Duff Mckagan
Você pode nos contar o que anda fazendo?
Bem, como eu disse antes, estou em uma nova banda.
Somos eu, Mark
Lanegan, Mike Johnson e um baterista de Seattle.
Amanhã mesmo nós
estaremos gravando alguma coisa. Mark, Mike e
eu estamos
improvisando algo com uma bateria eletrônica.
Ele é o baterista do New
American Shame. Esse é um projeto o qual
Mark e eu estivemos
planejando por um bom tempo, e é a primeira
vez que eu conto isso pra
alguém, pois era uma espécie de
segredo. Houve até mesmo um rumor no
MTV News o qual negamos, porque não queríamos
que ninguém
soubesse. Quando você estáno ramo
da música você precisa manter
algumas coisas como uma surpresa, pra que as
pessoas digam "Wow,
esse e esse cara juntos!". Apesar de que a verdade
é que o fato de virmos
de diferentes bandas não nos afeta. Nós
já nos conhecíamos, pois viemos
do mesmo lugar e crescemos ouvindo a mesma música
- The Saints, Bad
Company, Stranglers, e eu podia ir longe falando
das nossas influências
em comum. Eu escrevi um novo trabalho, "Beautiful
Disease", e quando
estava prestes a ser lançado a Geffen
foi absorvida (nota: foi comprada
pela Interscope Records) e as prioridades mudaram,
então no fim o disco
não foi lançado, e nunca o será.
De qualquer maneira, Mark adorou
algumas das músicas. Talvez tudo isso
estivesse destinado a acontecer.
Nós vamos gravar três sons daquele
álbum, então agora mesmo estamos
trabalhando nas músicas. Como com o negócio
do Neurotic Outsiders, o
que nunca foi nada muito sério para nenhum
de nós. Nós nunca
ensaiamos as músicas com o Neurotic. Nós
apenas as escrevíamos em
cinco minutos ou Steve Jones já tinha
elas feitas. Nós não estávamos
num esquema 24/7. Isso é o que estamos
fazendo agora.
Há alguma gravadora interessada em você?
Não, mas nós temos um bom gerente.
Nós vamos gravar uma demo e
tocar ao vivo como todo mundo faz. Mas nós
iremos gravar uma demo
que ninguém vai poder rejeitar, escolheremos
qualquer gravadora que
quisermos. Essa é a idéia, dominar
o mundo e tudo o mais (ri). Estou
muito feliz de estar trabalhando em algo que
vai me redefinir para o
público. Agora mesmo eu sei quem sou em
minha vida pessoal, e digo
isso porque é muito importante, desde
que por um longo tempo eu não o
soube. Você está naquela banda enorme,
o Guns N' Roses, e não tem
muito tempo pra perder consigo mesmo, e sem isso
você acaba perdido.
Isso talvez soe dramático, mas é
a verdade. É terrível! A principal
preocupação é o vício
em drogas, álcool e toda a merda restante. Aquilo
quase me matou. É um assunto sério!
Então, acredito que nesses últimos
anos o Neurotic Outsiders me ajudou com a minha
vida pessoal, porque
eu tive aquela válvula de escape que era
realmente uma diversão. Mas no
fim aquilo não me definiu por inteiro.
Eu estava tocando com o meu ídolo
e nós tocávamos rock'n'roll! Aquilo
me transformou numa criança de 32-
33 anos de idade. Eu era o garoto e me sentia
bem. Ótimo!
Você pode descrever como vão soar
suas novas músicas?
Nosso objetivo é soar tão bom quanto
Pink Floyd em "The Wall". Vai soar
como "The Wall" do Pink Floyd? Não! Todos
sabem como soa a voz de
Mark Lanegan e as trevas que ela esconde. Tudo
isso estará lá, mas a
respeito das composições, é
aí que eu e Maek Johnson entramos. As
músicas são orientadas para lugares
onde Mark teria facilidade de se
sentir atraído. As influências em
comum são as mesmas, como Burt
Bacharach, Bad Finger, e a lista continua.
Qual sua opinião sobre "Believe In Me"
quando você o ouve hoje?
Eu acho que foi um disco pessoal. Acho que aqui
fui eu tentando
consertar minha vida pessoal, e na verdade não
foi um álbum completo.
Foi mais como um diário. Eu não
sei se vocês já sabem disso, mas
enquanto estávamos em turnê eu estava
escrevendo músicas e uma coisa
levou à outra.
Enquanto você estava em turnê com
o Guns N' Roses...
