Letras das Musicas
HÁ TEMPOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão. E o descompasso e o desperdício herdeiros são agora da virtude que perdemos. Há tempos tive um sonho. Não me lembro não me lembro. Tua tristeza é tão exata. E hoje o dia é tão bonito. Já estamos acostumados. A não termos mais nem isso. Sonhos vem. E sonhos vão. O resto é imperfeito. Disseste que se tua voz tivesse força igual A imensa dor que sentes Teu grito acordaria não só a tua casa Mas a vizinhança inteira. E há tempos nem os santos Tem ao certo a medida da maldade. E há tempos são os jovens que adoecem. Há tempos o encanto esta ausente. Há ferrugem nos sorrisos. E só o acaso estende os braços A quem procura abrigo e proteção. Meu amor, Disciplina é liberdade. Compaixão é fortaleza. Ter bondade é ter coragem. E ela disse: - lá em casa tem um poço mas a água é muito limpa. PAIS E FILHOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Estatuas e cofres. E paredes pintadas. Ninguém sabe o que aconteceu. Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender. Dorme agora. É isso o vento lá fora. Quero colo. Vou fugir de casa. Posso dormir aqui com vocês? Estou com medo. Tive um pesadelo Só vou voltar depois das três. Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito. É preciso amar as pessoas como se Não houvesse amanhã. Porque se você parar para pensar, Na verdade não há. Me diz porque o céu é azul. Explica a grande fúria do mundo. São meus filhos que tomam conta de mim. Eu moro com a minha mãe Mas meu pai vem me visitar. Eu moro na rua, não tenho ninguém Eu moro em qualquer lugar. Já morei em tanta casa que nem me lembro mais. Eu moro com os meus pais. É preciso amar as pessoas como se Não houvesse amanhã. Porque se você parar para pensar, Na verdade não há. Sou uma gota d'agua Sou um grão de areia. Você me diz que seus pais não entendem. Mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo. E isso é absurdo. São crianças como você O que você vai ser, quando você crescer? FEEDBACK SONG FOR A DYING FRIEND Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Soothe young man sweating forehead Touch the naked stem held hidden there Safe in such dark hayseed Wired nest Then, his light brown eyes are quick Once touch is what he thought was grip This is not his hands Those there but mine And safe my hands Do seek to gain All knowledge of My master's mainly rain The scented taste That stills my tongue Is wrong that set But not undone His fiery eyes Can slash my savage skin And force all seriousness away He wades in close waters Deep sleeps alter his senses I must obey my only rival He will command our twin revival [arabian interlude] The same, Insane Sustain Again The two of us so close to our own hearts I silenced and wrote this awe Of the coincidence QUANDO O SOL BATER NA JANELA DO TEU QUARTO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Quando o Sol bater na janela do teu quarto Lembra e vê que o caminho é um só. Porque esperar se podemos começar tudo de novo. Agora mesmo. A humanidade é desumana. Mas ainda temos chance. O Sol nasce pra todos. Só não sabe quem não quer. Quando o Sol bater na janela do teu quarto. Lembra e vê que o caminho é um só. Até bem pouco tempo atrás. Poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem? Tudo é dor. E toda dor vem do desejo. De não sentirmos dor. Quando o Sol bater na janela do teu quarto. Lembra e vê que o caminho é um só. EU ERA UM LOBISOMEM JUVENIL Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Luz e sentido e palavra Palavra é que o coração não pensa. Ontem faltou água. Anteontem faltou luz. Teve torcida gritando quando a luz voltou. Não falo como você fala. Mas vejo bem o que você me diz. Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo. Prefiro acreditar no mundo do meu jeito. E você estava esperando voar. Mas como chegar até as nuvens com os pés no chão? O que sinto muitas vezes faz sentido. E outras vezes não descubro o motivo Que me explica porque é que não consigo ver sentido No que sinto, o que procuro, o que desejo e o que faz parte do meu mundo. O arco-íris tem sete cores. E fui juíz supremo. Vai, vem embora . Volta Todos tem, todos tem suas próprias razões. Qual foi a semente que você plantou? Tudo acontece ao mesmo tempo. Nem eu mesmo sei direito o que esta acontecendo. E daí, de hoje em diante. Todo dia vai ser o dia mais importante. Se você quiser, alguém pra ser isso seu. É isso não se esquecer: estarei aqui. Não digo nada, espero o vendaval passar. Por enquanto eu não sei O que você me falou me fez rir e pensar. Porque estou tão preocupado Por estar tão preocupado assim? Mesmo se eu cantasse todas as canções. Todas as canções, Todas as canções, Todas as canções do mundo. Sou bicho do mato mas... Se você quiser alguém pra ser isso seu. É só não se esquecer: Estarei aqui. Ou então não terá jamais A chave do meu coração. 