Data:  Qua Mar 28, 2001  1:44 pm 
Assunto:  Estádio
Já que se tem falado em Estádio, como gancho do comentário do Flávio Prado, permitam-me colocar minha colher nesse assunto. 
O Brunão foi inaugurado como tal em 1976, no fim do governo de Antonio Pezzolo, um prefeito entusiasta do esporte. Seu sucessor foi Lincoln Grillo, que detestava futebol. Fala-se que, no jogo de inauguração da nova arquibancada (Ramalhão 0 x 0 Seleção da Romênia), Grillo, já prefeito eleito, disparou: 
- Se eu já fosse prefeito, nunca teria construído esse estádio. Quanto dinheiro jogado fora! O Santo André não representa nada para a cidade! 
O antipático prefeito logo encontrou utilidade para o Brunão: virou pista de cooper particular de seu filho, Linquinho. Dias tenebrosos, aqueles... 
Quis o destino, porém, que justamente no governo Grillo (76/82) o Ramalhão alcançasse a consolidação como equipe profissional, com a popularização e duas grandes conquistas: o vice-campeonato da Intermediária em 79, e o acesso ao Paulistão em 81. Tudo sem nenhuma ajuda da Prefeitura. 
Estou convencido que todas essas conquistas só se tornaram possíveis graças ao Brunão. Um estádio em condições de comportar grande público é fundamental para qualquer equipe que almeja ser grande, e o Brunão serviu plenamente às necessidades do futebol andreense. 
Mas o estádio continua sendo um bem público, pertence ao município; aqui não se fez como em muitas cidades, em que se cedeu o estádio ao clube, em regime de comodato (o que é duvidoso, pois comodato é cessão de bem público para um particular, para prestação de um serviço de utilidade pública, e os clubes usam os estádios para seus próprios fins). Por isso, o Ramalhão fica na dependência de a Prefeitura investir no Estádio, o que nem sempre ocorre. Além disso, o Brunão já tem 25 anos, e tem todos os problemas dos estádios velhos: desconforto, insegurança, banheiros precários, falta de estacionamento etc. Além disso, por suas características não pode ser ampliado; não há espaço para isso, a não ser atrás do gol dos fundos, e oacréscimo da capacidade seria muito pequeno para justificar a reforma. 
Alternativa: construir um novo estádio. Talvez esteja chegando a hora de pensar nisso. Mas quase todos os estádios construídos no Brasil ainda seguem o modelo dos anfiteatros romanos, e os tempos atuais exigem uma nova concepção de estádio, um misto de teatro e shopping center: lugares estofados, numerados e cobertos, ar condicionado, estacionamento fechado, espaços para eventos, restaurantes, lojas, posto médico, segurança etc. O paradigma atual é o Estádio do Ajax, em Amsterdan. Os ingleses estão demolindo o centenário Wembley para construir, no lugar, um novo e moderníssimo estádio. 
Se o Ramalhão partir para a construção de um estádio próprio, terá de ser nesses moldes, do contrário a obra nunca se pagará. Sonho? Quem sabe...
 
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