ðHwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/17.htmlwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/17.htmldelayedxÖaÕJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÈ[“šCOKtext/html€X¾:}šCÿÿÿÿb‰.HSun, 07 Nov 2004 06:29:31 GMTWMozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *ÖaÕJšC Parceiros

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Fanfic por Ana-chan


Capítulo 17

O Nome das Estrelas

 

Perspectivas, por vezes, mudam da noite para o dia. Isso foi mais ou menos o que aconteceu com Kurama em relação ao beijo que roubou de Kuronue. Na altura, não tinha entendido bem o motivo de tanta revolta, afinal, tinha sido um beijinho tão inocente. Só que agora, Kurama sabia exatamente onde os beijos inocentes costumavam levar... Talvez, Kuronue já soubesse. E pensar que sempre se achou o mais esperto...

Kurama se virou no colchão novamente, tentando encontrar uma posição melhor, o que parecia impossível sem Kuronue do seu lado. Mas isso não era sua única preocupação. Não conseguiria continuar dormindo, por mais que quisesse. Estava fazendo isso há mais de 12 horas... No entanto, dormir foi a melhor coisa que tinha feito na última semana.

Fazia uma semana que Kuronue não lhe dirigia sequer um olhar. E pior, tinha viajado com Kaizo e Tieko sem ao menos dizer adeus. Por outro lado, não sabia se conseguiria encará-lo depois de tudo que tinha acontecido. Uma semana pode parecer pouco tempo, mas para Kurama, era como se anos tivessem se passado.

Pelo menos estava de volta ao próprio quarto. Kuronue se fora mas seu cheiro ainda estava lá, já era alguma coisa. Mesmo assim, não agüentava mais ficar deitado, fingindo que ainda estava com sono. Tinha fugido da realidade tempo demais.

Alguns momentos depois, Kurama saía de casa pela primeira vez desde o dia do famigerado beijo. Era noite. Foi estranho constatar como havia perdido totalmente a noção de tempo. Estar na superfície era por si só motivo para respirar aliviado. Naquela altura, já tinha até esquecido a sensação de respirar ar puro.

O céu parecia de uma transparência infinita e ressaltava como nunca o brilho das estrelas. Era uma noite magnífica. Kurama não resistiu e se deitou para admirar melhor o espetáculo que a natureza lhe oferecia. Era estranho pensar que há alguns dias atrás ele e Kuronue tinham estado na naquele mesmo lugar, entretidos na tarefa de batizar os desenhos que as estrelas formam no céu. Estavam todos lá, o Morcego, a Mimosa, o Pingente e até mesmo a Garota Peituda. Olhando bem, Kuronue tinha razão quanto a esse último embora continuasse achando um nome muito ruim. Quase sem perceber, Kurama foi tomado por uma inconveniente vontade de chorar. Achava ridículo chorar pelos próprios erros, então, resistiu o quanto pode. Quando a primeira lágrima escorreu de seu rosto, se levantou bruscamente. Tinha que encontrar algo pra fazer. Lamentar não ia servir de nada...

 


"Nem tudo está perdido" pensou Kurama ao admirar a bela espada que havia acabado de roubar.

Pelo menos ainda sentia vontade de 'trabalhar'. Foi fácil. Roubar sozinho tinha as suas vantagens. Era mais fácil passar desapercebido. Aquele caçador levaria um susto quando acordasse e desse falta de sua preciosa arma. Esse não deixava de ser um pensamento bastante acalentador para o youko. Ludibriar suas vítimas sempre o fazia se sentir bem e, melhor que isso, o roubo o tinha feito esquecer, ainda que por alguns instantes, a tristeza que quase o sufocava.

O caminho de volta parecia mais longo do que o habitual. Era muito diferente retornar sozinho, sem ter com quem comentar as últimas façanhas e mancadas. Mas isso não era o que mais o atormentava mais naquele momento... Ter um lar era um indiscutível privilégio para qualquer youkai. Um bem mais precioso do que todos os tesouros que viesse a roubar. Mesmo assim, se sentia voltando para o purgatório...

Kurama parou. Não podia continuar tão distraído ou acabaria se perdendo. Sorte que o caminho era conhecido, quase habitual... Por isso mesmo, ele se surpreendeu quando se deparou com uma bifurcação na trilha por onde seguia. Parecia uma nova trilha, provavelmente aberta há pouco tempo. A visão do caminho inesperado encheu sua cabeça de idéias antes impensáveis. Podia sumir por ali e desaparecer pra sempre... Kurama apertou a espada roubada com força. Era agora ou nunca.

Assim, o youko correu o mais que pode, se distanciando cada vez mais da trilha que levava à entrada do subterrâneo. Não sabia para onde estava indo, mas também não pensou a respeito. Apenas correu até perder completamente o fôlego. Estava deixando tudo pra trás, os túneis apertados, os colegas fofoqueiros e sobretudo Najah... Não podia desistir, ou jamais se livraria deles.

