Se ele olhasse para os olhos dela daquele jeito, por mais uma vez apenas, talvez ela se desmanchasse. Provavelmente, por esse motivo, ela estivesse com dúvida. Dúvida em criar oportunidade para olhar e, criada a oportunidade, realmente olhar. E, se olhasse, o olhar seria demorado? Seria envergonhado ou assanhado? Poderia ser também um olhar calado, incógnito olhar. Essa era a primeira de muitas "decisões". As outras dependeriam única e exclusivamente da primeira. Por isto, esta "primeira escolha" era tão importante para ela. Ouvi dizer que ela tinha um relativo medo, um considerável temor em olhar para ele e perceber que ele a olhava, porque, apesar de desejar isso, sabia que esses olhares cruzados poderiam de fato levá-la a uma ação inconveniente. Se digo para você que ela revelou-me - ao pé do ouvido - que só poderia olhá-lo e nada mais, nós dois, eu e você, podemos chegar à conclusão de que o único escape da atração dela eram os olhares, muitas vezes tímidos é verdade. Mas o que mais a atormentava não era o fato de poder apenas olhá-lo, na maioria das circunstâncias, mas sim o que os olhares cruzados faziam. Sim! O olhar dela queria expressar e o olhar dele queria, também, dizer alguma coisa. |