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Guitar Player Daron Malakian Guitarras
 
ENTREVISTA
 Guitar Player: Muitas bandas se propõem a misturar rap, metal, gótico, world e punk, mas vocês preservam a essência de cada estilo. Como conseguem fazer isso?
 Daron Malakian: Não quero jogar confete sobre mim mesmo, mas costumo escutar música com vontade. Não penso: "rap é bem popular agora, então devo ouvir isso". Alguns músicos não escutam rap porque gostam desse estilo, ouvem porque não querem ficar para trás. Se você escuta um estilo de música apenas para estar na moda, nunca conseguirá fazer a influência sair com naturalidade em sua maneira de tocar.
 Guitar Player: Você desenvolveu um som próprio, mesmo em uma época em que os timbres do novo metal são feitos em série.
 Daron Malakian: O melhor som vem de apenas um captador de guitarra e o amplificador certo. Usei o meu amp Carvin SX-100 em ambos os discos, porque ele é pesado, sujo e nem um pouco bonito. Nenhum amp rosna para você como ele. O Carvin tem muito a ver com o meu som, porque o adquiri quando tinha 15 anos. Não o tiro da minha casa – tenho medo que ele se estrague. Meu amp principal de show é um Mesa/Boogie Triple Rectifier. Uso três cabeçotes – um é de reserva – e quatro caixas 4x12. Gosto do Mesa porque ele proporciona a grandeza do Marshall com muito mais gancho. Os Marchall são ótimos, mas eles possuem um overdrive mais limpo, tipo AC/DC, não um overdrive louco de verdade. Também tenho um Rocktron Hush, que ajusta o som e tira o ruído.
 Guitar Player: Quais são suas guitarras principais?
 Daron Malakian: No estúdio, usei várias Gibson – uma SG, uma Thunderbird, uma Les Paul e uma SG de dois braços. Quando eu queria um som mais heavy metal, eu tocava com a Les Paul, porque ela me dava mais densidade. Para sons com menos ganho, utilizei a SG. Também usei uma Jackson e duas Ibanez Iceman barítono. Cada guitarra encontrou seu próprio espaço tonal no álbum.
 Guitar Player: Você usou várias Gibson no disco. Por que usa uma Iceman standard em shows?
 Daron Malakian: Sou bastante energético no palco, e uma Les Paul é muito pesada. A Iceman combina muito bem com o que faço. Coloquei captadores de Gibson nela e a guitarra tem um som muito bom. É encorpada o suficiente para tocar pesado e tem um som limpo bonito. Tenho viajado com ela há anos. Afino um tom abaixo e desço a corda grave mais um tom – D com baixo em C. Coloco cordas Ernie Ball - .010, na corda aguda, e espessuras bem grossas nas outras.
 Guitar Player: Existem outras maneiras de fazer guitarras soarem gigantescas além de plugá-las em um Triple Rectifier no máximo?
 Daron Malakian: Não toque demais! Quando você usa todo o espaço tocando a um milhão de quilômetros por hora, isso deixa o som fino. Quando você faz um riff sólido e os outros instrumentos estão complementando, é fácil fazer a guitarra soar enorme.
 Guitar Player: Você utiliza algum outro equipamento?
 Daron Malakian: Uso um delay Line 6 DL4 no palco. Ele é impressionante. Eu o uso para deixar certas partes menos vazias – como no final de Psycho. Mas fico esperto ao usar efeitos em nossos álbuns, porque os discos são para sempre. Se você usa um efeito hoje e cinco anos depois alguém faz um melhor, o seu efeito passa a soar cafona.
 Guitar Player: Como desenvolveu esse ataque rítmico de motoserra com power chords?
 Daron Malakian: Penso como determinada parte vai atingir as pessoas. Escuto a bateria e os vocais e escrevo minha música ao redor deles. O segredo do som do System vem da forma como todas as partes trabalham juntas – a guitarra apenas me ajuda a desenvolver as idéias.
 Guitar Player: Se a guitarra tem tão pouca prioridade, como seu som é tão explosivo?
