CONTO

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Amor Perfeito

            Tudo começou quando conheci aquela garota, ela não era um exemplo de perfeição, mas para mim ela era uma deusa, a sua presença me irradiava a alma de felicidade, eu via que ela era única e eu precisava dela.
            Eu possuia um certo charme que atraía garotas, além de belo, possuia conhecimento que alimentava minha lábia, nunca tive problemas de arranjar uma namorada, quando eu a vi, pensei, "essa garota precisa ser minha...", aquele velho pensamento machista que erradia a cabeça de todos os homens ao conhecer uma garota de tamanha beleza.
            Eu imaginava que com ela, eu só precisaria convidá-la para ir ao cinema e ela correria para os meus braços. Afinal, eu já havia conseguido garotas mais facilmente. Mas algo estava errado, ela me afastou em todas as minhas tentativas de flertar com ela. Ela não me queria, mas eu comecei a desejá-la cada vez mais, e sabia que ela iria ceder um dia, da mesma forma que todas as outras garotas cederam.
            Porém, essa garota era diferente, quando eu a vi a primeira vez so havia notado a sua imagem, mas com o passar do tempo eu vi atraves de seus olhos uma alma tão bela quanto a sua voz sedosa, algo que me atraía cada vez mais, não era o exterior somente, mas o que havia por traz de sua beleza que se mostrava demasiadamente lindo. Nunca antes, eu pensei em encontrar tal garota, que conseguisse me sobrepujar com um simples olhar, com duas palavras, com um sorriso facial, ou apenas com a sua presença, sua beleza exterior e interior, incendiava meu coração de paixão.
        Eu sentia vontade de beijar gentilmente os lábios dela, de acariciar sua nuca descoberta, de abraçá-la sentindo seus seios contra o meu peito, de sussurrar palavras de amor em seu ouvido. Eu estava amando como nunca havia amado antes, e precisava revelar para ela o quanto eu gostava dela, mas eu possuia um problema, ela havia me conhecido a princípio como um "azarador", e agora, como eu poderia dizer que a amava sem parecer outra cantada.
        Não tive dificuldades em me tornar amigo dela, afinal eu já convivia com ela a algum tempo, nós estudávamos juntos, só não havia intimidade entre nós, bem como, eu não havia notado o quanto ela era bela. O nosso relacionamento era apenas de conhecidos, eu falava com ela, dava bom dia, a via todo dia, conversávamos sobre estudos, ela me tratava muito bem quando eu não tentava me aproveitar da situação para conquistá-la. Porém nunca havia falado seriamente com ela antes, nunca realmente, cheguei a conhecê-la, até o dia em que comecei a me aproximar dela sem maldade, nesse dia nós começamos a conversar sobre diversas coisas.
            Eu havia passado por uma metamorfose em minha mente, deixara de ser um otário para me transformar em um amigo. Durante nossas conversas comecei a notar que ela tinha muitos interesses em comum comigo, eu percebi sua beleza interior, que a vida era mais linda ao seu lado, que aquela garota bonita era um ser humano divino. Nós nos tornamos amigos, mas meu coração me dizia que eu não podia continuar nesse amor platônico, eu não resistiria viver sem beijar aqueles lábios, sem sentir o seu calor, sem falar eu te amo.
            A partir desse momento eu notei algo em mim fascinante, eu notei que era capaz de amar, que eu possuia o sentimento mais belo do ser humano, queimando dentro de mim com uma intensidade gigantesca. Eu a amava e precisava demostrar, e como um garoto enamorado pela primeira vez, eu comecei a insinuar meus sentimentos para ela, de forma sútil, inocente, esperando por um olhar, um sorriso, uma palavra que demostrasse que o sentimento era recíproco. Mas, por mais que eu flertasse com ela, eu não conseguia nada... ela gostava de mim, ria das minhas piadas, apreciava minha companhia, mas isso era o bastante para ela, não havia interesse da parte dela por mim.
            Eu comecei a agir como um tolo, fazendo coisas bobas para chamar sua atenção, e percebi que não agia corretamente, quando a vi se afastando. Pensei seriamente, e me ocorreu ser honesto com ela, tentei falar diversas vezes o quanto gostava dela, mas ela não me dava atenção. Eu fazia de tudo para conquistá-la, falei de amor, à respeito de namoro, sobre como amar, revelei meus segredos e demonstrei toda minha afeição por ela, não adiantava ela permanecia me ignorando como se nada tivesse feito. Eu não entendia, ela não tinha namorado, por que motivo ela não me deixava entrar em seu coração. Ela me dizia sempre que eu era um grande amigo, mas amizade não era suficiente, e ela não parecia entender isso.