É, uma coisa levou à outra e um
cara na Geffen sugeriu que eu gravasse
um disco. Foi um passo grande a ser dado, porque
aquelas eram músicas
realmente pessoais. Acho que é um bom
retrato da minha vida naquela
época. Se eu lançaria aquele disco
hoje? Sem chance! Mas eu estou
orgulhoso do mesmo pelo que é, por muitas
razões. Foi o meu disco do
Johnny Thunders.
Quando deixou o Guns N' Roses você se juntou
a Steve Jones para formar
o Neurotic Outsiders. Como surgiu a idéia?
Eu ainda estava no Guns quando a idéia
começou a tomar forma, mas nós
eramos preguiçosos. Eu ia ao lugar onde
praticávamos, eu e Matt
tocávamos por um tempo, mas ninguém
mais aparecia. Slash estava
tendo problemas com Axl e, bem, vocês já
conhecem a história. Axl
finalmente apareceria por volta das 4 da manhã,
oh bem, foda-se! Eu
percebi que não queria mais esperar até
as 4 da manhã para ensaiar.
Minha vida havia mudado. Eu não vou falar
merda de ninguém, todos tem
suas razões para o que fazem. Eu apenas
me tornei um pouco mais
razoável, e acho que sempre o fui, mas
agora eu levo isso a sério. Eu faço
o que digo, e digo o que penso. Eu não
diria "Ok, tudo bem cara, eu vou
engolir isso de novo". Não. Eu encarei
e disse que sem chance, aquilo não
era justo... se acontecesse mais três vezes
eu estava fora. Bem,
aconteceu. Então Jonesy (Steve Jones)
e eu estivemos praticando e
fazendo algumas apresentações,
porque o Guns não fazia nada. We
tocávamos no Viper Room todas as segundas
à noite. Era demais! Nós o
fizemos por caridade. Um tempo depois, tivemos
uma proposta para um
disco. Claro que o nosso interesse não
ia tão longe, mas assim que você
tenta manter algo quieto as gravadoras começam
a aparecer de todos os
cantos, subitamente. Nós não queríamos
gravar um disco, mas finalmente
dissemos "Porra, Maverick, faça-nos uma
boa proposta!" Eles disseram
"Hey, vocês não precisam sair em
turnêm nós sabemos que cada um de
vocês tem suas próprias coisas para
fazer. Então nós dissemos que tudo
bem e fizemos o disco. Eu adoro aquele álbum!
Eu iria trabalhar com
Steve Jones e ele é meu amigo. Nós
quisemos fazer alguns shows, o que
é algo que eu espero poder fazer por um
longo tempo. Acho que os fãs da
banda perceberam do que se tratava a coisa toda.
Foi algo o qual fizemos
uma vez e por um certo tempo, então não
havia nenhuma pressão
envolvida.
Você teve alguns problemas de saúde
em 1994. O que aconteceu
exatamente?
Eu havia desistido das drogas e me juntei com
minha banda pra uma
turnê Européia. Eu não usava
mais drogas, mas bebia como um louco. Eu
sempre precisava de um coquetel na minha cama
quando acordava no
meio da noite, senão me sentiria horrível.
Eu queria parar com tudo
aquilo mas não pude. Depois da Europa
eu fui ao Japão e daí de volta para
casa. Eu havia comprado essa casa em Seattle,
o lugar onde fui criado. Eu
estava deitado em casa quando senti essa dor
pungente. No momento eu
achei aquilo estranho, apesar de que pra ser
honesto, eu sentia dor o
tempo todo, eu estava realmente fodido! Mas desta
vez a dor começou a
aumentar e ficou tão insuportável
e durou tanto tempo que eu nõa podia
nem me mover. Nem mesmo pra ligar pro 911. Felizmente
um amigo meu
apareceu, e eu o ouvi dizendo "Hey, onde você
está?" lá embaixo, quando
ele entrou. Eu não podia nem mesmo gritar
que estava escada acima, mas
ele veio até o meu quarto, me achou e
me levou ao hospital. Meu
pâncreas havia explodido e uma quantidade
enorme de toxinas estava
correndo pelo meu estômago. Quando esse
tipo de coisa acontece, um
monte de gente morre, mas não foi o meu
caso. Eu podia contá-los sobre
a expriência toda no hospital, mas vocês
não iam querer ouvir os
detalhes.
Aposto que isso fez você reconsiderar um
monte de coisas.
