Reconhecimento
de Ameaças
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Áureo
Miraglia de Almeida
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Dentre os grandes complicadores do serviço de proteção, encontramos um fator que talvez seja o maior desencadeador de conflitos e desencontros no trabalho de equipe: a real capacidade de identificação da ameaça pela equipe de proteção, pois todas as reações e conseqüentes resultados advêm disto. Devemos ter consciência que existem agravantes como a falta de comunicação do líder da equipe com o chefe da segurança, ou deste com o Principal ou sua assessoria, bem como outros problemas advindos de cultura própria da empresa, treinamento, equipamentos ou desinformação. Temos aqui um quadro bastante preocupante, não só pelas dificuldades naturais de se fazer a identificação da ameaça a tempo de reagir, mas também como será a intensidade e coordenação desta reação devido aos outros fatores negativos identificados dentro da própria equipe de proteção. Se a causa
das falhas está dentro da equipe ou fora dela, a chefia só poderá corrigir
estes problemas a tempo se houver uma comunicação constante e aberta entre
ambas as partes. Entre o comando e a execução existe um caminho nem sempre
fácil de relação, que apesar da natureza deste serviço provocar normalmente
grande aproximação e respeito entre os membros responsáveis pela segurança,
também propicia grandes enganos e desencantamentos nem sempre superáveis.
Nos parece claro até aqui a vital importância não somente da comunicação
total dos envolvidos nas operações de segurança, mas também da responsabilidade
da escolha e seleção dos homens e suas funções dentro deste contexto. Devido às constantes mudanças e evolução das ações dos criminosos, cada vez mais temos a obrigação de trocar informações e simularmos coisas novas, antecipando-nos a estes fatos. Sem menosprezar nenhum dos óbices abordados, o grande diferencial para podermos realizar bem o trabalho de proteção é, sem dúvida alguma, a coleta de informações. Sem ela não podemos nos preparar técnica ou fisicamente e mesmo emocionalmente para o que está por vir, já que é humanamente impossível usar a adivinhação nesses casos. Quando, temos à disposição da equipe, os recursos necessários ao trabalho, devemos nos concentrar em não nos acomodarmos com nossas rotinas diárias, que nos dão a falsa impressão de domínio sobre todos os elementos a nossa volta. Não podemos nos esquecer de que a maior arma do oponente é a preparação do ataque, porque a surpresa é o elemento chave da ação escolhida por ele. E é exatamente pela rotina diária básica imposta ao Principal pelos seus afazeres, que se faz necessário o cuidado redobrado da equipe de proteção. Mesmo sabendo da árdua tarefa diária dos homens da segurança, tensão e pouco descanso, temos que nos obrigar a superar todas estas provas de determinação com o compromisso de proteger e nos organizarmos de forma a conseguir tempo e apoio para uma agenda de treinamentos e reciclagens. Tudo a nossa volta está em constante mutação, não só as coisas boas ou ruins, mas também os meios e os elementos que interagem com tudo isto. Temos de ficar atentos às mudanças para podermos nos adaptar e, assim, evoluirmos neste processo incessante. Áureo Miraglia de Almeida é consultor de segurança, diretor da Poliguard Assessoria de Segurança. E-mail: aureo@seguranca.com.br |