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Fanfic por Ana-chan
Capítulo 22
Tatuagem
Assim que o corte na barriga cicatrizou, Kurama se empenhou em uma nova missão: desfazer a má-impressão de Kuronue a seu respeito. O plano era simples: tentaria tudo que lhe viesse na cabeça e se não conseguisse, iria embora, pra qualquer lugar do Makai e nunca mais pensaria no assunto, mesmo que pra isso precisasse bater com a cabeça numa pedra até esquecer.
Os dias se passaram e a inevitável partida de Kurama era adiada mais uma vez embora nada do que planejasse desse certo. Era como se o destino tramasse contra ele; desencontros, conversas interrompidas ou nem sequer iniciadas além da sensação de que tudo que dizia ou fazia era interpretado da pior maneira possível. Era evidente que a expulsão de Tieko havia criado um estrago ainda maior em sua reputação. Não que se importasse com que os outros pensavam, mas Kuronue...
Pelo menos a relativa solidão em que vivia havia contribuído bastante para se tornar um ladrão melhor. Há muito Kurama havia desistido dos assaltos tímidos e furtivos que costumava praticar com Kuronue. Sua técnica atual era bastante mais interessante... e perigosa. Havia passado a almejar alvos maiores como vilas e fortalezas bem vigiadas. Não se importava de lutar, pelo contrário, até apreciava quando algum guarda tentava para-lo. Era sempre uma boa chance de por em prática todas as novas habilidades que estava desenvolvendo. Estranho como um combate bem sucedido podia ser relaxante. Era quase tão bom como se ver livre da presença de Najah por alguns dias.
A verdade é que Najah estava cada vez mais estranho e difícil de aturar. Ainda o cobria de mimos e atenções mas sua tendência ciumenta e obsessiva já começava e se tornar insuportável. Tinha horas em que era capaz de suportar o mais infame dos desaforos e outras em que um simples gesto era suficiente para deixá-lo nervoso, quase violento. Hekel era um assunto proibido. A última vez em que tinha perguntado sobre ele, pensou que fosse ser atacado. Tinha até medo de imaginar o que poderia acontecer se contasse sobre o beijo na floresta. Quanto a Kuronue... com certeza essa era uma questão em que definitivamente não podia contar com a ajuda de Najah. Para todos os efeitos, ainda eram amigos, embora não tão colados como antigamente. Se contasse a verdade, provavelmente o mestre faria de tudo para que as coisas permanecessem desse jeito.
Bom, ao menos as noites com Najah já não eram tão desagradáveis.
Sem querer, Kurama havia descoberto um método que facilitava as coisas de
maneira surpreendente: pensava em Kuronue. Apenas imaginava como seria se seu
adorado ex-amigo estivesse bem ali, no lugar do mestre. Incrível como um pouco
de imaginação podia ser útil nesses momentos.
O dia mal havia clareado, quando Kurama despertou. Acordar cedo não era exatamente uma de suas virtudes mas naquele dia se fazia necessário. Tinha grandes planos e não poderia perder tempo com sua habitual preguiça diurna. Najah dormia ao seu lado, o youko se certificou disso antes de se levantar. Seria uma maçada se ele acordasse antes que conseguisse escapar dali. Com todo o cuidado, se esgueirou para fora do colchão, após soltar sua cauda, parcialmente presa sob o enorme corpo do mestre. Do jeito que as coisas iam, Kurama já estava vendo o dia em que seria forçado a usar coleira... Mas não tinha importância. Estava certo que daquele dia em diante resolveria sua questão com Kuronue pra sempre.
Havia alguns dias que tinha furtado alguns objetos em um vila um pouco distante. Quando já estava fugindo, foi obrigado a se esconder em uma das casas para escapar da vigilância. Não ficou lá por muito tempo, mas foi suficiente para se encantar com os pequenos desenhos que eram guardados ali. Estavam todos espalhados pelas paredes e nem o papel rústico em que haviam sido feitos diminuíam sua beleza. Kurama achou tão lindo que não teve coragem de roubá-los. Decidiu voltar e adquirir algum com o dono de maneira "honesta". Melhor que isso, o daria de presente para Kuronue. Tinha que dar certo.