Bem aquilo teve que acontecer. É a única
maneira de fazer você parar. Eu
me vi no hospital todos todos aqueles tubos e
o caralho a 4. Aquilo
mudou a minha vida completamente. Foi como "Hey,
você pode estar
orgulhoso de estar aqui, você não
morreu. Você fez um monte de louras,
e você não está morto. Era
o fim que lhe esperava, mas não aconteceu.
Você está aqui por algum motivo".
Agora eu estou aproveitando uma
segunda vida. Bom, acho que o álbum no
qual estamos trabalhando
também é uma boa razão pra
continuar vivo.
Quando você estava realmente mal, alguém
do Guns N' Roses ou seus
outros amigos tentou ajudá-lo?
Slash. É, Slash, meu amigos em Seattle
e minha família estavam lá.
Você teve um grupo de pessoas o apoiando,
não teve...
É, eu sou o mais novo de oito irmãos,
então minha família esteve comigo
no hospital. Foi muito bom que Slash também
esteve lá. Ele e eu, nós
passamos por algumas coisas juntos. Somos como
irmãos.
Então hoje você está sóbrio
e se mantém limpo...
Oh sim. Eu deixei de fumar e estou enjoado de
ver as coisas indo tão
bem. Besteira! Não, é sério,
estou muito feliz. Como na noite passada,
estivemos trabalhando até tarde da noite
e às vezes eu posso dormir por
volta de 4 horas e me sentir bem quando eu acordo.
Se eu estivesse
bebendo ou coisa do tipo, não poderia.
Provavelmente eu não teria ido
dormir no fim. Eu não pensaria que tenho
uma entrevista ao meio-dia, eu
apenas diria "foda-se!" e ficaria acordado a
noite toda. Eu não poderia
dirigir até aqui para a entrevista. Tudo
vai se acumulando. Eu não poderia
fazer uma porção de coisas, como
vocês tirarem algumas fotos.
Você até mesmo voltou à escola
para entrar numa faculdade.
Eu estou realmente empolgado com isso! Eu estou
voltando à escola. Eu
levei um ano e meio num curso em administração
de negócios. Nós
vendemos um monte de discos e fizemos muito dinheiro,
mas ninguém no
Guns teve o seu diploma. Eu não sabia
como funcionavam e quais os elos
do mercado, ou outros termos financeiros. Foi
tudo parte da reconstrução
da minha vida e de achar um novo rumo para tomar.
Então eu estou de
volta à escola e sou um estudante brilhante,
nada além de A's. É
realmente divertido! Se você já
está nos 30, é melhor tirar um A ou então,
por que diabos você está lá?
Eu estou ficando muito agradecido pela
escola.
Você tem um diploma?
Não, não tenho diplomas. Eu parei
por causa do disco "Beautiful Disease"
para a Geffen, que deveria ter sido lançado,
e eu estava ensaiando com a
banda para que pudéssemos sair em turnê.
Então tudo terminou.
Mas você ganhou bastante conhecimento.
Bastante. Sim.
Para qual escola você foi?
Faculdade Santa Monica. Bem impressionante. Eu
fui para o período
noturno. Pessoas de 18 anos de idade estavam
chocadas de me ver por
lá. Todos diziam, "Nós não
contaremos a ninguém que você está aqui!"
Foi demais, uma experiência maravilhosa.
Agora você está entre L.A. e Seattle.
Você tem saudades da vida noturna
em Los Angeles quando está em Seattle?
Eu não estou mais muito interessado na
vida noturna. Eu tive tanta vida
noturna quanto centenas de pessoas juntas. Minha
vida noturna está
resumida aos meus shows, é noite o suficiente
pra mim. Vez ou outra eu
vou conferir uma banda, como o Screaming Trees
quando eles tocaram no
Viper Room. Quando um amigo está tocando,
eu normalmente apareço.
Muita gente diz que o clima em Seattle é
muito depressivo, pois chove
muito, e isso combinado ao uso de drogas influenciou
a música de bandas
como Soundgarden, Alice In Chains ou Nirvana.
Eu não penso assim. Há uma cena
musical muito forte lá, e a razão é bem
simples. Desde que chove muito você tem
que ensaiar em porãos escuros
e você gasta um bom tempo tocando porque
não pode sair e pegar algum
sol, ou ir à praia ou jogar tênis
ou golfe ou seja lá o que for. Então você
apenas toca. Amplificadores soam diferente em
um ambiente muito
úmido. Tudo soa diferente. Além
disso, em Seattle você não sente a
pressão "pop" como em L.A., coisas como
"nós temos que compor um hit
pra conseguirmos contrato com uma gravadora".
