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O Deus de Chifres

Quando ouvimos falar em Deus de Chifres, logo ficamos surpresos ou assustados. Pois crescemos ouvindo pais, amigos e outros, dizerem que chifre é coisa de diabo!!
Bobagem!
O Culto do Deus de Chifres vem de séculos, a sobrevivência de raças que veneravam o Deus, foi o principal motivo pelo qual ele está vivo, ainda nos dias de hoje!
O Deus de Chifres era proeminente, pois tanto para grupos que viviam da caça quanto para os que viviam do pastoreio, os animais eram essenciais para sua existência. As venerações por esses animais fortes e com chifres estão desenhadas em cavernas, onde hoje podemos constatar. Esse povo cultuava, a força, a garra, a coragem, a floresta, o êxtase.
Foi só com o surgimento do Cristianismo, com sua doutrina fundamental de que uma divindade não-cristã era um demônio, que o culto Ao Deus de Chifres caiu em descrédito.
A idéia de dividir o poder do Além em dois, sendo: um bom e o outro mau faz parte de uma religião mais moderna como o cristianismo. Pois em tempo remotos, como no paganismo, nos cultos mais primitivos, a divindade é sozinha, sendo ela um todo, possuindo em si atributos tanto do bem quanto do mal. É o que chamo de polaridades, as duas faces da moeda. Todos temos dois lados, temos nossos sentimentos, e nem sempre são sentimentos apenas de plenitude, quem não se irrita, ou sente mágoa vez ou outra?
Com a chegada do cristianismo é que fizeram o Deus dividido, em duas partes. O bem e o mal, um contra o outro! Com o cristianismo, o Deus cultuado e venerado até então, caiu, passando a ter apenas atributos negativos, deixando apenas um Deus cristão sem polaridade, apenas as boas qualidades, cheios de atributos positivos, enquanto o antigo tomou uma posição inferior e passando a ser visto como o gerador do mal.
Vou dar como exemplo o antigo Egito, onde a queda de um Deus que ocupava uma posição elevada para a de “demônio” é bem ilustrada pelo Deus Seth, que nos primeiros tempos concedia tantas dádivas quanto Osíris (seu irmão), mas depois passou a ser tão execrado que, exceto na cidade de seu culto específico, seu nome e imagem foram implacavelmente destruídos. No estudo do Deus de Chifres, é preciso ter em mente essa queda da condição de Deus para a de demônio. Uma separação, uma divisão da divindade única do paganismo para a condição cristã, conforme suas necessidades e vantagens.
Em tempos remotos, as divindades eram providas de toda a força, imunes a influências externas. Inúmeros templos para Deuses com Chifres eram construídos e venerados, como por exemplo, Mercúrio que era conhecido por seus adoradores como Dumus.
Cernunnos, apesar do nome latinizado, também era venerado e adorado, foi encontrado em todas as partes da Gália.Cernunnos, se comparado a outras divindades, era um grande possuidor de poderes de proporção colossais. Para nós que somos neopagãos, Cernunnos contínua vivo e com seus poderes.
Portanto, uma coisa é sabida, embora os governantes de épocas passadas professassem o cristianismo, a grande massa do povo cultuava os deuses antigos, ainda que escondido. Veneravam ao Deus e praticavam ritos pagãos.
A condição política do passado foi a responsável por uma linha divisória entre o cristianismo e o paganismo. A classe mais elevada, por motivos inúmeros, o qual não citarei para não ser extenso, acabou por aderir ao cristianismo e dar apoio à igreja. Os camponeses, os que eram mais simples e moravam em lugares distantes, continuavam seus cultos longe do centro da civilização.
No século XIII, a igreja iniciou o prolongado conflito com o paganismo na Europa ao declarar que “feitiçaria” era uma “seita”. Pois para os cristãos, a pratica ritualística dos pagãos era denominada como feitiçaria, bruxaria! E isso, era coisa do diabo!
Um bispo de nome Coventry no ano de 1303, precisou dar um jeito de escapar do julgamento da época, pois provavelmente pertencia a ambas religiões. Porém, em 1323, o bispo de Ossory julgou a dama Alice Kyteler em seu tribunal eclesiástico pelo crime de cultuar uma divindade que não era o Deus cristão.As provas demonstraram a verdade da acusação, que parece não ter sido negada pela dama, mas ela era de condição social elevada demais para ser condenada e escapou das mãos do bispo. Mas não aconteceu o mesmo com vários outros seguidores do paganismo, o mais simples, com menos poder aquisitivo e cultuadores do Deus de Chifres, morreram na fogueira por não concordar com a igreja. E assim uma sucessão de atrocidades.
Deuses de Chifres eram comuns na Mesopotâmia, tanto na Babilônia quanto na Assíria. Porém esse foi um tempo onde a igreja não tomara posse, nem domínio de seus seguidores.
Chifres eram um sinal de divindade.
Assim verificamos que o antigo Deus passa a ser chamado de Diabo pelos autores cristãos da idade Média!
O Deus do paganismo está longe da figura demoníaca que cristãos criaram. O Deus de Chifre representa a fertilidade, o êxtase, a caça, a força, a garra e coragem. Infelizmente existe uma distorção na história, porém, algo que vem sendo seguido até os dias de hoje.
Dentro da Wicca o Deus de Chifre aparece como filho e consorte da Deusa. Tendo ele suas faces e aspectos, assim como a Deusa. O Deus passa a fazer parte da Deusa, e juntos mantêm o equilíbrio do universo.
O Deus e a Deusa, o Divino masculino e Feminino são como as mãos esquerda e direita.
As religiões orientais foram as que melhor conceitualizaram essa compreensão do simbolismo do Yin e Yang, onde o ponto preto do Yin aparece no meio-círculo do Yang, e o ponto branco do Yang, aparece no meio-círculo preto do Yin.
Não podemos então ignorar o papel do Deus, o Divino masculino, pois ele tem um papel muito importante a desempenhar. A natureza primeira do Deus é o êxtase, enquanto a natureza primeira da Deusa é o movimento. Assim, um é complemento do outro.
Espero que em poucas linhas eu possa ter clareado um pouco a mente de todos vocês sobre o Deus de Chifres, que até hoje, sofre preconceitos. No Link “Deuses e Deusas”, vocês encontrarão algumas faces e aspectos do Deus.
Abraços e benção de Cernunnos
“Lâmia Thalassa” ®


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