            Uma depressão caiu sobre mim, eu realmente estava gostando de uma pessoa e ela não ligava para mim. Nesse instante tudo a minha volta desabava, eu não conseguia pensar em mais nada, somente nela. Eu pensava sobre o que eu tinha feito de errado, por que ela não gostava de mim. Me ocorreu que eu era o culpado, algo eu havia dito, me lembrei que antes de conhece-la de verdade, eu havia comentado com ela que eu não gostava de assumir compromisso com garota alguma, que para mim o que importava era o momento. Eu imaginava mil e um motivos para ela me desprezar. Comecei a me roer por dentro, com a idéia de que ela não se aproximava de mim, por causa da minha grande língua, da minha falta de tato, ó ignorância minha que me matava o coração. Eu me afogava no mar de meus sentimentos, e me culpava de não ser amado, eu estava destruindo todas as minhas esperanças. Não conseguia me concentrar, pensar direito, agir normalmente... ela depois me perguntou "o que acontecia comigo?", afinal eu sempre fui uma pessoa consciente, mas no momento eu parecia estar numa viagem à terra do desespero. Eu não conseguia dizer para ela, que ela era o motivo de tudo, mas algo precisava ser dito... foi então que sem querer, fiz algo que nunca me imaginei fazendo, escrevi uma poesia, mais um grito de desculpas, escrita para tentar dar a volta por cima, para tentar fazê-la acreditar que meus sentimentos eram verdadeiros, e mostrei para ela na esperança de encontrar um traço de emoção.
            Ela entendeu como uma desculpa, mas não pelo fato de eu não ter demostrado meu afeto por ela antes, não pelo fato de ter agido como se ela fosse carne a princípio, mais como uma desculpa por estar agindo estranhamente, por me tornar inseguro de repente. Me encontrava na mesma situação por mais que eu tentasse chegar ao coração dela, mais ela me ignorava.
            Durante uma semana eu me afastei dela, e ela não se incomodou com isso. Após essa semana, decidi procurá-la para dizer mais uma vez que o amor era lindo e que poderia acontecer entre nós, seria essa a minha última tentativa, esperança.
            Nós estávamos sozinhos, e eu confessei que gostava muito dela, que tudo que eu queria era que ela tivesse entendido o motivo de eu sempre falar sobre amor com ela, que queria namorá-la e que se pelo menos ela tivesse dito algo a respeito, eu já teria revelado minha paixão, que apesar de ter agido erradamente muitas vezes, que meu sentimento era verdadeiro. Ela me olhou carinhosamente, mas não me deu alegrias, ela confessou que havia notado que eu estava gostando dela, porém, eu não sabia o que era amor, e por isso não a merecia, dizendo por fim que eu era muito ingênuo.
            Uma fúria, um sentimento de abandono tomou conta de mim nesse instante, o que ela queria de mim? Por que ela não acreditava no meu amor? e acabei desabafando: "Nada mais que apenas palavras é o que se precisa para mostrar os sentimentos, tudo que eu lhe dizia era verdadeiro, e você considerou brincadeiras, simplesmente ignorou. Eu posso até não saber o que é amor, mas eu sei que todas as vezes em que você não estava por perto eu pensava em você, me sentia vazio sem a sua presença, eu queria você, eu precisava ouvir sua voz, sentir o seu perfume. O amor pulsou no meu coração durante esse tempo, era como óleo fervente correndo pelas minhas veias, toda vez que eu te via meu corpo incendiava de paixão. Toda vez que eu estava sem você, eu me sentia frio, recolhido, angústiado, amputado de carinho. Eu posso não saber o que é amor, mas eu aprendi a sofrer por amor, pois a sua desconsideração pelos meus sentimentos me tornou amargo, infeliz, deprimido".
            Com os meus olhos em lágrimas, por não ser amado, pedi a ela que saísse. Nesse instante notei que de sua face luminosa surgia um sorriso, e me afastei dizendo, "Além de me desprezar ainda debochas de mim, saia por favor", ela me disse que não estava debochando que ela ria porque finalmente encontrara uma pessoa que ela poderia amar com todo seu coração, e me disse que me amava em segredo, "Bobagem, o que foi agora está com pena de mim? Eu não preciso de sua piedade!", dizia eu, "Bobo é você! Sempre te amei, eu queria você, mas sempre pensei que você fosse incapaz de amar alguém, que você só queria se aproveitar de mim, eu não queria um falso amor, e não podia falar isso para você, pois tinha medo de não ser compreendida, ou pior enganada", ela me disse enxugando minhas lágrimas, e me beijando calorosamente.
            Nesse dia encontramos algo que não imaginávamos existir, encontramos a felicidade mútua, o amor perfeito, aquele amor onde não existe falsidade, não existe ilusões, não existe barreiras. O nosso temor em revelar nossos sentimentos nos transformaram em estátuas de pedra, estátuas que por serem belas são apreciadas, e muitas vezes são alvos de admiração, esse relacionamento pétreo é pura enganação, as pessoas se apaixonam pela imagem, pela pompa e não pelo que existe em seu interior, gerando falsos amores. É a acomodação do coração, por não buscar pelos verdadeiros sentimentos as pessoas acabam criando ilusões, e acabam passando de mão em mão em busca de amor, quando na realidade estão sendo usadas em nome do amor.
            Esses relacionamentos ocasionais acabam criando uma barreira invisível, afastando os verdadeiros sentimentos, uma pessoa pode amar outra, mas por achar que ela é apenas uma casca bonita contendo podridão em seu interior, ela a isola de seu mundo, de modo que mesmo que a casca possua um miolo encantador, ela perde a chance de ser amada de verdade. Então, o que você prefere, viver amando e nunca ser amado ou viver pelo amor. A busca pelo amor perfeito deve começar dentro do seu coração, olhe no fundo dele e descubra se você é uma estátua ou se você é um ser humano.


Este conto foi retirado da KRYPTOS’S HEAVEN
 
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