!
� Ta bom. N�o vou rir! Prometo! � juntou os dedos.
� Ta. L� vai. � ele falou e depois fez um olhar galante. � Essa m�sica eu compus pra uma pessoa muito especial, que est� sempre comigo quando eu preciso!
� Aw, gracinha! � Ela fingiu limpar suas l�grimas.

The world would be a lonely place
(O mundo seria um lugar solit�rio)
Without the one who puts a smile on your face
(Sem aquele que p�e um sorriso em seu rosto)
So hold me �til the sun burns out
(Ent�o me abrace at� o sol se apagar)
I won�t be lonely when I�m down
(Eu n�o estarei sozinho quando estive para baixo)

�Cause I�ve got you to make me feel stronger
(Porque eu tenho voc� para me fazer sentir mais forte)
When the days are rough and an hour seems much longer
(Quando os dias s�o dif�ceis e uma hora parece muito mais longa)

� Da� tem mais aquele pedacinho que eu... erm, cantei pra voc� aquele dia...
� Ah, ! � exclamou ela, limpando suas l�grimas. L�grimas de verdade.
� Voc� n�o est� chorando, est�? � se sentiu mais sem gra�a do que antes.
� Ah, desculpa, mas ela � t�o fofinha, ! � Ela passou a solu�ar.
� Odeio quando voc� tem esses ataques boiolas, sabia? S�o realmente constrangedores!
� Ah, chato, acabou com o meu momento! � Ela bateu em .

� Posso entrar? � Os dois ouviram a m�e de perguntar.
� Entra, m�e!
� Querida, estou saindo com seu pai ver a sua tia Nancy. Ent�o, comportem-se, ok? Tem comida congelada na geladeira, caso n�o pe�am pizza, o que acho bastante dif�cil acontecer. � Ela riu consigo mesma. � , posso falar com voc�?
� Ta bom � ela disse � m�e. � S� um minuto, .
� Querida, n�o esque�a de tomar seus rem�dios, est� bem? � A m�e de avisou, j� fora do quarto.
� Fala baixo, manh�! � pediu ela.
� N�o fa�am nada que eu n�o faria, ta bom? A mam�e ama voc�.
� Ai, m�e! Voc� fala como se eu fosse uma crian�a.
A m�e de rolou os olhos.
� Seu pai est� me esperando no carro. Ju�zo, huh? Qualquer coisa me ligue no celular! � Ela acenou.
� Ta certo, m�e! Se comporte, hein? N�o fa�a nada que eu n�o faria! � brincou, sua m�e riu. � Ali�s, m�e, aonde est�o as camisinhas?
A sra arregalou os olhos.
! � ela exclamou.
� Brincadeira, m�e. Vai logo e faz um charminho pro papai!

� Our love is like the wind... I can�t see it, but I can feel it � repetiu , chorando ao assistir o final de Um Amor Para Recordar. � Esse filme n�o � um pit�u?
a olhou de forma estranha.
� Meu Deus, o que � que voc� fez com a minha velha amiga ? � Ele gritou, balan�ando freneticamente.
� Ra, ra. Muito engra�ado, ... � Ela estreitou os olhos. � Vai, p�e Titanic agora � mandou, pegando mais um peda�o de pizza.
� Nope. � a minha vez de escolher agora! � disse , procurando algum DVD. � Voc� s� tem filme de bicha! � reclamou ele, ao encontrar somente com�dias rom�nticas. � Quer saber? N�o quero mais assistir filmes.
� Ah, n�o. Leo DiCaprio e Kate nos esperam!
� Nem vem. Vamos fazer outra coisa.
� Tipo o qu�?
� Tipo subir no telhado! � sugeriu .
� N�s n�o temos mais 5 anos, sabia, ?
� Nada como relembrar os velhos tempos!

