Qualidade dos Serviços de Condomínio
Jorge Ferreira dos Santos

Diante dos constantes acontecimentos catastróficos por que vem passando os complexos condominiais, sejam eles verticais, horizontais, residenciais, industriais, comerciais ou mistos, envolvendo falhos sistemas de segurança nós, profissionais ligados à área de Consultoria de Segurança, ficamos atônitos e transtornados com a situação, tendo em vista sermos sabedores das dificuldades pela qual passam essas edificações e sua população. Desde a idade da pedra lascada e pedra polida, precisamente no período pré-cambriano, nossos ancestrais já utilizavam o termo condomínio, mesmo sem saber seu significado ou objetivo.

Naquela época, nossos semelhantes que viviam em grupos, quando amedrontados por animais de grande porte, chuva, frio, escuridão, fogo, trovão ou qualquer situação provocada por intempéries da natureza, que colocasse em risco sua privacidade, refugiavam-se em grutas ou cavernas, caracterizando uma forma primitiva de condomínio. Mesmo amontoados nessas cavernas, sempre existia um, entre eles, que mantinha o controle do grupo. Estava atento à limpeza, arrumação e segurança do local, além de definir funções ou cargos. Foi justamente dessa forma que surgiu a nomenclatura zeladoria. Mas foi depois de muito tempo que o homem moderno denominou, oficialmente, o termo condomínio para classificar as moradias de domínio comum e suas características, estabelecendo regras de convivência. Também foram criadas as leis para todo e qualquer assunto voltado aos complexos condominiais de todos os gêneros.


A desatenção aos sistemas de segurança e a contratação de profissionais sem qualificação são um verdadeiro convite à criminalidade

É a Lei 4.591/64 que tem a função de normatizar e moralizar as diretrizes dos condomínios e, levando-se em conta as dimensões atuais desse tipo de organização, pode-se dizer que ela, desde a criação, foi elaborada de forma arcaica e incompleta. Cabe salientar que essa defasagem na Lei que regulamenta os condomínios acaba dando margem a uma série de ocorrências que resultam principalmente na utilização de sistemas de segurança inseguros, na falta de um plano de contingência eficiente por parte da administração, na falta de aprimoramento dos profissionais atuantes nas edificações e, até mesmo, na formação cultural das pessoas que atuam como profissionais nos complexos condominiais. Tais fatores deveriam também constar das preocupações do Estado, o qual tem total responsabilidade em manter a seguridade e garantir a qualidade de vida de sua população.

As empresas, em geral, criam meios próprios para garantir o mínimo de qualidade. Tal procedimento acaba dando margem a uma gama de aproveitadores que, mesmo sem qualidade, disponibilizam seus serviços especializados, principalmente na área de segurança, em troca de uma somatória elevada de valores. O resultado dessa falta de gerenciamento eficiente está estampado nos mais recentes dados estatísticos sobre criminalidade praticada em condomínios, onde grande parte apresentou problemas no sistema de segurança, falta de profissionalismo, investimento inadequado e moradores despreparados em relação à defesa do patrimônio e da vida.

Quando falamos no fator investimento, cabe esclarecer que os Conselhos Consultivos dos complexos condominiais, juntamente com os síndicos, não levam a sério os assuntos relacionados à implementação, inovação ou implantação de modernos sistemas de segurança ou mesmo o treinamento de seu corpo funcional, a fim de dotá-los de conhecimentos sobre assuntos atuais e modernos. Se levantarmos a questão prevencionista veremos que esta está anos luz da realidade atual de muitos condomínios. E essas falhas são altamente preocupantes uma vez que, no mundo moderno, a tendência é a de complexos condominiais, cada vez mais, serem transformados em edifícios. Normalmente, nunca atuaram ou foram treinados para exercer esse tipo de serviço. Na maioria das vezes são oriundos de atividades rurais, metalúrgicas, comércio e indústria, não sabendo nada sobre as qualificações ou atribuições necessárias que devem ser utilizadas dentro de um complexo condominial. Outro problema é que existem, no mercado, diversos núcleos de ensino especializados em aperfeiçoamento e treinamento para o público atuante em complexos condominiais, porém poucos têm a preocupação de ensinar o que realmente se deveria.

Jorge Ferreira dos Santos Consultor de Segurança e Serviços