Helen Keller
(Tuscumbia, 1880 - Arcan Ridge, 1968)
Escritora norte-americana cega, surda e muda desde a infância. Apenas de posse do sentido do tato e uma perceverança inigualável, sob a orientação de Anne Sullivan Macy (1866-1936), Keller pôde aprender a ler e escrever pelo método Braille, chegando mesmo a falar, por imitação das vibrações da garganta de sua preceptora, as quais captava com as pontas dos dedos. O esforço de sua mente em procurar se comunicar com o exterior teve como resultado o afloramento de uma inteligência excepcional, considerada a maior vitória individual da história da educação. Ao lado de Sullivan, percorreu vários países do mundo promovendo campanhas para melhorar a situação dos deficientes visuais e auditivos. Um contra-exemplo notável às teses behavioristas.
Eu, que sou cega, posso dar uma sugestão aos que vêem um conselho àqueles que deveriam fazer completo uso do dom da vista: servi-vos dos vossos olhos como se amanhã fosseis cegar. O mesmo princípio é válido para os restantes sentidos. Ouvi a música das vozes, o canto de uma ave, os poderosos acordes de uma orquestra, como se fosseis vítimas de surdez. Tocai em tudo o que desejais tocar, como se amanhã viésseis a ficar privados da faculdade do tato. Aspirai o perfume das flores, saboreai com deleite os vossos alimentos, como se amanhã perdesseis o olfato e o paladar (KELLER, H. Three Days to See).
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Imagem: GUILLUMETTE, R. Helen Keller. Fonte, KARSH. |