MARVIN
(PATCHES)*
R. Dunbar e G.N. Johnson
Versão: Sérgio Britto e Nando Reis
Voz: Nando Reis
Meu pai não tinha educação
Ainda me lembro, era um
grande coração
Ganhava a vida com muito suor
Mas mesmo assim não podia ser pior
Pouco dinheira pra poder pagar
Todas as contas e despesas do lar
Mas Deus quis vê-lo no chão
Com as mãos levantadas pro céu
Implorando perdão
Chorei, meu pai disse: "Boa sorte",
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
E disse
"Marvin, agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer"
Três dias depois de morrer
Meu pai, eu queria saber
Mas não botava nem um pé na escola
Mamãe lembrava disso a toda hora
Todo dia antes do sol sair
Eu trabalhava sem me distrair
As vezes acho que não vai dar pé
Eu queria fugir, mas onde eu estiver
Eu sei muito bem o que ele quis dizer
Meu pai, eu me lembro, não me deixa esquecer
Ele disse
"Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor"
E então um dia uma forte chuva veio
E acabou com o trabalho de um ano inteiro
E aos treze anos de idade eu sentia
todo o peso do mundo em
minhas costas
Eu queria jogar mas perdi a aposta,
Trabalhava feito um burro nos campos
Só via carne se roubasse um frango
Meu pai cuidava de toda a família
Sem perceber segui a mesma trilha
Toda noite minba mãe orava
"Deus, era em nome da fome
que eu roubava"
Dez anos passaram, cresceram
meus irmãos
E os anjos levaram minha mãe
pelas mãos
Chorei, meu pai disse: "Boa sorte"
Com a mão no meu ombro
Em seu leito de morte
"Marvin, agora é só você
E não vai adiantar
Chorar vai me fazer sofrer".
Marvin, a vida é pra valer
Eu fiz o meu melhor
E o seu destino eu sei de cor".
* 1970 FRANCIS DAY &
HUNTER ARDMORE &
BEECHWOOD LTD
BABI ÍNDIO
Branco Mello e Ciro Pessoa
Voz: Branco Mello
Babi índio enjoy selva coca cola
Babi índio enjoy selva coca cola
Babi índio enjoy selva coca cola
Babi índio enjoy selva coca cola
Pode ser que eu vá viajar nesse navio
Não sei, não sei, não sei
Pode ser, pode ser, pode ser
Não sei.
Cenas de terror e tensão
Fuga na terra, ira no céu
Televisão
O futuro será
Babi índio enjoy selva coca cola
Babi índio enjoy selva coca cala
Acho que eu já vou embarcar
nesse navio
Bagdá
Província de Kali
Boca do tigre
Beira do abismo
O futuro será
GO BACK
Sérgio Britto e Torquato Neto
Voz: Sérgio Britto
Você me chama
Eu quero ir pro cinema
Você reclama
Meu coração não contenta
Você me ama
Mas de repente a madrugada
mudou
E certamente
Aquele trem já passou
E se passou
Passou daqui pra melhor,
foi!
Só quero saber
do que pode dar certo
Não tenho tempo a perder.
Não é o meu país é uma sombra que pende
Concreta do meu nariz em linha reta
Não é minha cidade é um sistema que invento
Me transforma em que acrescenta na minha
idade
Não é o nosso amor é a memória que suja a
história
Que enferruja o que passou
Não é você nem sou mais eu, adeus meu bem
adeus adeus
Você mudou, mudei também, adeus amor
adeus adeus
PULE
Paulo Miklos e Arnaldo Antunes
Voz: Paulo Miklos
Fique aí na sua
Tô aqui, já tô aqui
Tenha personalidade
Escolhi, eu escolhi
Legal, legal, legal, legal
Eu quero todo mundo legal
Adversidade
Não é verdade
A água do mar é boa
A água da torneira é boa
A água da chuva é boa
Água de colônia
É boa a água da lagoa,
legal,
Então pule da janela
ladies first
Depois o au-au
Peixinho dourado pro fim,
Uau.
Você não pode desertar
Isso não é uma guerra
Você só vai ao ar dizer
O ar só te dá a queda
ô nenê, você nasceu onte
Com os dias contados
De onde, para quê, pra onde?
O chão só tem dois lados
Agora quero todo mundo vivo
Legal, legal, legal...
QUEREM MEU SANGUE
THE HARDER THEY COME*
Jimmy Cliff - Versâo: Nando Reis
Voz: Nando Reis
Dizem que guardam um bom
lugar pra mim no céu
logo que eu for pro beleléu
A minha vida só eu sei como guiar
Pois ninguém vai me ouvir se eu charar
Mas enquanto o sol puder arder
Não vou querer meus olhos escurecer
Pois se eles querem meu sangue
Verão o meu sangue só no fim
E se eles querem meu corpo
Só se eu estiver morto, só assim.
Meus inimigos tentam sempre me ver mal
Mas minha força é como o fogo do Sol
Pois quando pensam que eu já estou vencido
É que meu ódio não conhece perigo
Mas enquanto o sol quiser brilhar
Eu vou querer a minha chance de olhar
Eu vou querer a minha chance de olhar
Pois se eles querem...
Eu vou lutar pra ter as coisas que eu desejo
Não sei do medo, amor pra mim não tem preço
Serei mais livre quando não for mais que osso
Do que vivendo com a corda no pescoço
Enquanto o sol no céu ainda estiver
Só vou fechar meus olhos quando quiser
Pois se eles querem...
* ISLAND MUSIC LTD
MULHER ROBOT
Toni Bellotto
Voz: Paulo Miklos
Acho que vou falar com
telefone
Beijar o abajur
Vou transar com a geladeira
Injetar TV na veia
Eu quero você, mulher robot
Pra sempre você, mulher robot
Eu quero você.
Visto uma camisa do
Corinthians
Compro um raio a prestação
Para sensibilizá-la, não
Não encontro solução
Eu quero você, mulher robot
Pra sempre você, mulher robot
Eu quero você.
DEMAIS
Arnaldo Antunes
Voz: Arnaldo Antunes
Tudo eu já fiz pra Ihe esquecer
Mas foi em vão, e agora quero
voltar.
Todas essas noites passei sem
dormir
Com os olhos a jorrar.
Quando um amor é demais
Não se pode jogar fora
Olho pra esses casais
Com um sonho na memória
Mahatma Ghandi, Krishna, Deus
Mas só você pode me salvar
agora
Quero ser de novo seu novo
rapaz
Com os olhos a brilhar.
O meu amor é demais
Pra guardar e ir embora
Nem a distância é capaz
de apagar a nossa história.
TODA COR
Marcelo Fromer, Ciro Pessoa e Barmack
Voz: Branco Mello
O telefone tocou
Fui atender
Na madrugada
Quero estar com você
Eu preciso de você agora
Por favor meu bem não vá
embora
O tempo vai passando nos
relógios
Encontro os seus beijos toda
hora
Segundo por segundo na
memória
Toda cor
Me lembra os seus olhos
Eu sei que vou, eu quero te
encontrar
Eu preciso de você agora
Por favor meu bem não vá
embora.
BALADA DE JOHN E YOKO
BALLAD OF JOHN AND YOKO*
Lennon e McCartney - Versão: Sérgio Britto
Voz: Sérgio Britto
Barra limpa é o porto de Santos
Os barcos vão até o Japão
De ônibus ou trem, ninguém
viaja sem
Vê se vestiu a calça ou está de
calção
Cristo não é biscoito
As coisas andam ruins
Se é mau aos dezoito
Me crucificam no fim
De pára-quedas sobre Paris
Difícil ver casal mais feliz
Pular na cama do hotel
Viver em lua de mel
Atravessar o estreito de
Gilbraltar
Cristo não é fumaça
O sol está de rachar
Se bebe a garrafa
Me traz a cruz e o altar
Fomos até Amsterdam
No vôo das sete da manhã
Os jornais querem saber
O que pretendemos fazer
Eu digo: Não conseguimos resolver
Cristo não tire a roupa
Se você quer se queimar
Debaixo da sombra
Entâo comece a rezar
Encha a boca e o bolso que é pra se chover
Dê a roupa velha aos pobres
Ela disse a você: É tão fácil morrer
A velha carne vai apodrecer
De passagem pela Espanha
Os touros andam cheios de manhas
lá no jornal ninguém escreve com giz
Nós já cansamos de tentar explicar
Cristo chá não é sopa
A arca vai afundar
E de proa a popa
Só Noé vai se salvar
Na fazenda lá em São Carlos
Pilatos lava a mão na colher
Disseram cê tá pinel
Isso é amor de aluguel
Os dois sentaram oi no banco dos réus
Cristo deu luz aos cegos
Martelo é fácil de usar
Se acharem três pregos
vão é me crucificar.
*EMI ODEON-APPLE
SEU INTERESSE
Arnaldo Antunes e Paulo Miklos
Voz: Arnaldo Antunes
Seu interesse repentino por mim agora
Não é tão difícil perceber.
Agora que eu faço sucesso
Você não me dá mais sossego
Quer dizer que agora eu presto
pra você brincar.
Pra se construir alguma coisa
É preciso respirar
Longe desse seu ar de raposa
Que não dá pra perdoar
A sinceridade de intenção
Só pra quem se pode dar.
Seu interesse repentino por mim agora
Não tão difícil perceber.
TELEVISÃO
Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer Toni Bellotto
Voz: Arnaldo Antunes
A televisão me deixou burro, muito burro demais
Agora todas coisas que eu penso me parecem iguais
O sorvete me deixou gripado pelo resto da vida
E agora toda noite quando deito é boa noite, querida.