Não existem gravadoras
em Seattle. Então as pessoas basicamente
escrevem para si mesmas. Elas
apenas tocam e as pessoas vão assistir
às bandas, e é assim que elas
influenciam umas às outras. É um
mundo a parte. Eu adoro estar lá. Não
parece nada depressivo para mim. Chris Cornell
ama Seattle.
Sua carreira começou muito antes de todas
essas bandas sequer
existirem. Como você trilhou um caminho
diferente indo até L.A. e se
juntando a
uma banda como o Guns N' Roses?
Soundgarden, esses caras já estavam por
aí. Havia um monte de heroína
em Seattle quando eu estive tocando em bandas
de Punk Rock de 1979 a
1984. Heroína rolava por todos os cantos
e todo mundo era um junkie.
Não havia clubes pra se tocar, nada! Era
uma daquelas épocas em sua
vida em que se deve fazer uma escolha. Eu tive
que escolher entre ficar
em Seattle ou me mudar para Hollywood atrás
de uma chance. E foi o que
fiz. Eu me mudei pra um apartamento, e Izzy morava
bem do outro lado
da rua. Boom! Nós formamos uma banda.
Daí tudo começou. Foi estranho
pra mim, porque quando eu conheci Steven Adler
ele estava ouvindo
W.A.S.P. e eu nunca os ouvi. Ele estava chocado,
ele pensou "wow! Essa
música é demais!". Eu conhecia
outras bandas como Mötley Crüe e Ratt.
Eu não ouvia apenas Punk Rock, eu também
ouvia Prince e outros
gêneros de música. Izzy parecia
mais comigo, ouvindo Thunders, Hanoi
Rocks, Aerosmith ou qualquer outra coisa. Steve
e Slash estavam mais
ligados ao Metal. Axl gostava do Nazareth. Mas
todos eles eram loucos
pelo W.A.S.P., eles amavam aquele álbum
'(Animal) Fuck Like A Beast'!
Eles (o Guns)eram roqueiros de verdade. Quando
nós tocávamos, eu
pensava "Hey, isso é rock de verdade!".
Nós formamos a banda, mas as
influências eram
muito diversas... Nosso primeiro show com a formação
completa foi em
Seattle, abrindo para o The Fastbacks. Inicialmente
nós nos
considerávamos mais uma banda de Punk
Rock e todos nossos shows
eram aberturas para bandas como Tex and the Horseheads,
The Dickies,
Social Distortion andthe Chilli Peppers. É
como as coisas mudaram. Se eu
tivesse ficado em Seattle, quem sabe o que teria
acontecido. Talvez eu
tivesse terminado no Soundgarden. Nunca se sabe.
Há uns dois anos você gravou um álbum
com o 10 Minute Warning, sua
banda antes de se juntar ao Guns N' Roses. Como
você veio a se juntar de
novo a eles?
Eu vou contar a vocês o que aconteceu.
Stone Gossard veio à minha casa
em L.A. na época em que eu estava envolvido
com o Neurotic. Muita
gente diz que o 10 Minute Warning influenciou
sua maneira de tocar
guitarra. Os caras do Soundgarden, por exemplo.
Kim Thayil diz que o 10
Minute Warning foi sua maior influência.
Nós éramos uma espécie de
"reis do trash" em 1983. Stone disse que ele
nunca teria começado a
tocar guitarra se não fosse por minha
causa. Nós temos a mesma idade e
tudo o mais. Então Stone disse "Você
gravaria um álbum? Eu lhe pago pra
isso." Era uma história diferente, eu
havia acabado de deixar o Guns e
estava no Neurotic, então eu disse que
o ligaria. E eu liguei, a banda
apareceu e nós gravamos uma demo. Mas
o nosso cantor estava numa
penitenciária federal à aquela
altura, e ele não sairia de lá por um bom
tempo, então nós precisamos procurar
por um cantor diferente.
Por que ele estava na prisão?
Roubo a banco. Não apenas um, mas muitos.
Então nós achamos esse
cara, Christopher, e aí o Sub Pop se envolveu.
Nós todos terminamos na
mesma sala e os caras estavam tipo "Vamos nessa,
vamos tocar". Muitos
anos se passaram, como 12 ou algo assim, e foi
muito divertido. Era como
algo divertido mais uma vez, mas sem um traço
de amargura. Eu adorei
aquilo. E o pessoal no Sub Pop também!
