PROVAÇÕES

Rev. Ivan G. G. Ross

Parte do Livro Vasos de Honra ...


            “Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor de vossa fé, muito mais preciosa do que ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo; a quem não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1Pe.1:6-9).

 

            Neste texto, o Apóstolo Pedro está abordando o problema de provações na vida cristã. Embora algumas pessoas se recusem a aceitar a possibilidade de sofrimento na experiência do cristão, independente das nossas afirmações, eles existem. Esta é, portanto, a importância da palavra apostólica sobre o assunto. Cristo nos advertiu: “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo.16:33). E o Apóstolo Paulo, orientando as novas igrejas, mostrou que “através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus” (At.14:22).

            Provações são experiências que, de uma ou de outra forma, sempre acompanham a vida do povo de Deus. Por isso, no capítulo 4, versículo 12 desta carta, o Apóstolo Pedro continua insistindo: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo”. Pedro é bem claro quando fala sobre estas provações. Elas são destinadas a nos provar, isto é, revelar a presença de algo específico e, em nosso texto, este algo é a presença de uma fé operosa.

            O texto fala de várias provações, experiências que mexem com as profundezas espirituais. Podemos mencionar três tipos:

            O primeiro: perseguições, coerções destinadas a provocar um abandono da nossa confiança na singularidade de Jesus Cristo como Salvador de pecadores. O Apóstolo Paulo foi perseguido implacavelmente por causa de seu apego à unicidade de Jesus Cristo. Se ele tivesse feito alguns acréscimos à singularidade de Jesus e este crucificado, ele teria sido isento de perseguição (Gl. 5:11).

            O segundo tipo de provação: adversidades, circunstâncias negativas que nos fazem questionar a realidade do cuidado de Deus sobre as nossas vidas, tais como: acidentes, doenças inesperadas ou a morte repentina dos nossos queridos. É tão comum ouvir: “Se Deus estivesse presente cuidando de nós, este problema não teria acontecido”.

            O terceiro tipo é a solidão espiritual, quando nos sentimos abandonados pelo irmão na fé. Uma visita, uma palavra amiga, torna-se tão preciosa! O Apóstolo Paulo experimentou esta solidão na prisão em Roma: “Todos me abandonaram”, mas não são todos os que podem confessar: “Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” (2Tm. 4:16-17). De fato, podemos passar por várias provações, mas vamos examinar a finalidade destas experiências.

 

1. O Motivo nas Provações.

 

            O motivo das provações para o Apóstolo Pedro é bem específico: a confirmação do valor da nossa fé. A nossa fé em Cristo tem de ser bem mais operosa do que uma mera palavra de crença. Ela tem de ser uma experiência vivida: Cristo em nós, a esperança da vida eterna (Cl. 1:27). E, para chegar a esta maturidade, a fé tem de passar por processos de purificação, e um destes é a provação.

            Pedro compara a fé inicial com o ouro bruto. Ele tem seu valor relativo, porém, a sua preciosidade é descoberta somente depois de ser passada pelos processos de purificação. De modo semelhante, o valor da nossa fé, uma vez confirmado, torna-se muito mais precioso do que o ouro perecível. Esta fé cresce e fica mais operosa quando passa pelo fogo ardente do sofrimento. Precisamos de uma fé fortalecida para vivermos dignamente a vida cristã.

            Na experiência de cada cristão surgem oportunidades que precisam ser avaliadas para que Jesus Cristo receba a prioridade absoluta. São ocasiões de decisões, momentos de provarmos as nossas preferências.

            Demas, um dos primeiros co-obreiros do Apóstolo Paulo, enfrentou o poder de uma destas oportunidades. Ele escolheu os prazeres “deste século” e abandonou a sua esperança em Jesus Cristo. Demas representa aquela semente que caiu entre espinhos, quando os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocaram a palavra, e esta ficou infrutífera (Mt. 13:22; 2Tm. 4:10) Ele quis desfrutar dos benefícios de Cristo sem assumir as responsabilidades inerentes a este privilégio.

