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Literatura
são palvras dotadas de sentidos(Ezra Pound)
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Introdução
A LITERATURA
É A ARTE QUE SE MANIFESTA PELA PALAVRA, SEJA ELA
FALADA OU ESCRITA. Quanto à forma, o texto pode apresentar-se
em prosa ou verso. Quanto ao conteúdo, estrutura,
e segundo os clássicos, conforme a "maneira
de imitação", podemos enquadrar as obras
literárias em três gêneros:
·
Lírico: quando um "eu" nos passa uma emoção,
um estado; centra-se no mundo interior do Poeta apresentando
forte carga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como
característica marcante do lírico. O Poeta
posiciona-se em face dos "mistérios da vida".
A lírica já foi definida como a expressão
da "primeira pessoa do singular do tempo presente".
·
Dramático: quando os "atores, num espaço
especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um
acontecimento". Retrata, fundamentalmente, os conflitos
humanos.
·
Épico: quando temos uma narrativa de fundo histórico;
são os feitos heróicos e os grandes ideais
de um povo o tema das epopéias. O narrador mantém
um distanciamento em relação aos acontecimentos
(esse distanciamento é reforçado, naturalmente,
pelo aspecto temporal: (os fatos narrados situam-se no passado).
Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo
exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade
é característica marcante do gênero
épico. A épica já foi definida como
a poesia da "terceira pessoa do tempo passado".
Fonte bibliográfica 4
Esta divisão
tradicional em três gêneros literários
originou-se na Grécia clássica, com Aristóteles,
quando a poesia era a forma predominante de literatura.
Por nos parecer mais didática, adotamos uma divisão
em quatro gêneros literários, desmembrando
do épico o gênero narrativo (ou, como querem
alguns, a ficção), para enquadrar as narrativas
em prosa.
Poderíamos
reconhecer ainda o gênero didático, despido
de ficção e não identificado com a
arte literária; segundo Wolfang Kayser, "o didático
costuma ser delimitado como gênero especial, que fica
fora da verdadeira literatura".
Gênero
Lírico
Seu nome
vem de lira, instrumento musical que acompanhava os cantos
dos gregos. Por muito tempo, até o final da Idade
Média, as poesias eram cantadas; separando-se o texto
do acompanhamento musical, a poesia passou a apresentar
uma estrutura mais rica. A partir daí, a métrica
(a medida de um verso, definida pelo número de sílabas
poéticas), o ritmo das palavras, a divisão
em estrofes, a rima, a combinação das palavras
foram elementos cultivados com mais intensidade pelos poetas.
Mas, cuidado!
O que foi dito acima não significa que poesia, para
ser poesia, precise, necessariamente, apresentar rima, métrica,
estrofe. A poesia do Modernismo, por exemplo, desprezou
esses conceitos; é uma poesia que se caracteriza
pelo verso livre (abandono da métrica), por estrofes
irregulares e pelo verso branco, ou seja, o verso sem rima.
O que, também, não impede que "subitamente
na esquina do poema, duas rimas se encontrem, como duas
irmãs desconhecidas..."
Gênero
Dramático
Drama, em
grego, significa "ação". Ao gênero
dramático pertencem os textos, em poesia ou prosa,
feitos para serem representados. Isso significa que entre
autor e público desempenha papel fundamental o elenco
(incluindo diretor, cenógrafo e atores) que representará
o texto.
O gênero
dramático compreende as seguintes modalidades:
·
Tragédia: é a representação
de um fato trágico, suscetível de provocar
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que
a tragédia era "uma representação
duma ação grave, de alguma extensão
e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não
narrando, inspirando dó e terror".
·
Comédia: é a representação de
um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso
fácil, em geral criticando os costumes. Sua origem
grega está ligada às festas populares, celebrando
a fecundidade da natureza.
·
Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos
trágicos e cômicos. Originalmente, significava
a mistura do real com o imaginário.
·
Farsa: pequena peça teatral, de caráter ridículo
e caricatural, que crítica a sociedade e seus costumes;
baseia-se no lema latino Ridendo castigat mores (Rindo,
castigam-se os costumes).