� Aquela � a Ursa Maior. � apontou para uma estrela. � E aquela � a menor. � Apontou para outra.
� Hm � murmurou, impressionada. � Como voc� sabe tudo isso?
� Na verdade, eu n�o sei! � admitiu.
riu e fechou os olhos vagarosamente.
� Eu to com sono... � A menina p�s a m�o na testa. � E est� esfriando...
� Acho melhor a gente entrar, ent�o.
levantou-se com cuidado, e ajudou a entrar de volta em seu quarto pela janela.
� Ops! � exclamou ela, ao escorregar no tapete e puxar . � Ainda bem que eu sempre tenho voc� � disse ela, brincando com a m�sica de .
� Voc� sabe que sempre me tem... � Riu ele, dando um beijinho estalado na boca dela, que, para sua surpresa, n�o hesitou.
� Sei, sim... � disse com uma risadinha, deitando-se em sua cama e apagando seu abajur � Boa noite, .
� Boa noite, ch�rie...
Os dois ficaram calados, mesmo estando acordados.
compreendeu o sil�ncio.
Ela percebeu como um simples gesto tinha tantos significados, que aquele sil�ncio tinha tantos significados.
sorriu sozinho. Finalmente tudo estava bem. Finalmente eles estavam bem.

Cap�tulo Doze

: Ai, sinto muito, mas voc�s estavam t�o gracinhas juntos! S�RIO! A gente teve que deixar voc�s dois sozinhos!
: Voc� � uma babaca.
: Po, bicha, a gente te fez um favor. Mas, ent�o, me diz, o que ele ta fazendo agora?
: Ele continua dormindo... Exatamente quando voc� perguntou h� 2 segundos atr�s, idiota.
: Voc� fere meus sentimentos falando desse jeito.
: Oba! :D
: Enfim, o que ele ta fazendo agora?
: Hm... dormindo?
: Oh...
: Oh, oh, ele acabou de dar uma co�adinha na bunda.
: Cor da cueca?
: Branca, do Piu Piu e Frajola.
: Grande ou pequeno?
: CREEEEEEEDO!
: Ai, filha, chegamos a puberdade. Isso � mais que normal!
: N�o �, n�o, tarada.
: E o que ele ta fazendo agora?
: Sei l�, mas eu sei o que vou fazer se continuar me enchendo o saco desse jeito.
: Vai ver se � grande ou pequeno?
: Ai, Lorde, SOCORRO!
log in
: , voc� pode ver se o neg�cio do � grande ou pequeno de uma vez?
: Gente, o que aconteceu com voc�s hoje?
: A ta aqui gritando no telefone pedindo pra eu perguntar pra voc�.
: Tra�ra. Hunf Hunf.
: Caramba, ele acordou! Tchau!
: Ai, , aproveita e d� AQUELA checada pra mim!
log off

desligou o monitor de seu computador depressa e voltou � sua cama, fingindo estar dormindo.
� Eu sei que voc� tava acordada... � riu, sentando-se ao lado da garota.
� Oi? � disse ela, com voz de quem n�o entendia nada. riu mais ainda.
� E eu consegui ler algo como �o neg�cio do � grande ou pequeno�. � Ele mexeu as sobrancelhas, e continuou fingindo estar meio grogue.
, vai se vestir � desconversou ela, tampando o rosto com as m�os.
� Eu sei que voc� j� viu a minha cueca do Piu Piu e Frajola, ta. N�o precisa se fazer de mo�a pura!
sentiu como se suas bochechas estivessem ardendo em chamas.
� Vai se vestir logo, , sen�o vou fazer algo que realmente n�o quero fazer... � avisou ela.
� Tipo dar aquela checadinha pra e ver se � grande ou pequeno? � Ele gargalhou e se escondeu debaixo da coberta.
� Sabe que � feio ler as conversas dos outros? � disse ela, ainda escondida.
� Sabe que � feio falar sobre os �rg�os dos outros pelas costas? � Retrucou , entrando debaixo da coberta.
estava sem gra�a. Totalmente sem gra�a.
� Sai daqui, . Essa coberta � pequena demais pra eu, voc� e a minha vergonha! � Ela virou o rosto.
� Foi s� brincadeirinha. � a puxou mais pra perto, dando-lhe uma mordida na bochecha.
� Ew, ! � gritou ela, colocando a m�o sobre a mordida. � Sai de cima de mim! � Ela pediu, tentando empurrar o corpo de de cima dela.
� S� se me der uma bitoquinha!
� Sai, !
� Ah, ch�rie, vai dizer que n�o me ama mais! � perguntou ele, segurando-a levemente pelos bra�os.
� Claro que amo! � disse ela. � Mas n�o com esse bafo terr�vel de quem acabou de acordar!
Ela finalmente conseguiu se soltar de . Saiu debaixo da coberta, suada.
� Sinto muito se meu bafo n�o cheira a menta bem depois que acordo!
� Engra�adinho...
Ela revirou os olhos.
� Vai logo se vestir e tomar caf�, . A mam�e deve estar fazendo panquecas do jeito que voc� gosta.
� Nhummy!

