A
apologia às drogas está cada vez mais fora do discurso público
da indústria fonográfica internacional.
A atitude de revelar detalhes sobre o
envolvimento passado com alguma delas é o "novo cool". Não
basta apenas largar o vício, é preciso ir a público
condená-lo.
Ozzy Osbourne deixou os defensores da legalização da
maconha de cabelos em pé esta semana ao afirmar que o consumo
da erva leva a outras drogas pesadas, Ozzy e o filho aceitaram
protagonizar um programa especial do canal de música sobre o
problema do vício no relaxante muscular OxyContin.
A participação de Ozzy inclui clichês antes reservados a
líderes conservadores americanos, com direito a observações
sobre a "facilidade de se conseguir drogas atualmente", a
"ilusão de que não há seqüelas" para os usuários de drogas e
assim por diante.
Por sua vez o Metallica
finaliza um documentário sobre a luta do vocalista James
Hetfield contra a cocaína.
A movimentação pela descriminalização da maconha continuava firme até pouco tempo atrás. Mas a causa perdeu, no ano passado, um de seus maiores ícones, Snoop Dogg. Dogg, que teve problemas com a polícia em 2002, disse ter abandonado o consumo e fez declarações contra a droga. "Hoje sou uma pessoa muito mais eficiente", disse o ex-defensor do movimento pró-legalização.
A música a serviço do crime está na mira da Fiscalização da 1 Vara da Infância
e da Juventude. Mais de 300 CDs de funk que fazem apologia do crime, do sexo e
das drogas foram apreendidos por comissários do Juizado de Menores nos três últimos
dias.
. Parte do repertório, sonorizado com explosões de granadas e tiros de fuzis e metralhadoras, cultua as facções criminosas Terceiro Comando (TC) e Amigos dos Amigos (ADA). As siglas estão estampadas nos CDs. Repletas de palavrões, as músicas ensinam como “desovar” corpos e zombam da relação promíscua entre traficantes e policiais. Os PMs são chamados de cachorros. Para Valéria Fernandes, chefe do Serviço de Fiscalização, os CDs são patrocinados pelo tráfico de drogas.
A cada semana, o Serviço de Fiscalização do Juizado recebe
centenas de e-mails e telefonemas denunciando o envolvimento de crianças e de
adolescentes com o universo do crime, do sexo e das drogas.
São pedidos de socorro. As pessoas não sabem como agir diante de situações
que estão virando rotina. As músicas obscenas que escutamos pelos
alto-falantes dos carros são um exemplo. O artigo 234 do Código Penal deixa
claro que a audição de caráter obsceno em lugar público é crime — diz a
comissária.
O DJ Marlboro, que comanda uma das principais equipes de funk do Rio, negou
ontem que o DJ preso seja da sua equipe. Ele disse que proíbe músicas com
apologia do tráfico ou com letras de sexo nos seus bailes: Tem que haver um freio nessas músicas, que incentivam a sexualidade precoce
e fazem apologia das drogas. Não toco música que manda cheirar, mas não tenho
nada contra as que falam sobre a realidade, como a que relata a ação dos X-9.
Para o DJ, os autores das músicas apreendidas ontem não têm necessariamente
ligação com o tráfico:
A música reflete a realidade dos jovens. Se eles vêem o traficante como um
homem que resolve os problemas da comunidade, pode acabar fazendo elogios, mesmo
não tendo ligação com o tráfico. A música fala da realidade da favela, de
como funciona o X-9, o policial corrupto.
Para o professor da UFRJ Micael Herschmann, autor do livro “O funk e o hip hop
invadem a cena”, CDs com músicas que fazem a apologia do tráfico não
significa necessariamente que exista ligação entre os músicos e o crime
organizado:
Essas músicas podem ser compostas muito mais por bravata, pela vontade dos
jovens de transgredir, do que por ligação com o tráfico — diz ele, que
estudou bailes funk até 1998 para sua tese de doutorado.