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ASSUNTO |
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MTV Brasil - Penélope Nova |
John Dolmayan e Serj Tankian |
Entrevista |
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ENTREVISTA |
Penélope:
Já que não são muito conhecidos no Brasil, ainda... podem
contar sobre o início da banda, como se conheceram, a transição
do Soil para o System Of A Down, e como conseguiram
contrato com a gravadora?
Serj Tankian: Nós todos para simplificar... nós nos
conhecemos em ensaios em estúdios, ensaiando em bandas
diferentes. Aí começamos a banda chamada Soil. Depois disso, o Shavo
era amigo nosso, ele costumava ficar com a gente e fazer serviço
de empresário. Então ele entrou na banda e passamos a ser o System
Of A Down. O John foi o último a entrar, a banda dele
também ensaiava com a nossa. Então tudo aconteceu através de
ensaios das bandas. Ele entrou e a gente começou a tocar muito na
cidade, ingressos esgotados em todo lugar que agente tocava...
tivemos muito apoio por parte da mídia e não aquela crítica
negativa. Aí tinham várias gravadoras interessados e a gente
fechou com uma delas.
Penélope: A mídia
e a indústria fonográfica tem que rotular tudo e vocês estão
relacionados aos artistas de "nu metal". Vocês
concordam com isso?
John Dolmayan: Acho que nem eu nem eles, e ninguém
da banda, concorda com qualquer tipo de rotulação. Se as pessoas
nos rotulam acabam ficando que nem idiotas, porque vamos mudar
tanto, que vamos ultrapassar o rótulos que eles nos deram.
Penélope: Eu li
algo sobre "Heavy Mental"...
John Dolmayan: Há muitas características
interessantes que são colocadas na banda. Estamos tentando fazer
uma coisa que seja especial pra gente, ao invés de cumprir os rótulos
de quem quer que seja. Queremos transcender as músicas que
estamos tocando, mesmo na Ozzfest ou em qualquer outro evento.
Queremos fazer uma coisa especial pra gente, que nos faça
felizes. E talvez tenhamos nosso próprio rótulo, ou um rótulo
que as pessoas coloquem na gente.
Penélope: E sobre
clipes... Gostam de fazer? E como é o processo?
Serj Tankian: Os dias que gravamos são longos e
cansativos, mas é divertido. Se nós pudéssemos não mais fazê-los
novamente... a gente aceitaria, se fosse comercialmente viável.
Somos músicos, não atores.
Penélope: Mas vocês
se envolvem no processo de criação dos clipes?
Serj Tankian: Eu me envolvi nos primeiros clipes do
primeiro álbum. Eu e o Shavo nos envolvemos bastante. Na
verdade, acho que ele dirigiu os últimos 2 clipes e meio, pois
ele co-dirigiu o "Chop Suey" e dirigiu todos os outros
depois: "Toxicity" e "Aerials".
John Dolmayan: Estamos envolvidos artisticamente em
tudo que é lançado do System Of A Down. Fazemos parte de
tudo o que acontece, porque sendo nossa arte, temos que estar a
par das coisas. Não dizemos: "Fica por conta da
gravadora". Não somos esse tipo de banda, ninguém nos diz o
que vestir, é claro que nos vestimos que nem merda.
Penélope: Como
funciona o processo de composição das músicas? Quem escreve a
letra e quem compõe a música? Há um processo?
John Dolmayan: Falando em geral, o Daron
(guitarrista) fica com a maior parte das composições. O Serj
(vocalista) e o Shavo também fazem músicas, como nesse álbum
(Toxicity), onde estão muito bem representadas. O Serj
escreve 95% das letras, o Daron aparece com um refrão às
vezes... em outras, ele tem uma idéia e o Serj trabalha em
cima. O Serj podia dizer... Bem, do modo como vemos, não há
diferença com quem traga uma composição. O resultado final é
que faz a diferença. Nós colocamos nosso próprio tempero em
cada música e é isso que torna a música especial.
Penélope: Apesar
de não quererem ser reconhecidos como uma banda política, vocês
têm uma visão política. Vocês misturam ótima música com
letras muitos inteligentes. Por que fazem isso? Acham que isso
muda algo, ou é parte da reflexão como seres humanos? Quanto da
mensagem nas letras, vocês acham que atinge às pessoas?
Serj Tankian: Nós não queremos ser rotulados de uma
coisa, seja como roqueiro, político ou armênio. A banda faz uma
música diversificada. Não me incomodo de ser uma banda política,
mas não quero ser somente uma banda política. Dizemos coisas
diferentes, e falamos muito da preservação da vida nesse
planeta. Isso é o mais importante pra mim.
John Dolmayan: E a gente não fala de política ou
políticos em especial. Se estamos aqui pra alguma coisa, é pra
ampliar os horizontes das pessoas que ouvem a nossa música, se
quiserem ouvir a nossas músicas. Cada ouvinte ou espectador do
show pode absorver o que quiser. Não estamos aqui pra ditar o que
as pessoas têm que observar da nossa arte. As pessoas olham as
pinturas e vêem coisas diferentes.
Penélope: Vocês
enfatizam a herança armênia que têm...
John Dolmayan: Na verdade, a mídia é quem faz isso.
Penélope: Sério?
Mas musicalmente vocês fazem isso, não fazem?
John Dolmayan: Essa é sua opinião, você não está
errada, mas não pensamos assim. A herança armênia é parte da
nossa vida e temos orgulho disso, mas somos artistas e músicos. Não
queremos se vistos como 4 armênios. Isso é circunstancial. Nunca
planejamos ter uma banda com 4 armênios. Quem poderia planejar
isso? É um dos vários temperos que fazem essa sopa. Se você
ouvir nossa música, o Iron Maiden tem mais influência armênia
do que a gente.
Penélope: O que
você diria ao público brasileiro? Pra galera que ouve System
Of A Down.
John Dolmayan: O que agente diria aos brasileiros e a
qualquer povo, é que se informem, aprenda sobre as coisas antes
de tomar alguma decisão. Tente ao máximo ter uma vida legal e
respeitar as pessoas, da mesma forma que você quer ser tratado. São
nas pequenas coisas... Se você abrir a porta pra alguém, rir pra
alguém, isso reflete e continua acontecendo. Essa pessoa faz isso
pra outra pessoa, e essa outra pessoa faz para outra. Na mesma
linha, você pode bater a porta a porta na cara de alguém e
acabar com o dia dela. Essa energia negativa também se espalha.
Mudar o mundo não significa ter que mudar a estrutura de um
governo, ou o mundo. É possível instituir nas coisas pequenas, e
em você todos os dias. É o que eu diria. |
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