ðHwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/15.htmlwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/15.htmldelayedxÔaÕJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÈ€ “=IOKtext/html€X¾:}=Iÿÿÿÿb‰.HSun, 07 Nov 2004 06:28:52 GMTUMozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *ÄaÕJ=I Parceiros

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Fanfic por Ana-chan


Capítulo 15

O Beijo da Discórdia

 

Um inverno longo se passou até que o calor da primavera visse para derreter a espessa camada de gelo que cobriu a floresta durante quase quatro meses... Esse era sempre um momento muito esperado. O enclausuramento forçado funcionada para muitos como uma tortura quase insuportável. Kuronue era sempre uns dos que mais reclamava, ainda mais que Kurama havia optado por passar a maior parte do tempo entretido com coisas que não exigiam sua companhia, pelo contrário...

Quando mais o tempo passava, mais Kuronue tinha a sensação que seu amigo não era mais o mesmo... Tinha passado os primeiros dias de inverno quase de luto por causa da planta que o mestre havia explodido pra salvá-lo. Simplesmente não dava para entender... Talvez Kurama só estivesse ficando mimado demais, afinal, Najah continuava fazendo-lhe todas as vontades e aturando todos os revertérios que uma personalidade que cada dia se revelava mais instável. Naquele inverno, Kurama conseguiu arrumar confusão com quase todos os habitantes do subterrâneo. Parecia até que tinha prazer em provocá-los e usar seus privilégios para impor sua vontade.

Kuronue só não podia reclamar de uma coisa. Em relação a ele, Kurama continuava sendo a mais doce das criaturas. Kaizo costumava lhe dizer que se quisesse, podia ser o dono do subterrâneo, já que mandava em Kurama, que mandava no mestre, que mandava em todo mundo ali. No entanto, Kuronue sentia calafrios só de pensar em sua vida por este prisma. Não queria privilégios, não gostava de confusão nem de conviver com fofocas. Tudo que queria era que as coisas pudessem voltar a ser o que eram antes, quando ele e Kurama eram apenas dois garotos entre tantos outros.

Sem querer, se perdia em saudades dos tempo em que a vida se resumia a pregar peças nos viajantes, nadar no lago e falar uma porção de bobagens o dia inteiro. Tudo isso tinha acontecido há tão pouco tempo... Era incrível como a vida e as pessoas mudam tão rápido...

Mas Kuronue ainda era capaz de pensar na estação que se aproximava como um meio de resgatar esse passado tão recente e ao mesmo tempo tão distante. Talvez Kurama concordasse em viajar por uns tempos. Tinha a intuição que privá-lo um pouco dos paparicos do mestre já seria um bom começo.

De fato, a vida melhorou para todos com o fim do inverno. Kurama não quis viajar. Se desculpou com a explicação de que estava muito ocupado com uma arma nova que estava aprendendo a usar. Kuronue até apreciava que ele se armasse melhor, afinal, sua segurança como ladrão dependia disso. Por alguns dias, as coisas até pareciam ter voltado ao normal... Kurama e Kuronue ficavam horas na floresta treinando com suas novas habilidades.

Kuronue tinha se tornado exímio na técnica dos pêndulos. O afastamento de Kurama, se por um lado foi penoso, por outro lhe deu a oportunidade de se dedicar mais aos treinos. Isso sem falar que ele próprio se sentia diferente... Mais alto, mais forte e sobretudo, mais confiante. Até já ousava se comparar com seu irmão, notar como as suas asas eram ainda maiores que as dele, embora evidentemente não se atrevesse a comentar.

Kurama também estava diferente. Kuronue odiava admitir, mas a verdade é que o youko já estava mais alto que ele um pouco. O bom é que Kurama vivia dizendo o contrário, provavelmente para não chateá-lo. Continuava um bom amigo, apesar de tudo. Fazia tudo para agradá-lo, até exagerava as vezes. Um acaso tornou possível saber sua idade. Kurama lembrou-se que havia nascido durante uma tempestade tão forte que fez o rio transbordar, fato ocorrido também numa primavera, há quase 12 anos atrás. Era estranho pensar que só tinha essa idade quando já era tão alto. Mas de algum modo, isso não surpreendia Kuronue muito...

