A Língua Portuguesa
tem sua origem ligada ao Latim, língua inicialmente falada
na região do Lácio, parte da antiga Itália,
onde vivia um povo chamado latino, fundador da cidade de Roma. A
miscigenação com povos vizinhos e, por volta do século
VII a.C., a anexação da região ao Império
Etrusco tornaram Roma a cidade mais importante do Lácio.
A cidade expandiu seus domínios, levando sua cultura às
regiões dominadas militarmente. Na Grécia, no entanto,
os romanos encontraram uma cultura de bases sólidas que exerceu
forte influência sobre a cultura latina. Os romanos assimilaram
esta cultura, formando nossa herança intelectual greco-latina.
Nos fins do século III a.C. os exércitos de Roma chegaram
à Península Ibérica e iniciaram o processo
de Romanização, isto é, de imposição
de sua cultura aos diversos povos (principalmente celtas e iberos)
que nela habitavam: sua organização política,
seu direito, sua religião, sua língua. As chamadas
culturas autóctones apenas arranharam a poderosa cultura
greco-latina, deixando resquícios concretos de sua existência
em alguns topônimos da Língua Portuguesa. O Latim era
a língua oficial das regiões conquistadas, mas este
Latim não é mais o mesmo do início de Roma,
primeiro porque a modalidade do Latim que se expandiu junto com
o Império era notadamente falada, mais simples e popular
(Latim Vulgar), em oposição à modalidade escrita,
complexa e elitizada (Latim Clássico). Segundo porque o aprendizado
de uma segunda língua deixa nela, em qualquer situação,
o acento da língua materna. Terceiro porque a expansão
da língua ocorreu de modo imposto, pela força militar,
o que gera nos povos dominados certa "má vontade"
para aprender.
Enquanto a Romanização se processava, o Cristianismo
crescia no Império. No século IV d.C. a fé
cristã se torna finalmente a religião oficial de Roma.
Do ponto de vista lingüístico, o Cristianismo atuou
como força aglutinadora, seja por reunir a comunidade em
torno de suas igrejas, seja por preservar o Latim escrito em seus
textos sagrados e em seus rituais.
A partir do século V d.C. povos de origem germânica,
vindos da Europa Setentrional, invadiram as terras européias
do Império. Eram os bárbaros, forma como os romanos
nomeavam todos aqueles que, vivendo fora dos limites de seu império,
não participavam da cultura latina. Estes povos tinham organização
social e acervo cultural muito simples se comparados à complexidade
da cultura greco-latina. Assim, vencedores pela força, acabaram
subjugados pelo
poder cultural dos povos romanizados e optaram por preservar as
instituições romanas para que pudessem se manter no
poder: aprenderam sua língua, adotaram sua religião,
assimilaram seus costumes. Mas deixaram sua marca no Latim, que
nesta época já se encontrava bastante fragmentado.
No Português contemporâneo encontramos palavras de origem
germânica, geralmente ligadas à guerra ou à
agricultura.
No século VIII d.C. vieram os árabes, eles permaneceram
na região por sete séculos, dominando vastas regiões,
com exceção do norte, mais montanhoso e hostil, onde
os cristãos refugiaram-se para organizar a resistência
à invasão. Inúmeros vocábulos ligados
ao comércio, à guerra, à administração,
à vida cotidiana são de origem árabes.
Em toda a Europa falava-se neste momento o romanço, nome
dado a um conjunto de dialetos que formam a fase transitória
entre o Latim e suas atuais línguas neo-latinas.
Enquanto isso, os povos do norte organizavam a Reconquista do território
ocupado pelos árabes. No século XI d.C. a região
dividia-se em reinos cristãos (Leão, Castela, Aragão,
Navarra). Afonso VI, rei de Leão e Castela comandava a expulsão
dos mouros, nisto sendo auxiliado por nobres de toda a Europa cristã.
Recebendo a ajuda de Raimundo e Henrique de Borgonha, D. Afonso
ofereceu ao primeiro sua filha legítima, Dna. Urraca e o
governo da Galiza; ao segundo, sua filha ilegítima, Dna.
Tareja e o governo do Condado de Portucalense.
O filho desta últina união, D. Afonso Henriques, influenciado
pela ambição de sua mãe e pelo desejo de emancipação
do povo da região, declarou a independência do Condado
no século XII. Tornou-se, assim, o primeiro rei de Portugal
e continuou a expandir seus domínios lutando, por um lado,
contra Leão e Castela e, por outro, contra os árabes.
O Galego-Português era o dialeto falado na região do
Condado, mas à medida que suas fronteiras avançavam
para o sul este dialeto modificou-se em contato com os falares do
sul, que acabaram por prevalecer. Desta forma, o Galego se constituiu
como variante do Espanhol e o Português se desenvolveu como
língua da nova nação.
As grandes navegações, a partir do século XV
d.C. alargaram os domínios de Portugal e levaram a Língua
Portuguesa às novas terras da América (Brasil), África
(Guiné-Bissau, Cabo Verde, Angola, Moçambique, S.
Tomé e Príncipe), Ásia (Macau, Goa, Damão,
Diu), Oceania (Timor) e Ilhas do Atlântico (Açores
e Madeira). Em contato com outras línguas, o Português
também se modificou, deu origem a novos falares e dialetos,
mas não se fragmentou como o Latim, mantendo sua unidade
com a língua falada em Portugal e em muitas das regiões
acima citadas.
Paralelamente a este processo, desenvolviam-se, a partir dos vários
romances, as demais línguas neo-latinas: o Francês
(França e colônias francesas), o Castelhano, dialeto
de Castela, também chamado Espanhol (Espanha e colônias
espanholas), o Provençal (sul da França), Rético
(Suíço e Tirol), Italiano (Itália), Romeno
(Romênia).
- Latim
Clássico x Latim Vulgar -
As principais diferenças entre a linguagem falada - Latim
Vulgar -, e a usada pelos escritores - Latim Clássico, -
são:
1- O vocabulário empregado era especial, entremeado de neologismos
e termos vulgares.
2- Mutilava-se o som de um vocábulo, acresciam-no de outro,
modificava-se a estrutura fônica;
3- Largo uso da preposição;
4- Emprego de artigos (que o Latim Clássico desconhecia);
5- Preferência à ordem direta;
6- Nas conjugações; as quatro conjugações
do Latim Clássico passam a três no Latim Vulgar.
- Latim Clássico x Latim Vulgar -
As principais diferenças entre a linguagem falada - Latim
Vulgar -, e a usada pelos escritores - Latim Clássico, -
são:
1- O vocabulário empregado era especial, entremeado de neologismos
e termos vulgares.
2- Mutilava-se o som de um vocábulo, acresciam-no de outro,
modificava-se a estrutura fônica;
3- Largo uso da preposição;
4- Emprego de artigos (que o Latim Clássico desconhecia);
5- Preferência à ordem direta;
6- Nas conjugações; as quatro conjugações
do Latim Clássico passam a três no Latim Vulgar.
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