Gênero
Épico
A palavra
"epopéia" vem do grego épos, ‘verso’+
poieô, ‘faço’ e se refere à narrativa
em forma de versos, de um fato grandioso e maravilhoso que
interessa a um povo. É uma poesia objetiva, impessoal,
cuja característica maior é a presença
de um narrador falando do passado (os verbos aparecem no
pretérito). O tema é, normalmente, um episódio
grandioso e heróico da história de um povo.
Dentre as
principais epopéias (ou poemas épicos), destacamos:
Ilíada
e Odisséia (Homero, Grécia; narrativas sobre
a guerra entre Grécia e Tróia).
Eneida (Virgílio,
Roma; narrativa dos feitos romanos)
Paraíso
Perdido (Milton, Inglaterra)
Orlando Furioso
(Ludovico Ariosto, Itália)
Os Lusíadas
(Camões, Portugal)
Na literatura
brasileira, as principais epopéias foram escritas
no século XVIII:
Caramuru
(Santa Rita Durão)
O Uraguai
(Basílio da Gama)
Gênero
Narrativo
O Gênero
narrativo é visto como uma variante do gênero
épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em
prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão,
as principais manifestações narrativas são
o romance, a novela e o conto.
Em qualquer
das três modalidades acima, temos representações
da vida comum, de um mundo mais individualizado e particularizado,
ao contrário da universalidade das grandiosas narrativas
épicas, marcadas pela representação
de um mundo maravilhoso, povoado de heróis e deuses.
As narrativas
em prosa, que conheceram um notável desenvolvimento
desde o final do século XVIII, são também
comumente chamadas de narrativas de ficção.
·
Romance: narração de um fato imaginário,
mas verossímil, que representa quaisquer aspectos
da vida familiar e social do homem. Comparado à novela,
o romance apresenta um corte mais amplo da vida, com personagens
e situações mais densas e complexas, com passagem
mais lenta do tempo. Dependendo da importância dada
ao personagem ou à ação ou, ainda,
ao espaço, podemos ter romance de costumes, romance
psicológico, romance policial, romance regionalista,
romance de cavalaria, romance histórico, etc.
·
Novela: na literatura em língua portuguesa, a principal
distinção entre novela e romance é
quantitativa: vale a extensão ou o número
de páginas. Entretanto, podemos perceber características
qualitativas: na novela, temos a valorização
de um evento, um corte mais limitado da vida, a passagem
do tempo é mais rápida, e o que é mais
importante, na novela o narrador assume uma maior importância
como contador de um fato passado.
·
Conto: é a mais breve e simples narrativa centrada
em um episódio da vida. O crítico Alfredo
Bosi, em seu livro O conto brasileiro contemporâneo,
afirma que o caráter múltiplo do conto "já
desnorteou mais de um teórico da literatura ansioso
por encaixar a forma conto no interior de um quadro fixo
de gêneros. Na verdade, se comparada à novela
e ao romance, a narrativa curta condensa e potencia no seu
espaço todas as possibilidades da ficção".
·
Fábula: narrativa inverossímil, com fundo
didático, que tem como objetivo transmitir uma lição
moral. Normalmente a fábula trabalha com animais
como personagens. Quando os personagens são seres
inanimados, objetos, a fábula recebe a denominação
de apólogo.
A fábula
é das mais antigas narrativas, coincidindo seu aparecimento,
segundo alguns estudiosos, com o da própria linguagem.
No mundo ocidental, o primeiro grande nome da fábula
foi Esopo, um escravo grego que teria vivido no século
VI a.C. Modernamente, muitas das fábulas de Esopo
foram retomadas por La Fontaine, poeta francês que
viveu de 1621 a 1695. O grande mérito de La Fontaine
reside no apurado trabalho realizado com a linguagem, ao
recriar os temas tradicionais da fábula. No Brasil,
Monteiro Lobato realizou tarefa semelhante, acrescentando,
às fábulas tradicionais, curiosos e certeiros
comentários dos personagens que viviam no Sítio
do Picapau Amarelo.