No entanto, haviam certos hábitos que pareciam perdidos pra sempre. Brincadeiras que haviam perdido a graça, lutas simuladas que pareciam deixá-los embaraçados sem motivo. Kuronue detestava ser aquele a se sentir esquisito, mas a verdade é que, por vezes, não suportava o modo como Kurama o olhava. Era como se estivesse nu, ou coisa pior...

E haviam também a parte de suas vidas que não haviam mudado nem um pouco com a chegada da primavera... A mania de Kurama de exibir os presentes que ganhava do mestre, por exemplo. Há dias o youko estava desfilando com um colete preto que deixava Kuronue quase babando. Adorava roupas pretas... se pudesse andaria de preto o tempo todo. Kurama era seu camarada, não custava jogar uma indireta... Só não sabia se a oportunidade era boa, afinal, Kurama andava tão pra baixo ultimamente.

Acabou o encontrando na sombra de uma árvore, lendo uns papéis estranhos, o que não era novidade. Naturalmente, ele parou o que estava fazendo pra falar com ele, embora não gostasse de conversar tanto como antigamente.

"Como vai o chicote?" perguntou Kuronue só pra puxar conversa.

"Vai indo. As vezes é complicado, se bem que a culpa é minha. Eu deveria treinar mais."

"E por que não treina, então?"

"Preciso decidir uma coisa importante... Acho que isso está me tirando a concentração."

"Você desconcentrado? Essa é boa! É tão sério assim?"

"É."

"E tem algum coisa que eu possa fazer pra te ajudar?"

"... "

"Tudo bem, se não quer falar... Você virou um poço de mistérios mesmo... Por que dormiu no outro colchão essa noite? Pensei que odiasse dormir sozinho..."

"E odeio. Mas é que eu ando tendo uns sonhos... bom, meio agitados. Fiquei com medo de te acordar..."

"Sei... Posso te dizer uma coisa? Espero que não fique chateado."

"Eu nunca fico chateado com você."

"Você não fica bem de preto."

"Hn?"

"Definitivamente não é a sua cor. Sabe, você é muito clarinho... Preto te faz parecer anêmico."

"Você usa preto o tempo todo... pensei que gostasse."

"Ah, mas meus cabelos são negros, e minhas asas são escuras também. Assim combina."

Kurama desencostou da árvore e tirou o colete.

"Pra você."

"Pra mim? Puxa, obrigado. Pra te falar a verdade, eu já estava mesmo de olho nele..."

"Deu pra perceber..."

Rapidamente, Kuronue pegou um punhal e fez um rasgo nas costas do colete. Tinha que ser assim, ou suas asas não passariam... Precisava vesti-lo logo. Era uma beleza de roupa.

"Então? Como ficou?"

"Lindo."

"Tem certeza? Não ficou muito apertado não? Nossa, será que agora sou eu quem está precisando de um regime?"

"Eu te amo."

Kuronue quase engasgou com a própria respiração. Não sabia o que dizer, então achou melhor tentar uma saída diplomática antes que a conversa tomasse um rumo ainda mais insólito.

"Também te amo. Ou como pensa que estou te aturando há tanto tempo?

"Eu falei sério."

A saída diplomática não surtiu o efeito esperado. Melhor tentar outra coisa.

"Kurama, você está confundindo as coisas... Somos amigo, os melhores amigos. Você é como um irmão mais novo pra mim. Pense bem, você só tem 12 anos, como pode saber do que está falando?"

