Quero que o buraco da minha ausência se preencha de lembranças. Que o ranger de teus dentes à noite sejam só pra mim. E que teu olhar distante me encontre numa estrela brilhante. Que o amanhecer caliente reconheça minha presença. Que admires a lua refletindo meu sorriso para ti. E que no travesseiro sintas meu cheiro misturado ao teu.
Enfim, que teu fim seja meu fim. Mas que, te faltando, te reconheça em minha folha branca. E te desenhar, rabiscar, apagar e redesenhar. Sempre. Construir – te – destruir. Quero que me leias em teu espelho. Quero te fazer e te desfazer em todos os ângulos. E do jeito que quiser, quando precisar de um pouco de arte nesta monotonia.
Flor de arrepio. De argila, moldada no verão. Paixão de fumaça dissipada no ar aconchegante do outono. Suposições energizam. Certezas apagam. Relação de utopia esvazia. Molhei-me para te secar no ar da maturidade. E tu, sem pestanejar, pegaste carona nas famosas asas dessa tal liberdade. Lembranças, passagem de volta. |