Ô cride, fala pra mãe
Que eu nunca li num livro que um espirro fosse um virus sem cura
Vê se me entende pelo menas uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mae!
A mãe diz pra eu fazer alguma coisa mas eu nao faço nada
A luz do sol me incomoda, entao deixa a cortina fechada
É que a televisão me deixou burro, muito burro demais
E agora eu vivo dentro dessa jaula junto dos animais
Ô cride, fala pra mãe
Que tudo que a antena captar meu coração captura
Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!
Ô cride, fala pra mãe!
INSENSÍVEL
Sérgio Britto
Voz: Sérgio Britto
Até parece loucura,
Não sei explicar,
É a verdade mais pura:
Eu não consigo amar.
Meu amor me desculpe,
Não quis te ferir,
Mas dizer a verdade
É melhor que mentir.
Insensível, ínsensível, você diz.
Impossível fazer você feliz.
Não fui eu
Não foi você quem escolheu
Viver nesse mundo tão frio
Tão frio
As vezes você esquece
E sente prazer
Mas pra mim é difícil
Conseguir esquecer.
Entre outras pessoas
É tão natural,
Por que será que comigo
Não pode ser igual?
Insensível, insensível, você diz.
Impossível fazer você feliz.
PAVIMENTAÇÃO
Paulo Miklos e Arnaldo Antunes
Voz: Paulo Miklos
Ninguém sabe como o plástico é feito,
Ninguém sabe.
Como o leite é feito ninguém sabe,
Não se sabe.
A fórmula da coca-cola é segredo.
A da pepsi também
Foi feita por alguém.
Plástico foi feito por ninguém
Sabe como a cháo é feito,
Do que é feito o chão.
Pé esquerdo, pé direito,
Pavimentaçáo.
Mas do que é feito o chão?
É feito de pedra,
É feita de pixe.
É feito de pedra e pixe.
Pá pá pá pavimentação, pavimenta
Menta, mentalização!
Mas ninguém sabe como a gente é feita,
Se a gente é feita ou não.
Máo esquerda, mão direita,
Bate palma então!
Pá pá pá pavimentação, pavimenta,
Menta, mentalizaçãa!
Mas do que é feita a gente?
É feita de pé
É feita de mão.
É feita de pé e mão.
Ou não?
DONA NENÊ
Branco Mello e Ciro Pessoa
Voz: Branco Mello
Dona Nené
Madame Gaspar
Foram se encontrar no Peg-pag
Zigue-zague de carrinhos pelo super.
Dona Nenê
Comprava em predra
Madame Gaspar
Comprava em Pó
Olha quem vem lá!
O Seu Ervilho!
Pilotando seu carrinho.
Audacioso!
Calma, seu Ervilho
Correr tanto assim é perigoso!
Liquidação
Seção de tecidos
Todas as senhoras em euforia
Quando de repente ouviu-se um grito.
Dona Nenê
Desapareu
Madame Gaspar
Já tinha ido embora,
O que teria acontecido com Dona Nenê ?
Onde andaria agora Dona Nenê ?
O HOMEM CINZA
Nando Reis
Voz: Nando Reis
Ontem quando saí de casa quase que não acreditei
Minha pele foi escurecendo até ficar completamente cinza
Agora quando ando pelas ruas eu precìso tomar cuidado
O sol não me machuca
é um instante que me basta para ficar bronzeado
Você não é mais o mesmo, eu digo "Sou!"
Você não é mais o mesmo
Tomei muito sal de prata pra curar minha bronquite
De cinza minha pele fica verde azulada
Quem quiser acreditar acredite
Agora quando ando pelas ruas eu preciso tomar cuidado
Policia se me pede os documentos diz logo "algo está errado"
Vocã não é mais o mesmo, eu digo "Sou!"
Você não é mais o mesmo
Desde pequeno trabalho numa plantação de uva
Hoje veneno é para mim mais limpo que água de chuva
Você não é mais o mesmo, eu digo "Não!"
Você não é mais o mesmo
Estou me acostumando com a cor da minha pele
Eu acho verde mais bonito
Mas quando estou nervoso minha cara fica branca
E eu me sinto esquisito
Agora quando ando pelas ruas eu preciso tomar cuìdado
Se vejo um cara branco ou amarelo eu acho que é ele quem está errado
Você não é mais o mesmo, eu digo "Não!"
Você não é mais o mesmo
PRA DIZER ADEUS
Toni Bellotto e Nando Reis
Voz: Nando Neis
Você apareceu do nada
E você mexeu demais comigo
Nâo quero ser só mais um amigo
Vocé nunca me viu sozinho
E você nunca me ouviu chorar
Não dá pra imaginar quanto
É cedo, ou tarde demais,
Pra dizer adeus, pra dizer jamais.
Ás vezes fico assim, pensando,
Essa distáncia é tão ruim.
Por que você não vem pra mim?
Eu já fiquei tão mal, sozinho,
Eu já tentei, eu quis chamar.
Não dá pra imaginar quanto
É cedo, ou tarde demais,
Pra dizer adeus, pra dizer jamais.
NÃO VOU ME ADAPTAR
Arnaldo Antunes
Voz: Arnaldo Antunes
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Os anos se passaram enquanto eu dormia,
E quem eu queria bem me esquecia.
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.
Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara náo é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho.
Será que eu falei o que ninguém dizia?
Será que eu escutei o que ninguém ouvia?
Eu não vou me adaptar.
TUDO VAI PASSAR
Sérgio Britto e Marcelo Fromer
Voz: Sérgio Britto
Estranhei tua visita,
Você estava tão distante
Tentando me dizer
Alguma coisa qualquer
Que eu não podia entender.
Não posso imaginar
O que você está sentindo.
Você devia me contar
Pois eu preciso saber
O que vai acontecer com nós dois,
O tempo faz esquecer e depois
Tudo vai passar
Tudo vai passar
Eu não vou ficar sozinho
Se acaso você me deixar
Por causa de alguém,
Se for assim é melhor
Esquecer de uma vez.
Não posso imaginar
que você está sentindo.
Você devia me contar
Pois eu preciso saber.
Eu preciso compreender seu olhar
Você ficou tão distante, mas eu sei
Tudo vai passar
Tudo vai passar
SONHO COM VOCÊ
Branco Mello, Sérgio Britto Ciro Pessoa
Voz: Branco Mello
O que sinto é tão simples
Sonho com você.
Su vivo
Sem conseguir esquecer.
Sinto a saudade se aproximar,
Meus olhos querem encontrar os seus
Pois estou tão sozinho,
Por favor, diga se ainda
me quer.
Porque estou tão sozinho,
Por favor, diga se ainda
Me quer.
O que eu sinto é tão simples,
Sonha com vocé.
As noites passam vazias, porque
Sinto a saudade se aproximar...
AUTONOMIA
Paulo Miklos, Arnaldo Antunes Marcelo From
Voz: Paulo Miklos
O que eu queria, o que eu sempre queria
Era conquistar a minha autonomia.
O que eu queria, o que eu sempre quis
Era ser dono do meu nariz.
Os pais são todos iguais
Prendem seus filhos na jaula
Os professores com seus lápis de cores
Te prendem na sala de aula.
O que eu queria...
Ia pra rua, mamãe vinha atrás.
Ela não me deixava em paz.
Não aguentava o grupo escolar,
Nem a prisão domiciliar.
O que eu queria...
Mas o tempo foi passando.
Então eu caí numa outra armadilha,
Me tornei prisioneiro da minha própria família,
Arranjei um emprego de professor,
Vejo os meus filhos, não sei mais onde estou!
MASSACRE
Sérgio Britto e Marcelo Fromer
Vozes: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Paulo Miklos e Sérgio Britto
Massacre!
Massacre de uomo!
Matança!
Matança de donna!
Eu vi, eu vi, eu vi
en jornal nacionale!
El Duce!
El duce en Itália!
El Führer!
El Führer en Germânia!
Brazil, Brazil, Brazil,
Aldeia Globale!
