PANTANAL
FLORA
A
vegetação do Pantanal não é uma formação homogênea típica, mas formada por um
conjunto de composições florísticas diversas, chamado de "Complexo do
Pantanal".
Com
efeito, trechos de florestas, cerrados, campinas permeiam-se pela planície
afora.
Elementos
dos cerrados do Brasil Central e da Floresta Amazônica entremeiam-se a várzeas
alagadas ou pantanosas, recobertas por espécies típicas destes ambientes, ao
mesmo tempo que, em afloramentos calcários e terrenos mais elevados,
desenvolve-se uma flora xerófila, denotando uma fisionomia bastante semelhante
à caatinga. Assim, o Pantanal não é um
grande pântano, mas uma mistura heterogênea de diversas composições vegetais
que, em função de parâmetros, tais como: condições de solo, inundações e
topografia, ali aparecem em equilíbrio dinâmico.
Nos
terrenos permanentemente alagados, nos lagos, nas "baías" e nos
"corixos" encontramos espécies flutuantes como os aguapés Eichornia sp. com os diversos matizes de
branco, azul e roxo de suas flores e a erva-de-santa-luzia Pistia stratiotes, e espécies de águas rasas, que se enraízam no
fundo como as Salvinia sp., as Nymphaea
sp., além da vitória-régia regional Victoria
cruziana.
A
vegetação, ora típica de campo cerrado, pode ceder lugar quase sem transição, a
um campo de pastagem natural, formado por um tapete de gramíneas no qual
ocorrem apenas raras plantas lenhosas. Estas gramíneas nativas são
principalmente os capins-mimosos Paratheria,
Setaria, Reimaria. Geralmente estas campinas, como também são chamados estes
campos limpos, se encontram em partes mais baixas e mais úmidas, que podem ser
alagados, enquanto que os campos cerrados limitando-se aos pontos mais elevados
e mais secos, persistem emersos, formando como que ilhotas de vegetação.
Estes
campos são entremeados de espinheiros, áreas de matas densas e grupos de
palmeiras. Destas últimas sobressaem os carandazais, formados pela elegante
palmeira de uns 10 metros de altura com folhas flabeliformes (em forma de
leque): o carandá Copernicia
austrails. Outra palmeira freqüente
é o buriti Mauritia vinifera também
com folhas flabeliformes. Nas áreas de mata densa, chamadas
"campões", encontramos a aroeira Astronium
sp., figueiras Ficus sp., com
seus esculturais troncos tortuosos, o angico-vermelho Piptadenia sp., e entre tantas outras plantas a piúva Tabebuia heptaphylla, denominação que é
dada, localmente, a um ipê-roxo, que durante os meses de julho e agosto tinge a
paisagem pantaneira com os mais variados matizes de rosa, lilás e roxo de suas
flores. Entre elas, com flores amarelas, o cambará Voschysia sessilifolia.
Em
outro tipo de mata, em que as árvores não têm troncos muito grossos, mas suas
cascas são espessas e rugosas e seus galhos retorcidos, predomina uma espécie
de ipê-amarelo Tabebuia aurea, conhecida
no Pantanal como paratudo. Estas matas são chamadas paratudais.
Acompanhando,
em ambas as margens, os numerosos cursos de água da região estão as florestas
em galeria, também chamadas de matas ciliares. Nestas matas encontramos o
jenipapo Genipa americana, figueiras Ficus sp., ingazeiros Inga sp., as embaúbas Cecropia, com suas folhas prateadas e
que com freqüência vive em associação com formigueiros e o tucum Bactris glaucescens pequena palmeira,
cujo fruto é muito usado como isca de pacu.
São freqüentes a palmeira acuri Attalea
phalerata, cujos frutos são apreciados pelas araras azuis e o pau-de-novato Triplaris formicosa, que no mês de
outubro, enfeita as barrancas dos rios, com grandes cachos de flores rosas ou
vermelhas. Essa árvore é assim chamada porque o novato na região, ignorando sua
associação com formigas, tenta derrubá-la com o machado ou a escolhe para armar
sua rede; os movimentos da planta provocam a queda de centenas de minúsculas
formigas, cujas picadas queimam como fogo, conforme já tivemos a infelicidade
de constatar.
Nos
pontos mais elevados, onde há afloramentos de rocha calcária, as espécies de
cerrado são substituídas por outras, que, em seu conjunto e pelo seu aspecto
lembram as caatingas nordestinas. Bromeliáceas Dyckia sp. e Cactáceas (especialmente mandacarus, do gênero Cereus), em colunas maiores ou menores,
são as principais responsáveis por esse aspecto de caatinga.
Assim,
no Pantanal, temos um número muito grande de nichos ecológicos de condições
diversas, nos quais proliferam variados tipos de vegetação, cada um, por sua
vez, condicionando uma fauna especial.
Carlos Ravazzani
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