DATA |
ENTREVISTADOR |
ENTREVISTADOS |
ASSUNTO |
05.03.2002 |
TV de Portugal |
John Dolmayan e Serj Tankian |
Entrevista |
|
ENTREVISTA |
Como
foi o concerto em Coimbra (Festival Super Bock Super Rock)?
John Dolmayan: Os fãs estavam loucos. Foi o nosso
primeiro espetáculo na Europa, a primeira turnê em que somos
cabeças de cartaz. Aliás, nunca tínhamos feito uma turnê pra cá
como cabeças de cartaz. A última vez que viemos pra cá foi com
os Slayers, portanto há pelo menos 3 anos que não tocávamos em
Portugal. Foi incrível, estava tudo louco, às vezes não
conseguia ouvir a mim mesmo, porque o público era tão
barulhento. Foi muito "à Beatles", com aquele barulho
todo. Foi demais!
Como correu o primeiro concerto em
Portugal (1998)?
Serj Tankian: Do que mais me lembro foi de ter muito
medo, porque vimos agulhas no teto da sala, agulhas por todo
lado... e me disseram que às vezes isso acontecia em alguns
concertos. Estávamos cheios de medo de subir ao palco pela
primeira vez, mas depois percebemos de que as pessoas eram
calorosas e então pensei: "Há alguma coisa que não bate
certo nessa história!" Nos divertimos muito, os fãs são
muito simpáticos. E o mais importante - foi o único país por
onde passei em que me disseram: "Esperamos que goste do público"
- o que é muito humilde, muito bonito e é uma oferta. Não é só:
"Esperamos gostar de vocês" - como em qualquer outro
lugar.
Toxicity foi considerado por muito o
melhor álbum de 2001...
John Dolmayan: Aceitamos o fato como um grande
elogio, mas não lhe damos demasiada importância, porque não
existe "o melhor" ou "o pior". A arte é
julgada por cada pessoa individualmente e de acordo com o seu
gosto, daí não haver "o melhor". Mas obrigado a seja
quem for que o tenha escolhido.
Podem nos falar um pouco sobre as
letras das músicas?
John Dolmayan: Nós não gostamos muito de explicar
as letras das nossas músicas... cada forma de arte deve ser
interpretada pela pessoa que a observa, ouve ou vê e se nós
explicarmos a nossa definição de arte, que nem sequer é a mesma
para cada um de nós, então isso podia dificultar a concepção
de uma idéia própria.
Podemos considerar o System Of A Down
uma banda de intervenção política?
Serj Tankian: Há coisas dentro da política das
quais falamos, mas são apenas pensamentos, como outros quaisquer
e há muitos pensamento que nós como um todo expressamos. A política
é um deles. Seria isso uma forma de intervenção? Não sei...
talvez, de alguma maneira.
John Dolmayan: Mas não falamos só de política,
queremos que isso seja sabido. Falamos de vários temas, incluindo
os sócio-políticos, amor, ódio, sexo, drogas, é só escolher.
Na nossa vida há vários assuntos dos quais se fala no dia-a-dia,
assim é na arte.
Você(s) disse(ram) numa entrevista
que a banda estava sob vigilância da CIA... isso é verdade?
Serj Tankian: Eu nunca disse isso.
John Dolmayan: Eu também não, mas acho fixe! (?) Se
eles querem gastar bilhões de dólares só para olhar olhar para
mim...! [risos]
Serj Tankian: Há um livro muito bom, o qual vocês
deviam espreitar. Chama-se "CIA Greatest Hits", quase
como um álbum de "greatest hits, deste tamanho e desta
espessura... [imagine] ...e em cada página tem as maiores merdas
que a CIA fez pelo mundo, em países diferentes, com ditadores
diferentes... tudo que eles fizeram. É um livro muito engraçado,
mas também é verdade!
Como foi participar na Ozzfest 1998 e
1999?
John Dolmayan: Cada ano é diferente e os sentimentos
mudam com o passar do tempo, mas cada Ozzfest é especial à sua
maneira. Para mim o de 98 foi o melhor, (tirando que vamos estar lá
no Verão...) tudo porque andamos em turnê com bandas a quem éramos
chegados na altura, antes mesmo de andarmos em digressão conhecíamo-las
de Los Angeles e foi uma época especial, com pessoas especiais. E
mais, podemos ver os Tool todas as noites, o que foi muito bom!
Mas os dois Ozzfest foram únicos, cada um à sua maneira. Nos
divertimos nos dois. O que achas, Serj? Eu não sei... Acho
que te divertiste mais no de 99.
Serj Tankian: Sim, provavelmente.
John Dolmayan: Não sei, foi o que eu percebi. Eu me
diverti nos dois.
Vão participar na edição deste
ano?
Serj Tankian: Sim! [risos] Gosto que sejas tu a
segurar o microfone por mim [referindo-se a John], é por
isso que não estou a segurá-lo. Vamos participar na edição
deste ano, acho que como cabeças de cartaz ou logo antes do Ozzy
(em palco). Vamos ter boas bandas, como os antigos elementos Rage
Against The Machine. Deve haver muitas ações ativistas fixes
(?), pelo menos na parte americana da turnê. Vamos ter algumas
tendas para assuntos que têm haver com os Direitos Humanos,
tratamento justo dos assuntos de guerra, contra o terrorismo,
assuntos ecológicos, aconselhamento, duas ou três tendas para
ter a Amnístia ou algo do gênero.
O que o System Of A Down planeja para
um futuro próximo?
Serj Tankian: Vamos ao espaço... vamos subir num balão
muito alto no céu... saltar, mas podemos não voltar à Terra...
não sei, vamos andar em digressão, vamos fazer, se tudo correr
bem, outro álbum, no próximo ano, ou no ano a seguir.
[risos...pensativo]
John Dolmayan: Vamos fazer o nosso melhor para não
deixar esta indústria de merda arruinar o nosso amor pela música.
É isso que vamos realmente fazer.
Querem deixar alguma mensagem aos
vossos fãs em Portugal?
Serj Tankian: [...Serj começa a fazer sons
"esquizofrênicos" com seu vocal gutural...]
John Dolmayan: Obrigado por ouvirem as nossas
baboseiras...! Aproveitem a vida.
Serj Tankian: Obrigado! [O "Obrigado" de Serj
foi realmente em português] |
|
|