Cabeça Dinossauro
Paulo Miklos/Branco Mello/Arnaldo Antunes
Cabeça Dinossauro
Cabeça Dinossauro
Cabeça cabeça
Cabeça dinossauro
Pança de mamute
Pança de mamute
Pança pança
Pança de mamute
Espírito de porco
Espírito de porco
Espírito de porco
AA UU
Sérgio Britto/Marcelo Fromer
AA UU AA UU
AA UU AA UU
Estou ficando louco de tanto pensar
Estou ficando rouco de tanto gritar
AA UU AA UU
AA UU AA UU
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como
Eu como, eu durmo, eu durmo, eu como
Está na hora de acordar
Está na hora de deitar
Está na hora de almoçar
Está na hora de jantar
AA UU AA UU
AA UU AA UU
Estou ficando cego de tanto enxergar
Estou ficando surdo de tanto escutar
AA UU AA UU
AA UU AA UU
Não como, não durmo, não durmo, não como
Não como, não durmo, não durmo, não como
Está na hora de acordar
Está na hora de deitar
Está na hora de almoçar
Está na hora de jantar
Igreja
Nando Reis
Eu não gosto de padre
Eu não gosto de madre
Eu não gosto de frei
Eu não gosto de bispo
Eu não gosto de Cristo
Eu não digo amém
Eu não monto presépio
Eu não gosto do vigário
Nem da missa das seis
Eu não gosto do terço
Eu não gosto do berço
De Jesus de Belém
Eu não gosto do papa
Eu não creio na graça
Do milagre de Deus
Eu não gosto da igreja
Eu não entro na igreja
Não tenho religião
Polícia
Toni Bellotto
Dizem que ela existe pra ajudar
Dizem que ela existe pra proteger
Eu sei que ela pode te parar
Eu sei que ela pode te prender
Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia
Dizem pra você obedecer
Dizem pra você responder
Dizem pra você cooperar
Dizem pra você respeitar
Polícia para quem precisa
Polícia para quem precisa de polícia
Estado Violência
Charles Gavin
Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que eu não queria
Estado violência
Estado hipocrisia
A lei que não é minha
A lei que eu não queria
Meu corpo não é meu
Meu coração é teu
Atrás de portas frias
O homem está só
Homem em silêncio
Homem na prisão
Homem no escuro
Futuro da nação
Estado violência
Deixem-me querer
Estado violência
Deixem-me pensar
Estado violência
Deixem-me sentir
Estado violência
Deixem-me em paz
A Face Do Destruidor
Paulo Miklos/Arnaldo Antunes
O nome do destruidor é
Destruidor
É o nome do destruidor
O nome do construtor é
O nome
Do construtor
A face do construtor
O que ele constrói
A obra do construtor
O destruidor não pode mais destruir
Porque o construtor não constrói
O construtor não constrói porque
Não pode mais construir
A face do destruidor
Porrada
Arnaldo Antunes/Sérgio Britto
Nota dez para as meninas da torcida adversária
Parabéns aos acadêmicos da associação
Saudações para os formandos da cadeira de direito
A todas as senhoras muita consideração
Porrada
Nos caras que não fazem nada
Medalhinhas para o presidente
Condecorações aos veteranos
Bonificações para os bancários
Congratulações para os banqueiros
Porrada
Nos caras que não fazem nada
Distribuição de panfletos
Reivindicação dos direitos
Associação de pais e mestres
Proliferação das pestes
Porrada
Nos caras que não fazem nada
Tô Cansado
Branco Mello/Arnaldo Antunes
Tô cansado do meu cabelo
Tô cansado da minha cara
Tô cansado de coisa vulgar
Tô cansado de coisa rara
Tô cansado
Tô cansado
Tô cansado de me dar mal
Tô cansado de ser igual
Tô cansado de moralismo
Tô cansado de bacanal
Tô cansado
Tô cansado
Tô cansado de trabalhar
Tô cansado de me ferrar
Tô cansado de me cansar
Tô cansado de descansar
Tô cansado
Tô cansado
Bichos Escrotos
Arnaldo Antunes/Sérgio Britto/Nando Reis
Bichos,
saiam dos lixos
Baratas,
me deixem ver suas patas
Ratos,
entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado
Pulgas,
que habitam minhas rugas
Onçinha pintada,
Zebrinha listrada,
Coelhinho peludo,
Vão se foder!
Porque aqui na face da terra
Só bicho escroto é que vai ter!
Bichos escrotos, saiam dos esgotos
Bichos escrotos, venham enfeitar
Meu lar,
Meu jantar,
Meu nobre paladar
Família
Arnaldo Antunes / Toni Bellotto
Família, família
Papai, mamãe, titia,
Família, família
Almoça junto todo dia,
Nunca perde essa mania
Mas quando a filha quer fugir de casa
Precisa descolar um ganha-pão
Filha de família se não casa
Papai, mamãe, não dão nenhum tostão
Família ê
Familia á
Família
Família, família
Vovô, vovó, sobrinha
Família, família
Janta junto todo dia,
Nunca perde essa mania
Mas quando o nenê fica doente
Procura uma farmácia de plantão
O choro do nenê estridente
Assim não dá pra ver televisão
Família ê
Familia á
Família
Família, família,
Cachorro, gato, galinha
Família, família,
Vive junto todo dia,
Nunca perde essa mania
A mãe morre de medo de barata
O pai vive com medo de ladrão
Jagaram inseticida pela casa
Botaram um cadeado no portão
Família ê
Familia á
Família
Homem Primata
Sérgio Britto / Marcelo Fromer / Nando Reis / Ciro Pessoa
Desde os primórdios
Até hoje em dia
O homem ainda faz o que o macaco fazia
Eu não trabalhava, eu não sabia
Que o homem criava e também destruía
Homem primata
Capitalismo selvagem
ô ô ô
Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer e não vai pro céu
É bom aprender, a vida é cruel
Homem primata
Capitalismo selvagem
ô ô ô
Eu me perdi na selva de pedra
Eu me perdi, eu me perdi
I'm a cave man
A young man
I fight with my hands
With my hands
I'm a jungle man, a monkey man
Concrete jungle!
Concrete jungle!
Dívidas
Branco Mello / Arnaldo Antunes
Meu salário
Desvalorizou
Dívidas, juros, dividendos
Credores credores credores,
Agora é assim
Senhores senhores senhores
Tenham pena de mim
Muito já gastei,
Vivi como rei
Diversões, luxo, divertimento
Credores credores credores,
Agora é assim
Senhores senhores senhores,
Fiquem longe de mim
O Quê
Arnaldo Antunes
Que não é o que não pode ser que
Não é o que não pode
Ser que não é
O que não pode ser que não
É o que não
Pode ser
Que não
É
O que não pode ser que
Não é o que não pode ser
Que não é o que
O que?
O que?
O que?
Que não é o que não pode ser que não é
Todo Mundo quer Amor
Arnaldo Antunes
Todo mundo quer amor
Todo mundo quer amor de verdade
Uma pessoa boa quer amor
Uma pessoa má quer amor,
Quer amor de verdade
Quem tem medo quer amor,
Quem tem fome quer amor,
Quem tem frio quer amor,
Quem tem pinto saco boca bunda cu buceta quer amor
Ele quer
Ela quer
Ele quer
Ela quer
Todo mundo quer amor de verdade
Comida
Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto
Bebida é agua
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comida,
A gente comida, diversão e arte
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte
A gente não quer só comida,
A gente quer bebida, diversão, balé
A gente não quer só comida,
A gente quer a vida como a vida quer
Bebida é agua
Comida é pasto
Você tem sede de que?
Você tem fome de que?
A gente não quer só comer,
A gente quer comer e quer fazer amor
A gente não quer só comer,
A gente quer prazer pra aliviar a dor
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer dinheiro e felicidade
A gente não quer só dinheiro,
A gente quer inteiro e não pela metade
O Inimigo
Branco Mello / Marcelo Fromer / Toni Bellotto
O inimigo sou eu,
O inimigo é você
O inimigo é você,
O inimigo sou eu
Às vezes você tem razão,
Às vezes não
Corações
Sérgio Britto / Marcelo Fromer
Alguma coisa aconteceu,
Inevitável acidente,
Rancor e ódio separaram
Corações e Mentes
Alguma coisa aconteceu,
Estupidez, incompreensão,
Mulher e homem desejavam
Violência e paixão
Não existe paz, não existe perdão,
Eu não suporto mais violência e paixão,
Não aguento mais viver dentro dessa prisão
Meu amor, minha guerra, eu erro e você erra
Todos são tão diferentes, corações e mentes
Tantos jovens adolescentes, corações e mentes
Você me tortuea, mas
Eu já não tenho forças pra reagir
Eu não tenho cura e
Você já não tem forças pra fugir
Da minha loucura
Corações e mentes, violência e paixão
O teu beijo é tão doce,
O teu suor é tão salgado
O teu beijo é tão molhado,
É tão salgado
O teu suor
Às vezes acho que te amo,
Às vezes acho que é só sexo
Diversão
Sérgio Britto / Nando Reis
A vida até parece uma festa,
Em certas horas isso é o que nos resta
Não se esquece o preço que ela cobra,
Em certas horas isso é o que nos sobra
Ficar frágil feito uma criança,
Só por medo ou por insegurança
Ficar bem ou mal acompanhado,
Não importa se der tudo errado
Às vezes qualquer um faz qualquer coisa
Por sexo, drogas e diversão
Tudo isso às vezes só aumenta
A angústia e a insatisfação
Às vezes qualquer um enche a cabeça de álcool
Atrás de distração
Nada disso às vezes diminui
A dor e a solidão
Tudo isso, às vezes tudo é fútil,
Ficarébrio atrás de diversão
Nada disso, às vezes nada importa,
Ficar sóbrio não é solução
Diversão é solução sim,
Diversão é solução prá mim
Infelizmente
Sérgio Britto
A tua voz está cansada e rouca
Pois não falamos pela mesma boca
E o teu corpo então é gordo e calvo
O teu lençol já não é limpo e alvo
Não adivinhas de quem és escravo
Nem o que pode causar tal estrago
Eu sei porque vives feliz e calmo
É porque achas que estás são e salvo
Tua mulher não quer criar teus filhos
E tu não queres dividir teus grãos de milho
E mesmo assim eis que vem aí de novo
Tua parceira vai por mais um ovo
Mas tu não sabes do que tenho fome
Pois não nos chamam pelo mesmo nome
E quando comes te rodeiam moscas
É porque usas sempre as mesmas roupas
Mas se perderes tudo até as calças
Só vão te dar algum caixão sem alças
E quando enfim chegar a tua hora
Não vão pôr flor ao pé da tua cova
Jesus não tem Dentes no País dos Banguelas
Nando Reis / Marcelo Fromer
Jesus não tem dentes no país dos banguelas
Mentiras
Sérgio Britto / Marcelo Fromer /Toni Belloto
Querem me ensinar, querem me julgar pelo que eu fiz
Querem me julgar, querem me ensinar como se diz
Mentiras!
Querem me salvar, querem me curar do que eu não sofro
Querem me curar, querem me salvar, mas eu só ouço
Mentiras!
Eu não posso viver comigo, eu não posso fugir de mim
Eu não quero que gritem comigo, eu não quero que riam de mim
Eu não quero que falem, eu não quero que digam
Mentiras!
