Não era preciso interromper as andanças para chutar o balde e o pau da barraca, quebrar a rotina, sair da toca, transformar o tatu bolinha em borboleta. Nem correndo, nem passeando, nem voando. Simplesmente andando, desfragmentando uma cara lavada qualquer, desembrulhando a ternura fálica de fulano, enterrando a lembrança insólita de ciclano, soprando no mar meias palavras de beltrano, esquentando no microondas a pseudo modernidade da monogamia saudosa, embalando no colo uma certa maturidade de utopia.
Não foi só.
Também escornava no peito a falsa fidelidade dos amantes, carregando nas costas pequenas cicatrizes. Não foi escolha. Foi circunstância. Não tropeçou na lascívia bondosa, na engordurada prosa, na proposta indecorosa, na língua melada, na alegria desmaiada deles, delas. Saiu de casa, saiu do casulo, saiu do escuro, de cima do muro. Entrou. Entrou não. Nada de entrar, introduzir, interiorar – pensou. Agora, vai enterrar, sepultar, abortar sem gerar. Sem existência, plenitude, atitude. Chega de meias verdades, basta de meias mentiras – rabiscou em um velho caderno. Saltar no abismo da prudência, sanidade da demência. |