Uma semana atrás você esteve no Japão,
tocando com Izzy. Vocês
tocaram algum som do Guns N' Roses, ou apenas
o material de Izzy?
Nós tocamos 'Attitude', que não
é uma música do Guns N' Roses, mas nós
a fizemos popular. "Popularizada pelo Guns N'
Roses" (fala num tom de
brincadeira).
Como foi tocar com seu velho companheiro Izzy?
Demais! Nossa amizade é realmente sólida.
Aliás, quando meu pâncreas
foi pro saco Izzy também telefonou. Nós
sempre fomos amigos e nossa
amizade está além da música.
Nós passamos por muita coisa juntos. Eu
toco nos seus discos, o que normalmente não
leva mais do que dois dias.
É algo como "Aqui está a música,
toque, obrigado". Para este último disco
eles quis ir para longe e fazer alguns shows
comigo. Nós estivemos
ensaiando em Hollywood por uma semana e aí
ele quis fazer alguns
shows, que foram realmente divertidos. Foi muito
fácil! No Japão todos
estavam chocados à nossa volta, vendo
nós dois juntos. Foi excitante.
Nós estamos gravando um novo álbum
em duas emas. Rick (Richards,
guitarra) está vindo de Atlanta e Taz
(Bentley, bateria) virá de Dallas. Os
mesmos caras que estiveram no Japão. Nada
além disso - as coisas são
bem fáceis com Izzy. As músicas
não são muitos difíceis na verdade, elas
são baseadas nas boas e velhas raízes
do rock. É o que gosto no Izzy.
Acho que ele está mantendo algo essencial
- raízes do rock. Elas estãe;o
lentamente sendo deixadas de lado e ninguém
parece estar fazendo o que
ele faz. Ele mistura
country e rock and roll, e é bom nisso.
Quando Izzy deixou o Guns N' Roses, ele supostamente
o fez pelas
mesmas razões as quais você o fez
- porque o Guns estava virando uma
grande máquina de dinheiro. Isso é
verdade? (Duff concorda). Você pode
nos dar algo a respeito e por que o Guns N' Roses
virou toda essa
máquina de dinheiro?
Se você dá muito a alguém
como Axl... Vamos colocar as coisas dessa
forma: se todos à sua volta estão
sempre respondendo "sim" por anos, se
tudo é reduzido a "sim, sim, sim", então
na sua relação com outras
pessoas, se alguém diz "não" você
acha que aquela pessoa está errada.
Você vai mandá-lo se foder! Você
está nessa banda desde o começo, e
então subitamente tudo se torna autocrático,
apenas porque uma pessoa
está rodeada de pessoas dizendo sim para
tudo. Não é legalmente uma
autocracia, mas há apenas uma pessoa pensando
que é a sua própria
banda. Bem, então, fique com a sua maldita
banda! Apenas um não pode
mais lidar com isso. Eu amo todos e cada um dos
membros do Guns N'
Roses, e esse sentimento não irá
acabar. Eu faria qualquer coisa por eles,
sem me questionar. Mas as pessoas mudam. Então,
o que eu pude fazer?
Ficar puto e ganhar rios de dinheiro? Pra mim,
fazer música não está
orientado a ganhar dinheiro. Se você está
nessa pelo dinheiro, você está
nessa pela razão errada. Você nunca
fará boa música, eu te digo.
Quando você deixou a banda, como tudo aconteceu?
Você disse que
estava fora, você disse que precisava conversar...
?
É, apenas conversa, sentar e conversar.
Eu lhes disse que havia mudado.
Disse a eles que se precisassem de ajuda, eles
precisariam apenas ligar
pra mim. Eu disse a Axl que essa era sua banda,
ele ignorou a todos e
trouxe seu melhor amigo para a banda. Eu não
pude tocar com ele. Paul
Huge, esse era o cara! Ele é um amigo
de Axl, um daqueles que dizem
sim.
Por que você não pôde tocar
ao lado dele?
Cara, você não pode estar no Guns
N' Roses de um dia para o outro.
Aquela é uma banda de verdade. Você
toca guitarra?
Não.
Bem, imagine que eu e você crescemos juntos
e que você é o meu melhor
amigo. OK, eu estou no Guns N' Roses e eu digo
a todos que você vai
entrar na banda. "OK, Slash, Axl, Matt, caras,
esse cara está na banda".