Querem me curar do que eu não sofro,
Querem me julgar pelo que eu fiz
Querem me salvar, mas eu só ouço,
Querem me ensinar como se diz
Mentiras!
Desordem
Sérgio Britto / Marcelo Fromer / Charles Gavin
Os presos fogem do presídio,
Imagens na televisão
Mais uma briga de torcidas,
Acaba tudo em confusão
A multidão enfurecida,
Queimou os carros da polícia
Os preços fogem do controle,
Mas que loucura esta nação!
Não é tentar o suicídio
Querer andar na contramão?
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Não sei se existe mais justiça,
Nem quando é pelas próprias mãos
População enlouquecida,
Começa então o linchamento
Não sei se tudo vai arder
Como algum líquido inflamável,
O que mais pode acontecer
Num país pobre e miserável?
E ainda pode se encontrar
Quem acredite no futuro...
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem,
É seu dever de cidadão,
Mas o que é criar desordem,
Quem é que diz o que é ou não?
São sempre os mesmos governantes,
Os mesmos que lucraram antes
Os sindicatos fazem greve
Porque ninguém é consultado,
Pois tudo tem que virar óleo
Pra por na máquina do estado
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
Lugar Nenhum
Arnaldo Antunes / Charles Gavin / Marcelo Fromer / Sérgio Britto / Toni Bellotto
Não sou brasileiro,
Não sou estrangeiro
Não sou brasileiro,
Não sou estrangeiro
Não sou de nenhum lugar,
Sou de lugar nenhum
Não sou de São Paulo, não sou japonês
Não sou carioca, não sou português
Não sou de Brasília, não sou do Brasil
Nenhuma pátria me pariu
Eu não tô nem aí
Eu não tô nem aqui
Armas Pra Lutar
Branco Mello / Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Toni Bellotto
Por que?
Pra que?
Em que
Devo acreditar?
Viver
Sem armas pra lutar
Não crer,
Não ser,
Não ter
Armas pra lutar
Não preciso ser alguém,
Eu consigo viver sem
Armas pra lutar
Prosseguir desarmado,
Suportar desarmado,
Desarmado, sem armas pra lutar
Nome Aos Bois
Nando Reis/Arnaldo Antunes/Marcelo Fromer/Toni Bellotto
Garrastazu
Stálin
Erasmo Dias
Franco
Lindomar Castilho
Nixon
Delfim
Ronaldo Bôscoli
Baby Doc
Papa Doc
Menguele
Doca Street
Rockfeller
Afanásio
Dulcídio Wanderley Bosquila
Pinochet
Gil Gomes
Reverendo Moon
Jim Jones
General Custer
Flávio Cavalcante
Adolf Hitler
Borba Gato
Newton Cruz
Sérgio Dourado
Idi Amin
Plínio Correia De Oliveira
Línio Salgado
Mussolini
Truman
Khomeini
Reagan
Chapman
Fleury
Violência
Charles Gavin/Sérgio Britto
O movimento começou, o lixo fede nas calçadas
Todo mundo circulando, as avenidas congestionadas
O dia terminou, a violência continua
Todo mundo provocando todo mundo nas ruas
A violência está em todo lugar
Não é por causa do álcool,
Nem é por causa das drogas
A violência é nossa vizinha,
Não é só por culpa sua,
Nem é só por culpa minha
Violência gera violência
Violência doméstica, violência cotidiana,
São gemidos de dor, todo mundo se engana...
Você não tem o que fazer, saia pra rua,
Pra quebrar minha cabeça ou pra que quebrem a sua
Violência gera violência
Com os amigos que tenho não preciso inimigos
Aí fora ninguém fala comigo
Será que tudo está podre, será que todos estão vazios?
Não existe razão, nem existem motivos
Não adianta suplicar porque ninguém responde,
Não adianta implorar, todo mundo se esconde
É difícil acreditar que somos nós os culpados,
É mais fácil culpar deus ou então o diabo
"O crime é venerado e posto em uso por toda a terra,
De um pólo a outro se imolam vidas humanas.
No reino de Zópito os pais degolam os próprios filhos,
Seja qual for o sexo, desde que sua cara não lhes agrade.
Os coreanos incham o corpo da vítima a custa de vinagre
E depois de estar assim inchado, matam-no a pauladas.
Os irmãos Morávios mandavam matar com cócegas"
Fragmentos de "Dissertação do Papa sobre o crime seguido de orgia" (Marquês de Sade)
Seleção dos fragmentos: Branco Mello
Miséria
Arnaldo Antunes/Sérgio Britto/Paulo Miklos
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio Mulato Preto Branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Filhos Amigos Amantes Parentes
Riquezas são diferentes
Ninguém sabe falar esperanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Todos sabem usar os dentes
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
A morte não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
Fracos Doentes Aflitos Carentes
Riquezas são diferentes
O sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Cores Raças Castas Crenças
Riquezas são diferenças
Rácio Símio
Marcelo Fromer/Nando Reis/Arnaldo Antunes
O anão tem um carro com rodas gigantes
Dois elefantes incomodam muito mais
Só os mortos não reclamam
Os brutos também mamam
Mamãe eu quero mamar
Eu não tenho onde morar
Moro aonde não mora ninguém
Quem tem grana que dê a quem não tem
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
Quem esporra sempre alcança
Com maná adubando dá
Ninguém joga dominó sozinho
É dos carecas que elas gostam mais
A soma dos catetos é o quadrado da hipotenusa
Nem tudo que se tem se usa
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
Os cavalheiros sabem jogar damas
Os prisioneiros podem jogar xadrez
Só os chatos não disfarçam
Os sonhos despedaçam
A razão é sempre do freguês
Eu não tenho onde morar
Moro aonde não mora ninguém
Quem come prego sabe o cu que tem
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
Raciosímio Raciosímio Raciosímio Raciosímio
O Camelo E O Dromedário
Paulo Miklos/Nando Reis/Toni Bellotto/Marcelo Fromer
Há uma questão que há muito tempo me incomoda
Qual será a vantagem de se ter uma ou duas corcovas?
O que iremos formular é somente um questionário
Qual diferença haverá entre o dromedário e o camelo?
E entre o camelo e o dromedário?
Postos frente a frente causam a mesma impressão
Mas quando postos de lado faz-se logo a correção
O camelo difere do dromedário que só tem uma corcova
O dromedário já difere do camelo por ter lá suas duas corcovas
Há muitas coincidências entre os nossos dois ruminantes
Mas quando chamados em ordem alfabética é o camelo que vem sempre antes
O camelo está na letra "c" de quase todo abecedário
A letra "d", por sua vez, traz sempre a figura do dromedário
Haverá mesmo uma rusga entre os dois mamíferos quadrúpedes?
Ou desavenças são propriedades apenas de nós, humanos bípedes?
Só se anda de camelo no deserto do Saara
Mas quem já viu aonde dorme o camelo lá na Guanabara?
O camelo é o Pão-de-açúcar com a Urca vistos em relevo
Mas o dromedário é o corcovado, só o Cristo é que não pode vê-lo
Será que, por ter duas corcovas, o camelo passa mais tempo sem beber água?
Ou pelo contrário, com um peso maior, beba mais água que o dromedário?
Será que o bom dromedário com sua única corcova tem por cima mais espaço?
E ficaria assim nosso amigo camelo exposto a um maior cansaço?
Aquele que acertar a primeira resposta
Receberá duas corcovas em suas costas
Por outro lado,
Aquele que só acertar a segunda
Não tardará a ficar com uma enorma corcunda
Palavras
Sérgio Britto/Marcelo Fromer
Palavras não são más
Palavras não são quentes
Palavras são iguais
Sendo diferentes
Palavras não são frias
Palavras não são boas
Os números pra os dias
E os nomes pra as pessoas
Palavras eu preciso
Preciso com urgência
Palavras que se usem
Em casos de emergência
Dizer o que se sente
Cumprir uma sentença
Palavras que se diz
Se diz e não se pensa
Palavras não têm cor
Palavras não têm culpa
Palavras de amor
Pra pedir desculpas
Palavras doentias
Páginas rasgadas
Palavras não se curam
Certas ou erradas
Palavras são sombras
As sombras viram jogos
Palavras pra brincar
Brinquedos quebram logo
Palavras pra esquecer
Versos que repito
Palavras pra dizer
De novo o que foi dito
Todas as folhas em branco
Todos os livros fechados
Tudo com todas as letras
Nada de novo debaixo do sol
Medo
Toni Bellotto/Marcelo Fromer/Arnaldo Antunes
Precisa perder o medo do sexo
Precisa perder o medo da morte
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da ciência
Precisa perder o medo da perda
Da consciência
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Medo Medo Medo Medo
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
Medo Medo Medo Medo
O que se crê não se cria
Natureza Morta
Arnaldo Antunes/Branco Mello/Marcelo Fromer/Paulo Miklos/Sérgio Britto/Liminha
As flores estão murchas
As folhas estão secas
As frutas estão podres
Flores
Charles Gavin/Toni Bellotto/Paulo Miklos/Sérgio Britto
Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar estes cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem
O Pulso
Arnaldo Antunes/Marcelo Fromer/Toni Bellotto
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Peste bubônica, câncer, pneumonia
Raiva, rubéola, tuberculose, anemia
Rancor, cisticircose, caxumba, difteria
Encefalite, faringite, gripe, leucemia
O pulso ainda pulsa
O pulso ainda pulsa
Hepatite, escarlatina, etupidez, paralisia
Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia
Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria
Sífilis, ciúmes, asma, cleptomania
O corpo ainda é pouco
O corpo ainda é pouco
Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia
Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia
Brucelose, febre tifóide, arteriosclerose, miopia
Catapora, culpa, cárie, câimbra, lepra, afasia
O pulso ainda pulsa
O corpo ainda é pouco
32 Dentes
Branco Mello/Marcelo Fromer/Sérgio Britto
Eu nunca mais vou dizer
O que realmente penso
Eu nunca mais vou dizer
O que realmente sinto
Eu juro, eu juro por Deus
Eu juro, eu juro por Deus
Não confio em ninguém
Não confio em ninguém
Não confio em ninguém com mais de 30
Não confio em ninguém com 32 dentes
Faculdade
Nando Reis/Arnaldo Antunes/Branco Mello/Paulo Miklos/Marcelo Fromer
Fa-cul-da-de
Faculdade mental
Faculdade medicinal
Faculdade
Eu nunca fiz faculdade
Pro-pri-e-da-de
Propriedade associativa
Propriedade particular
Propriedade
Não tenho nenhuma propriedade
Felicidade natal felicidade
Satélite felicidade industrial
Felicidade maravilhosa
Hoje não tem felicidade
U-ti-li-da-de
Utilidade doméstica
Utilidade pública
Utilidade
Não tem nenhuma utilidade
So-ci-e-da-de
Sociedade primitiva
Sociedade anônima
Socidade
Não vivo em sociedade
Carteira de identidade
Perda de identidade
Identidade dupla
Identidade Xerox
Não tenho mais identidade
Permitido para qualquer idade
Deus E O Diabo
Sérgio Britto/Paulo Miklos/Nando Reis
Deus está debaixo da mesa
O diabo está atrás do armário
Deus está atrás da porta
O diabo está no meio da sala
O que há de errado com meu coração?
