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A marquesa de Santa Cruz Estética
(ideal clássico)

Os antigos helenos —sempre eles— foram os primeiros a estabelecer o conceito de belo, como centro de uma prática filosófica e política. De fato, esse era um aspecto crucial para vida humana que eles concebiam. Depois deles, todos os filósofos dignos do nome foram capazes de atribuir um papel fundamental à atividade artística em suas teorias. Muitos termos estéticos (do grego aisthetike, “sensibilidade”), tais como criação (poiesis), arte/técnica (techne), prática (praxis) e perfeição (kalos kai agathos, “tão belo quanto bom”), atravessam os diversos temas da filosofia e de um modo geral, exceto na idade média e em alguns teóricos formalistas, é raro o pensador que não reconheça a importância do estudo do belo para o entendimento do ser humano e sua relação com o mundo. Contudo, a dificuldade de definir a beleza levou ao gradativo esvaziamento da estética, sobretudo depois do “vale tudo” saudosista pós-moderno. Não obstante, o ser humano sempre conviverá com uma noção intuitiva do belo, ainda que questionável.
Discursus

“(...) A tarefa do educador é chamar a atenção para obras que são dignas de estudo e mostrar, em tanto detalhe quanto seja praticável, como foram conseguidos os efeitos consequentes. Um sentimento de beleza ora se manifesta antes do entendimento, ora se segue a um estudo detalhado; e, por vezes, os indivíduos podem concluir corretamente que são incapazes de apreciar o que outros consideram ser uma beleza.
“Aceito que algumas pessoas não podem reconhecer a beleza de uma obra de música clássica, um pergaminho chinês da dinastia Sung ou o desempenho da forma teatral japonesa Kabuki. Mas, falando sem rodeios, a falta de apreciação carece de significado na ausência de um esforço para entender. O que se deve fazer nas artes é tentar penetrar no mundo da obra e do artista a fim de apreender o que está sendo tentado, familiarizar-se com as ferramentas usadas e tentar ‘interpretar’ seus próprios entendimentos (...).
“Uma vez que a pessoa tenha feito um sincero esforço para entender, pode então retornar justificadamente aos seus juízos intuitivos de beleza, indiferença ou mesmo repulsa.(...) Regra geral, porém, é que são compensadores os investimentos de tempo para penetrar a fundo nas obras de artistas a quem estimamos. Mesmo que, no final, não nos apaixonemos pela obra, podemos admirar sua feitura e entender por que outros acham a obra fascinante, poderosa, bela”
(GARDNER, H. O Verdadeiro, o Belo, e o Bom, cap. 8).

Direito Autoral

Imagem: GOYA, A Marquesa de Santa Cruz; Museu do Prado, Madri.


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