"Duff, você tem um minuto?" "Não,
ele está na banda" "Bem, não. Todos
na banda tem que votar, Duff, então sem
chance!" "Vá a merda, esse cara
está na banda! Eu não vou fazer
nada a não ser que ele esteja na banda".
"OK, sabe de uma coisa? Nós vamos tentar
e tocar com ele, já que você
está tão interessado nisso... Hey
Duff o cara não pode tocar" "Não me
importo" "Bem, isso não é muito
razoável..." "Não me importo". À essa
altura, o que você faria? Eu cheguei a
um ponto onde não podia nem mais
olhar para ele (Paul Huge). Seu eu estivesse
em tal situação, se eu fosse
o amigo se juntando à banda, eu diria
"Hey caras, vocês se deram muito
bem sozinhos, eu não estou fazendo progresso
nenhum. Hey, Duff, valeu
pela oferta, mas eu estou acabando com a sua
banda." Mas ele não disse
isso.
Até então, quando vocês estiveram
trabalhando com o material novo,
como soava?
Não havia material. Não havia nada.
Nós não tocávamos. Nós tentávamos.
Matt e eu tocávamos. Era legal quando
Slash juntou-se a nós por uma
semana. Até quando Zakk Wylde e Slash
tocaram juntos, havia alguns
sons nos quais ouve uma progressão natural
e eles eram bem rock. Você
pode imaginar, eram sons realmente pesados. Tão
pesados quanto eu
gosto deles!
Como foi trabalhar com Zakk Wylde por esse pequeno
tempo?
Eu gostei bastante. Ele é um grande cara.
É o cara mais engraçado que eu
conheço! Você não consegue
fazer nada senão gostar dele. Eu trabalhei
com ele e ele é um gênio. Quando
ele se senta no piano e começa a tocar,
ele pode trazer lágrimas aos seus olhos.
Quando ele tinha 18 anos ele era
algo como o campeão do Estado dele no
piano.
Você mantém contato com Steven Adler?
Ninguém parece saber o que ele
anda fazendo atualmente.
Bem pouco. Steven causou muito dano a si mesmo.
A única coisa que
você pode fazer pelo cara é chorar
por ele... É difícil falar com ele às
vezes. Ele ainda é o mesmo cara, mas há
um monte de coisas que o
mudaram para sempre.
Ele está fazendo qualquer coisa musicalmente?
Não.
O que você sente quando escuta "Use Your
Illusion" hoje?
Eu acho que são discos incríveis,
e foi uma honra tocar em álbuns como
esses, por causa dos diferentes estilos que os
sons apresentam. Eu gostei
de fazer parte daquilo.
Aquela turnê foi realmente única,
porque na primeira parte da mesma a
banda estava tocando em estádios músicas
que ninguém havia ouvido
antes. Como foi tudo isso?
Foi estranho. Tudo começou porque Axl
ou alguém disse "hey, nós vamos
tocar músicas do novo disco que vai sair
em um mês ou dois. Que tal?" E
todos nós dissemos "Legal!". As pessoas
agradeceram por aquilo
também, porque foi algo como "hey, nós
somos os primeiros a ouvir
essas músicas". Então eu acho que
foi bom. Nós éramos apenas uma
banda tocando.
Qual sua opinião sobre "Get In The Ring"?
Sabe, eu escrevi uma parte dessa música.
O título era "Why do you look
at me when you hate me", e era sobre a imprensa
escrevendo merda a
nosso respeito. Bem, por que vocês escrevem
sobre nós se na verdade
vocês nos odeiam? Eu poderia das os nomes
daqueles que nos odiaram.
Por que a imprensa não contrta outras
pessoas pra escrever sobre nós,
ao invés de bater na gente? Por que eles
tem que escrever sobre nós? Eu
era muito idealístico e eu pensei que
o mundo havia mudado. Você
precisa de um bocado de energia negativa consigo
para escrever tanto
sobre alguém que você na verdade
odeia.
Izzy disse que ele não entendeu porque
Axl chegou ao ponto de
mencionar nas músicas os jornalistas os
quais ele odiou...
A música era uma espécie de piada,
e tudo começou com aquela música.
Então Axl levou para o lado pessoal. Ele
pensou que seria uma boa idéia.
Mas definitivamente, se existem pessoas podres
que devem ser tratadas
como podridão, quem se importa? Pro inferno
com eles!
À essa altura a banda lançou alguns
vídeoclipes bem elaborados de sons
como "Estranged" e "November Rain" que alguns
dos fãs antigos odiaram
porque neles a essência selvagem do Guns
estava perdida.