Deus está lendo jornal
O diabo está dançando
O diabo está fazendo o jantar
Deus está escrevendo uma carta
O que há de errado com meu coração?
Deus está sonhando
O diabo está fazendo discurso
Deus está lavando os pratos
O diabo está tocando piano
Deus é o teto da casa
O diabo é a porta dos fundos
O diabo é o chão da cozinha
Deus é o vão da entrada
O que há de errado com meu coração?
Clitóris
Titãs
Clitóris
Clitóris, clitóris
Ah! Clitóris
Clitóris
Clitóris, clitóris
Oh! Clitóris
Genuflexório, ah! Genuflexório
Genuflexório, oh! Genuflexório
Virgem surja, ah! Surja suja
Corpo surja, oh! Mente surja imunda
Em cada berço que esse esperma espesso inunda
Em cada fosso que esse gozo grosso surja
Papanicolaou, papanicolaou
O Fácil É O Certo
Titãs
Expire o ar que inspirar
Respire quando você respirar
Diga o que tem a dizer
Acaba sendo o que tinha que ser
Esqueça isso - tanto faz
Ande não olhe pra trás
Olhe por onde anda
Faça o que o coração manda
Diga como é que se sente
Levante-se siga em frente
Faça o que está fazendo
Não o que estou lhe dizendo
Use se quiser usar
Use depois de agitar
É proibido parar
Olhe antes de atravessar
O fácil é o certo, o certo é o fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o certo é o fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o fácil é fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o certo é certo
O fácil é o certo
Não importa o que você fez
Há sempre uma próxima vez
Não se perca, não pare
Escolha o menor dos males
Faça o quer fazer
Aconteça o que acontecer
Tanto faz como se chama
Entregue-se ao que você ama
O fácil é o certo, o certo é o fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o certo é o fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o fácil é fácil
O fácil é o certo
O fácil é o certo, o certo é certo
O fácil é o certo
A frase "O fácil é o certo" é atribuída a Chung Tsu, pensador Chinês do Século III A.C.
Filantrópico
Titãs
Filantrópico
Samaritano
Generoso
Tão Humano
Acumulando raiva e rancor
Altruísta
Complacente
Caridoso
Tão gente
Acumulando raiva e rancor
Amando o próximo
Dizendo a verdade
Se arrependendo
Dando a outra face
Acumulando raiva e rancor
Cabeça
Titãs
Cresça
Cabeça
Densa
Espessa
Pensa
Imensa
Desça
Pareça
Dentro de 30 segundos
Dentro de 15,10, dentro,
Dentro de 5 segundos, segundos,
Agora fora
Já
Titãs
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já ficou no escuro ouvindo o canto da cigarra?
Já ficou no espelho rindo sozinho da sua cara?
Já dormiu sem ninguém num canto de rodoviária?
Já dormiu com alguém por migalha?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já perdeu a hora quando o tempo pára?
Já gritou uma palavra até perder a fala?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já quis demais alguma coisa já?
Quis alguma coisa já?
Jamais quis alguma coisa já?
Já?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Já viu sumir a última estrela da madrugada?
Já ficou um dia, um mês, um ano sem fazer nada?
Já colocou todas as roupas do armário na mala?
A sua casa já desmoronou no meio da sala?
Você já tentou varrer a areia da praia?
Jamais quis alguma coisa já?
Quis alguma coisa já?
Já quis alguma coisa já?
Já?
Eu Vezes Eu
Titãs
Eu vezes eu
Espalhados em mim
Eu mínimo
Múltiplo comum
Eu menos eu
Do que resta de mim
Eu máximo
Único - nenhum
Ela, ele, vocês
Vezes eles, os outros
Eu e eu, outra vez
Nervo, músculo e osso
Isso Para Mim É Perfume
Titãs
Isso para mim é perfume
Suor, fedor
Isso para mim é garboso
Cabelo embaraçado
Dente não escovado
Chupar o seu dedão
Cheirar sua calcinha suja na menstruação
Isso para mim é perfume
A cabeça do pau faz porra de leite
Pra tomar de manhã
No café da manhã
E também no almoço
E depois no jantar
Amor, eu quero te ver cagar
Saia De Mim
Titãs
Saia de mim como suor
Tudo que eu sei de cor
Saia de mim como excreto
Tudo que está correto
Saia de mim
Saia de mim
Saia de mim como um peido
Tudo que for perfeito
Saia de mim como um grito
Tudo que eu acredito
Tudo que eu não esqueça
Tudo que for certeza
Saia de mim vomitado
Expelido, exorcizado
Tudo que está estagnado
Saia de mim como escarro
Espirro, pus, porra, sarro
Sangue, lágrima, catarro
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Saia de mim a verdade
Flat - Cemitério - Apartamento
Titãs
E se o jóquei promovesse alguns páreos com jumentos?
E se a Royal injetasse nos anões uma dose excessiva de fermento?
E se as Casa da Banha abatessem alguns gordos para seu abastecimento?
E se Dulcora lançasse no mercado um drops diet de cimento?
Flat-Cemitério-Apartamento
Flat-Cemitério-Apartamento
E se a Brunella preparasse algumas bombas com excremento?
E se a Du Loren anunciasse uma nova linha de calcinhas que já vem com corrimento?
E se a Sulvinil testasse nos albinos uma nova série de pigmentos?
E se o Adolpho Lindenberg entrasse no ramo dos flat cemitério apartamento?
Flat-Cemitério-Apartamento
Flat-Cemitério-Apartamento
Agora
Titãs
Agora que agora é nunca
Agora posso recuar
Agora sinto minha tumba
Agora o peito a retumbar
Agora a última resposta
Agora quartos de hospitais
Agora abrem uma porta
Agora não se chora mais
Agora a chuva evapora
Agora ainda não choveu
Agora tenho mais memória
Agora tenho o que foi meu
Agora passa a paisagem
Agora não me despedi
Agora compro uma passagem
Agora ainda estou aqui
Agora sinto muita sede
Agora já é madrugada
Agora diante da parede
Agora falta uma palavra
Agora o vento no cabelo
Agora toda minha roupa
Agora volta pro novelo
Agora a língua em minha boca
Agora meu avô já vive
Agora meu filho nasceu
Agora o filho que não tive
Agora a criança sou eu
Agora sinto um gosto doce
Agora vejo a cor azul
Agora a mão de quem me trouxe
Agora é só meu corpo nu
Agora eu nasço lá de fora
Agora minha mãe é o ar
Agora eu vivo na barriga
Agora eu brigo pra voltar
Agora
Não É Por Não Falar
Titãs
Não é por não falar
Em felicidade
Que eu não goste
De felicidade
Não é que eu não goste
De felicidade
É por não falar
Em felicidade
E é por falar
Em felicidade
Que eu não gosto de falar
Em felicidade
Se Você Está Aqui
Titãs
Se você está aqui
É porque veio
Se você veio até aqui
É porque está atrás de alguma coisa
Se você não quer nada
Por que não vai embora?
Eu Não Sei Fazer Música
Titãs
Eu não sei fazer música
Mas eu faço
Eu não sei cantar as músicas que faço
Mas eu canto
Eu não tenho certeza
Mas eu acho
Eu não sei o que falar
Mas eu falo
Ninguém sabe nada
Ninguém sabe nada
Ninguém sabe nada
Ninguém sabe nada
Você você você você você você
Ninguém sabe nada
Uma Coisa De Cada Vez
Titãs
Uma coisa de cada vez
Tudo ao mesmo tempo agora
SERÁ QUE É ISSO O QUE EU NECESSITO ?
Quem é que precisa
Tomar cuidado com o que diz?
Quem é que precisa
Tomar cuidado com o que faz?
Será que é isso o que eu necessito?
Será que é isso o que eu necessito?
Ninguém fez nada, ninguém tem culpa
Ninguém fez nada de mais, filha da puta!
Quem aqui
Não tem medo de passar ridículo?
Quem aqui, como eu
Tem a idade de Cristo quando morreu?