Kuronue estava tão embaraçado com sua explicação que nem percebeu que Kurama se aproximava cada vez mais. Quando o fez já era tarde. Kurama o estava beijando... Petrificado, Kuronue sentiu um arrepio estranho subir e descer por seu corpo. Aquilo não podia estar acontecendo, mas estava. Só que nunca havia imaginado que seria logo com seu melhor amigo.

Kurama o soltou. Kuronue estava todo vermelho, trêmulo, completamente constrangido. Ao encarar Kurama teve vontade que o chão o sugasse. Não podia acreditar que ele tinha feito aquilo, depois de tudo que passaram juntos, depois de todas as fofocas que suportou... Pensar que tinham um fundo de verdade, era a maior traição com que já havia se deparado na vida. Dormia com ele... Lhe ocorreu quantas vezes já não teria sido beijado antes...

Esse pensamento, fez seu corpo reagir instintivamente, quase que como num reflexo... Deu um tapa em Kurama, mas sua vergonha não foi amenizada nem um pouco. Quase chorando de raiva, Kuronue arrancou o colete, o atirou no chão e saiu correndo...

Kurama ficou parado onde estava até anoitecer... Tinha conseguido estragar tudo de um só vez. E o pior é que tinha jurado para si mesmo que jamais roubaria um beijo de Kuronue, por mais sua vontade lhe impelisse a fazê-lo... Não entendia como pode fraquejar daquela maneira... E não tinha idéia de como faria para consertar o estranho que tinha feito... Só sabia que algo teria que ser feito. Qualquer coisa. Imploraria se preciso fosse.

Quando voltou para o quarto, uma nova surpresa o esperava. O colchão de Kuronue não estava mais lá... nem isso nem suas roupas... Era evidente que tinha se mudado... Parecia até um pesadelo.

Já ia deixando o quarto quando se deparou com Kaizo parado a sua frente. Levou um susto, mas se controlou da melhor forma possível.

"Preciso falar com você. O que fez com meu irmão?"

"Eu?" perguntou Kurama meio atônito. Ainda estava em choque. Não estava preparado para conversar com Kaizo numa hora daquelas.

"Não, minha avó. De quem mais eu poderia estar falando?"

"Me deixa em paz."

"Escuta aqui, seu sonso. Kuronue chegou aqui hoje a tarde mais nervoso do que no dia em que você arrumou aquela confusão com a planta. Alguma coisa você fez ou ele não teria pedido pra voltar pro meu quarto."

"Vai embora, Kaizo!"

"Eu ainda não acabei. Meu irmão não é uma coisinha a toa feito você. Ele tem honra. Seu único defeito é ter um péssimo gosto para amizades. Isso aqui era um bom lugar até você chegar, sabia? O mestre ajudava a todos, e muito, e agora só pensa em você... Também... por trás dessa sua cara de anjinho, você sabe como fazer pra conseguir o que quer, não é mesmo?... Só vim aqui pra te dizer uma coisa, aliás, eu já deveria ter feito isso há muito tempo. Fica longe do meu irmão! ... Por que não aproveita pra sumir daqui de vez? Já aprendeu a andar em duas pernas e a brincar com suas plantinhas, pode muito bem se virar em outro lugar. Acho até que não vai faltar outro trouxa querendo te adotar... Vê se mete uma coisa na cabeça: Kuronue nunca mais vai olhar pra sua cara."

"Não. Ele vai sim. Eu vou lá falar com ele"

Kurama tentou passar por Kaizo, mas foi segurado pelo braço.

"Me solta!"

"Vai fazer o que? Gritar pelo mestre? Grita, anda!"

"Me solta, não quero te machucar..."

"Você? Me machucar? Tenta que eu quero ver!"

"Não, você quer brigar pro Kuronue me odiar."

"Ele já te odeia, imbecil."

Kaizo não teve tempo de perceber de onde veio o ataque. Quando deu por si, estava preso por raízes que brotavam da paredes, erguendo-o do chão. Tentou lutar mas era impossível. Era como se estivesse acorrentado, ou pior...