1965 - DUAS TRIBOS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Vou passar, quero ver Volta aqui, vem você Como foi, nem sentiu Se era falso ou fevereiro Temos paz, temos tempo Chegou a hora e agora é aqui Cortaram meus braços Cortaram minhas mãos Cortaram minhas pernas Num dia de verão Num dia de verão Num dia de verão Podia ser meu pai Podia ser meu irmão Não se esqueça, temos sorte E agora é aqui Quando querem transformar Dignidade em doença Quando querem transformar Inteligência em traição Quando querem transformar Estupidez em recompensa Quando querem transformar Esperança em maldição É o bem contra o mal E você de que lado está ? Estou do lado do bem E você de que lado está ? Estou do lado do bem Com a luz e com os anjos Mataram um menino Tinha arma de verdade Tinha arma nenhuma Tinha arma de brinquedo Eu tenho um autorama Eu tenho Hanna Barbera Eu tenho pêra, uva e maçã Eu tenho Guanabara E modelos Revell O Brasil é o país do futuro O Brasil é o país do futuro O Brasil é o país do futuro O Brasil é o país Em toda e qualquer situação Eu quero tudo P'ra cima (4x) MONTE CASTELO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Inc. Adapt. "I Coríntios 13" e "Soneto 11" de Luís de Camões Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua do anjos, Sem amor eu nada seria. É só o amor, É só o amor. Que conhece o que é verdade. O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece. O amor é o fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer. Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua dos anjos, Sem amor eu nada seria. É um não querer mais que bem querer. É solitário andar por entre a gente. É um não contentar-se de contente. É cuidar que se ganha em se perder. É um estar-se preso por vontade. É servir a quem vence, o vencedor; É um ter com quem nos mata a lealdade. Tão contrario a si é o mesmo amor. Estou acordado e todos dormem Todos dormem, todos dormem. Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face. É só o amor, é só o amor. Que conhece o que é verdade. Ainda que eu falasse a língua dos homens. E falasse a língua do anjos, Sem amor eu nada seria. MAURÍCIO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Já não sei dizer se ainda sei sentir. O meu coração já não me pertence. Já não quer mais me obedecer. Parece agora estar tão cansado quanto eu. Até pensei que era mais por não saber. Que ainda sou capaz de acreditar. Me sinto tão só. E dizem que a solidão até que me cai bem. Às vezes faço planos. Às vezes quero ir. Para algum país distante e voltar a ser feliz. Já não sei dizer o que aconteceu. Se tudo que sonhei foi mesmo um sonho meu. Se meu desejo então já se realizou. O que fazer depois, pra onde é que eu vou? Eu vi você voltar pra mim. MENINOS E MENINAS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Quero me encontrar mas não sei onde estou. Vem comigo procurar um lugar mais calmo. Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita. Tenho quase certeza que eu não sou daqui. Acho que gosto de S. Paulo. E gosto de S. João. Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião. E eu gosto de meninos e meninas. Vai ver que é assim mesmo e vai ser assim pra sempre. Vai ficando complicado e ao mesmo tempo diferente. Estou cansado de bater e ninguém abrir. Você me deixou sentindo tanto frio. Não sei mais o que dizer. Te fiz comida. Velei teu sono. Fui teu amigo. Te levei comigo e me diz: Pra mim o que é que ficou? Me deixa ver como viver é bom. Não é a vida como esta e sim as coisas como são. Você não quis tentar me ajudar. Então a culpa é de quem? A culpa é de quem? Eu canto em português errado. Acho que o imperfeito não participa do passado. Troco as pessoas. Troco os pronomes. Preciso de oxigênio. Preciso ter amigos. Preciso ter dinheiro. Preciso de carinho. Acho que te amava. Agora acho que te odeio. São tudo pequenas coisas. E tudo deve passar. Acho que gosto de S. Paulo. Gosto de S. João. Gosto de S. Francisco. E S. Sebastião. E eu gosto de meninos e meninas. SETE CIDADES Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Já me acostumei com a tua voz. Com teu rosto e teu olhar. Me partiram em dois. E procuro agora o que é minha