Uma dormência nas pernas obrigou Kurama a sentar. Talvez tivesse corrido demais. Já estava parado há algum tempo e a respiração ainda não tinha voltado ao ritmo normal. Ainda assim, estava decidido a continuar, ou pelo menos até que um último detalhe lhe ocorresse... Kuronue. Se fugisse nunca mais o veria. Não havia lógica em desistir por causa disso, afinal, Kuronue não era mais sequer seu amigo... provavelmente nunca voltaria a ser.

Logo que se recuperou, Kurama prosseguiu. Estava voltando pra casa. Talvez fosse um fraco por mudar de idéia assim tão repentinamente, mas a verdade é que, apesar de tudo, ainda não conseguia imaginar sua vida longe de Kuronue. Por enquanto, suportar seu desprezo seria mais fácil do que sua ausência.

O caminho era estranho. Kurama não tinha a menor idéia de onde tinha se metido quando mudou de trilha. Sorte que tinha um razoável senso de localização, então, ao menos sabia que direção seguir. Tinha corrido tanto na ida que mal percebera o quanto o mato era fechado naquele lugar. Mas isso nem era o mais fora do comum. Haviam pedras enormes por toda a parte. Caminho horrível. Talvez não houvesse mal em tentar uma atalho...

Horas mais tarde, Kurama mudava de rumo pela décima vez, no mínimo. Tinha a sensação de estar andando em círculos. Algo tinha que estar errado... e não era só a fome que estava sentindo. Sorte que já tinha amanhecido.

Mais uma rocha lhe arrancou um grande suspiro. Ao menos era só uma decida. Já estava cansado de tanto escalar. Ele desceu displicentemente, enquanto calculava onde tinha errado em sua trajetória maluca. Não estava muito preocupado. Ia acabar achando o caminho certo mais cedo ou mais tarde. E depois, haviam coisas piores do que algumas horas de caminhada forçada pela floresta.

Subitamente, seus pensamentos foram interrompidos pela estranha sensação de que o chão tinha sumido de debaixo de seus pés. Tinha pisado em pedras soltas e a queda seria inevitável. Não era uma altura grande e Kurama quase não sentiu o impacto ao cair no chão. Nem tudo podia dar errado naquele dia...

Mas não foi bem assim. Ele já estava começando a se levantar quando um grito ecoou pela floresta. Ele só percebeu que foi seu autor instantes depois. Uma dor intensa emanou de seu pé mas ele agüentou firme. Definitivamente, gritar no meio de uma floresta do Makai não era uma boa estratégia. Tentou se mexer, mas se arrependeu quase imediatamente. Teve que ficar imóvel, esperando até conseguir pensar em alguma coisa. Instantes mais tarde, se atreveu a virar um pouco o corpo, até ficar de bruços... quase se arrependeu de novo, mas foi só assim que pode constatar o que tinha acontecido. Uma pedra enorme havia caído bem em cima do seu pé direito. Era bem pior do que tinha pensado. Se ferir tinha seus inconvenientes mas com certeza ficar imobilizado era uma péssima situação. Ele procurou se acalmar.  Se desesperar não ajudaria em nada. Era dia, pelo menos estava livre de predadores noturnos.

Momentos depois, a dor havia diminuído bastante, o que o levou a uma nova e preocupante consideração. E se seu pé tivesse sido esmagado? E se o ferimento fosse tão sério que tivesse que ser amputado? E se nunca conseguisse sair dali? O youko sacudiu a cabeça tentando esvaziar a cabeça dos maus pensamentos... Não ia ser imaginando o pior que iria conseguir se safar daquela enrascada.

Durante muito tempo, ele permaneceu apoiado nos cotovelos, tentando se manter atento ao que se passava a sua volta. A todo instante, punha em execução algum plano para se libertar mas nada parecia dar certo. O tempo passava, a posição do sol lhe dizia isso. Se não pensasse em algo logo, seria pego pela noite...

Num último recurso, a espada recém roubada foi usada como alavanca em mais uma tentativa frustrada. A pedra era simplesmente pesada demais além de que, qualquer movimento mais brusco reacendia a dor que agora parecia se espalhar pela perna inteira. Kurama precisou usar toda a sua força de vontade pra não sucumbir ao ímpeto de gritar e assim atrair qualquer um que pudesse tirá-lo dali, caçador, mercador de escravos, o que fosse.

A noite chegou, e com ela a floresta se encheu de ruídos assustadores. A perna tinha voltado a doer e Kurama se consolava com a idéia de que isso talvez não o deixasse dormir. Seria por demais perigoso esmorecer naquela hora embora a utilidade da vigilância fosse bastante discutível já que estava imobilizado de qualquer jeito. Se ao menos Kuronue estivesse ali para ajudá-lo como na vez da Mimosa...

Kurama não deu conta de quanto tempo se passou até ter chegado num ponto em que se sentia bem, apesar de tudo... Coisa estranha... A perna não doía, o chão não era duro, o corpo não estava dormente e nem a barriga vazia... Talvez tivesse morrido, foi o que lhe ocorreu. De algum modo, não se importava nem um pouco. Tudo que sentia eram cócegas numa das orelhas...

