Cog
(Cambridge, Ma. 1991)
Com vocês, Cog a criatura concebida por Rodney A. Brooks a partir do artigo Intelligence without Representation, em 1991, e que se for bem sucedido talvez chegue a ser o primeiro robô a sentir e pensar como um ser humano. O projeto Cog vem sendo realizado no laboratório de inteligência artificial do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) por uma equipe composta por matemáticos, mecânicos, técnicos em informática e filósofos. Diferente das outras tentativas de emulação da inteligência, essa tentativa adota uma perspectiva não representacional da cognição, onde o robô, como uma criança, se desenvolve por fases em interação com o meio ambiente e as pessoas que o cercam. Para tanto, Brooks adaptou a linguagem LISP, de John McCarthy (1927), criando uma nova programação chamada L que usa vários computadores em processamento múltiplo e alta tecnologia em robótica, a fim de emular e permitir uma maior compreensão da inteligência humana.
(...) No laboratório de Inteligência Artificial no MIT, Rodney Brooks e Lynn Andrea Stein montaram uma equipe de especialistas em robótica e outros especialistas (inclusive eu mesmo) para construir um robô humanóíde chamado Cog. Cog é feito de metal, silício e vidro, como os outros robôs, mas o projeto é tão diferente, tão mais parecido com o projeto de um ser humano, que Cog pode algum dia se tornar o primeiro robô consciente do mundo. É possível um robô consciente? Defendi uma teoria da consciência, o Multiple Drafts Model (Modelo deEsboços Múltiplos, 1991), que implica que um robô consciente é possível em princípio, e Cog está sendo projetado com este objetivo distante em mente. Mas Cog está longe ainda de ser consciente. Cog não pode ver, ouvir, ou sentir, mas suas partes corporais já podem se mover de maneiras enervantemente humanóides. Seus olhos são pequenas câmaras de vídeo, que saccade dardejam focalizando qualquer pessoa que entre na sala e então acompanham esta pessoa conforme ele ou ela se move. Ser acompanhado desta maneira é uma experiência estranhamente perturbadora, mesmo para aqueles que conhecem o projeto. Olhar dentro dos olhos de Cog enquanto ele por sua vez retorna o olhar pode ser de estarrecer para o não iniciado, mas não existe ninguém ali não ainda, de qualquer modo. Os braços de Cog, ao contrário daqueles ao mesmo tempo reais e cinemáticos dos robôspadrão, movemse rápida e flexivelmente, como nossos braços; quando você aperta o braço estendido de Cog, ele responde com uma resistência estranhamente humanóide que faz você querer gritar, à maneira de um filme de horror: Ele está vivo! Está vivo! Mas ele não está, embora a intuição que afirma o contrário seja muito forte (DENNETT, D. Tipos de Mente, cap. 1).
|
Imagem: OGDEN, S. Cog. Fonte: Projeto Cog. |