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Os estudos dos Gêneros Literários aparecem
pela primeira vez na obra “A República”, de Platão
como um tipo de classificação da obra literária
tendo em vista principalmente o seu conteúdo, sua
temática. O discípulo mais famoso de Platão,
Aristóteles, retoma o estudo dos gêneros e
suas modalidades em sua obra-prima “A Poética”, sob
o ponto de vista dos tópicos mais importantes da
obra: a MÍMESE e a VEROSSIMILHANÇA. Devemos
lembrar que, para os Antigos, Poesia é texto em versos,
com rima, métrica e ritmo definidos, ou seja, é
o Poema belo e perfeito; em suma: é o poema que obedece
às normas da Versificação.
Para Aristóteles,
a POESIA é Mímese, ou seja, é uma das
várias formas de IMITAÇÃO (= DE REPRESENTAÇÃO)
da realidade criadas pelo homem. Já no início
da sua obra, Aristóteles discrimina como imitações
poéticas:
1) as imitações
dramáticas: tragédia e comédia;
2) a epopéia:
imitação narrativa;
3) o ditirambo
(poemas em homenagem a Baco), a citarística (poemas
acompanhados por instrumentos de corda) e a aulética
(poemas acompanhados pela flauta), exemplos de imitações
poéticas que hoje correspondem ao gênero lírico.
Assim, a
obra de Aristóteles já apresenta os três
tipos de Gênero a que um poema (texto em versos) pode
pertencer: o Lírico, e Épico e o Dramático.
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1.
Gênero Lírico
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Pertence
ao Gênero Lírico o poema que consiste numa
forma de expressão dos sentimentos, das emoções,
dos desejos, dos conhecimentos, enfim, da visão de
mundo de alguém: do EU que fala no poema. Emissor
e personagem única desse tipo de mensagem, o “EU-LÍRICO”
é o tema nela tratado (mensagem centrada no emissor):
normalmente, portanto, o poema lírico é elaborado
com uma linguagem emotiva - SUBJETIVA - em que predominam
as palavras e pontuações de 1a. pessoa. Os
tipos de poemas líricos mais comuns são:
1.1 Ode
ou Hino: é o poema lírico em que o emissor
faz uma homenagem à Pátria (e aos seus símbolos),
às divindades, à mulher amada, ou a alguém
ou algo importante para ele. O Hino é uma Ode com
acompanhamento musical;
1.2 Elegia:
é o poema lírico em que o emissor expressa
tristeza, saudade, ciúme, decepção,
desejo de morte. É todo poema melancólico;
1.3 Idílio
ou Écloga: é o poema lírico em que
o emissor expressa uma homenagem à Natureza, às
belezas e às riquezas que ela dá ao homem.
É o poema bucólico, ou seja, que expressa
o desejo de desfrutar de tais belezas e riquezas ao lado
da amada (=pastora), que enriquece ainda mais a paisagem,
espaço ideal para a paixão. A écloga
é um idílio com diálogos (muito rara);
1.4 Epitalâmio:
é o poema lírico feito em homenagem às
núpcias de alguém;
1.5 Sátira:
é o poema lírico em que o emissor faz uma
crítica a alguém ou a algo, em tom sério
ou irônico (“elogio às avessas”).