Quem é que se importa
Com o que os outros vão dizer?
Quem é que se importa
Com o que os outros vâo pensar?
Será que é isso o que eu necessito?
5erá que é isso o que eu necessito?
Nâo sei o que você quer, nem do que você gosta
Nâo sei qual é o problema,
qual é o problema seu bosta?!
Quem aqui
Não tem medo de se achar ridículo?
Quem aqui, como eu
Tem a idade de Cristo quando morreu?
Nem Sempre se pode ser Deus
Não é que eu me arrependi
Eu tô com vontade de rir
Não é que eu me sinto mal
Eu posso fazer igual
Nâo é que eu vou fazer igual
Eu vou fazer pior
Não é que eu vou fazer igual
Eu vou fazer pior
Nem sempre se pode ser Deus
Nem sempre se pode ser Deus
Por isso que estou gritando
Por isso que estou gritando
Por isso que estou gritando
Por isso que estou gritando
Não é que eu passei do limite
Isso pra mim e normal
Não é que eu me sinto bem
Eu posso fazer igual
Nâo é que eu vou fazer igual
Eu vou fazer pior
Não é que eu vou fazer igual
Eu vou fazer pior
Nem sempre se pode ser Deus
Nem sempre se pode ser Deus
Por isso que estou grìtando
Por isso que estou gritando
Por isso que estou gritando
Por isso que estou gritando
Disneylândia
Filho de imigrantes russos casado na Argentina
com uma pintora judia, casou-se pela segunda
vez com uma princesa africana no México.
Música hindú contrabandiada por ciganos
poloneses faz sucesso no interior da Bolívia.
Zebras africanas e cangurus australianos no
zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de
Nova York.
Lanternas japonesas e chicletes americanos nos
bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas passam na
rede dc televisão em Moçambique.
Armênios naturalizados no Chile procuram
familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses feitas com
madeira colombiana,
Multinacionais japonesas instalam empresas
em Hong-Kong e produzem com matéria prima
brasileira para competir no mercado americano.
Literatura grega adaptada para crianças
chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay
vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los
Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o
namorado árabe na baixada fluminense.
Filmes italianos dublados em inglês com
legendas em espanhol nos cinemas da Turquia.
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos
ingleses na Nova Guiné.
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos
na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália.
Crianças iraquianas fugidas da guerra não
obtém visto no consulado americano do Egito
para entrarem na Disneylândia.
Hereditário
A cada parto
A cada luto
A cada perda
A cada lucro
O sol que dura
Só um dia
A cada dia
O sol diário
Contra o que for hereditário.
Em cada mira
Em cada muro
Em cada fresta
Em cada furo
O sol que nasce
A cada dia
A cada aniversário
Contra o que for hereditário
Estados Alterados da Mente
Atitudes mecânicas
Movimentos involuntários
Estímulos elétricos, tempestades mentais
Choques térmicos, crises de melancolia
Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico
Choro compulsivo, riso histérico
Euforia, vertigens
Estados alterados da mente
Devaneios, delírios, desvarios
Estados alterados da mente
Devaneios, delírios, desvarios
Estados alterados da mente
Agonizando
Até o osso, até o fim
Até o fundo, até o final
Até rasgar, até bater
Até furar, até fuder
Até coalhar, até dissolver
Até rachar, até amanhecer
Até estrebuchar, até intumescer
Até desmanchar, até enrrigecer
Até zunir, até apagar
Até dormir, até escurecer
Até faltar ar, até doer
Até esvaziar, até desfazer
Até passar, até acabar
Até mofar, até amortecer
Até calcinar, até corroer
Até vazar, até evanescer
Ficar de costas, ficar de lado
Deitar no chão, ficar acordado
Ficar de pé, ficar sentado
Tentar dormir, ficar acordado
Ficar acordado
Ficar acordado
Até o dia seguinte ao próximo dia
Até o próximo dia ao dia seguinte
Até o dia seguinte ao próximo dia
Até o próximo dia ao dia seguinte
Até morrer, até morrer
Até espumar, até ferver
Até morrer, até morrer
Até secar, até apodrecer
Agonizando, agonizando
Agonizando, agonizando
Agonizando
Agonizando
De Olhos Fechados
Eu não sei
Eu não quero saber
Eu não quero saber o que
se passa na sua cabeça
Eu não quero saber o que se passa na sua
cabeça quando você está dançando
De olhos fechados
De olhos fechados
Eu não penso
Eu não fico pensando
Eu não fico pensando no que
se passa na sua cabeça
Eu não fico pensando no que se passa na sua
cabeça quando você está dançando
De olhos fechados
De olhos fechados
Fazer o quê?
Não quero água, eu quero sede
Não quero cabeça, eu quero parede
Não quero água, eu quero sede
Não quero cabeça, eu quero parede
Fazer o que, eu vou fazer o que
Fazer o que, o que é que eu posso fazer?
Fazer o que, eu vou fazer o que
Fazer o que, o que é que eu posso fazer?
Não é pior do que parece ser
Não é pior do que parece ser
Foda-se!
Foda-se!
A Verdadeira Mary Poppins
Do que é que vocês estão rindo?
O que é que vocês estão olhando?
Do que é que vocês estão rindo?
O que é que vocês estão falando?
Eu sei que estou fedendo
Eu sei que estou apodrecendo
Eu sei que estou fedendo
Eu sei que estou apodrecendo
Eu sou o rei Salomão
Eu sou John Kennedy
Eu sou Raul Seixas
Eu sou Jimi Hendrix
Mesmo que ninguém escute
Mesmo que ninguém ouça
Mesmo que ninguém acredite
No que sai da minha boca
Eu sou o verdadeiro Bruce Lee
Eu sou o verdadeiro Bob Marley
Eu sou o verdadeiro Peter Sellers
Eu sou a verdadeira Mary Poppins
E eu sei que estou fedendo
Eu sei que estou apodrecendo
Eu sei que estou fedendo
Eu sei que estou apodrecendo
Eu sou o rei Salomão
Eu sou John Kennedy
Eu sou Raul Seixas
Eu sou Jimi Hendrix
Eu sou o verdadeiro Bruce Lee
Eu sou o verdadeiro Bob Marley
Eu sou o verdadeiro Peter Sellers
Eu sou a verdadeira Mary Poppins
Felizes são os peixes
Tanto faz
É igual
Felizes são os peixes
Felizes são os peixes
Tanto faz, é igual
Tanto faz, é igual
Felizes são os peixes
Felizes são os peixes
Nada, nada, nada, nada
Tempo pra gastar
Tenho tempo pra gastar
Tenho tempo pra passar a hora
Tenho tempo pra desperdiçar
Tenho tempo pra jogar fora
Tempo de sobra pra levar
O tempo que resta pra ir embora
Tempo de sobra pra esperar
O tempo que resta a partir de agora
Eu realmente nâo sei
Que horas são
Eu realmente nâo sei
Que horas são
Tem lugar de sobra até aonde posso ver
Tem espaço bastante pra se perder
Tem lugar de sobra até aonde posso enxergar
Tem espaço bastante pra ter que parar
Tenho o dia inteiro pra andar
Eu quero o dia todo pra andar sem direção
Tenho quatro paredes pra derrubar
Eu quero quatro paredes pra pôr no chão
Eu realmente não sei em que mês estamos
Eu realmente não sei qual é o dia do ano
Eu realmente não quero saber
Fu realmente náo quero saber
Eu realmente não quero saber
Eu realmente não quero saber
Eu realmente não quero saber
Eu realmente não quero saber
Dissertaçâo do Papa sobre o crime seguido de orgia
O assassinato é uma paixão como o jogo, o
vinho, os rapazes e as mulheres, e jamais
corrigida se a ela nos acostumar-mos.
O crime é venerado e posto em uso por toda a
terra. De um pólo o outro se imolam vidas
humanas.
Quase todos os selvagens da América matam os
velhos se os encontram doentes. É uma obra de
caridade por parte do filhos.
Em Madagascar, todas as crianças nascidas às
terças, quintas e sextas feiras são abandonadas
aos animais ferozes.
Constantino, imperador tâo severo e querido dos
cristãos, assassinou o cunhado, os sobrinhos, a
mulher e o filho.
Nos mares do Sul, existe uma ilha em que as
mulheres são mortas como criaturas inúteis ao
mundo quando ultrapassam a idada de procriar.
Em Capo Di Monte, se uma mulher dá à luz a
duas crianças gêmeas marido logo esmaga
uma delas.
Quando Gengis Khan se apoderou da China
mandou degolar à sua frente dois milhões de
crianças.
Os Quóias furam as costas das vítimas a
pancadas de azagaia, em seguida cortam o
corpo em quartos e obrigam a mulher do morto
a comê-lo.
Os Hurôes penduram um cadáver por cima do
paciente, de maneira a que possa receber na
cara toda a imundíce que escorre do corpo
morto, atormentando assim o desgraçado até
que ele expire.
Os Irlandeses esmagavam as vítimas. Os
Noruegueses perfuravam-Ihes o crânio. Os
Gauleses partiam-Ihes a bacia. Os Celtas
enfiavam-Ihes um sabre no esterno.
Apuleio fala do tormento de uma mulher cujo
pormenor é bem agradável, coseram-na com a
cabeça de fora, dentro da barriga de um burro
ao qual tinham sido arrancadas as entranhas.
Deste modo foi exposta aos animais ferozes.