Kurama o encarou com expressão vitoriosa. Kaizo não evitou de se sentir realmente ameaçado por aquele situação. Jamais julgou que Kurama fosse capaz de dominá-lo tão facilmente.

"Não se preocupe, não vou te matar... Só quero que saiba uma coisa. Essas raízes são amostras grátis do que eu posso fazer, então, nunca mais pense em encostar um dedo em mim, entendido? Se quer saber, não me importo com o que você e os outros pensam sobre mim. Você e Tieko dormem juntos e ninguém diz nada, não é?"

Kaizo engoliu seco. Nunca pensou que alguém desconfiasse disso. Queria responder a provocação mas não podia... não saberia como fazê-lo, ainda por cima no estado em que se encontrava.

Sem aviso prévio, sentiu as plantas o soltarem. Caiu ao chão, mas procurou se recompor rapidamente. Olhou pra frente, em alerta, mas Kurama não estava mais lá.

Kurama aproveitou a aflição de Kaizo para ir atrás de Kuronue. Encontrá-lo não foi difícil. Ele estava na sala principal, jogando cartas com Tieko e mais dois outros youkais.

O sorriso de Kuronue se desfez assim que notou sua presença. Tieko o encarou ameaçadoramente, mas Kurama ignorou tudo isso solenemente. Sua única preocupação era a de consertar sua situação com Kuronue.

Kuronue seguiu Kurama até um quarto vazio. Sabia que tinha que resolver sua vida de uma vez por todas. Ainda estava com raiva. Tinha passado a tarde inteira ouvindo sermões de Kaizo, que, sem saber ao certo o que havia se passado, o culpava por ter escolhido um amigo tão desclassificado. Kuronue não o contou nada do ocorrido. Tinha medo que Kaizo e Tieko fizessem alguma loucura. Estava magoado, mas também não admitiria que algum mal acontecesse a Kurama por causa disso.

"O que quer?" perguntou com o olhar mais frio que pode arrumar.

"Você me bateu."

"Você mereceu."

"Você tirou suas coisa do quarto..."

"Me mudei."

"Mas o quarto é seu."

"Fica pra você, tá bom assim?"

"Kuronue, por favor, não fique assim comigo... Eu sei que o que eu fiz foi errado mas eu juro que não pretendi te ofender."

"Mas ofendeu. Você estava pensando o que? Que pode jogar comigo o mesmo joguinho nojento que joga com o mestre?"

"Não, você não entendeu nada, eu..."

"Chega, Kurama! Estou farto de você. De saco cheio! Fiz tudo que podia por você, tentei te entender, juro que tentei... Os outros estavam certos a seu respeito o tempo todo... Você não liga pra ninguém e faz qualquer coisa pra conseguir o que quer... Por favor, fique longe de mim. Não quero olhar pra sua cara nunca mais."

Kuronue virou as costas e saiu antes que Kurama pudesse dizer mais qualquer coisa...

 


O tempo passou devagar naquele cubículo escuro. Kurama tinha ficado por lá depois que Kuronue saiu. Sua primeira reação foi sentar, como se num instante não fosse mais capaz de suportar o peso do próprio corpo. Sabia que as coisas estavam mal para o seu lado, mas não acreditava que fosse tanto... Ainda tentou lutar consigo mesmo, se convencer se que havia alguma saída, mas foi inútil. Pela primeira vez na vida, desejou de verdade que o teto desabasse sobre sua cabeça.

Por outro lado, não podia ficar ali, como um bicho doente, o resto de sua vida. Uma outra questão crucial lhe aguardava alguns quartos acima, se bem que, sua grande dúvida parecia ter sido solucionada com o último evento. Kuronue não o amava... e não havia nada que pudesse fazer a esse respeito. Sentimentos eram mesmo uma coisa terrível... não se podia dobrá-los da mesma forma como fazia com a vontade. Mas daquele dia em diante, Kurama se dispôs a morrer tentando.

 

 


Continua...

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