Eu acho que eles levaram nossa música
à América "redneck", como nós
dizemos por aqui.
Durante aquela época, você gostou
de fazer aqueles vídeos? Ou eles
foram idéias mais de Axl ou da gravadora?
Eles foram todos idéias de Axl, mas existem
cinco caras numa banda e
todos tem uma opinião. Na época,
eu acho que a gravadora tinha medo de
nos dizer pra não fazê-los. Eles
viram o que estava acontecendo, mas
quando você está gerando tanto dinheiro
ninguém lhe diz o que você
deve fazer. Oh bem, está feito e minha
opinião é, se dependesse de mim
nós nunca teríamos feito aqueles
vídeos. Mas não estava em minhas
mãos.
Especialmente você, vindo de um cenário
punk.
É, toda aquela merda sobre a limusine
e tudo o mais. Ora cara, não
mostre sua maldita casa e limusine! Você
vai alienar todos os seus fãs! Os
fãs do nosso primeiro disco eram todos
"rednecks", punks e roqueiros.
Nós estávamos nesse nível
das ruas e subitamente todos estavam
trazendo seus pais aos nossos shows. Como em
"November Rain". Eu
amo aquela música, mas o vídeo...
Elite, nós viramos elite.
Qual a sua lembrança do incidente de St.
Louis, quando Axl se meteu
numa briga com alguns Hell's Angels durante um
show, saiu do palco e o
lugar de transformou num campo de batalha?
Aqui foi algo estúpido. Eu não
vou comentar isso porque eu não quero ser
negativo. Aconteceu e foi ridículo. Pessoas
se machucaram e aquilo me
deixou muito puto. Eu não posso gostar
de pessoas se machucando
durante um show. Aquilo foi besteira! Foi uma
das piores noites, como o
showem Donington onde aqueles garotos morreram.
Aquilo foi horrível.
Depois de deixar o Guns N' Roses, você chegou
a tirar férias?
Eu estava trabalhando no meu disco, "Beautiful
Disease", todos os dias,
seis dias por semana. Foi o que fiz. Eu saí
em Agosto e trabalhei no álbum
de Agosto a Janeiro. O disco estava marcado para
ser lançado em 12 de
Fevereiro daquele ano. O pessoal da banda, que
estariam comigo na
estrada, depois do disco não ter sido
lançado disse "Foda-se, vamos fazer
a turnê de um jeito ou de outro". Nós
fizemos a turnê sob o nome Loaded,
e foi algo como uma turnê punk, sempre
em clubes punk, e eu me diverti
muito, algo que eu realmente precisava fazer.
Eu me casei no fim de
Agosto. Então eu comecei com o 10 Minute
Warning antes de trabalhar
com Mark. Nós escrevemos cerca de 30 músicas
e então chegamos ao
presente. Então eu nunca pensei em parar
de trabalhar e dizer "Hey, eu
vou tirar alguns meses pra descansar" porque
eu não posso. Eu não
posso simplesmente parar em casa.
Você até mesmo tocou com Slash no
Slam Dance Festival. Como foi
aquilo?
Muito divertido. Matt trabalhou na trilha sonora
de um filme e ele
arranjou todas músicas e seus músicos.
Eucantei uma música e Slash
tocou guitarra. Eu não sei se vocês
viram o filme, é um filme independe e
de baixo orçamento que foi aceito para
o Sundance Festival. Então nós
fomos e tocamos na festa do filme. Éramos
apenas nós, nos soltando,
tocando e nos divertindo.
Você gosta da banda do Slash, o Slash's
Snakepit?
Sim, é o Slash, você sabe. Ele é
divertido. Seu bateris é muito bom. Eu
não escutei o disco. Ele não me
deixaria escutá-lo. Acho que ele tem
medo de mostrá-lo para mim. Ele não
o mostraria para Matt também. Eu
não tenho nem idéia do que se trata
a coisa toda. Eu lhe perguntei se era
merda ou algo. Ele disse que não. Ele
tinha medo do que nós poderíamos
ver a dizer a respeito.
Desde que saiu do Guns N' Roses, você esteve
em contato com Axl?
Uma ou duas vezes.
O seu relacionamento é bom?
Eu não sei se é para ele. Eu não
sei. Eu acho que Axl está realmente puto
comigo agora. Eu acho que ele está ficando
mais e mais puto. Na primeira
vez em que vi ele, tudo pareceu correr bem, mas
parece que as coisas
mudaram.
