O comando

 

O menino no quintal

tem escopeta, molotov e tarja no jornal

ajoelhado, ao lado, reza o cardeal

Deus e diabo se escondem no funeral.

Rio de bandeira, cassetete e carnaval

platinariz, de pó em pó, ao pó voltar

nas coberturas, criaturas do sal

tossem protestos, na piscina, pelo mar.

Cadê o sócio, cadê a matriz?

Cadê Uê? Ué, cadê?

Rio de barganha, todo mundo feliz

tem uns que sobem na carreira e pedem bis.

Metade foragida na vaidade,

metade se escondendo no castelo.

Alguns assassinados na vontade

outros eles matam no chinelo.

Se o povo, de uma só vez, descesse os morros

e exigisse socorro, peles de uma só tez?

Que não se implode edifício por baixo

é mais em cima que começa o barato.

Cadê PT, PV, PC? Cadê?

Quem é que disse que o povo,

 que o povo não tem vez?

E a polícia, vai fazer o que?

é extermínio coletivo, gradativo, punitivo

ou baixa as armas ou aponta o culpado.

Nenhum segredo vale mais do que a vida

nenhum segredo é sagrado.

O comando comendo

comanda o comando

o sangue é vermelho

vermelho e preto é o Flamengo

o comando é vermelho

é branco e preto morrendo.