            O Apóstolo Paulo era um jovem ambicioso e teve a oportunidade de ser um homem de destaque na vida poítico-religiosa de Israel. Mas, indo para Damasco, recebeu uma nova opção quando teve um encontro pessoal com Jesus Cristo. Ele não podia ficar neutro diante deste desafio. Eis o seu raciocínio naquela crise: “Mas o que para mim era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo” (Fl.3:7-8). No momento de decisão, ele deu a prioridade a Jesus Cristo, seu Senhor e Salvador. A provação nos constrange a tomar uma atitude: sim, tudo darei a Jesus Cristo, aquele que me amou e a si mesmo se entregou por mim (Gl. 2:20).

 

1. O Movimento nas Provações.

 

            A provação sempre pede uma ação da nossa parte. Nós não somos passivos diante do sofrimento, temos de agir, temos de fazer alguma coisa.

            Quando Cristo estava orientando com respeito às tribulações, Ele acrescentou: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei as vossas cabeças; porque a vossa redenção se aproxima” (Lc.21:28). Na hora da provação teremos, pelo poder da nossa fé, forças para levantar os nossos olhos e contemplar as perfeições daquele que nos ama.

            Este ato de levantar os nossos olhos produzirá três realidades: primeiramente, teremos uma impressão mais nítida de Jesus Cristo, nosso Salvador, “a quem não havendo visto, amamos”(1Pe. 1:8). As provações são destinadas para fortalecerem a nossa fé e para aumentarem o nosso apego a Cristo. Na hora da precisão, com os olhos levantados, experimentaremos que Cristo é poderoso para suprir cada uma das nossas necessidades (Fl. 4:19). Em segundo lugar, teremos uma certeza mais ampla da suficiência do auxílio de Cristo, “ no qual, não vendo agora, mas crendo” (1Pe. 1:8).  Em plena consciência das tribulações que podem cair sobre nós, o Apóstolo Paulo testemunhou: “Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou” (Rm. 8:37-39).  E, finalmente o ato de levantar os nossos olhos produzirá uma alegria indizível e cheia de glória inundando os nossos corações. Teremos uma paz que excede todo entendimento firmando a nossa alma. Com esta experiência, a dor da provação recuará e teremos forças para permanecer inabaláveis na fé. Sim, podemos ser mais que vencedores. 

           

1. O Momento nas Provações.

 

            O grande momento nas provações é a salvação das nossas almas e, para isto, precisamos de uma fé forte e confirmada. Uma fé fraca e inexperiente fica logo vencida e perde a bem-aventurança da salvação pela fé em Jesus Cristo.

            Provações são permitidas por Deus e usadas para experimentar e para fortalecer a nossa fé, a fim de que tenhamos vitória em toda e qualquer dificuldade. O Apóstolo João afirma: “Todo aquele que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a fé”, uma fé purificada pelas provações.

            Devemos nos lembrar que o grande fim da nossa fé, como já foi dito, é a salvação das nossas almas. Reconhecemos que perseguições já mataram os corpos de muitos cristãos, porém, em nenhum momento eles recearam se entregar à morte, porque tinham a certeza da salvação de suas almas. De qualquer forma, o nosso corpo terá de experimentar a morte, mas o importante é a salvação da nossa alma. Por que nós não temos medo de entregar o nosso corpo à morte? O Apóstolo Paulo responde: “Porque o estar com Cristo é incomparavelmente melhor” (Fl.1:21-23). Somos felizes quando podemos confessar: “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas” (Fl.3:30-21).

            É tão fácil citar para alguém em dificuldades: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8:28). Mas, quando nós mesmos estamos passando por várias provações, temos a mesma certeza de que todas as coisas cooperam para o nosso bem? Inclusive aquela provação que não tem nenhuma explicação razoável?

            Vamos renovar a nossa esperança, crendo que Deus permite tribulações para fortalecer a nossa fé, para nos fazer chegar mais perto de Jesus Cristo, porque somente nEle é que alcançamos a salvação da nossa alma.

 

     

 

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Rev. Ivan Gilbert Graham Ross

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