 Daron Malakian: Isso é a música explodindo através da minha guitarra. A música é a parte explosiva.
 Guitar Player: Como constrói suas músicas?
 Daron Malakian: É preciso conhecer sua banda quando você é o compositor. Tento pegar a vibração dos integrantes de modo que, quando mostro uma música, eles sintam que é uma música deles também. Eu me informo sobre o que John Dolmayan (baterista) e Shavo Odadjian (baixista) estão ouvindo. Serj Tankian (vocalista) estava mais envolvido com poesia em nosso primeiro disco e com melodias, neste segundo. Se sei em que fase ele está, posso entrar nisso também. Também olho para mim mesmo. Que tipo de música quero fazer? Que tipo de sons desejo criar? E tudo é feito sem medo de experimentar coisas novas.
 Guitar Player: Você fez um monte de camadas em Toxicity. Tem algum problema em fazer essas partes de guitarra ao vivo?
 Daron Malakian: As músicas saem legais porque nós a compomos sem as camadas. As estrofes, os refrãos e outras partes são as mesmas, seja tocando um guitarra no palco ou fazendo 12 camadas de guitarra na gravação.
 Guitar Player: Como foi dividir as tarefas de produção com Rick Rubin?
 Daron Malakian: É uma honra ter Rick como produtor de nosso disco, sentar-se ao lado dele e produzi-lo com ele. Algo que aprendi com Rubin é que uma grande banda deve ser capaz de plugar e tocar, e toda a engenharia tem a ver com apertar o botão vermelho e gravar um ótimo canal. É assim que você consegue a verdadeira emoção ao vivo. Rick também me ensinou que a vida de uma música transparece mais quando você não se preocupa com cada pequeno erro.
 Guitar Player: Agora que vocês fizeram dois grandes álbuns, o que sabe sobre gravação de guitarra que não sabia antes?
 Daron Malakian: Aprendi que, se você pode misturar e combinar timbres de guitarra e fazer camadas de maneira correta, não precisa usar tantos efeitos. Você usa sons naturais para complementar um ao outro, e essa mistura se torna o efeito.
 Guitar Player: O que lhe deixa empolgado em relação ao estado atual da guitarra rock?
 Daron Malakian: Os guitarristas de hoje estão pensando mais sobre a música e menos sobre suas habilidades de solar. Pegue o Adam Jones, do Tool – ele nunca parece fazer nada para se mostrar. A música é o mais importante. Porém, houve muito mais experimentações na época dos grandes solos de guitarra – e isso é uma coisa boa também.
 Guitar Player: Quais foram suas inspirações?
 Daron Malakian: Quando garoto, eu era metaleiro e adorava Randy Rhoads e Eddie Van Halen. Agora, gosto de outras coisas também – guitarristas como Jerry Garcia, Carlos Santana, Jimmy Page e The Edge. Eles possuem um estilo de tocar poucas notas, mas cada uma delas o transportam para um longo caminho. Não sei como eles fazem isso – é pura emoção. Sou influenciado por muitos guitarristas, mas não copio seus riffs. É engraçado quando as pessoas dizem que as nossas coisas soam armênias – e nós somos armênios – mas muitas das minhas partes são influenciadas pêlos solos melódicos, com estilo árabe, de Dave Murray e Adrian Smith [guitarristas do Iron Maiden].
 Guitar Player: O que aconselha aos guitarristas que estão tentando encontrar suas próprias vozes?
 Daron Malakian: Procure ser você mesmo. Influências são boas, mas ser outra pessoa não é legal. Se você gosta de System Of A Down, não tente ser como nós. Deixe-nos passar algo, mas mantenha sua mente em seu próprio trabalho. Se você gosta do que faz, as pessoas irão achar legal. E não se prenda a um único estilo. Seja um músico que pode tocar com uma banda de jazz, com uma banda de heavy metal ou com um grupo de folk – assim você se encaixará em qualquer lugar. Verdadeiros artistas estão sempre procurando coisas novas.