Devagar, o youko abriu os olhos. Sua vista parecia mais desabituada à claridade do que o habitual, mas só então teve certeza que não estava morto. Seu corpo parecia moído, porém a perna não incomodava mais. Quanto às cócegas... Kurama constatou um tanto aborrecido que estava sendo lambido por uma espécie de coelho... Por outro lado, isso significava que teria o que comer... Com sorte, Kurama conseguiu agarrar o animal apesar do movimento atrapalhado. Não seria difícil matá-lo e come-lo ali mesmo se não fosse o detalhe de que nunca tinha comido um bicho vivo sem ser na forma de raposa. Se transformar era impossível mas a verdade é que já não comia há muito tempo.

O coelho acabou sendo solto. Pelo menos alguém ali voltaria pra casa, pensou ao ver a correria desabalada do pequeno animal. E depois, ainda haviam lhe restava algumas sementes. Talvez conseguisse fazer algo brotar. Ultimamente já vinha fazendo isso com bastante facilidade.

No entanto, não havia nada que fizesse a planta se desenvolver. Tudo que Kurama conseguiu foi um mísero galho fino como um dedo com duas folhinhas.

"O que mais falta dar errado..." pensou enquanto lamentava sua piedade em relação ao coelho.

Com o decorrer do dia, Kurama viu seu otimismo ser minado pouco a pouco. Já não se preocupava mais em vigiar. Estava sem forças, tão cansado quando no dia em que tentou controlar a Mimosa. A fome tinha desaparecido assim como todas as outras sensações. Tudo que lhe restou foi uma sede capaz de fazer a língua colar no céu da boca. Tudo o que queria era que seu tormento acabasse, de um jeito ou de outro. Seria muita sorte sobreviver outra noite daquele jeito. Dali em diante, não havia outra coisa que pudesse fazer, a não ser esperar.

Kurama nunca soube ao certo quando sentiu a maldita pedra ser erguida... Não chegou a ser um alívio já que não sentia mas nada mesmo. Contudo, foi maravilhoso sentir água em contato com seus lábios novamente. Talvez dessa vez tivesse morrido de verdade...

 


Ao acordar, constatou surpreso que estava de volta ao subterrâneo. Não tinha a menor idéia de como havia ido parar lá...

"Bom dia!"

Aquela voz... Estava longe de ser a que esperava ouvir, mas ao menos lhe deu certeza que não estava sonhando. Mestre Najah estava entrando no quarto que, pela maciez do colchão, só podia ser o dele.

"...Ainda bem que acordou... Foi mais uma grande confusão essa que você arranjou..."

Finalmente Kurama pode compreender o que se passava. Tinha sido encontrado e trazido de volta. Estava de volta ao quarto de Najah. Haviam tantos travesseiros amparando seu corpo que tinha a sensação de estar deitado numa nuvem. Mas isso não era o suficiente para amenizar todas as suas preocupações...

"Meu pé... Você cortou ele?"

"Seu pé está bem, por incrível que pareça. Se não estou enganado, você andou usando seu youki. Foi muita sorte assim mesmo..."

Najah se sentou ao seu lado, não sem antes ajeitar melhor os travesseiros que serviam de apoio para o pé enfaixado.

"... Bom, você não vai poder andar por algum tempo."

"Quem me encontrou?"

"Eu encontrei. Fiquei preocupado quando com a sua demora. Principalmente porque nem Kuronue sabia de você."

"Ele voltou?"

"Ei! Onde pensa que vai? Fique quieto aí se não quer arrumar uma problema ainda pior. Vamos, beba isso."

"Que é isso?"

"Leite."

""Leite? Mas isso não é aquele negócio que sai dos peitos das fêmeas?"

"Esse não é de youkai. É de um animal criado só pra isso, muito raro por aqui. Vê se gosta."

Kurama experimentou meio desconfiado, mas acabou virando tudo de uma vez. A fome ajudou, é claro, mas o tal leite não era nada mal. Najah ainda chegou a pedir para que ele não bebesse tão rápido mas foi completamente ignorado.

"Gostei."

Najah o beijou de leve mas Kurama nem se mexeu. Só estava vivo por causa dele... Tinha que arranjar um meio de se acostumar com isso.

"Tinha bigode de leite em seus lábios... Não resisti."

"Tudo bem." respondeu Kurama tentando sorrir.

"Vou deixar você descansar agora. Nem pense em se levantar, ouviu?"

"Pode deixar."

Kurama observou Najah se retirar. Ele até que era legal... Não podia desejar que tudo fosse perfeito ainda mais depois que tinha estragado tudo com Kuronue. Fugir teria sido uma estupidez de qualquer jeito. Estava num lugar seguro, deitado sobre mais travesseiros do que deveriam existir em todo leste do Makai e sendo educado por um youkai sábio e poderoso. Não podia ser tão ruim assim...

 

 


Continua...

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