� Bom dia, querida.
� �Dia, mam�e. � sentou-se � mesa e pegou uma x�cara de chocolate quente.
� Quer dividir essa panqueca? � perguntou . � � a �ltima.
recusou e deu de ombros.
� Filha, quando voc� vai comprar seu vestido para o baile? � a apenas daqui uns dias e n�o fomos nem olhar vitrines! � Sua m�e parecia preocupada.
� Eu sei que voc� s� quer ir ao shopping pra comprar roupas pra voc�. � alegou .
Sra deu uma risadinha.
� N�o se preocupa, m�e, eu j� combinei com as outras pra sair e comprar tudo. � A garota sorriu e levou um peda�o de p�o � boca.
� Se � assim, mais f�cil pra mim. � A m�e de pegou sua bolsa numa cadeira. � Eu tenho que sair pra comprar algumas coisas no mercado, antes que meu carro atole nessa neve!
Ela se despediu e saiu pela porta da frente.
� Olha s�, a primeira neve do ano! � anunciou , correndo para fora e puxando a garota junto.
� Hm... � deixou os flocos ca�rem sobre seu rosto, j� no jardim da frente de sua casa. � Dizem que os primeiros floquinhos s�o doces, sabia?
� Sabia, sim. Voc� me contou h� uns 12 anos atr�s e, desde l�, nem um pinguinho de a��car eu pude sentir � respondeu .
� Voc� acaba com todos os meus momentos! � reclamou.
deu de ombros, esfregando uma m�o na outra, a fim de esquent�-las. Olhou para o lado e viu deitada no ch�o, abrindo e fechando as m�os rapidamente.
� Voc� tem no��o de que voc� ta de camiseta e shorts, n�?
, deita a� e faz um anjinho tamb�m, faz!
� Eu tamb�m s� to de shorts e camiseta!
� Ta bom, bichinha.
revirou os olhos e deitou-se ao lado de , imitando-a.
� Minha cueca ta ficando molhada! � resmungou ele, desconfortavelmente. riu. � O Piu Piu ta congelando.
o olhou de esguelha.
� O da cueca, digo. � Ele se explicou, dando uma leve risada.
� Oh, certo � disse , desacreditada, levantando-se do ch�o coberto de neve. � Tcharan! � Ela apontou para o local onde estava deitada.
� �Tcharan� o qu�? � arqueou a sobrancelha.
� Tcharan-olha-pra-minha-obra-de-arte-TCHARAN! � respondeu e levantou os bra�os, ainda sem entender. � Apenas olhe pro seu lado, imbecil!
� Ah, ta! � balan�ou a cabe�a. � E da�?
� Ai, deixa pra l�. � bufou. � Insens�vel.