Alguns autores
consideram modalidades líricas:
- o ACALANTO:
ou canção de ninar;
- o ACRÓSTICO:
(akros = extremidade; stikos = linha), composição
lírica na qual as letras iniciais de cada verso formam
uma palavra ou frase;
- a BALADA:
uma das mais primitivas manifestações poéticas,
são cantigas de amigo (elegias) com ritmo característico
e refrão vocal que se destinam à dança;
- a BARCAROLA:
é o canto dos gondoleiros italianos; consiste num
lamento com o mar, acusando sempre referência a caminhos
por água (= cantigas de amigo = elegia);
- a CANÇÃO:
poema oral com acompanhamento musical (= CANTIGA);
- a CANTATA:
pequena ópera, gira sempre em torno de uma ação
solene ou galante (sensual);
- o CANTO
REAL: tipo de balada de forma fixa, composta por 5 estrofes
com 11 versos e uma estrofe com cinco versos. Comum no Parnasianismo;
- o DITIRAMBO:
canto em louvor a Baco que deu origem à tragédia;
- o GAZAL
ou GAZEL: poesia amorosa dos persas e árabes; odes
do Oriente Médio;
- a GLOZA:
ver VILANCETE;
- o HAICAI:
expressão japonesa que significa “versos cômicos”
(=sátira). É o poema japonês formado
de três versos que somam 17 sílabas assim distribuídas:
1o. verso=5 sílabas; 2O. verso = 7 sílabas;
3O. verso 5 sílabas;
- a LIRA=
idílio;
- o MADRIGAL:
idílio amoroso que consiste num galanteio que o eu-lírico
faz a uma pastora(sua amante);
- o NOTURNO:
elegia, poema melancólico em que o símbolo
da tristeza é a noite;
- a PARLENDA:
composição ritmada destinada a certos jogos
infantis (cadê o gato? Foi atrás do rato/ Cadê
o rato ? Foi atrás da aranha...)
- o RONDÓ:
é o poema lírico que tem o mesmo estribilho
se repetindo por todo o texto;
- a TROVA:
é o mesmo que cantiga ou canção;
- o VILANCETE:
são as cantigas de autoria dos poetas vilões
(cantigas de escárnio e de maldizer); satíricas,
portanto.
Como se
pode observar, essas outras modalidades líricas nada
mais são do que variações dos cinco
tipos principais.
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2.
Gênero Épico ou Narrativo
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Pertence ao
gênero épico, o poema que conta uma história,
um episódio: por isso, ele é também
chamado de NARRATIVO. Há três tipos de poemas
narrativos:
2.1 Epopéia:
é o poema épico que narra um grande feito
histórico de um povo, de um país, destacando
os seus heróis. Além dos textos históricos,
encaixam-se nessa classificação os textos
bíblicos. A epopéia clássica, das quais
são exemplos a “Ilíada” e a “Odisséia”,
ambas de Homero; “Os Lusíadas”, de Camões;
“A Divina Comédia”, de Dante, etc, tem as seguintes
partes:
1a. Proposição:
apresentação do tema e do herói;
2a. Invocação”:
evocação das musas inspiradoras para que o
episódio proposto seja contado com
engenho e
arte;
3a. Dedicatória:
a epopéia é dedicada a alguém importante;
4a. Narração:
o tema proposto é contado;
5a. Epílogo:
é a conclusão da narrativa e as considerações
finais.
A epopéia
moderna não tem uma divisão pré-estipulada.
São
exemplos de epopéias brasileiras: “ Caramuru” , de
Santa Rita Durão; “ Uraguai” , de Basílio
da Gama; “ Vila Rica” , de Cláudio Manuel da Costa
, dentre outras.
2.2 Romance
ou Xácara: é o poema narrativo que conta as
façanhas de um herói, mas principalmente uma
história de amor vivida por ele e uma mulher “proibida”.
Apesar dos obstáculos que o separa, o casal vive
sua paixão proibida, física, adúltera,
pecaminosa e, por isso é punido no final. É
o tipo de narrativa mais comum na Idade Média. Exemplo:
“Tristão e Isolda”.
2.3 Fábula:
é o poema narrativo em que as personagens são
seres não humanos personificados. Com o objetivo
de criticar os homens, esse poema sempre encerra uma lição
de moral.
Há,
ainda:
- o Lai:
poema narrativo curto formado por 12 estrofes com versos
octossílabos, referentes às lendas medievais,
mais precisamente àquelas do ciclo arturiano;
- a Canção
de Gesta: narrativa acompanhada de música, conta
a vida de um herói ou de um santo; elas deram origem
às novelas de cavalaria medievais;
- o Poema
Herói-Cômico: poema narrativo em estilo solene
que encerra um assunto banal e ridículo. Ex: “A Estante
do Coro”, onde os 6 cantos do poema giram em torno da dúvida
de dois homens a respeito de onde deveria ser colocada uma
estante de um coro;
- o Poema
Burlesco: é um poema narrativo que, ao contrário
do poema herói-cômico, trata de um assunto
sério usando um estilo jocoso. Ex: “Orlando Furioso”
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3.
