Data: Seg Dez 26, 2005
Assunto: Jubileu de Pérola: toda a história
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No dia 10 de dezembro de 2005, a Torcida Virtual Ramalhonautas, em parceira com o Esporte Clube Santo André, promoveu uma festa para comemorar os 30 anos do título de campeão paulista da Primeira Divisão em 1975.
A idéia de homenagear os responsáveis pelo primeiro título do Santo André nasceu em junho, quando os Ramalhonautas se reuniram para comemorar o primeiro aniversário da conquista da Copa do Brasil. Um fato que constatamos então era que poucas pessoas pareciam lembrar-se dessa conquista fantástica, alcançada apenas um ano antes; então o que não dizer dos títulos anteriores do Ramalhão, de menor relevância em nível nacional, mas com certeza muito importantes para a consolidação de uma equipe que ainda procurava firmar-se no futebol profissional. Lembramo-nos do acesso à Serie B do Brasileiro, da Copinha e da Copa Estado de São Paulo em 2003, dos acessos de 1981 e de 2001 e, principalmente, do título da Primeira Divisão em 1975 que, por essas injustiças do futebol, acabou não propiciando ao Ramalhão participar do Campeonato Paulista. Era preciso fazer alguma coisa para resgatar aquele grande momento, que abriu o caminho para as conquistas futuras do Santo André.
A partir daí uma idéia foi plantada em solo fértil, e logo germinou. Um grupo de ramalhonautas sonhadores, entre os quais me incluo, formou-se e começou a trocar “e-meios”, lançando idéias ora simples, ora mirabolantes. Aos poucos uma linha geral se formou: tentaríamos reunir o máximo possível de jogadores, dirigentes e membros da comissão técnica daquele time vencedor, para um “evento solene” de homenagem.
Dificuldade número um: encontrar os homenageados. Era uma tarefa complicada, afinal haviam se passado 30 anos. Mas uma circunstância acabou ajudando nosso trabalho: a maioria dos atletas daquele time de 75 tinham raízes na região ou proximidades, pois eram quase todos oriundos da várzea andreense. Alguns eram “figura carimbada” por aqui, e a partir deles tentaríamos chegar aos demais. Coube ao incansável Elias tentar localizar e contatar o pessoal. Pergunta daqui, pergunta dali, depois de muitas respostas do tipo “acho que o primo do compadre de um vizinho do meu sobrinho ouviu falar que o jogador tal está morando não sei onde” e outras parecidas, pesquisas em listas telefônicas e outros registros, acabamos descobrindo o paradeiro de quase todos.
Apesar de todas as tentativas, não conseguimos nenhuma pista do ex-goleiro Lincoln. Com essa exceção, tivemos a feliz constatação que todos os nossos possíveis homenageados estavam vivos (apesar de termos sido informados que o Luizinho Gaúcho havia morrido, o que acabou desmentido pelo próprio, que em telefonema na véspera do evento nos garantiu que estava bem vivo e morando em Porto Alegre). Mais alguns também moravam longe, como o Luís Augusto e o Celso Motta, este com problemas de saúde, tanto que na data da festa esteve internado.
As reações dos ex-atletas variaram, mas a maioria ficou perplexa ao saber de nossos planos. Muitos emocionavam-se e diziam não acreditar que alguém estava fazendo isso por eles. Outros achavam que era trote e só se convenciam de nossa sinceridade depois de muita conversa. Mas a reação mais emocionada foi a do Mestre Aurélio: aos 84 anos e com a saúde abalada, chorou muito e disse: “Será que ainda estarei vivo até o dia 10 de dezembro?...” Pois não só estava vivo, como foi um dos mais alegres e animados no evento, como só quem estava lá pôde ver...
A segunda dificuldade era óbvia: $$$. Tínhamos muita vontade e disposição, mas dinheiro que é bom... O jeito foi apelar para os “patrocinadores”, como a Adega do Jabá, que nos garantiu as bebidas na faixa. Com os planos em mãos, fomos ao ECSA para apresentar a idéia: esta foi acolhida com entusiasmo pela diretoria, que decidiu que o clube entraria como parceiro no evento e nos ofereceu a Sede de Campo e Náutica, antigo Clube de Campo do ABC, para abrigar a festa. Com isso, o problema do local foi resolvido e a característica do evento foi alterada: teríamos a solenidade de homenagem e em seguida, ao invés do coquetel inicialmente planejado, haveria uma descontraída churrascada.
Em seguida partimos para os detalhes, como a confecção das placas e dos brindes (canecas). Tivemos aí uma dificuldade inesperada, pois algumas indústrias já não estavam aceitando encomendas, por conta da proximidade do final de ano. Tivemos que nos conformar e aceitar a caneca com impressão em uma única cor.
Contornada a dificuldade, partimos para a divulgação do evento e venda de convites. E foi aí que o grupo quebrou o pau para decidir o custo de cada convite. “É quinze! Tá louco? É vinte!” Depois de um “quase racha” no grupo, definiu-se o preço em R$ 20,00. Não que isso ao final tenha sido relevante, já que a maior parte dos presentes à festa eram os homenageados e seus parentes próximos, que receberam convites gratuitos.
A última semana foi a mais corrida, pois havia inúmeros detalhes para serem resolvidos: comida, decoração do salão, faixas, etc., etc. e mais etc. A se destacar nessa hora o esforço e inestimável participação do Gentil, Marcinho, Gisélia (vou ganhar pontos com a patroa, hehehe...) e do pessoal do Clube de Campo, a quem agradecemos de coração, na grande figura do Dicá.
Com tudo isso, o evento só poderia mesmo ter dado muito certo. Estou convencido que o nosso desprendimento, a disposição em prestar uma homenagem a quem a merecia sem esperar nada em troca, foi a maior razão do êxito do Jubileu de Pérola. O que nos anima a pensar em novos eventos como esse — desta vez com mais experiência e, quem sabe, um pouco mais de “patrocínio”, para conseguir um resultado ainda melhor.
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