� Hein? � arqueou a sobrancelha.
� Nada. � Ela entortou a boca.
� Voc� me chamou do qu�? Insens�vel?
revirou os olhos.
� Voc� me ouviu... � murmurou para que o amigo n�o escutasse.
� Ouvi, sim! � respondeu.
� Ent�o por que perguntou? � Ela fez cara feia.
levou as m�os para o alto.
� Epa, epa. Quem ta amargurada aqui � voc�!
mostrou o dedo e se virou.
� Te ferrar, .
� Mas o que eu...
� BL�! � o interrompeu com um grito.
� Mas eu s�...
� Chega, .
� Mas eu nem...
... � disse em de aviso e o menino riu. � Ta rindo do qu�? � Ela quis saber.
� Voc� � apontou para a garota �, definitivamente tem dist�rbio bipolar ou algo assim!
� Eu n�o! � Ela p�s as m�os no peito e se fez de chocada.
� Ent�o por que ta assim? � Ele perguntou.
� �Assim� como?
� Assim � falou � , toda irritadinha assim.
� Eu n�o estou irritadinha. � Ela entortou a boca e a abra�ou.
� Ah, n�o est�? � Ele ajeitou os cabelos molhados de .
� Nope. � Ela balan�ou a cabe�a.
� N�o mesmo? � Perguntou novamente.
� Na-ah. � Ela sorriu e o garoto fez o mesmo.
fez com que a menina pusesse suas m�os em volta de seu pesco�o, e ele colocou suas m�os na cintura dela.
, o que voc� ta fazendo? � riu.
� Me preparando pra dan�ar com voc�, oras � respondeu, dando de ombros.
� Dan�ar comigo? � Ela levantou uma das sobrancelhas. � E voc� dan�a?
� � claro que eu dan�o! � Afirmou ele como se fosse algo �bvio. � Eu sou o novo Justin Timberlake, ch�rie.
� Novo Justin Timberlake? � disse ela, depois de gargalhar. � , voc� como dan�arino � um �timo piadista, juro!
O garoto mostrou a l�ngua.
� Engra�adzinha. � fez jeito de gay. � Voc� n�o conhece as minhas facetas... � Ele fez cara de misterioso.
� E quando vou conhecer? � estreitou os olhos.
� Em breve � ele sussurrou. � Mas, por enquanto, s� me acompanhe...
colou seu rosto com o de , que fechou os olhos, esquecendo do frio que sentia. Ela sentiu os l�bios de tocarem leve mente sua orelha direita. Ela riu.
� Isso faz c�cegas... � a garota murmurou baixinho.
� Sh... � Fez . Ele n�o queria conversar, n�o queria brincar. Ele s� queria sentir aquele momento. Seu momento. O momento deles.

