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Fanfic por Ana-chan


Capítulo 24

Tempo Perdido

 

 

Quase um ano de separação e era como se não tivessem passado mais do que alguns dias. De todos os desentendimentos, de todos os desencontros, restaram apenas as lembranças de um período que tanto Kurama como Kuronue já tinham, inconscientemente, condenado ao esquecimento.

Tão forte quanto no início, a amizade renasceu, reatando laços que nem uma vida inteira de distância pareciam poder apagar, recriando hábitos esquecidos, clamando por compensação pelo tempo perdido.

Nada parecia poder impedi-los de voltar a viver como antes, exceto a realidade de que nada mais era como antes...

Kaizo ficou quase uma semana sem falar com seu irmão quando soube que ele e Kurama haviam voltado a ser amigos... De nada adiantaram as explicações de Kuronue, nem muito menos suas lamentações. Kaizo jamais entenderia os sentimentos de seu caçula... e sempre o culparia por isso.

Najah passou alguns dias sumido. Desapareceu do subterrâneo logo depois que Kurama se recuperou da surra. Nem mesmo o youko soube onde ele se escondeu, embora isso não o tivesse preocupado nem um pouco. Na volta, fizeram as pazes. Kurama acabou aceitando as desculpas de seu padrasto mas conseguiu voltar para seu quarto antigo. Já era um começo, embora os dois tenham voltado a se encontrar poucos dias depois. Najah não o deixaria ir tão facilmente de qualquer jeito... Além disso, a prioridade de Kurama era manter Kuronue o mais longe possível de tudo aquilo... Havia convencido Najah de que eram apenas amigos, o que não deixava de ser verdade, e, enquanto as coisas permanecessem assim, seria melhor para todos.

Assim os dias se passaram...

Kuronue via o que acontecia ao seu redor, ouvia as raras confidências de Kurama, sabia que não tinha o direito de exigir nada, mas no seu íntimo não se conformava. A cada dia que se passava, se sentia pior com relação a vida dupla de seu parceiro, por mais que ele lhe assegurasse que estava tudo bem. Não raro testemunhava uma troca de carinhos, beijos e sorrisos entre o mestre e Kurama. Não parecia fingimento... Talvez o youko amasse mesmo aquele youkai com quem em nada combinava. As vezes Kuronue se surpreendia remoendo essa situação até mesmo em seus sonhos... No fundo, sentia vontade de perguntar a Kurama se ele ainda o amava... Se sentia ridículo por pensar assim depois de tudo que havia se passado mas, era quase inevitável.

Contudo, os melhores amigos estavam de volta...

E dessa vez, nada poderia separá-los.
 

Kuronue se apoiou na árvore mais próxima. Naquela altura, qualquer coisa em que pudesse se segurar era bem-vindo... O suor escorria por sua testa, fazendo com que os fios que se soltaram do indefectível rabo de cavalo grudassem em seu rosto. Há muito que não se sentia assim, tão cansado e tão amedrontado... Sua reestréia ao lado de Kurama tinha sido, no mínimo, uma experiência aterrorisante. Enquanto recuperava o fôlego, as imagens do combate, da fuga e de todo o sangue derramado rodopiavam em sua mente, fazendo-o se sentir pior a cada instante, se é que isso era possível.

"E aí, Kuronue? Não disse que ia ser divertido?"

As forças de Kuronue foram suficientes apenas para responder com um olhar perplexo. Não podia acreditar no que tinha acabado de ouvir. Após todo aquele inferno, Kurama mais parecia que tinha acabado de acordar. Nem suado ele estava... Não havia nada em sua expressão que denotasse medo ou angústia, muito pelo contrário. Parecia feliz, sentado no chão, entretido com os objetos roubados como se nada daquele horror tivesse realmente acontecido. Seu sorriso só se desmanchou quando percebeu o abatimento de seu amigo...

"Kuronue... Que houve? Você está machucado?"

"Não... estou bem..."

"Então vem aqui ver quanta coisa legal... Olha, tem até uma roupa preta do jeito que você gosta."

"Como você pode estar assim tão calmo? A gente quase morreu!"

"Morreu? Que exagero! Só apareceram uns guardinhas de nada..."

"Desde quando você começou a roubar desse jeito, Kurama? Nunca fizemos isso antes..."

