Poesias - Coletânea 2


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Cadê eu? - Maite Schneider
Conversa com Deus
Torre de Papel

Cadê eu?

A mente poluída

do que se pode poluir,

traz no seu contexto,

a saudade da cerveja no copo descartável

e da batata frita engordurada que banha o papel.

Banha o papel,

alagando minhas idéias.

(Que não são poucas,

que não são muitas,

que são minhas idéias)

A banha que engordura,

entope o pensamento,

que só flui com levedura,

que só sai e que não dura,

que só se escreve em atadura de doentes em estágio terminal.

E isto até que não é mal.

Não vale que se registre

o que não se tem pena de ser apagado,

o que implora que seja rasgado.

Só tenho medo de acordar um dia,

e sumirem as palavras,

e sumirem os poemas,

e sumirem as palavras novamente.

Perceber então somente,

que restou apenas eu neste mundo de sumiço.

Perceber então somente,

que restou apenas eu...

Cadê eu?

© Maite Schneider


Conversa com Deus

Hoje quero dizer bom dia.

Hoje quero contar com foi meu dia.

Hoje quero agradecer além das agonias.

Hoje quero dizer boa tarde.

Hoje quero agradecer antes que seja tarde.

Hoje quero contar dos encantos que me deu.

Hoje quero dizer boa noite.

Hoje quero dizer te amo.

Hoje quero dizer amém.

Meus olhos são teus

Agora que te encontrei

meus olhos já não me pertencem.

Agora que te encontrei,

meus olhos já não são mais meus.

Leva com eles,

meus desejos e sonhos,

minhas vontades e devaneios,

minhas asas e coração.

Leva com ele,

tudo o que sinto,

e também coisas que ainda vou sentir.

Em troca te peço,

que me leve junto com meus olhos,

antes que me cegue

com o amor que sempre busquei.

Que bons ventos o tragam e não o deixem partir.

© Maite Schneider


Torre de papel

Passei a vida,

construindo a torre que me leva até o céu.

Cada tijolo,

uma história.

Todos os tijolos,

formando a minha história,

em busca dos meus sonhos impossíveis.

No fim da vida,

cheguei no céu.

A vista aqui é linda,

como dizem os que aqui ousaram chegar.

Tem anjos,

o ar é puro

e a paz é total.

Relâmpagos,

rajadas de ventos

e furacões.

(Caí da torre,

sem receber o apoio de nunvens por onde passei.)

O que fazer se eu não acredito em céu,

nem nesta torre de papel???

© Maite Schneider