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Fanfic por Ana-chan
Capítulo 13
A Troca de Colchões
Kuronue não acreditava no que estava fazendo...
Não roubava com seu irmão desde que Kurama revelou-se como youko. Nem eram mais parceiros oficiais... Só que tudo havia acontecido tão rapidamente que não houve tempo para pensar muito.
Assim, lá estavam ele e Kaizo, matando as saudades dos velhos tempos... Haviam se encontrado de manhã cedo, por acaso. Decidiram passear, colocar os papos em dia... Podiam estar em times diferentes, mas a verdade é que sentiam muita falta da companhia um do outro. Uma oportunidade como aquela não era coisa de se jogar fora.
Kurama dormia até tarde quase todos os dias. As vezes Kuronue imaginava se youkos não teriam a tendência de trocar o dia pela noite... Talvez fosse culpa do colchão, afinal, além de muito velho, estava pequeno demais para os dois. Todos os dias alguém acordava no chão, geralmente Kurama. Ter asas tinha suas vantagens... impediam Kuronue de ser chutado pra fora facilmente. Isso sem mencionar que eles tinham crescido e já não cabiam direito nem na vertical.
Foi por isso que Kuronue fez tanta questão de carregar aqueles colchões com ele na volta pra casa.
Seu passeio com Kaizo tinha tido seu lado produtivo, é claro. Também por acaso, haviam encontrado um grupo de viajantes carregados. Não foi difícil fazer uma pilhagem rápida. Evidentemente, Kaizo achou uma bobagem Kuronue se meter a carregar todo aquele peso com tanta coisa miúda de maior valor por perto, mas acabou se conformando quando soube que seria um modo de Kuronue voltar a ter uma cama só pra ele. Era um absurdo ele ter dividido seu colchão com Kurama todo esse tempo. Como se não bastasse o desconforto, ainda dava margem a comentários maldosos.
Ao chegarem de volta ao subterrâneo, Kuronue tratou logo de arrumar o quarto. Kurama devia estar com o mestre, e provavelmente só chegaria mais tarde. Dava tempo de sobra pra preparar uma surpresa. Os colchões novos tinha quase o dobro do tamanho do velho. Kuronue mal podia esperar para mostrá-los a Kurama. Estava convicto que seu amigo iria adorar...
O tempo passou, Kuronue já tinha feito tudo o que tinha que fazer e nada de Kurama aparecer. Impaciente, ele saiu. Com sorte encontraria Kaizo e poderia aproveitar pra conversar mais um pouco. Tinha sido um dia tão bom...
"Vocês viram Kaizo?", perguntou a um grupo de garotos que se amontoava num dos corredores.
Sua resposta foram risos e cochichos.
"Que foi, hein? Por acaso eu estou pintado de lilás?"
"A gente viu o Kurama e o mestre se beijando essa tarde bem aqui no corredor... na boca...", disse o baixinho com orelhas de macaco.
"Tava muito estranho...", completou o de pele esverdeada.
"Se ele consegue beijar o mestre, imagino o que não faz com você... Afinal, vocês dormem juntos, né?", insinuou o mais alto.
A briga foi inevitável. Kuronue era uma pessoa pacífica mas jamais permitira que falassem daquele jeito como ele. Estavam pensando que ele era o que? E depois, não podia acreditar numa estória maluca daquelas... Kurama não faria uma coisa dessas. Tinha que ser mentira.
Sem pensar duas vezes, se atracou com seus detratores num impulso furioso. Estava em desvantagem e teria apanhado feio se Kurama não tivesse aparecido bem a tempo de ajudá-lo a escapar do pior. O youko nem precisou lutar. Com ou sem beijo, seus privilégios com o mestre já eram suficientes para fazer com que ninguém se atrevesse a tocá-lo.
Assim, os oponentes de Kuronue tiveram que bater em retirada. Kurama aproveitou então para ajudar seu amigo a caminhar até o quarto. Foi estranho o modo como Kuronue o recebeu apesar de tê-lo safado de uma encrenca das grandes. Parecia tão frio, evitando até de olhá-lo diretamente. Aliás, tudo era estranho naquela cena. Kuronue nunca havia brigado com ninguém ali...
"Que houve, Kuronue? Por que estava brigando com aqueles três?", perguntou Kurama, ao limpar um corte no rosto de Kuronue com um pedaço de pano e a porção que o mestre havia lhe dado umas semanas atrás.
"Ai!"
"Desculpe."
"Ai!"
"Não me venha com essa de 'ai' agora. Quando foi comigo eu tive que agüentar. E depois, se não cuidar direito pode ficar uma cicatriz."
"Eu não ligo!"
"Mas eu ligo! E você ainda não respondeu a minha pergunta."
"Por que deveria? Você nunca me conta as suas coisas."
"De que está falando?"
Kuronue se levantou bruscamente e o encarou enraivecido.
"Me diz então por que beijou o mestre."
"Como sabe disso?"
"Todo mundo sabe! Já estão até comentando o que andamos fazendo juntos aqui dentro!"
"Droga! O que esses mexeriqueiros andaram te falando?"
"A verdade, Kurama. Coisa que você nunca faz!"
"Eu beijei sim, e daí? É proibido?"
"Ele é velho! E você é só uma criança."
"Não sou criança. Sei muito bem o que estou fazendo."
"Fazendo? Eu não posso estar entendendo o que eu estou entendendo... Você e o mestre não..."
"Por que acha que ele faz tudo que eu quero, hein?"
"Kurama...", murmurou Kuronue numa apatia que beirava o choque. Foi a expressão de Kurama ao lhe dizer aquilo o que mais o perturbou. Era como se de repente ele parecesse bem mais velho...
"Kuronue, eu não quero te meter nisso. Você é meu amigo... meu único amigo. Não quero que me odeie."