I never doubted you at all...
(Eu nunca duvidei de voc�)

Ele come�ou a cantar. sentiu como seu corpo tivesse ficado mais quente. Abra�ou-o mais forte.

Stars collide, will you stand by and watch them fall?
(Estrelas colidem, voc� esperar� para v�-las cair?)

Ele fez com que a menina se afastasse de e o abra�asse de novo.

So hold me �til the sky is clear
(Ent�o me abrace at� o c�u ficar limpo)
And whisper words of love right into my ear
(E sussurre palavras de amor bem no meu ouvido)

terminou. continuou a dan�ar lentamente. Seus corpos estavam colados e era como se pudessem sentir seus batimentos. Respiravam lentamente de olhos fechados.
... � disse ela, de forma quase inaud�vel.
� Sh... � Ele colocou seu dedo indicador nos l�bios da garota, que continuava de olhos fechados. Ele ainda queria ficar daquele jeito, em sil�ncio, sem ligar para qu�o est�pidos poderiam estar parecendo.
� Voc� escreveu mais um peda�o da m�sica... � se atreveu a dizer, ap�s um ou dois minutos com os bra�os em volta do pesco�o de .
� Uhum... � Ele lambeu os l�bios, encarando-a.
� Ficou... er... � Ela estava nervosa. As palmas de suas m�os come�avam a suar. � Ficou, hm, j�ia... � J�ia? J�IA?
� Brigado. � riu. � Eu n�o tenho culpa de ter uma fonte de inspira��o t�o, digamos assim, 'j�ia'!
� Certo. � Ela sorriu amarelo. � Sabe, acho melhor a gente entrar... � Ela come�ou a se sentir desconfort�vel.
� Sabe � a interrompeu. Ele a faria ceder. � N�o foi assim que eu imaginei esse momento exatamente.
o olhou nos olhos e desviou o olhar rapidamente. Fingiu limpar a garganta. Sua boca estava seca e suas m�os suavam. Isso n�o era bom.
� E, hm � ela pigarreou � e como era, exatamente, que voc� pensava que era pra ser esse momento?
� Pensei que n�o perguntaria... � Ele sorriu. � Bem, era pra ser assim; Eu cantava pra voc� e voc� se derretia por mim... depois eu fazia um passinho de dan�a que aprendi assistindo �Dancing with the Stars� e eu te beijava... bem, er, assim...
colocou sua m�o no rosto da menina, de modo que o polegar ficasse sobre sua orelha e os outros dedos se apoiassem em sua nuca. n�o hesitou, e colocou seus bra�os envolta do pesco�o do menino, que sentiu vontade de sorrir.
Havia muito tempo que os dois queriam fazer aquilo, e eles n�o podiam negar. Mas sabia que tinha mania de complicar demais as coisas, e queria saber o porqu� de tudo aquilo. Mas, naquele momento, ele n�o queria saber dos problemas nem complica��es, ele s� queria poder sentir aquele momento, ele s� queria se sentir livre pra amar a garota que sempre amou, e ser amado de volta.
E era isso que eles estavam fazendo.

Cap�tulo Treze
� Cad� os marshmallows?
� No arm�rio, oras. � respondeu e bufou.
� D� pra me dizer onde que est�o? Voc� n�o � o �nico resfriado aqui, n�o! � continuava abrindo os arm�rios incessantemente, ainda sem encontrar os doces.
� Calma, xuxu. � Ela riu e se levantou do sof�, ainda enrolada por um cobertor. � Ta aqui dentro, olha � Ela abriu a �ltima gaveta e revirou os olhos.
� Como � que eu iria adivinhar que os benditos marshmallows estariam na gaveta debaixo da gaveta de FACAS?
� Bem, voc� n�o tinha obriga��o de saber isso, mas voc� sabe que a minha fam�lia � viciada nesses docinhos deliciosos manjar dos deuses, n�? � Ela lambeu os l�bios. gargalhou.
� Voc� pareceu uma criancinha, agora. � Ele brincou, apertando as bochechas da garota fortemente. � Bilu bilu!
� Babaca. � Ela deu um soquinho de leve no bra�o do garoto, que gemeu.
� Outch, menina. Doeu! � reclamou.
� Oh, meu Deus, ser� que eu amo um bicha? � Ela riu. � Sabe, quando eu te chamei de bicha, era s� brincadeira, n�o precisava levar t�o a s�rio!
jogou um dos minimarshmallows no rosto da garota e segurou-a pelos bra�os. Ele acabara de escutar aquele verbo?
� Ent�o voc� me ama? � Ele sorriu maroto. � Hein, voc� me ama, �?
� Hm... talvez... � Ela corou.
� Me ama, sim... Diz, me diz que me ama � ele insistiu.
balan�ou a cabe�a negativamente.
� Ora vamos...
� Eu... � disse em baixo de voz.
� Voc�...
� Eu quero meu chocolate quente com meus docinhos em cima, por favor � Ela completou ao p� do ouvido de , que fechou os olhos. Definitivamente, n�o era o que ele desejava ouvir.
� Um chocolate quente saindo! � Ele colocou uma caneca cheia da bebida nas m�os de .
Merci beaucoup! � arriscou algo em franc�s.
� De nada, ch�rie... � pegou uma outra caneca e seguiu a menina em dire��o ao sof�.

