Segurança
em Condomínios Verticais e Horizontais
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Marcy
J. C. Verde
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A mídia noticiou, infelizmente, o início de uma nova modalidade no contexto da violência urbana: a invasão de condomínios verticais e horizontais. Um edifício no Morumbi, outro no bairro dos Jardins, um condomínio de casas em Cotia, (Grande São Paulo) e outras situações semelhantes no estado do Rio de Janeiro foram alvo, recentemente, da ação de marginais. Há alguns
anos, houve uma modalidade de furtos “por atacado” em prédios, onde um
ou dois marginais entravam nas garagens dos edifícios, aproveitando uma
brecha do sistema de segurança na área de acesso (por exemplo, um vácuo
na entrada de um veículo de um condômino, devido à falta de uma comporta
eclusa intertravada, onde um portão só é aberto se o outro estiver fechado,
ou um portão de movimentação muito lenta, o que permite uma pessoa passar
durante a operação de fechamento deste). O objetivo destes criminosos
era o furto de toca-fitas e outros objetos (CDs, óculos, objetos pessoais,
etc), devido à facilidade provocada por incautos moradores que deixavam
o seu veículo com as janelas abertas e, às vezes, com a chave no contato.
Iam completando sua cota até que o veículo de um proprietário mais consciente
da importância de sua participação no sistema de segurança tivesse o seu
alarme acionado, chamando a atenção do porteiro ou da segurança do prédio
e a polícia fosse acionada. Alguns marginais fugiam com parte da rés furtiva,
outros a abandonavam e fugiam, e outros eram presos, após uma busca minuciosa,
pelas dependências comuns do prédio (garagens, salão de festas, escadas,
elevadores, halls de serviço e social, depósito de materiais de limpeza,
salão de jogos, casa de máquinas do elevador, casa de máquinas da piscina,
etc).
A maior parte
das pessoas, hoje em dia, não utiliza mais aquele sistema antigo de uma
corrente na porta, para evitar sua total abertura, no caso de dúvida.
Mas lembramos que, de nada adianta uma corrente de boa qualidade fixada
em um frágil batente de porta, pois apenas um “jogo de corpo”, ou mesmo
um pontapé pode o desprender de sua base. Outra situação que também deve
ser lembrada, é que a distância entre a porta e o batente proporcionada
pela corrente é suficiente para que um marginal lhe aponte uma arma, obrigando-o
a abri-la. Existem disponíveis
no mercado olhos mágicos muito eficientes, vídeo-porteiros com interfone,
travas de aço montadas em batentes de aço (para não permitir sua abertura
com um chute) e portas blindadas. Os locais noticiados dispunham de equipamentos
e efetivo de segurança (cada um com seu dimensionamento e atuação). Entretanto,
concluímos que os respectivos planejamentos e sistemas não estavam operando
integradamente, pois o marginal sempre atacava o ponto mais frágil do
sistema. Lembremo-nos da definição de segurança empresarial: “Função
que visa a proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros, tangíveis
e/ou intangíveis, de uma instituição, através da eliminação, redução ou
financiamento dos riscos, conforme seja economicamente mais viável.” ·
Levantamento e análise de riscos; Por exemplo,
o sistema deve conter uma barreira perimetral (muro, alambrado, grade,
etc) que possua uma extensão com uma cerca eletrificada (sinalizada ostensivamente
e em uma altura adequada) e/ou sensoreada, tanto na central interna do
condomínio, como em uma central terceirizada externa, tudo isto dividido
por setores. Dessa forma, no caso de uma invasão, dois locais serão avisados
por meio de telefone ou rádio, via senha e contra-senha. Verificando-se
o alarme, será possível saber se é necessário o auxílio de uma equipe
de pronta-resposta (carro ou moto com um ou dois integrantes), se este
serviço for contratado, ou se a Polícia Militar deve ser acionada pelo
190. Esta operação de verificação visa detectar qualquer situação planejada
onde a central de segurança foi rendida e todos os meios de reação serão
iniciados da central de segurança externa. Em segurança devemos trabalhar
sempre com meios duplicados. Toda esta
operação deve ser feita com o visitante do lado de fora do condomínio.
