Motor
Canoa boiando o vidro do rio
boto saltando corredeiras
vitórias régias no cio
gaivotas de diesel nas cordilheiras
curumins bebendo nos riachos
água viva queimando as rochas
um seringueiro benze o daime
um estalo seco no escuro, um facho.
Os yanomanis, os igarapés
seus discos voadores, usineiros do além
doutrinadores do medo
ferozes senhores fazedores do silencio.
Rogai por nós ó Tupã
pelas chamas em nosso verde
pelo leite dos ipês
pela fé crivada aos trancos
pelas rajadas do sal branco
sangue descendo o rio
marchando nos troncos
no lombo dos meninos do Brasil.