Eficiência dos sistemas de segurança
Natalino Borring

Escolher bem um sistema de segurança e a empresa que vai prestar os serviços de vigilância é o ponto fundamental para a obtenção de bons resultados. De nada adianta ter modernos equipamentos, se estes forem instalados sem qualquer critério. Neste caso, o sofisticado sistema de segurança não demorará muito para revelar-se uma grande dor de cabeça. Para evitar esses e outros dissabores é fundamental que se realize um projeto de segurança. A experiência de técnicos especializados no assunto evita que dinheiro seja desperdiçado e que o equipamento instalado não funcione adequadamente e, quando muito, utilize a apenas metade de sua capacidade.
Com a venda em larga escala de sistemas de segurança, câmeras, alarmes, sirenes, travas de segurança, multiplexadores, entre diversos outros equipamentos facilmente encontrados no mercado, muitas pessoas passaram a utilizá-los sem o menor critério. Mal instalados, além de comprometer a segurança, esses sistemas tornam-se totalmente ineficientes e, o mais agravante, passam uma falsa sensação de tranqüilidade.
Uma recente pesquisa da Saldiva & Associados Propaganda revelou que a população anda cada vez mais assustada, principalmente em relação à segurança.


O Brasil ainda não possui normas para colocação de cercas pulsativas
(eletrificadas), o mais comum é seguir o modelo de instalação frances

A situação é tão grave que, segundo a pesquisa, crianças já estão substituindo seus medos chamados naturais, que envolvem mundos imaginários, por medos urbanos, repletos de ladrões, tiros e morte.
Essa nova realidade da vida moderna faz com que se utilizem todos os tipos de métodos preventivos, inclusive crendices, para aumentar a proteção individual, seja nas ruas, com o uso de gás pimenta, choques elétricos, facas e armas de fogo, ou nas residências, procurando estar atento a todo tipo de modernidade que possa aumentar a sensação de segurança e evitar ser a próxima vítima.
Talvez esse sentimento de impotência tenha sido o principal responsável pela proliferação de empresas que atuam na clandestinidade e pela utilização e implantação de sistemas que já resultaram em morte de várias pessoas.
Em Fortaleza, por exemplo, a nova moda dos moradores é utilizar muros com cercas pulsativas, costumeiramente chamadas de eletrificadas. Como no Brasil não existe qualquer legislação que proíba ou discipline a instalação desses sistemas de segurança, as cercas são colocadas de acordo com o gosto do “freguês”, pois sem lei não há como fiscalizar.
A colocação de cercas elétricas clandestinas pelos moradores já resultou inúmeros problemas, como o caso ocorrido no dia 17 de março, onde duas pessoas morreram eletrocutadas numa residência em Caucaia. As vítimas, um adolescente de 13 anos e um vendedor ambulante, receberam um choque elétrico mortal ao se aproximarem da casa do pintor Vicente Gonçalves da Silva, de 45 anos. De acordo com Vicente, que afirmou não ter conhecimento da gravidade do problema, a intenção era apenas de proteger sua residência de possíveis ladrões. Ele foi indiciado por homicídio.
A intensidade da corrente é a principal responsável pelos acidentes, uma vez que as pessoas puxam a energia da rede pública, que é de 220 voltz e corrente de 4 a 5 amperes. Para que os acidentes não ocorram a tensão pode variar de 7 a 10 mil volts, mas a corrente deve ser baixíssima, de apenas 0,001 ou 0,002 amperes, pois é ela que pode levar à morte.
Mesmo quando a instalação de cercas pulsativas é realizada por empresas, é preciso prestar muita atenção pois muitas sequer possuem um engenheiro responsável. Sem parâmetros legais no Brasil para instalar esses sistemas de segurança, uma das soluções encontrada pelos empresários é usar as normas francesas como base. Elas estabelecem que os equipamentos devem ter altura mínima para instalação de 2,5 metros, voltagem de 8 a 10 mil volts e corrente com até 0,002 amperes.
 
Edifícios residenciais com vigilância aérea

Em São Paulo, uma novidade que está sendo adotada por alguns edifícios residenciais para aumentar a segurança é o monitoramento aéreo. Complementando os sistemas de vigilância tradicional, esse nova forma de monitoramento consiste na observação e acompanhamento das investidas criminosas por meio de helicópteros. Quando é acionado algum botão de pânico em um dos edifícios que contratou o serviço, uma aeronave se desloca até o local e a tripulação aérea registra tudo que está acontecendo, passando todas as coordenadas para a polícia.
O serviço é oferecido pela mesma empresa que realiza o monitoramento aéreo de grandes bancos em São Paulo e, embora tenha trazido uma sensação a mais de proteção para os moradores de alguns bairros onde o sistema já está funcionado, muitos especialistas questionam a real eficiência desse novo método de vigilância, uma vez que não tem capacidade para evitar um ato criminoso e o contato direto com a polícia já está sendo realizado pelas empresas de segurança que fazem o monitoramento terrestre. Porém, quando visto como uma ferramenta auxiliar pode sim ser útil, servindo até como uma forma de exercer pressão psicológica nos bandidos.


A colocação eficiente de câmeras para CFTV depende exclusivamente de um plano de segurança

 Empresas de segurança privada

A crescente demanda por segurança fez com que surgissem muitas empresas para explorar o setor. De acordo com o Sindicato das Empresas de Segurança e Vigilância, Segurança Eletrônica e Cursos de Formação de Vigilantes do Estado (Sesvesp) em todo o Brasil já são mais de 1,3 mil, sendo que 350 estão instaladas em São Paulo. Se levarmos em conta o números de empresas que atuam na clandestinidade, o valor total praticamente dobra. É justamente a atuação às margens da lei dessas empresas que é perigosa para o consumidor final. Primeiro por estar contratando um serviço que dificilmente conseguirá oferecer qualidade e por último por estar colocando a própria vida e a dos familiares em risco. São poucos os casos de usuários que, devido a algum problema com serviços de segurança, vão procurar a justiça. Na Fundação Procon de São Paulo, por exemplo, só existe um caso registrado. Mas, mesmo sem serem denunciados, os problemas existem e são graves. Por isso, antes de optar por qualquer tipo de sistema ou serviço de segurança convém pesquisar o setor e, de preferência, pegar referências com quem já os tenha utilizado. Preço muito vantajoso pode esconder serviços de péssima qualidade e eficiência duvidosa. É aconselhável visitar a empresa e conhecer toda sua infra-estrutura antes de fechar qualquer negócio. Também vale a pena prestar atenção às diversas exigências da Polícia Federal para que uma empresa de segurança privada possa funcionar dentro da lei. Os documentos que comprovam a situação de regularidade das empresas de segurança, de acordo com os critérios da Polícia Federal são: 1) Certificado de Segurança - documento expedido pela Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal da circunscrição em que estiver sediada a empresa interessada - independe de publicação no Diário Oficial da União, sendo que a renovação é feita anualmente; 2) Autorização para Funcionamento - documento expedido pela Coordenação Central de Polícia do Departamento de Polícia Federal. Ele depende de publicação no Diário Oficial da União e a revisão é feita anualmente; 3) Certificado de Vistoria - documento expedido pela Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal da circunscrição em que estiver sediada a empresa interessada. Destina-se a comprovar a situação regular de veículos especiais utilizados no transporte de valores - independe de publicação no Diário Oficial da União e a renovação também é feita anualmente.