A autorização do condômino para o porteiro deve ser clara e objetiva Em relação aos prestadores de serviços (técnico em elevadores, encanador, eletricista, técnico em TV a cabo, marceneiro, técnico em eletrodomésticos – máquina de lavar, secar, geladeira, etc), o condômino deve solicitar quando do pedido de visita o nome e o número do documento de identidade (RG) do profissional que o irá atender. Esses dados devem ser passados ao porteiro que os checa, além de anotar o nome da empresa representada, o número do apartamento visitado e o horário de permanência do prestador de serviço no condomínio. No caso deste estar portando ferramentas, elas devem ser relacionadas, para evitar o furto de materiais do condomínio. Caso seja necessária a entrada do veículo de um prestador no caso de um serviço de decoração ou buffet, por exemplo, este deve ser checado fora do condomínio para evitar uma operação “cavalo de tróia”. Na saída, o zelador deve verificar se nada está sendo levado, como extintores, bicicletas, pneus, materiais de limpeza, escada, etc. Para a entrada de funcionários de concessionárias de serviços (água, luz, energia elétrica, telefonia, gás, correio, etc) para a leitura de dados, devem ser verificados o crachá e a identidade da pessoa. Mesmo assim, como existem muitos documentos falsificados, em caso de dúvida, o funcionário do condomínio deve ligar para a concessionária, confirmar todos os dados e, aí sim, autorizar a entrada. A entrada e permanência de todos os prestadores de serviços devem ser acompanhadas pelo zelador. A segurança não pode ser relaxada mesmo quando um desconhecido surge com o uniforme da empresa de segurança (ou de qualquer outro serviço terceirizado). Essa pessoa pode ser um marginal alegando ser o folguista de determinado funcionário ou um novo integrante. Nesses casos, o supervisor deve ser acionado para comparecer ao posto e verificar os fatos. A guarita da portaria ou recepção deve ser blindada, sendo que a porta deve ser mantida sempre fechada para que no caso de uma invasão este posto possa acionar apoio externo. O sistema de CFTV deve ser dimensionado de forma adequada (preto e branco ou colorido), em relação aos pontos de acesso e críticos, inclusive prevendo pontos de infra-estrutura. Devem ser verificados iluminação e sistema de gravação (vídeo doméstico, profissional ou digitalização de imagens). Atualmente, existem centrais de monitoramento que acompanham o sistema de CFTV à distância, de forma remota, sendo que a imagem é transmitida via linha telefônica. O condomínio deve possuir iluminação perimetral, sendo que o sistema pode estar ligado a sensores de presença, visando economizar energia elétrica. O sistema de alarme deve prever botões de pânico fixo e portátil em pontos estratégicos, para o aviso de um sinistro e acionamento de ação externa. Não recomendamos a utilização da vaga de emergência que é um local sensoreado por um detector de presença para ser utilizado caso o condômino tenha que entrar acompanhado por marginais, fazendo soar um alarme na central de segurança. É que devido à grande circulação de veículos de condôminos e prestadores de serviços, normalmente esta vaga é usada indevidamente, o que gera inúmeros alarmes falsos e o conseqüente descrédito da estratégia. O sistema deve estar ligado a um no-break e um grupo gerador, com partida elétrica interna, de modo que no caso de falta de energia elétrica, o sistema se mantenha totalmente operante. As medidas recomendadas acima são algumas, entre diversas, que devem ser implementadas para se atingir o nível de segurança esperado, sendo que a participação de todos é de vital importância para uma operação eficiente, eficaz e efetiva, sendo que isto é conseguido mediante planejamento, treinamentos e um bom sistema de comunicação. Afinal são pessoas prestando serviços para outras. Marcy J. C. Verde é Diretor de Consultoria da Brasiliano & Associados. E-mail: marcyjcv@uol.com.br |