A viagem para a vila foi longa, como esperado, apesar de ter
usado a forma de raposa para correr mais rápido a maior parte do tempo. Queria
ter certeza que iria chegar bem antes de anoitecer. Ao alcançar a vila foi logo
procurar a casa onde havia visto os desenhos. Não podia demorar muito. A sede,
fome e cansaço que estava sentido tinham que esperar um pouco mais.
"Mas que porra!", esbravejou a jovem ao ver sua gravura borrada.
Estava ficando tão lindo mas a inesperada batida em sua porta a havia feito estragar tudo. Talvez ainda tivesse conserto, pensou antes de levantar da cadeira um tanto contrariada.
Antes que a batida irritante se repetisse de novo, Liu deu uma rápida conferida no visual. Não podia estar parecendo uma velha resmungona caso fosse um de seus muitos amigos do outro lado da porta. Habilmente, ela escondeu o punhal fino, porém afiadíssimo em sua roupa de baixo, de modo que o cabo exposto parecesse um sexy enfeite do sutiã. Não custava nada ser precavida ainda mais depois que a vila tinha sido assaltada por um larápio qualquer...
No entanto, seus olhos castanhos se arregalaram de surpresa ao abrir a porta. Era um garoto... Nenhum dos que costumava freqüentar sua respeitável residência infelizmente...
"Oi! Você que mora aqui?"
"Ahn? O que você quer neném?"
"Aqui é que mora o youkai que faz desenhos?"
"Desenhos? Ah! Já sei... Não adianta neném, não faço tatuagem em filhotes de youko. Não quero ser devorada por plantas, compreende? Agora dá o fora antes que a sua mãe venha aqui me criar problemas."
A moça já ia fechando a porta quando seu movimento foi bloqueado.
"Que é, neném? Já não te falei pra ir embora?"
"Não sou um neném, não tenho mãe e não estou interessado nessa tal de tatuagem. Só quero que você me venda um daqueles desenhos. Vim de muito longe e só vou desistir se você me matar."
Liu respirou fundo. De fato, o guri não parecia ser do tipo que desiste fácil. Talvez não estivesse mentindo já que também estava mesmo com jeito de quem tinha andado um bocado. Liu... Cadê sua hospitalidade? - pensou ao reparar melhor em seu visitante.
"Falou, neném. Entra aí!"
Kurama entrou devagar, um pouco desconfiado, mas procurou não demonstrar. Só faltava agora conseguir se entender com a esquisitíssima dona da casa. Youkai engraçada, pensou ao se ater àquele figurino fora do comum. Uma roupa curtíssima, que mostrava mais do que escondia a pele morena que a fazia parecer ter mais vida do que os outros. Isso sem mencionar os cabelos cor de fogo que alcançavam a cintura em cachos e mais cachos que pareciam se mover junto com a dona. Se não fosse interrompido, Kurama poderia ter ficado parado olhando para ela por horas...
"Qual é neném? Fecha a boca! Você não está muito saliente pra sua idade não?"
"Desculpe... é que eu nunca tinha visto ninguém como você antes..."
"Tudo bem... Você está com fome? Tem uma bóia lá no fogo..."
"Uma o que?"
"Bóia, neném, comida! Tá afim?"
"Não estou com fome...", mentiu, "... Olha, eu não posso demorar muito, então eu preciso saber se você me vende ou não um desses desenhos."
"Vende? E o que um neném feito você pode ter pra me dar em troca?"
"Isso serve?", respondeu Kurama mostrando a pequena bolsa de moedas.
"Uau! Neném, onde arranjou isso?"
"Minha mãe me deu. E pare de me chamar de neném! Eu tenho nome, é Ku... Kuronue."
"Um... você disse que não tem mãe, Ku-Kuronue."
Kurama já estava começando a ser irritar com aquela criatura, embora cada vez a achasse mais interessante. Melhor ir direto ao assunto.