Axl é como a Greta Garbo de hoje. Há
um bocado de mistério ao redor
dele, ninguém viu uma foto dele em anos,
exceto por aquela foto da
polícia de quando ele foi detido em Phoenix.
Ninguém sabe nada sobre a
música que ele está fazendo e há
um bocado de mistério ao redor de sua
persona. Qual sua opinião sobre isso?
Coisas estranhas acontecem quando você
se torna famoso. Isso acontece
e as pessoas são afetadas de maneiras
diferentes. Eu não tenho uma
resposta para você. Eu tenho muitas opiniões
e eu sei muitas coisas a
respeito disso, mas eu não estou as explicando.
Eu não o vou. Ele está lá
para responder. Se ele lança um álbum
e o mesmo é bom, ele estará bem.
Ele está muito assustado a respeito disso
tudo. Eu acredito nessa
situação em que você precisa
sair de casa por um tempo para ver o que
está acontecendo. Afaste-se, viva. Ou
faça o que você tem que fazer, mas
tenha certeza do que está fazendo. É
assim que eu penso. Se você
continua se enganando e continua fazendo as mesmas
coisas, você vai
acabar se dando mal. O Guns nunca foi desse jeito.
Nós fizemos o que
tivemos que fazer, e nós não temos
um nome pra isso. É apenas
rock'n'roll, vamos nessa! Deixe que
os outros o enquadrem numa categoria.
Depois de muitos anos longe, você acha que
há qualquer chance dos
membros originais do Guns N' Roses se reunirem
algum dia para um
álbum ou uma turnê? Você o
faria se lhe oferecessem?
Se é algo democrático entre nós
cinco, é algo algo que eu adoraria fazer.
Não há muito tempo atrás
nos ofereceram diversos shows para começar o
novo milênio na austrália. Mas não
há chance de tudo ser como nos
velhos tempos. As coisas mudaram.
Que tipo de música você tem ouvido
hoje em dia?
Eu gostei do novo disco do Bush. Não é
exatamente novo, já saiu há uns
dois meses agora. Foo Fighters. Eu posso ouvir
de The Hellacopters até
Dr. Dre.
Então você é mente-aberta
em seus gostos...
Certamente, bem mente-aberta. Digo, eu até
mesmo gosto de Crhristina
Aguilera. Eu acho ela uma cantora surpreendente!
Kid Rock é um bocado
divertido. Ele é realmente um cara legal.
Que tal Buckcherry?
Eles são bons. Eu esperava mais daquele
disco. Eu lhes dei uma chance,
eu realmente dei. Eu acho que o cantor não
é nada mau, e Keith, o
guitarrista, é grande. Mas há algo
naquele disco de que eu não gosto. Eu
não consigo saber o quê. Eu gosto
da banda, mas acho que eles podem
fazer algo melhor. A coisa é, o disco
foi lançado como se fosse a salvação
do rock and roll! Foi o que eu tinha em mente
quando o comprei. Eu
escutei e não consegui perceber. Acho
que Foo Fighters e bandas
similares estão mais próximas de
serem a salvação do rock and roll.
Talvez o Buckcherry se rotule como a salvação
do "rock-and-roll-com-
tatuagens", eu sei lá. Eu gostaria que
eles fossem melhores. Eu gosto
deles, mas não adoro eles, apesar de que
eu o gostaria. Então se eles
estiverem lendo isso, mãos à obra
para trabalhar no seu próximo disco!
Quem sou eu pra julgar, de qualquer maneira?
Eu não sei. Eu escuto
Christina Aguilera, quem diabos sou eu pra julgar?
(ri). É sério, cara, ela
é demais, ela é demais. Eu estava
em casa por uma semana quando eu
desisti de fumar, sete semanas atrás,
assistindo ao The Box. Eles tocaram
algo como os dez ou vinte singles mais cotados.
Cara, eu realmente
gostei daquilo. Quase tudo era hip hop. Sabe
de outra banda da qual eu
gosto? Slipknot. Eu acho que eles são
bem engraçados. E eu gosto
também de um monte de outras bandas underground.
Eu gosto de música
em geral.
Finalmente, você poderia nos contar quais
são as suas músicas favoritas
do Guns?
Eu não sei, há muitos sons dos
quais eu gosto. Por anos "My Michelle" foi
a música a qual eu mais adorava tocar,
mas perto do fim da turnê dos
Illusions minha favorita era "Pretty tied up''.
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