O
aproveitamento de matérias primas que são
habitualmente jogadas fora pelos agricultores ou
agroindústrias pode contribuir também para a
redução dos índices de desmatamento. A afirmação
foi feita pelo gerente da Incubadora de Empresas
de Design da UERJ (Universidade Estadual do Rio
de Janeiro), Wagner Bretas, ao comentar projeto
em que alunos da Esdi (Escola Superior de
Desenho Industrial) usam matéria prima agrícola,
como fibra de bananeira e pupunha, para fabricar
produtos alternativos aos feitos com madeira de
lei.
Os dois produtos foram chamados de bananaplac e
compensado de pupunha. "Além de substituir
outras matérias primas, evitando que se cortem
madeiras nobres, retira-se algo que seria lixo
orgânico, que seria um problema nas próprias
plantações". Ajuda-se o meio ambiente de
duas maneiras: aproveitando o que não era
aproveitado e inibindo o corte de madeiras
nobres, explicou Bretas.
Compensado de pupunha
ALÉM de móveis, fabricados para demonstrar a
qualidade dos produtos, os estudantes
desenvolveram uma linha de cadernos, que já estão
à venda no Jardim Botânico do Rio e em
papelarias. Os cadernos mostram as espécies de
madeiras em extinção no Brasil. "Esse
trabalho é para sustentar a pesquisa que eles
estão desenvolvendo com materiais",
destacou o gerente da incubadora.
Segundo ele, a montadora de automóveis alemã
BMW também solicitou à Esdi o compensado de
pupunha para revestir painéis de veículos. Os
estudantes desenvolveram, então, uma amostra
especial do compensado, mais fina, que está
sendo enviada à Alemanha.
A bananaplac e o compensado de pupunha já estão
patenteados no Brasil. Agora os responsáveis
pelo projeto cuidam do patenteamento
internacional, tanto do processo produtivo
quanto do material.
A Incubadora de Empresas de Design da UERJ já
tem duas empresas pré-incubadas e deve entrar
em funcionamento pleno nos próximos 90 dias. O
Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) apóia a implentação da incubadora.
Há também um pedido de financiamento que está
em análise na área técnica do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social).
A base para o projeto foi um trabalho com bambu,
feito há cerca de dez anos por um ex-aluno da
universidade, para testar novos materiais.
A experiência serviu para que alunos da Esdi
montassem a Fibra Design Sustentável,
microempresa que atualmente está em processo de
pré-incubação na Incubadora de Empresas de
Design da Universidade. Já há estudo para se
confecionar peças curvas de madeira. (Jornal do
Commercio - AM - 23/02/07, às 17h46)
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