� Quer ligar a TV? � Perguntou .
deu de ombros, colocando um pouco de chocolate quente na boca, com medo de queimar a l�ngua, e ligou a televis�o.
� Que � isso a�? � quis saber , abanando a boca com a m�o livre e apontando a TV com a cabe�a.
� Queimou a l�ngua? � segurava o riso e fez cara feia, assentindo. � Eu disse que era uma criancinha...
� P�ra, . � cerrou os olhos, tentando fingir raiva. � Eu perguntei o que seria isso que se passa na televis�o.
� Isso � apontou para o aparelho � Isso � uma paaaaar-ti-da de FU-TE-BOOOL! � respondeu , abrindo a boca ao m�ximo que podia.
� Voc� � RE-TAR-DAAA-DO ou o qu�? � zombou. � Eu sei que isso � uma partida de futebol, n�. Eu quero saber porque esse cara com o shorts cavadinho levantou a bandeira!
� Ah! � soltou uma risadinha sem gra�a. � � que foi impedimento.
� Er... � Ela balan�ou a cabe�a. � E o que � �impedimento�?
a mirou, como se fosse algo muito �bvio.
� Duh-uh! Impedimento � impedimento, oras bolas.
bateu na pr�pria testa.
� Ser� que voc� n�o � um retardado mesmo? � Ela zombou. � Mas no que consiste um impedimento? Assim, o que o jogador tem que fazer pra...
� Ah, ta, entendi, entendi!
� Ent�o... � aguardava uma resposta.
� Mulheres n�o entendem de futebol � respondeu simplesmente, ap�s soltar um palavr�o por causa de uma jogada feia do jogador.
� Entendemos, sim! Que preconceito!
� Bem, se entendessem voc� n�o estaria me perguntando, certo?
... � disse em de aviso.
� S� estou dizendo a verdade! � Ele levantou os bra�os.
! � erguei um dos bra�os, amea�ando bater no garoto.
� Ta bom, ta bom, eu explico!

� Ent�o, o do outro time da Coca-Cola n�o pode estar na frente da linha da grande �rea antes dos jogadores do Sprite? � Perguntou , apontando para as latinhas sobre a mesa, para melhor explicar para sobre o impedimento.
� AH, MEU DEUS! � gritou, levantando-se do ch�o. � Vai chover, vai chover!
� Mulheres entendem tanto quanto os homens, s� que requerem mais tempo.
� Ta bom. � revirou os olhos. � Quer mais marshmallow?
, balan�ou a cabe�a afirmativamente. Dougie levantou-se do sof�, saindo debaixo da coberta que dividia com a menina.
Ele abriu um dos arm�rios, tentando encontrar os doces que guardara h� uns instantes, mas s� encontrou d�zias e d�zias de comprimidos.
� Esquisito... � Disse para si mesmo. � Ei, � virou-se para ela �, isso tudo � seu?
� Isso o qu�? � perguntou ela, sem olhar para .
� Esses rem�dios todos do arm�rio... � respondeu, chacoalhando um frasco de comprimido numa das m�os. � Voc� ainda est� doente?
, viu os comprimidos na m�o de . Estalou os dedos nervosamente.
� Esses rem�dios... Er... � Ela tentava ganhar um pouco de tempo para inventar uma desculpa decente. � S�o todos da minha m�e, sabe. �... ela andava com alguns problemas de press�o e... essas coisas � disse. Torceu para que tivesse parecido convincente o suficiente.
� Ah, sim. � enfiou os comprimidos de volta no arm�rio. � E ela est� melhor?
, sorriu de modo falso.
� Uhum. Bem melhor.
� �timo. � Ele devolveu o sorriso e voltou para o sof�.
, sentiu uma dor no peito ao mentir para seu melhor amigo. Ela s� estava esperando pelo momento certo para cont�-lo a verdade, s� n�o sabia quando aquele dia chegaria.
Tudo ficava cada vez melhor entre eles, e ela n�o queria estragar tudo.
Pouco ela sabia que, guardar aquele tipo de segredo para ela, traria piores conseq��ncias no futuro.
[...]