Taxidermia
Se eu estivesse embrulhado em papel alumínio
Se eu tivesse o seu grupo sanguíneo
Se eu estivesse embrulhado em papel alumínio
Se eu tivesse o seu grupo sanguíneo
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famosn
Náo quero ser útil, quero ser utilizado
Não quero ser útil, quero ser utilizado
Inutilizado, inutilizado
Inutilizado, inutilizado
Em pedaços de plástico, em pedaços de acrílico
Se eu tívesse seus olhos, se eu tivesse seus
cílios
Em pedaços de plástico, em pedaços de acrílico
Se eu tivesse seus olhos, se eu tivesse seus
cílios
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Náo quero ser útil, quero ser utilizado
Não quero ser útil, quero ser utilizado
Fossilizado, fossilizado
Fossilizado, fossilizado
Se eu tivesse sua cara, se eu tivesse seu gosto
Se eu tivesse sua cor, se eu tivesse seu rosto
Se eu tivesse sua cara, se eu tivesse seu gosto
Se eu tivesse sua cor, se eu tivesse seu rosto
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Se eu tivesse seus olhos eu seria famoso
Eu não aguento
(Boneka/Cassio/Trambolho - Banda Tiroteio)
Partipação especial de Sérgio Boneka
Introdução: SANGUE LATINO
(João Ricardo - Paulinho Mendonça)
Eu não aguento, não aguento
Eu não aguento, não aguento
é de noite, é de dia
mão na cabeça e documento
Eu vou me embora para a Ilha, fazer a cabeça
sob o Sol que irradia, queimando em ritual
É na batida do reggae, com o cabelo trançado
Eu tô livre na vida, o que é que há de erradoi
com a noite que brilha, o que é que há de errado
com a noite que brilha?
Domingo
(T.Belloto/S. Britto)
Não sei o que fazer
Não sei o que fazer
Eu saio por aí
Sem ter aonde ir
Não é sete de setembro
Nem dia de finados
Não é sexta-feira santa
Nem um outro feriado
E antes que eu esqueça aonde estou
Antes que eu esqueça aonde estou
aonde estou com a cabeça?
Tudo está fechado
Tudo está fechado
Domingo é sempre assim
E quem não está acostumado?
É dia de descanso
Nem precisava tanto
É dia de descanso
Programa Silvio Santos
E antes que eu confunda o domingo
Antes que eu confunda o domingo
O domingo com a segunda
Domingo eu quero ver o domingo passar
Domingo eu quero ver o domingo passar
Domingo eu quero ver o domingo passar
Domingo eu quero ver o domingo passar
Até o proximo, até o proximo, até o proximo domingo
Tudo o que Você quiser
(B. Mello/C. Gavin/S. Britto)
Pode escolher
Pode escolher por mim
Pode resolver
Pode resolver por mim
O que fazer
O que falar e quando ouvir
O que dizer
Com quem andar e aonde ir
Pode responder
Pode responder por mim
Pode decidir
Pode decidir por mim
O que fazer
O que falar e quando ouvir
O que dizer
Com quem andar e aonde ir
Tudo o que você quiser, tudo o que você disser
Tudo o que você quiser
Tudo o que você quiser, tudo o que você disser
Tudo o que você quiser
Rock Americano
(Mauro e Quitéria) - Adaptação - S.Britto
Eu vim lá de Parise
Eu vim lá de Parise
Eu sou Riouropeu
Mas é na Califórnia
Eu sou Riouropeu
Mas era Americano
Ou Panamericano
Eu vim da Califórnia
Mas é na Casa Branca
Eu falo era em Latino
Eu vim do continente
Falando italiano
Mas era em Francesi
Falava japonês
Falava mais englesi
Falava era Francês
Mais outro número.........
Eu não sou bola de bilhare
Mas era o sinucão
Mais outro número.........
É noite de blecau
É noite de blecau
Tudo em Dia
(A.Antunes/B.Mello/S.Britto)
Vou comprar uma casa, vou ganhar dinheiro
Vou pensar no futuro, vou fazer um seguro
Vou ganhar o pão nosso de cada dia
Vou por tudo o que tenho na garantia
Vou ter conta no banco, vou trabalhar no escritório
Vou tomar um chope, vou tomar sorvete
Vou tomar remédio, que maravilha
Vou casar e constituir família
Vou andar de táxi, vou deixar o troco
Vou pagar os impostos, vou por os filhos na escola
Vou ser respeitado, vou engraxar o sapato
Vou botar o chinelo, vou sentar na poltrona
Vou jantar na melhor churrascaria
Vou pedalar domingo na ciclovia
Vou ter conta na mercearia
Vou gozar a aposentadoria
Vou ter CIC, eleitor, reservista, RG
Automóvel, TV
Crediário, poupança, carnê
Tudo em dia, tudo em dia
Tudo em dia, tudo em dia
Vámonos
(S.Britto)
A nosotros nos tratan como mierda de cerdo
(putas y gorgos-sangre podrida)
Y nos usan pa limpiar el culo
Hijos de perra, rockeros maricones!
No les gusta mi color
No les gusta mi color
No les gusta como hablo
No les gusta como hablo
Vamos, vamos, vamonós
Vamos, vamos, vamonós
No entienden lo que digo
No me quieren entender
No entienden lo que digo
No me quieren entender
Vamos, vamos, vamonós
Vamos, vamos, vamonós
Adios-me voy
Adios-me voy
Hasta donde vamos, hacia donde vamos
No lo se, no lo se
Hasta donde vamos, hacia donde vamos
No lo se, no lo se
Vamos, vamos, vamonós
Vamos, vamos, vamonós
Si nos tratan como putas
Si nos tratan como perros
Vamos, vamos, vamonós
Vamos, vamos, vamonós
Eu não vou dizer nada (Além do que estou dizendo)
(S.Britto/P.Miklos/C.Gavin/T.Belloto/M.Fromer/N.Reis)
Eu não vou falar de amor
E nem vou falar do tempo
Eu não vou dizer nada
Além do que estou dizendo
Eu não vou dizer
O que realmente penso
Até mesmo porque
Não tenho nada a dizer
Eu não vou dizer
O que realmente sinto
Até mesmo porque
Não é o que eu quero fazer
Eu não vou falar de culpa
E nem de arrependimento
Mas só do que eu digo agora
E aqui neste momento
Eu não vou falar
De novo o que eu falei
Eu não vou falar
De mim nem de ninguém
Eu não vou falar
De coisas que eu não sei
E nem vou falar
Do que eu conheco bem
Eu não vou contar uma história
E nem vou dar explicação
Eu não vou falar de flores
E nem da televisão
Eu não vou falar de nada
Eu não vou falar de nada
E isso é só o que basta
Pra fazer esta canção
O Caroço da Cabeça
Nando Reis/Marcelo Fromer/Herbert Vianna
Pra ver os olhos vão de bicicleta até enxergar
Pra ouvir as orelhas dão os talheres de escutar
Pra dizer os lábios são duas almofadas de falar
Pra sentir as narinas não viram chaminés sem respirar
Pra ir as pernas estão no automóvel sem andar
E o que é que estão fazendo as crianças
Dentro do colégio?
Já que o sol está brilhando como nunca
Do lado de fora da sala de aula
E há uma única pétala vermelha na haste dessa
Rosa que continua bela, gritando...
E os ossos serão nossas sementes sob o chão
E dos ossos as novas sementes que virão
Ridi Pagliaccio
Toni Bellotto/Branco Mello/Sérgio Britto
Ridi pagliaccio
Ridi di che?
Ridi paglicaciio
Ridi de me
Ridi - Non c'é diferenza
Ridi - A me non me importa
Ridi - Co munque é lo stesso
Ridi - Ridi di piu, ridi di piu
Non mifrega el tuo rispetto
Di te sono lontano
Non voglio la tua testa
Non prendo la tua mano
É meglio che sia cosi
Ridi di piu, ridi di piu
Figurati
Qualquer Negócio
Sérgio Britto/Paulo Miklos/Charles Gavin/Toni Bellotto/Branco Mello/Marcelo Fromer
Está ao alcance das mãos - experimente
Como é antigo o passado recente
Dentro de mais alguns instantes
De novo tudo igual ao que era antes
Sem conservante, cem por cento natural
Cada um é se próprio animal
Troque a armação e leve grátis as lentes
O que os olhos não vêem o coração não sente
O sexo do homem que é mulher
Até mesmo o que você não quer
O Espírito Santo está na sua tevê
O pior cego é aquele que não quer ver
Compra-se tudo, tudo se vende
É conversando que a gente se entende
Você pode ser a namorada do Brasil
De novo pra você o que você nunca viu
E antes de ir, doe aqui o seu coração
Guarde o que tem agora para a próxima encarnação
Morreram Sérgio de Britto Álvares Afonso e Charles de Souza Gavin
Desaparecido Paulo Roberto de Souza Miklos, desde sábado de manhã
Dentro de mais alguns segundos
Pra você, agora sim, um novo mundo
A estátua da Nossa Senhora que chora
Estamos abertos vinte e quatro horas
Para crianças, jovens e adultos
A nossa mais nova linha de produtos
Os cavaleiros do Zodíaco estão aqui
O sorriso do homem que não sorri
Divirta-se, você é o que você come
Aqui é o paraíso para mulheres e homens
E antes que mais um dia acabe
De novo pra você tudo como já se sabe
Dinheiro é bom, dinheiro é bom até assim
Ainda é muito bom, mesmo quando é ruim
Se você não provou, um dia ainda vai provar
É fácil dizer, difícil é acreditar
E quem é que quer ver as coisas como realmente são?