"Pra que tantas perguntas? Vende ou não vende?"
"Senta aí."
"Pra que?"
"Pra gente negociar."
Os dois se sentaram ao lado de uma pequena mesa entupida de papéis. O queixo de Kurama quase caiu ao ver o conteúdo da obra exposta sobre a mesa... Ainda bem que Najah nunca tinha visto aquilo...
"Ei!...", berrou Liu, guardando os papéis, "... isso não é pra crianças! E não me venha dizer que quer um desses, viu?"
"Eu estava pensando em um dos que estão na parede...", respondeu Kurama tentando conter o riso.
"É... Kuronue... o negócio é o seguinte. Pra início de papo, meu nome é Liu. Aqueles desenhos não são de vender, são modelos que eu uso pra fazer tatuagens. Se quiser, posso fazer uma coisa bem mais maneira pra você levar do que aquilo, que acha?"
"Não sei se posso esperar. Que é tatuagem?"
A resposta de Liu foi um leve puxão na própria roupa, que revelou uma forma de rosa desenhada sobre sua própria pele. Em se tratando do lugar, bem em cima do seio, Kurama não sabia bem pra onde olhava, se para a tatuagem ou para o resto...
"Pô neném! Que olho cumprido cê tem. Chega, né! Já olhou muito. Isso é uma tatuagem... o desenho, viu? Eu me sustento fazendo esses desenhos na pele dos outros. Se bem que o negócio está numa pindaíba total ultimamente. Você é o meu primeiro cliente em semanas. Tô vendo que vou ter que mudar de profissão de novo."
"Você faz uma tatuagem em mim?"
"Você é muito neném pra essas coisas. Melhor ficar só com o desenho. Tatuagem não sai nunca mais, sabia?"
Os olhos de Kurama se arregalaram com a revelação. Era muito melhor do que estava pensando.
"Verdade? Eu quero sim! Te pago mais até."
"Tem mais uma coisinha... Tatuagem é feito com agulha. Dói pra caramba."
"Eu agüento."
"E sua família? Você é um youko, não é? Não quero encrenca com o seu clã."
"Não sou youko, só parecido. Não se preocupe, nunca vou contar pra ninguém que foi você que fez. Preciso mesmo dessa... tatuagem."
Liu olhou pra cima. Parecia que não tinha jeito. Depois, precisava do pagamento. Por que não?
"Tudo bem filhote. Vou pegar as coisas pra fazer a tatuagem em você. Enquanto isso vai escolhendo um desenho e onde quer fazer."
Em uma coisa o jovem youko não tinha mentido. Suportou todas as alfinetadas na nuca sem dar um pio. Estranho foi ter insistido em tatuar o símbolo de próprio nome, pensou Liu enquanto passava uma substância cicatrizante. Até que era uma garoto legal. Quisera ela que todos os seus clientes fossem assim.
"Tá pronto neném!"
"Ué, não doeu nada! Deixa eu ver."
"Não dá pra ver direito por enquanto. Tem que esperar cicatrizar primeiro."
"Quanto tempo demora?", perguntou Kurama preocupado.
"Depende. Você tem uma pele tão fininha... Talvez uns dois dias."
"Tudo isso?.. Ai!"
"Não mexe o pescoço, neném! Você tem que ficar quieto um tempinho. Se quiser, pode ficar aqui hoje."
"Não posso. Tenho que voltar."
"Não pode viajar assim. Vou buscar alguma coisa pra você comer. Não saia daí."
Apreensivo, Kurama observou Liu se retirar alegremente. Com as moedas que tinha ganho, provavelmente ela abasteceria a casa. Bom pra ela, só que isso de nada resolvia o seu problema. Não podia ficar ali a noite de jeito nenhum ou Najah ficaria uma fera. Só que sua barriga roncava, suas pernas formigavam e seu pescoço doía tanto que não conseguia mexer a cabeça. Não teve escolha quando à decisão de fazer a tatuagem na nuca. Ao menos era um lugar discreto já que ficava escondido sob o cabelo. Considerando que o quarto do mestre não era lá muito bem iluminado, podia ser que ele nem notasse. Tinha que torcer pra isso.