Capítulo Catorze

– Esse vestido me faz parecer raquítica! – choramingou , ao examinar seu reflexo no espelho de uma loja de trajes de gala.
bufou, aparentando impaciência. Já era o sétimo vestido que experimentava, e a milésima que reclamava.
– Olha, , não tem vestido que não te faça parecer magricela demais ou pálida demais ou apagada demais, ok. Conforme-se. – Soltou , revirando os olhos. franziu a sobrancelha.
– Outch. – Fez ela. – Sua sensibilidade me toca, amiga. – Fingiu-se magoada.
– Ok, sem brigas – interrompeu . – Vamos, gente, hoje deveria ser um dia divertido! Principalmente pra você, , que ta concorrendo a Rainha do Baile, né!
fez uma careta feia ao ouvir ‘Rainha do Baile’. Ela odiava esse tipo de coisa. Para ela, todo esse negócio de Rainha do Baile só servia para as garotas alimentarem mais ainda seus lados fúteis. Além do mais, ela nem ao menos havia se inscrito para ser Rainha! E era isso que a irritava mais. Agora ela pagava por uma brincadeirinha estúpida.
– E o que tem de bom nisso? – Retrucou antes de sair correndo da loja.
As três se entreolharam.
– Mas eu nem fiz nada! – Ergueu as mãos ao receber um olhar de reprovação de . – Juro. Ela deve estar assim por causa do Harry, não por causa de um baile estúpido. Ela nunca ligou pra essas coisas mesmo.
– Será? – Perguntou , indo à direção da funcionária da loja.
sentou-se numa cadeira ao lado de , tentando não amassar muito o vestido.
– Deve ser isso. – opinou. – Começaram a dizer que ele estaria namorando a Hailey Anderson.
fez cara feia.
– E como é que eu não sabia disso? – Gritou ela, inconformada.
– Bem, você não tem sido o melhor exemplo de melhor amiga, ... – explicou . entortou a boca. O que dizia fazia completo sentido. mal sabia o que se passava na vida de suas amigas... Não tentou questionar. – Mas, provavelmente, é mentira – continuou. – Não sei, ela não deve ter gostado dessa brincadeira estúpida que fizeram. Acho que ninguém gostaria...
A outra apenas assentiu com a cabeça. Entendia perfeitamente como deveria estar se sentindo. Mas não pela situação de Harry, nem pelo negócio todo da rainha do baile. Mas sim, pela situação que ela mesma havia provocado.

– E aí, o que acharam? – disse , dando uma voltinha para e , que tentavam achar uma posição confortável no pequeno sofá da loja de vestidos.
– Definitivamente é esse, amiga. – levantou-se, fechando o zíper do vestido de . – Você está linda nesse, juro.
– Não poderia concordar mais – falou , olhando para que vestia um vestido vermelho, simples e elegante.
apenas sorriu ao ver seu reflexo mais uma vez no espelho. Ela estava muito bonita mesmo, e nem ela podia negar.
– Vai ser esse mesmo! – A garota deu uns pulinhos, e a vendedora da loja fez uma cara de aliviada, por finalmente as três terem decidido os vestidos que levariam.
Enquanto dava seu cartão de crédito para a caixa e ia ao banheiro, apenas sentou-se num banco um tanto duro em frente à loja. Sentiu seu celular tremer.

Gelatto. Terceiro andar. Por favor. Rápido.

