Estava com sono quando acordei. Talvez porque, quando dormi, algum pensamento não me saia dos sentidos. Será que dormi? Será que sonhei? Pode ser que agora que acordei esteja sonhando (ou tendo um pesadelo). Estas manias de realidades paralelas ainda vão me enlouquecer. São devaneios despidos de moral. São abstratos demais para serem definidos e palpáveis o suficiente para incomodar o coração inquieto de alguém como eu ou você. Pode ser uma abstração ou uma fantasia. Pode ser uma loucura travestida de verdade ou uma doçura fantasiada de nicotina.
Levantei e fui dormir um pouco, pois meu cansaço era inquietante. Tinha a noite toda pela frente. Antes de dormir, tomei um café para tranqüilizar-me. Peguei um pouco de água para ligar um incenso de jasmim. Aromatizar o ambiente descontraído que desejava criar poderia facilitar meu desejo de acordar em meu sonho. Vesti uma roupa para adormecer e quando percebi já estava caminhando para chegar em algum lugar. Lugar o qual não sabia. Em primeiro lugar deveria abster-me de pensar na realidade como uma via de mão única ou susceptível à passividade. Exercícios práticos me ensinavam: o que a teoria constrói a gente faz questão de deformar no chamado “trabalho de campo”. Meia noite tomei outro café para me acalmar. Engraçado. Nunca vejo ninguém neste horário. Para dizer a verdade, nunca vejo ninguém diferente de mim. As pessoas são cópias perfeitas de minha pessoa, salvo exceções de personalidade e conhecimento. Cópias fisicamente perfeitas.
Cheguei em casa, acordei, me deitei e fui tomar um suco de maracujá para me agitar um pouco. Precisava estar disposta para encarar o dia todo. Coloquei o relógio para despertar às 10 da noite. Os massacres no plano astral iriam me consumir ininterruptamente, então decidi desligar um cigarro e apagar o coração. |