"Eu não te odeio. Só não consigo te entender..."
"Eu gosto dele."
"Gosta?"
"Claro... ele me deixa fazer tudo que eu quero, me entope de presentes e me ensina um pouco de tudo..."
"Isso não é gostar... Você está se enganando se pensa assim. Droga! Eu fui muito displicente quando desisti de procurar pela sua família..."
"Esquece isso, Kuronue. Já te disse que a minha família é você."
"Não é não. Você precisa conviver com outros da sua espécie pra ser educado sem precisar se vender pra isso."
Kurama engoliu seco. Agora Kuronue tinha pegado pesado. Dali a pouco estaria repetindo as mesmas acusações que circulavam pelo subterrâneo nas suas costas. Talvez fosse a hora de algumas verdades serem ditas...
"Kuronue... eu nunca te contei isso mas... Eu nunca vou poder voltar a viver com outros youkos. Não me perdi da minha família como deixei você acreditar. Na verdade eu fui banido. Minha própria mãe ajudou um outro youko a fazer o ritual que me prendeu na forma de raposa... Eu sou diferente dos outros... até meu nome serve de alerta para que nenhum outro youko chegue perto de mim... Eu queria ter te contado isso há mais tempo mas... eu não tive coragem... Não queria que você acreditasse que eu sou um maldito que veio para agourar a sua vida... Eu te afastei do seu irmão, dos seus amigos... eu sei disso. Na verdade, acho que você não ganhou muito quando eu vim pra cá... mas pra mim, você foi a melhor coisa que aconteceu na vida."
Kuronue ouviu em silêncio e assim permaneceu durante um tempo. Estava completamente atordoado com tantas revelações de uma vez...
"Kurama... eu nunca imaginei... Por isso você fugiu daqueles youkos quando voltamos da montanha... "
"Eu nunca contei isso pra ninguém, nem pro mestre, embora ache que ele de algum modo já saiba... Isso tem que ficar só entre nós."
"Não sei nem o que dizer... Não posso te julgar mas por favor pense bem no que está fazendo em relação ao mestre. Vocês ..."
"NÃO! Claro que não. Eu não faria isso por nada. E ele não se importa, eu acho. São só beijos e só de vez em quando."
"Isso é nojento!", disse Kuronue num tom de brincadeira... No fundo, estava aliviado de a coisa não ser tão séria assim... e feliz por Kurama ter lhe contado um segredo como aquele... era sinal de que ainda podiam confiar um no outro.
"Não é nojento não,...", retrucou Kurama sorrindo, "... se quiser eu te mostro."
"Sai pra lá!"
Kurama desviou o olhar se sentindo subitamente desapontado. Embora tivesse falado de brincadeira, gostaria mesmo de beijar Kuronue, principalmente agora que estava tão feliz por não ter sido escorraçado como chegou a pensar.
Coube a Kuronue quebrar o silêncio momentâneo.
"Puxa, mas você nem reparou nas coisas novas que eu roubei."
Só então Kurama deu conta de que estava sentado num outro colchão, muito mais espesso e confortável que o habitual.
"É lindo!"
"E tem um pra você também!...", disse Kuronue, sorridente, apontando para o outro lado do quarto, "... é só escolher em qual deles quer dormir."
Kurama olhou incrédulo e teve que se controlar para não demonstrar a frustração que sentiu ao constatar a presença de outro colchão, igual ao em que estava sentado, cuidadosamente colocado do outro lado do quarto que dividia com Kuronue.
"Então, que achou? Nosso tempo de aperto acabou."
"É bem legal...", disse quase sem reação.
Já era noite e não houve outro jeito a não ser o de ir dormir no colchão novo. Depois do que tinha acontecido, não parecia um boa idéia pedir para Kuronue pra continuar dormindo em seu colchão.
A escuridão do quarto parecia ser a única companhia de Kurama numa noite que prometia ser interminável. Instintivamente, abraçou a própria cauda. Há anos não precisava usar esse subterfúgio para se sentir melhor. Pelo menos Kuronue estava desfrutando do prazer de dormir com espaço para esticar as asas. Já era um consolo...
"Kurama? Está acordado?", sussurrou Kuronue momentos mais tarde.
"Estou."
"Eu perdi o sono e fiquei pensando... Esse colchão novo é bastante grande. Acho que dá pra nós dois."
"Era exatamente nisso que eu estava pensando.", respondeu Kurama sem se preocupar em disfarçar seu contentamento ao retornar para seu lugar de origem.
Nada como estar perto de Kuronue, de descansar sob a asa que sempre acabava lhe servindo de cobertor, de escutar sua respiração suave e ritmada, enfim, de estar no único lugar onde se sentia no céu, ao lado da única pessoa em que podia confiar.
A verdade é que Kuronue ficava lindo quando dormia... Não raro, Kurama passava horas o admirando até ser vencido pelo sono. Aquele era o único momento em que Kuronue abandonava o rabo de cavalo que confinava seus longos cabelos negros o dia inteiro. Isso sem mencionar o sono de pedra que ele tinha... parecia um anjo.
E mais uma vez Kurama afugentava o sono na esperança de desfrutar mais tempo da companhia de Kuronue. Sem pensar, ajeitou-lhe os cabelos que cobriam seu rosto. Queria muito beijá-lo, mas não se atreveria. Jamais faria uma coisa dessas enquanto Kuronue estivesse dormindo...
Tinha sido um dia longo, repleto de acusações, descobertas e revelações. A pressão exercida pelo cansaço obrigou Kurama a recostar a cabeça, fechar os olhos e finalmente, se render de todo... mas não antes do que estava guardado em seu peito pudesse ser sussurrado, quase como se fosse uma última confissão.
"Amo você."