subia as escadas rolantes, acenando para e , que não pareciam ter acreditado muito na história de que estava indo comprar uma bata para a mãe. Quem é que vai comprar uma bata pra mãe em pleno inverno?, pensava , lamentando-se por sempre ter sido péssima na hora do improviso.
se encontrou procurando pela sorveteria no praça de alimentação do shopping. Finalmente avistou uma grande placa azul e branca onde a palavra ‘Gelatto’ piscava forte. Entrou na sorveteria e logo viu sentada, com um copo de sorvete quase vazio e com uma expressão de desgosto no rosto. A garota apenas sentou-se junto da amiga e esperou que ela dissesse algo primeiro.
– É, er, olha só... – Começou , um pouco hesitante. – Bom, sabe, eu não quis dizer aquilo... É, sabe... você me entende. – Gaguejava. – O que eu quero dizer é que... eu, bem... eu s-si... – tentava formar frases, mas não conseguia.
– Eu sei que sente... – disse , com ternura. – Não esquenta, .
sorriu, aliviada.
– É que, você sabe, com esse baile todo e todo esse negócio de Rainha do Baile eu não... eu não consigo pensar direito! – Ela botou tudo pra fora. – E o Harold, ah, o HAROLD!
riu ao ver o modo como falou o nome de Harry.
– Pois é – disse . – O que é que tem entre você e o Harry? – Quis saber e corou no mesmo instante.
– Ai... ai, você nem sabe, , você nem sabe! – Ela viu a amiga enfurecer-se. – Aquele moleque... aquele desgraçado! Você... , nem te conto!
soltou uma gargalhada involuntariamente. conseguia ser engraçada mesmo sem querer.
– Ele... ele... – continuou . – Foi aquele cretino que me inscreveu pra concorrer como Rainha. Foi ele! Foi ele, cara! Eu não... Eu. Vou. Matar. Aquele. Imbecil!
franziu as sobrancelhas.
– E como você sabe? – perguntou ela.
– Eu... eu vi e ouvi os garotos comentando na sala de aula, um pouco antes do intervalo acabar – explicou. – Vocês acham que a vai ficar muito brava por eu ter feito isso? – Ela fez uma imitação praticamente impecável de Harry. – Cara, ela vai me matar! Cara, eu só quero vê-la de vestido... Ela deve ficar muito gata, né? Nossa, vai ser muito divertido! Cara, o Jefferson vai ficar tão metido se ela ganhar! SE ela ganhar, né... Mas eu acho muito improvável...
terminou e ficou boquiaberta.
– Você ta falando sério? – Perguntou ela, incrédula. – Ele disse mesmo que... que você não ia conseguir ganhar?
disse que sim com a cabeça.
– Exatamente com as mesmas palavras e sobrancelhas! – respondeu de modo divertido. riu.
– Você é linda e pode ganhar, sim... – disse , um pouco mais séria. – Olha só, você não pode ligar pra o que o Judd diz. – Ela viu concordar. – Agora você tem que mostrar que você é capaz e fazê-lo calar a boca, amiga!
– Falando assim parece tão fácil... – Ela deu uma última colherada em seu sorvete derretido. – Mas, pra começar, eu não tenho nem vestido!
– Bem, você já teria um se tivesse ligado menos pra o que um garoto com o cabelo que mais parece crina de cavalo tem a dizer, né! – Brincou .
– Pois bem... – disse , levantando-se de sua cadeira e pegando sua bolsa. – O pônei que se cuide!

– Eu queria agradecer aos meus fãs pelo suporte e pelo carinho; aos meus pais, por me fazerem quem eu sou hoje e à Op... Op, sem você, eu não estaria nesse patamar! Muito obrigada!
– Gostosa! Gostosa! – Gritou para , rindo, arrancando olhares feios dos clientes e vendedoras da mesma loja de trajes de gala de algumas horas atrás.
– Eu acho que é esse... – disse , um pouco mais séria, olhando para o seu reflexo. Ela vestia um lindo vestido azul bem claro, tomara-que-caia, cheio de detalhes minuciosos e brilhos. – O que você acha?
olhou para , cheia de orgulho.
Judd que se cuide! – disse . – A Rainha vem aí!
[...]

N/A: Oh, meu Deus. Que vergonha. Muita vergonha MESMO. Voc�s n�o sabem o que eu senti quando abri a �ltima att e vi meu n/a bem assim: 'bom carnaval pra voc�s'. Totalmente vergonhoso e pe�o desculpas. Agora estou voltando � ativa, e at� fiz uma fiction nova.
Provavelmente ningu�m deve mais ler isso, mas tudo bem xD Ah, �, eu quero agradecer pelas 550 visitas desde a minha �ltima atualiza��o. O carinho de voc�s � que me motiva a escrever *limpa l�grimas*.
As f�rias t�o chegando e vou tentar me dedicar ao m�ximo pra atualizar pra voc�s (;
xo Cri-quis.

Tem algo para dizer sobre a fiction? Alguma sugest�o � autora? Tudo � bem vindo � caixa de coment�rios!
Leia tamb�m: Break the Rules