Tudo que Kurama queria era descansar um pouco mas a
necessidade falou mais alto. Procurou concentrar ki na área ferida para que
sarasse mais rápido. Talvez ainda houvesse chance de voltar antes de
escurecer...
Quando Kurama abriu os olhou, custou um pouco para que lembrasse onde estava. Choque mesmo, só quando percebeu que já era dia novamente. Tinha apagado bem ali na esteira onde fora tatuado sem dar a menor conta. Agora sim estava com problemas... No entanto, seu olfato não ficou insensível ao aroma que vinha do outro lado da casa.
Numa pequena área aos fundos, encontrou Liu cozinhando meio atrapalhada.
"Já acordou, neném?"
"Eu tinha que ter ido embora ontem."
"Tinha uma ova. Você não conseguiu nem ficar acordado. Mas numa coisa eu me enganei... seu pescoço já está quase bom. Eu só ainda não entendi a razão de tatuar uma coruja negra, se é que você se chama Kuronue mesmo."
"Não me chamo Kuronue, mas é o meu nome favorito."
"Entendo... Então? Que tal fazer uma boquinha?"
"Pra que eu ia querer tatuar uma boca?"
"Eita neném! Tô te convidando pro almoço. E não vem me dizer que não está com fome por que eu sei que está. Não sou lá uma grande cozinheira, mas dá pro gasto."
Liu ainda não tinha terminado de falar e Kurama já tinha se servido e devorava o cozido sem nenhuma cerimônia. Assim que terminou, o youko se apressou em ir embora. Sabia que quanto mais tardava, mais enrolado ficaria. Uma pena. A conversa com Liu durante a refeição foi bastante interessante. Incrível como uma aparência tão extravagante podia esconder uma garota tão bacana.
"Liu.", chamou Kurama antes que ela fechasse a porta.
"Que foi neném?"
"Você tem filhos?"
"Não. Por que?"
"Nada... É que você é uma garota legal."
"E você é um neném muito lindinho. Vê se toma cuidado."
"Adeus, Liu.", se despediu Kurama antes de mudar de forma e tomar seu rumo.
"Até a vista youko! Espero que Kuronue goste da
surpresa..."
A volta para casa foi tão rápida que Kurama mal acreditou. Também, tinha corrido praticamente sem parar pra descansar. Um sorte ter a habilidade de ter transformar em raposa. Talvez devesse pedir à Najah para lhe ensinar a tirar um melhor proveito disso.
Já era noite fechada e com sorte todos estariam dormindo, inclusive o mestre. Isso lhe dava alguma vantagem. O certo seria ir para o quarto e esperar amanhecer para falar com Kuronue mas simplesmente não conseguiu. A água do lago era bastante fria à noite mas um banho era o único jeito de se livrar da poeira que ficara da viagem. Não podia ir ver Kuronue todo desgrenhado, podia?
Feitos os devidos reparos no visual, Kurama seguiu sorrateiro pelo corredor. Se acordasse alguém, tudo iria por água abaixo. Kuronue estava dormindo no quarto do irmão, em colchões separados, felizmente. Pena que não tinha tempo para ficar o admirando com fazia antigamente. Era agora ou nunca.
"Kuronue."
"Essa bolsa tá muito pesada...", murmurou Kuronue dormindo.
"Kuronue!", insistiu Kurama, o sacudindo de leve.
"Kurama?..."
"Preciso falar com você agora."
"Ficou doido? Vai embora..."
"Tem que ser agora, Kuronue. Pelos velhos tempos..."
Kuronue hesitou mas acabou concordando. Pediu que Kurama o esperasse em seu ex-quarto. Não estava acreditando no que estava fazendo, mas talvez precisasse mesmo dessa oportunidade de conversar a sós com o youko. Só assim poderia resolver aquele situação de uma vez por todas.