metade. Quando não estás aqui. Sinto falta de mim mesmo. E sinto falta do meu corpo junto ao teu. Meu coração É tão tosco e tão pobre. Não sabe ainda os caminhos do mundo. Quando não estás aqui. Tenho medo de mim mesmo. E sinto falta do teu corpo junto ao meu. Vem depressa pra mim que eu não sei esperar. Já fizemos promessas demais. E já me acostumei com a tua voz. Quando estou contigo estou em paz. Quando não estás aqui. Meu espirito se perde, voa longe. Longe, longe. SE FIQUEI ESPERANDO MEU AMOR PASSAR Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Se fiquei esperando meu amor passar. Já me basta então que eu não sabia amar E me via perdido e vivendo em erro. Sem querer me machucar de novo por culpa do amor. Mas você e eu podemos namorar. E era simples: ficamos fortes. Quando se aprende a amar. O mundo passa a ser seu. Quando se aprende a amar. O mundo passa a ser seu. Sei rimar romã com travesseiro. Quero minha nação soberana. Com espaço, nobreza e descanso. [solo de voz] Se fiquei esperando meu amor passar. Já me basta que estava então longe de sereno. E fiquei tanto tempo duvidando de mim. Por fazer amor fazer sentido. Começo a ficar livre Espero. Acho que sim. De olhos fechados não me vejo. E você sorriu pra mim. "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo. Tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo. Tende piedade de nós. Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo. Dai-nos a paz." Dado Villa-Lobos: Guitarras, Percussão, Baixo, Bandolim, Violões, Gaita Renato Russo: Teclados, Voz, Violão, Baixo, Guitarras Marcelo Bonfá: Bateria, Percussão, Bass-Drum, Gaita QUASE SEM QUERER Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha Tenho andado distraído, Impaciente e indeciso E ainda estou confuso. Isso que agora é diferente: Estou tão tranqüilo E tão contente. Quantas chances desperdicei Quando o que eu mais queria Era provar pra todo o mundo Que eu não precisava Provar nada pra ninguém. Me fiz em mil pedaços Pra você juntar E queria sempre achar Explicação pro que eu sentia. Como um anjo caído Fiz questão de esquecer Que mentir pra si mesmo É sempre a pior mentira. Mas não sou mais Tão criança a ponto de saber Tudo. Já não me preocupo Se eu não sei porquê +s vezes o que eu vejo Quase ninguém vê E eu sei que você sabe Quase sem querer Que eu vejo o mesmo que você. Tão correto e tão bonito: O infinito é realmente Um dos deuses mais lindos. Sei que às vezes uso Palavras repetidas Mas quais são as palavras Que nunca são ditas? Me disseram que você estava chorando E foi então que percebi Como lhe quero tanto. Já não me preocupo Se eu não sei porquê Às vezes o que eu vejo Quase ninguém vê E eu sei que você sabe Quase sem querer Que eu quero o mesmo que você. ACRYLIC ON CANVAS Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá É saudade, então E mais uma vez De você fiz o desenho Mais perfeito que se fez Os traços copiei Do que não aconteceu As cores que escolhi Dentre as tintas que inventei Misturei com a promessa Que nós dois nunca fizemos De um dia sermos três Trabalhei você Em luz e sombra E era sempre: "-Não foi por mal. -Eu juro que nunca quis deixar você tão triste" Sempre as mesmas "disculpas" E desculpas nem sempre são sinceras Quase nunca são. Preparei a minha tela Com pedaços de lençóis Que não chegamos a sujar A armação fiz com madeira Da janela do seu quarto Do portão da sua casa Fiz paleta e cavalete E com as lágrimas que não brincaram com você Destilei óleo de linhaça E da sua cama arranquei pedaços Que talhei em estiletes de tamanhos diferentes E fiz então, pincéis com seus cabelos Fiz carvão do batom que roubei de você E com ele marquei dois pontos de fuga E rabisquei meu horizonte. E era sempre: "-Não foi por mal. -Eu juro que não foi por mal, eu não queria machucar você. Prometo que isso não vai acontecer mais uma vez" E era sempre, sempre o mesmo novamente A mesma traição Às vezes é difícil esquecer: "-Sinto muito, ela não mora mais aqui". Mas então porque eu finjo Que acredito no que invento Nada disso aconteceu assim Não foi desse jeito. Ninguém sofreu E é só você Que provoca essa saudade vazia Tentando pintar essas flores com o nome De Amor-Perfeito e Não-Te-Esqueças-De-Mim. EDUARDO E MÎNICA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Quem um dia ira dizer Que existe razão Nas coisas feitas pelo coração? E quem ira dizer Que não existe razão? Eduardo abriu os olhos mas não quis se levantar: Ficou deitado e viu que horas eram Enquanto Mînica tomava um conhaque, Noutro canto