Sempre tem alguma farmácia que fica aberta de plantão
Internados Joaquim Claudio Corrêia de Mello Júnior e José Fernando Gomes dos Reis
Detidos Antonio Carlos Liberalli Bellotto e Marcelo Fromer, desde o último dia seis
Libertado Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho, poeta e compositor
Que havia sido sequestrado ao sair de um baile funk no Morro Chapéu Mangueira na Zona Sul no Rio de Janeiro
Brasileiro
Branco Mello/Charles Gavin/Sérgio Britto/Toni Bellotto
Sonhe com os anjos
Pague seus pecados
Conte com a sorte
Jogue nos cavalos
Fale português
Troque de canal
Peça de joelhos
Pule o carnaval
Brasileiro
Brasileiro
Faça sua cabeça
Venda ao ferro velho
Confie em mais ninguém
Leia o evangelho
Cuide dos seus dentes
Jogue futebol
Queime sua pele
Debaixo do sol
Brasileiro
Brasileiro
Um Copo de Pinga
Folclore Popular/Sérgio Britto
Na segunda eu planto a cana
Na terça amanhece nascendo
Na quarta eu colho a cana
Na quinta eu faço o engenho
Na sexta eu faço a pinga
No sábado eu amanheço bebendo
No domingo minha mãe disse meu filho pára de beber
Essa sina eu vou cumprir até morrer
Da garrafa eu faço a vela
Da prateleira eu faço o caixão
Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão
Eu quero é que me enterrem com um copo de pinga na mão
Turnê
Charles Gavin/Sérgio Britto/Branco Mello/Nando Reis
Vôo quatro, cinco, sete
Galeão, Guarulhos
Vôo sete, meia, cinco
Confins, Dois de Julho
Dia treze de setembro
Ao meio dia e meia
Dia quinze de agosto
Às quinze para as oito
Não sei quando nem aonde
Não sei como nem porque
Não sei quando nem aonde
Não sei, não quero saber
Um dia cospem na minha cara
Um dia beijam o meu pé
Meia hora pra comer
Qualquer coisa, o que tiver
Um dia cospem na minha cara
Um dia beijam minha mão
Meia hora pra dormir
Isso é tudo que me dão
Vitória, Maceió
São José dos Campos
Goiânia, Cuiabá
Juiz de Fora, Santos
Quarto dois, zero, meia
Quilômetro vinte e três
Quarto nove, zero, sete
Quilômetro vinte e seis
Não sei de onde estou vindo
Não sei pra onde estou indo
Uns Iguais os Outros
Charles Gavin/Sérgio Britto
Os homens são todos iguais
Os homens são todos iguais
Ingleses, indianos
Africanos contra africanos
Aos humildes o reino dos céus
Ao povo alemão e ao de Israel
Putas, ladrões e aidéticos
Católicos e evangélicos
Todos os homens são iguais
Brancos, pretos e orientais
Todos são filhos de Deus
Os pretos são os judeus
Cristãos e protestantes
Kaiowas contra xavantes
Árabes, turcos e iraquianos
São iguais aos seres humanos
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
Americanos contra latinos
Já nascem mortos os nordestinos
Os retirantes e os jagunços
O sertão é do tamanho do mundo
Dessa vida nada se leva
Nesse mundo se ajoelha e se reza
Não importa que língua se fala
Aquilo que une é o que separa
Não julgue para não ser julgado
Os pobres são pobres-coitados
São todos iguais no fundo, no fundo
As mulheres são os pretos do mundo
Tanto faz que cor que se herda
Seja feita a tua vontade no céu como na terra
Gays, lésbicas-homossexuais
Todos os homens são iguais
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
Os homens são todos iguais
Os homens são todos iguais
Os retirantes e os jagunços
O sertão é do tamanho do mundo
Aos humildes o reino dos céus
Ao povo alemão e ao de Israel
Não importa que língua se fala
Aquilo que une é o que separa
Todos os homens são iguais
Brancos, pretos e orientais
São todos iguais no fundo, no fundo
As mulheres são os pretos do mundo
Cristãos e protestantes
Kaiowas contra xavantes
Gays, lésbicas-homossexuais
Todos os homens são iguais
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
São uns iguais aos outros, são uns iguais aos outros
Pela Paz
(P.Miklos/S.Britto/B.Mello/C.Gavin/N.Reis)
Você espera sempre mais
Você não se conforma
Você não se satisfaz
Todo mundo diz acreditar na paz
E você acredita ou não
E então
O que você faz pela paz
O que você faz pela paz
O que você faz...
Todos são capazes da guerra
Mas ninguém luta por você
Você ainda esta sozinho
Ninguém acredita em ninguém
E você acredita ou não
E então
O que você faz pela paz
O que você faz pela paz
O que você faz...
Go Back
Sérgio Britto e Torquato Neto
* Trecho do poema "Farewell Y Sollosos" de Pablo Neruda
Versão Martin Cardoso
Aun que me llames
Aun que vayamos al cine
Aun que reclames
Aun que ese amor no camine
Aun que eran planes y hoy yo lo siento
Si casi nada quedo
Fue solo un cuento
Fue nostra historia de amor
Y no te voy a decir si fue lo mejor
Pues
Solo quiero saber lo que puede dar cierto
No tiengo tempo a perder
* Ya no se encantaram mis ojos em tu ojos.
Ya no se endulzara junto a ti mi dolor
Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
Y hacia donde camines llevarás mi dolor
Fui tuyo, fueste mia. Que más? Juntos hicimos
Un recodo en la ruta donde el amor paso
Fui tuyo, fuiste mia. Tu serás del que te amo.
Del que corte en tu hearto lo que hae sembrado yo
Yo me voy. Estoy triste. Pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No se hacia donde voy.
... Desde tu corazon me dice adios un niño
y yo le digo adios
Go Back em Titãs
Os Cegos do Castelos
Nando Reis
Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só trazem dor
Eu não enxergo mais o inferno
Que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho
O lugar
Pro que eu sou
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu nao espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
que restou
E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
Se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar
Eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar
Eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar
E de você e de mim
Nem 5 minutos guardados
Sérgio Britto / Marcelo Fromer
Teus olhos querem me levar
Eu só quero que você me leve
Eu ouço as estrelas conspirando contra mim
Eu sei que as plantas me vigiam do jardim
as luzes querem me ofuscar
eu só quero que essa luz me cegue
nem cinco minutos guardados dentro de cada cigarro
não há pára-brisa pra limpar, nem vidros no teu carro
o meu corpo não quer descansar
não há guarda-chuva contra o amor
o teu perfume quer me envenenar
minha mente gira como um ventilador
a chama do teu isqueiro quer incendiar a cidade
teus pés vão girando igual aos da porta estandarte
tanto faz qual é a cor da sua blusa
tanto faz a roupa que você usa
faça calor ou faça frio
é sempre carnaval no Brail
Eu estou no meio da rua
Você está com medo de tudo
O teu relógio quer acelerar
quer apressar os meus passos
não há pára-raio contra o que vem de baixo
tanto faz qual é a cor da sua blusa
tanto faz a roupa que você usa
faça calor ou faça frio
é sempre carnaval no Brasil
A Melhor Forma
Sérgio Britto / Paulo Miklos / Branco Mello
A melhor forma de esquecer
é dar tempo ao tempo
a melhor forma de curar o vício
é no início
a melhor forma de escolher
é provar o gosto
a melhor forma de chorar
é cobrindo o rosto
evitar as rugas
é não olhar no espelho
esvaziar o revólver
é puxar o gatilho
a melhor forma de esconder as lágrimas
é na escuridão
a melhor forma de enxergar no escuro
é com as mãos
as idéias estão no chão
você tropeça e acha a solução
Acabar com a dor
é tomar um analgésico
matar a saudade
é não olhar pra trás
a melhor forma de manter-se jovem
é esconder a idade
a melhor forma de fugir
é a toda velocidade
as idéias estão no chão
você tropeça e acha a solução
Não vou Lutar
Paulo Miklos / Sérgio Britto
Não vou lutar contra o que eu sinto
Vou me entregar como um soldado cansado e faminto
Não vou lutar contra o que eu sinto
Porque a verdade explode cada vez que eu minto
não posso mais viver em conflito
não vou negar o que é tão claro
Vou me entregar em tudo que eu faço, em tudo que eu falo
Não vou negar o que é tão claro
Porque a verdade explode mesmo quando eu me calo
não posso mais viver sem estar ao seu lado
Não vou lutar contra o que eu sinto
Não vou lutar contra o que eu sinto
A verdade explode cada vez que eu minto não posso mais viver em conflito
Não vou lutar contra o que eu sinto
Não vou lutar contra o que eu sinto
Querem meu Sangue / The Harder they come
Jimmy Cliff. versão: Nando Reis
Voz solo: Nando Reis e Jimmy Cliff
Dizem que guardam
um bom lugar pra mim no céu
Logo que eu for pro beleléu
A minha vida só eu sei como guiar
Pois ninguém vai me ouvir se eu chorar
Mas enquanto o sol puder arder
Não vou querer meus olhos escurecer
Pois se eles querem meu sangue
Verão o meu sangue só no fim
E se eles querem meu corpo
Só se eu estiver morto. só assim.
Well the oppressors
are trying to keep me down
Trying to make me fell like a clown
And they think that
they have got the battle won
I say forgive them Lord
they know not what they've done
Causa as sure as the sun will shine
I'm gonna get my share now. what's mine
And then the harder they come
The harder they fall one and all
The harder they come
The harder they fall one and all
And I'll keep on fighting for the things I want
Cause I know that when you're dead you can't
But I'd rather be a free man in my grave
Than living as a puppet or a slave
So as sure as the sun will shine
I'm gonna get my share now. what's mine
And then the harder they come
The harder they fall one and all
The harder they come
The harder they fall one and all
Querem Meu Sangue em Titãs