A ousadia do ator Luis Melo não se limita aos papéis marcantes que representa, sejam na televisão, no cinema ou nos palcos. O risco de criar um núcleo permanente de pesquisa teatral, fora do eixo Rio-São Paulo, é pequeno se levarmos em consideração o retorno esperado por Melo. Revigorar as artes cênicas é algo que transcende o prazer para o ator.
O Ateliê de Criação Teatral (ACT), criado por Luis Melo, em Curitiba, reflete os anseios de atores apaixonados pelas artes cênicas. "O sonho de todo ator é ter um espaço para poder desenvolver um trabalho que faça você envelhecer dignamente", revela. Coordenado por Melo, Nena Ioue e Fernando Marés, o Ateliê visa o aprofundamento na arte e na técnica do ator.
Após amadurecer onze anos nas mãos do diretor Antunes Filho, Melo finalmente conseguiu realizar seu projeto de montar um núcleo permanente de pesquisa, onde são desenvolvidas oficinas de teatro, cenografia, encontros de caráter multi-área (teatro, música, vídeos, artes plásticas, dança e cultura popular). Para ele, "regras não interessam para o artista, regras limitam".
"Quando o ator percebe a importância da sensibilidade de uma obra de arte, de uma pintura, de uma escultura , isto é uma abertura", reflete Melo. No ACT, as pessoas podem trabalhar todos os aspectos do sentido; o cheiro, o gosto, o som. A tendência no teatro, segundo o ator, é que haja uma integração de todas as artes para que o trabalho se torne completo do ponto de vista cultural. "Para a criação evoluir você tem que romper com determinadas regras", diz.
Os trabalhos desenvolvidos em Minas, como o Corpo, o 1º Ato e o Galpão, são experiências positivas que proporcionam uma abertura cultural enorme, segundo Melo. "Até o pão-de-queijo de Minas sabe a importância que tem. A cachaça mineira sabe que no exterior as pessoas vão conhecer Minas através da cultura".
Mineiras
Suely Machado, bailarina, produtora e atual diretora do grupo 1º Ato coordena workshops sobre preparação cênica e dança contemporânea no Ateliê. Além de Suely, o ACT conta com a parceria da mineira Babaya, cantora e professora de técnica vocal. No primeiro espetáculo produzido pelo Ateliê, "Cãocoisa e a coisa homem", Babaya ficou responsável pela preparação vocal dos atores. "A técnica que ela desenvolve é interessante para nosso trabalho", destaca Melo. Para o ator, estes grupos de investigação e pesquisa são uma nova perspectiva que revigora o teatro brasileiro. "São trabalhos importantíssimos que estão dando uma nova cara ao teatro, independente de ser em Minas, São Paulo, Rio, Curitiba, ou na Paraíba, com o grupo Piolim, por exemplo". |
