Neo Geo / Neo Geo CD - Fatal Fury - Garou Densetsu (Japão)

FICHA TÉCNICA
Developer: SNK
Publisher: SNK
Estilo: Luta
Data de Lançamento: 1991
Memória: 55MB
Mídia: CD / cartucho / MVS

NOTA: 6.8

"Pedra fundamental da grande guerra dos anos 90: Capcom X SNK"

De todos o primeiro: toda a saga da SNK no mundo da luta, e do Neo Geo no planeta das porradas, tudo começou em 1991 graças a Fatal Fury. Coincidência ou não, como relatado no review da parte 2 em outro grupo /newgen (vale conferir qual é, está na descrição dessa análise), o projeto nasceu, cresceu, amadureceu e chegou ao público espantosamente sincronizado a Street Fighter II da concorrente Capcom, que não lançaria nenhum jogo para a plataforma.

 Grafiteiro ou pichador?

Independentemente do curso que essa história tomaria (sim, temos de admitir que depois de 91 ambas iriam se influenciar mesmo que de leve e indiretamente), o sistema de jogo de Fatal Fury seria o esboço daquilo que seria mais tarde conhecido como "o" fighting system, numa alusão à superioridade dele em relação a qualquer outro. Aqui estão alguns pontos interessantes antes que eu me aprofunde nos quesitos temáticos tradicionais:

Ø      Originalmente chamado Real Bout, a SNK optou pela mudança do título na última hora, mas as siglas RB fariam parte das seqüências finais da série (a partir da terceira continuação).

Ø      O objetivo do torneio de FF é determinar o "Rei das Lutas". Aparentemente a SNK era aficionada por esse conceito...

Ø      O motorista que dirige o táxi que cai de Terry (não ache estranho, estamos falando da apresentação) era a mascote original da SNK, G-Mantle. Muitos não perceberam essa sacada inteligente da empresa, mas essa foi a "cerimônia da tocha" (alô, Olimpíadas!) bolada por eles que faria todos os gamers testemunharem a passagem da coroa de G para Terry Bogard, tratado como mascote oficial desde então.

Ø      A SNK passou por cima de leis de direitos autorais sem perceber: há uma fase (a do gigante e amante de fast food Carl's Jr.) em que a mascote (chega disso) do estabelecimento de hambúrgueres ali presente – a Happy Star! – está segurando uma placa com os escritos "SNK Land". Esse lugar existe de verdade e está num Amusement Park (parque de diversões) de verdade no Japão (não cabe aqui dizer o nome, né galera!). E o que isso implica? Que a SNK estaria insinuando que aquele lugar era dela. Se os amantes de carne bovina de lá fossem mais espertos, já estariam nadando numa piscina de dinheiro graças à vitória num processo!

Ø      Incrível "descoincidência": enquanto a caixa da versão japonesa era um dos artworks mais memoráveis de todos os tempos, a da versão americana vai ficar sempre conhecida como uma das mais feias! Quer conferir por si mesmo? http://www.neo-geo.com/snk/carts/jap/fatalfury.jpg (JAP); http://www.neo-geo.com/snk/carts/us/fatalfury.jpg (EUA).

Ø      Não bastasse, a versão norte-americana traz ainda um erro estatístico bizarro: enquanto na frente informava que a memória do cartucho era 55 megas (a correta), na parte de trás junto à descrição do jogo dizia "46MB".

Ø      Os erros gringos invadiram mesmo o interior do jogo, na localização: o lutador Raiden (não o de Mortal Kombat, que é com "y"!) está como Riden no manual de instruções e numa fala de Geese Howard numa cutscene, mas está como Raiden no subtítulo da tela de match contra ele. [minimalista o cara, não!?]

Ø      De acordo com o narrador de Fatal Fury a pronúncia do lutador Billy Kane não é tão simples como poderia parecer. Na verdade ela seria "Khan" para o sobrenome. Na indústria do cinema, esse é o tipo de erro bobo que ocasiona a demissão de um supervisor de script!

Ø      FF foi o primeiro jogo de luta a ter dois planos de ação, ainda que em 2D. No entanto esse recurso seria extinto na vertente Real Bout.

Ø      Finalmente (como visto em uma das fotos dessa matéria), Fatal foi o pioneiro e um dos únicos até o dia de hoje que permitia player 1 & player 2 juntos na tela enfrentando um inimigo em comum, a máquina. Essa idéia seria abandonada a partir de FF2. Era facílimo terminar o jogo com dois controles e duas pessoas. Depois que matavam a CPU, ainda duelavam entre si pra saber o "verdadeiro ganhador do embate".

Chega!

 2x1!

GRÁFICOS 6.9/10

Exatamente no ano em que saíram, excelentes. Menos de 1 ano depois, com Art of Fighting e seus personagens maiores e a técnica de zoom, obsoletos se tornaram. Felizmente isso não quer dizer que sejam desprezíveis, pois apresentam um belo jogo de cor e fundos repletos de detalhes. E é claro que, depois de jogar Fatal Fury 4 e 5, os gamers adoravam retornar ao 1 só pra ver as antigas indumentárias dos dois protagonistas, fora a cena magistral da morte de Geese (ou SUPOSTA morte), como veremos no final do artigo. Se há a necessidade de selecionar um personagem e um estágio pra "chefes-da-companhia", estes seriam: Tung Fu Rue e seu ambiente natal. Um velhaco mestre de artes-marciais, começa lutando como um "coitado" e, depois de algumas porradas, se transforma numa besta musculosa (uau, Mestre Kame?) e o jogador humano certamente fica em desvantagem! Além disso, sua fase começa nublada e termina num verdadeiro dilúvio, um efeito impressionante para um game de 91. Toda essa criatividade influenciaria muito, inclusive, as construções de King of Fighters '99.

 Splash!

SOM 7.7/10

Os efeitos sonoros diversos e as vozes estão bons, o único problema é o teor meio "abafado" da versão cartdridge. Vítima de um erro recorrente da empresa no início de seus desenvolvimentos, ao menos serviu de laboratório (e que laboratório!) para as pérolas musicais pelas quais a produtora do Neo Geo ficaria conhecida. Pao Pao Cafe (a fase), Hwa Jai e Raiden são um dos mais privilegiados com temas grudentos.

JOGABILIDADE & SISTEMA DE JOGO 6.6/10

Fatal Fury não é perfeito nesse categoria – at all! São apenas três lutadores selecionáveis (para ser mais específico, heróis – além de Andy e Terry, Joe). Os socos e chutes são bem balanceados, mas muitos special moves são realmente injustos, seja para mais ou para menos (dano). A Elbow Dash de Andy pode render ao jogador vitórias sonolentas em que o adversário sequer se levanta do solo. Os dois planos presentes em mais ou menos metade das "paragens" ajudam a adicionar complexidade. É plenamente jogável, mas FF2 traria muito mais inovações que deixariam o original mastigando poeira...

 SPOILER – essa foto é do final do jogo!

Já que o spoiler começou, tem de continuar:

 "13 de agosto de 1992, Geese Howard morre no hospital três horas depois de cair duma grande altura"

Pera lá! Quem demorou três horas pra morrer agonizando num hospital depois DISSO... não morreu, não! ELE É IMORTAL, GALERA!

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fatal Fury foi a pedra fundamental da grande guerra dos anos 90: Capcom X SNK. A essa altura (1991) não era a SNK quem ganhava, mas as inúmeras seqüências (Real Bouts) iriam mudar essa história... 

Agradecimentos a Bobak!, o criador de clones de hamsters de Florida-EUA, do neo-geo.com
by wormsaiboty
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