da cidade, Como eles disseram. Eduardo e Mînica um dia se encontraram sem querer E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer. Foi um carinha do cursinho do Eduardo que disse: "- Tem uma festa legal e a gente quer se divertir." Festa estranha, com gente esquisita: "- Eu não estou legal. Não agüento mais birita." E a Mînica riu e quis saber um pouco mais Sobre o boyzinho que tentava impressionar E o Eduardo, meio tonto, isso pensava em ir pra casa: "- É quase duas, eu vou me ferrar." Eduardo e Mînica trocaram telefone Depois telefonaram e decidiram se encontrar. O Eduardo sugeriu uma lanchonete Mas a Mînica queria ver o filme do Godard. Se encontraram então no parque da cidade A Mînica de moto e o Eduardo de camelo. O Eduardo achou estranho e melhor não comentar Mas a menina tinha tinta no cabelo. Eduardo e Mînica eram nada parecidos Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. Ela fazia Medicina e falava alemão E ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus, De Van Gogh e dos Mutantes, De Caetano e de Rimbaud E o Eduardo gostava de novela E jogava futebol-de-botão com a seu avî. Ela falava coisas sobre o Planalto Central, Também magia e meditação. E o Eduardo ainda estava No esquema "escola-cinema-clube-televisão." E, mesmo com tudo diferente, Veio mesmo, de repente, Uma vontade de se ver E os dois se encontravam todo dia E a vontade crescia, Como tinha de ser. Eduardo e Mînica fizeram natação, fotografia, Teatro e artesanato e foram viajar. A Mînica explicava pro Eduardo Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar: Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer E decidiu trabalhar; E ela se formou no mesmo mês Em que ele passou no vestibular. E os dois comemoraram juntos E também brigaram juntos, muitas vezes depois. E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa, Que nem feijão com arroz. Construíram uma casa uns dois anos atrás Mais ou menos quando os gêmeos vieram Batalharam grana e seguraram legal A barra mais pesada que tiveram. Eduardo e Mînica voltaram pra Brasília E a nossa amizade da saudade no verão. Só que nessas férias não vão viajar Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação. E quem um dia ira dizer Que existe razão Nas coisas feitas pelo o coração? E quem ira dizer Que não existe razão? CENTRAL DO BRASIL (Instrumental) Música: Renato Russo TEMPO PERDIDO Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Todos os dias quando acordo, Não tenho mais o tempo que passou Mas tenho muito tempo Temos todo o tempo do mundo. Todos os dias antes de dormir, Lembro e esqueço como foi o dia: "Sempre em frente, Não temos tempo a perder." Nosso suor sagrado É bem mais belo que esse sangue amargo E tão sério E selvagem. Veja o sol dessa manha tão cinza: A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos. Então me abraça forte e me diz mais uma vez Que já estamos distantes de tudo: Temos nosso próprio tempo. Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas agora. O que foi escondido é o que se escondeu E o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido. Somos tão jovens. METRÓPOLE Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá "É sangue mesmo, não é mertiolate." E todos querem ver E comentar a novidade. "É tão emocionante um acidente de verdade." Estão todos satisfeitos Com o sucesso do desastre: "-Vai passar na televisão." "Por gentileza, aguarde um momento. Sem carteirinha, não tem atendimento Carteira de trabalho assinada, sim senhor. Olha o tumulto: façam fila por favor." "-Todos com a documentação" "-Quem não tem senha, não tem lugar marcado. Eu sinto muito, mas já passa do horário. Entendo seu problema mas não posso resolver: É contra o regulamento, esta bem aqui, pode ver." Ordens são ordens. "-Em todo caso já temos sua ficha. Só falta o recibo comprovando residência. P'ra limpar todo esse sangue, chamei a faxineira E agora eu já vou indo senão eu perco a novela E eu não quero ficar na mão." PLANTAS DEBAIXO DO AQUÁRIO Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Renato Rocha/ Marcelo Bonfá Sente o desafio e provoque um desempate: Desarme a armadilha e desmonte o disfarce. Se afaste do abismo Faça do bom-senso a nova ordem. Não deixe a guerra começar. [diálogos em francês e inglês] Pense isso um pouco, Não há nada de novo. Você vive insatisfeito e não confia em ninguém E não acredita em nada E agora é isso cansaço e falta de vontade, Mas, faça do bom-senso a nova ordem: Não deixe a guerra começar. MÚSICA URBANA II Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Em cima dos telhados as antenas de TV tocam música urbana Nas ruas os mendigos com esparadrapos podres Cantam música urbana. Motocicletas querendo atenção às três da manha É só música urbana. Os PM's armados e as tropas de choque vomitam música urbana E nas escolas as crianças aprendem a repetir a música urbana. Nos bares os viciados sempre tentam conseguir a música urbana. O vento forte seco e sujo em cantos de concreto Parece música urbana E a matilha de crianças sujas no meio da rua Música urbana. E nos pontos de înibus estão todos ali: música urbana Os uniformes, os cartazes Cinemas e os lares Favelas, coberturas Quase todos os lugares. E mais uma criança nasceu. Não há mentiras nem verdades aqui Só há música urbana. Yeah, música urbana ANDRÉA DÓRIA Letra: Renato Russo Música: Dado Villa-Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá Às vezes parecia que, de tanto acreditar Em tudo que achávamos tão certo, Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais: Faríamos floresta do deserto E diamantes de pedaços de vidro. Mas percebo agora Que o teu sorriso Vem diferente, Quase parecendo te ferir. Não queria te ver assim Quero a tua força como era antes. O que tens é isso teu E de nada vale fugir E não sentir mais nada. Às vezes parecia que era só improvisar E o mundo então seria um livro aberto, Até chegar o dia em que tentamos ter demais, Vendendo fácil o que não tinha preço. Eu sei - é tudo sem sentido. Quero ter alguém com quem conversar, Alguém que depois não use o que eu disse Contra mim. Nada mais vai me ferir. É que eu já me acostumei Com a estrada errada que segui E com a minha própria lei. Tenho o que ficou E tenho sorte até demais, Como sei que tens também. FÁBRICA Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Nosso dia vai chegar Teremos nossa vez. Não é pedir demais: Quero justiça, Quero trabalhar em paz. Não é muito o que eu lhe peço Eu quero trabalho honesto Em vez de escravidão. Deve haver algum lugar Onde o mais forte Não consegue escravizar Quem não tem chance. De onde vem a indiferença Temperada a ferro e fogo? Quem guarda os portões da fabrica? O céu já foi azul, mas agora é cinza E o que era verde aqui já não existe mais. Quem me dera acreditar Que não acontece nada de tanto brincar com fogo. Que venha o fogo então. [solo] Esse ar deixou minha vista cansada, Nada demais. "ÍNDIOS" Letra: Renato Russo Música: Renato Russo Quem me dera, ao menos uma vez Ter de volta todo o ouro que entreguei A quem conseguiu me convencer Que era prova de amizade Se alguém levasse embora até o que eu não tinha. Quem me dera, ao menos uma vez, Esquecer que acreditei que era por brincadeira Que se cortava sempre um pano-de-chão De linho nobre e pura seda. Quem me dera, ao menos uma vez, Explicar o que ninguém consegue entender: Que o que aconteceu ainda esta por vir E o futuro não é mais como era antigamente. Quem me dera, ao menos uma vez, Provar que quem tem mais do que precisa ter Quase sempre se convence que não tem o bastante E fala demais, por não ter nada a dizer Quem me dera, ao menos uma vez, Que o mais simples fosse visto como o mais importante, Mas nos deram espelhos E vimos uma mundo doente. Quem me dera, ao menos uma vez, Entender como isso Deus ao mesmo tempo é três E esse mesmo Deus foi morto por vocês É isso maldade então, deixar um Deus tão triste. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho. Entenda - assim pude trazer você de volta para mim, Quando descobri que é sempre isso você Que me entende do início ao fim E é isso você que tem a cura do meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Quem me dera, ao menos uma vez, Acreditar por um instante em tudo que existe E acreditar que o mundo é perfeito E que todas as pessoas são felizes. Quem me dera, ao menos uma vez, Fazer com que o mundo saiba que seu nome Esta em tudo e mesmo assim Ninguém lhe diz ao menos obrigado. Quem me dera, ao menos uma vez, Como a mais bela tribo, dos mais belos índios, Não ser atacado por ser inocente. Eu quis o perigo e até sangrei sozinho, Entenda - assim pude trazer você de volta para mim Quando descobri que é sempre isso você Que me entende do início ao fim E é isso você que tem a cura do meu vício De insistir nessa saudade que eu sinto De tudo que eu ainda não vi. Nos deram espelhos e vimos um mundo doente Tentei chorar e não consegui. Dado Villa-Lobos: Guitarras, Vocais Renato Russo: Violões, Voz, Teclados Renato Rocha: Baixo, Vocais Marcelo Bonfá: Bateria, Percussão, Vocais