Gênero Dramático
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Pertence
ao gênero dramático toda e qualquer peça
teatral em versos. O texto dramático é o único
elaborado com o fito de ser representado num palco e, por
isso, é o único que contém INSTRUÇÕES
PARA O MOMENTO DA REPRESENTAÇÃO. Quem melhor
caracteriza esse gênero é Aristóteles,
que em sua “Poética” estuda a tragédia em
dezessete capítulos (cap. VI ao XXII) como sendo
o protótipo do drama e a arte mimética por
excelência.
Na Antigüidade,
dois eram os tipos de poemas dramáticos existentes:
a tragédia e a comédia, artes miméticas,
pois a primeira é a imitação ( a representação)
de homens melhores e a segunda, de homens piores do que
os que existem na realidade (objetos da imitação).
No modo dramático de imitação, as próprias
pessoas imitadas (personagens) são autoras da representação
e desconhecem seu destino; é por isso que o conjunto
das ações feitas por essas personagens no
decorrer da peça teatral recebe o nome de DRAMA.
Para Aristóteles, o fato da tragédia imitar
homens superiores (melhores do que os que existem na realidade)
e provocar no espectador reações de dor e
violência (para que o espectador também fique
“mais nobre”, “melhor”) que o levam a ter medo e piedade
( a docilidade, a passividade, a conformidade) necessários
à vida disciplinada em sociedade, é que faz
da tragédia a mais perfeita espécie poética
de imitação. A comédia, ao contrário,
é tida como a pior das espécies já
que provoca no espectador o riso, e, com ele, o destemor,
a aventura, a rebeldia: afinal, nelas são representados
seres humanos piores do que aqueles que existem na realidade.
A comédia surgiu na Sicília (Itália)
com as obras de Epicarmo e Fórmis.
Embora tenha
surgido na Grécia através da obra de Ésquilo,
Aristóteles atribui o mérito de ser precursor
da tragédia ao poeta Homero, autor das epopéias
“Ilíada” e “Odisséia”, já que em sua
obra narrativa a personagem protagonista é sempre
um herói, ou seja, é sempre um homem superior,
quando o normal na epopéia seria imitar homens comuns,
homens iguais aos que existem na realidade. Homero também
é elogiado por Aristóteles como um POETA MAIOR,
pela forma perfeita e pela linguagem esmerada (ornada, musical)
que imprimiu às suas epopéias (8.816 versos
decassílabos), fontes de inspiração
às epopéias de Virgílio, Camões,
etc. Aristóteles salienta, ainda, que tragédia
e epopéia se diferenciam pelo modo (na tragédia
as personagens agem por si, não há ninguém
narrando, o espectador entende a estória a partir
do drama; na epopéia alguém conta a história,
sabe tudo o que vai acontecer com as personagens: o narrador;
em suma: modo dramático e modo narrativo), pela extensão
(epopéia=poema longo/tragédia=poema curto)
e pelo objeto (tragédia=homens melhores/epopéia=homens
iguais aos que existem na realidade) da imitação.
Atualmente, comédia e tragédia são
modalidades dramáticas elaboradas em prosa.
Surgida
na Idade Média e criada por Gil Vicente, outra modalidade
dramática em versos heptassílabos (ou redondilhas
maiores) é o AUTO, cujo conteúdo consiste
numa crítica aos poderosos, principalmente aos clérigos(do
padre ao Papa). A versão cômica do Auto é
a FARSA. Essa modalidade ainda existe; em nossa Literatura
atual, temos “Morte e Vida Severina” ou “Auto de Natal Pernambucano”
, de João Cabral de Melo Neto, e as peças
de Ariano Suassuna, dentre elas o “Auto da Compadecida”.
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