"Desculpe Kuronue. Eu agi mal por não ter te avisado que era um lugar vigiado..."

"Vigiado? Kurama, você tem noção de quantos youkais você cortou com aquele chicote pra gente poder passar? Cheguei a pensar que não iríamos conseguir escapar..."

Pela primeira vez ocorreu a Kurama que talvez Kuronue não estivesse pronto para um roubo como aquele. Seu estilo era completamente diferente, sorrateiro, avesso a qualquer confrontação direta. Menos lucrativo, é claro, mas bastante mais seguro. O tempo em que ficou por conta própria se encarregou de ensinar a Kurama as vantagens das ações mais ousadas... Desde então havia se tornado especialista nesta modalidade. Depois, precisava de praticar suas técnicas de alguma maneira e neste ponto os vigias vinham bem a calhar.

"Kuronue... eu não pensei que você fosse se assustar tanto... Na verdade, achava que o seu irmão e aquele traste do Tieko costumavam trabalhar assim..."

"Tieko, as vezes... Meu irmão nunca...", respondeu Kuronue um pouco mais calmo.

"Kaizo ainda está muito chateado, né?"

"O que você acha?"

"Ah... já ia me esquecendo... Vem aqui, vem..."

Kuronue se aproximou, ainda tentando controlar a tremedeira nas pernas enquanto Kurama se esforçava para ignorar a vontade que tinha de tocar seu amigo sempre que ele chegava mais perto.

"Tem uma coisa aqui pra você devolver pro Kaizo. Só não conte a ele que estava comigo ou é capaz de ele não querer de volta."

"O pingente? Onde conseguiu?"

"Tieko me deu, ou melhor, trocou comigo antes de... bem, antes ir embora."

"Tieko? Então foi isso... Kaizo me disse que tinha perdido o pingente... Como vou fazer pra devolver agora?"

"Diz que encontrou por aí, ué... Vai lá."

"Você tem razão. Mas um dia vou contar a verdade... Só tenho que arrumar melhor as coisas antes, ele ainda não está falando direito comigo... Obrigado, Kurama. Isso que você está fazendo é muito legal."

"Não há de que."

"A gente se vê de noite lá na entrada?"

"Claro."

Logo que Kuronue sumiu de vista, Kurama voltou para sua tarefa de separar o produto do roubo. Ao menos tinha conseguido animar seu parceiro um pouco depois de tanta correria. Tinha que admitir que exagerara na dose, mas tudo bem. Se Kuronue não se adaptasse ao seu estilo, voltaria a praticar o dele. O importante é que estavam juntos novamente.

Havia um amuleto magnífico entre os objetos roubados, em forma de cruz, diferente de tudo o que já tinha visto. Algo digno de se admirar. Porém, sua concentração foi quebrada pela estranha sensação de estar sendo observado. Era impossível que tivessem sido seguidos, mas por precaução criou um chicote e se pôs em alerta. Só que a sensação se tornou mais forte.

"Quem está aí?"

"Nossa... Mas como é atento... Isso é bom... só tente não parecer tão apreensivo da próxima vez... Não sei se Najah já te ensinou isso, mas atitude é tudo."

De trás de uma árvore, surgiu Hekel, o que não chegou a ser uma surpresa para Kurama. Aquela voz era inconfundível.

"O que você está fazendo aqui? Não chegue perto ou te corto em tiras."

"Calminha aí garoto, não tenho a intenção de te me aproximar embora ache que você precisa de aprender com outros o que Najah não sabe ensinar direito... Não quer dizer que tenha que ser comigo. Podia ser até com o moreno de asas negras que acabou se sair. Adorável o seu amiguinho..."

"Não se atreva a falar dele desse jeito. Kuronue é bom demais para um cretino feito você..."

"Cretino? E eu que pensei que você apreciasse a minha companhia..."

"Ficou doido? Eu te odeio!"

"Melhor assim, fica mais divertido... Me diga, como vai seu padrasto?"

"Por que não pergunta a ele? Tenho certeza que ele não vai se importar de você estar invadindo o território dele..."

"Hum, tentador mas não me atreveria... Najah sempre foi muito temperamental e intolerante... Não creio que você ainda não tenha percebido isso, sobretudo dividindo o mesmo quarto... a mesma cama..."

"Isso não é da sua conta... Se manda daqui, anda."

"Um crucifixo..."

"Que?"

"Um crucifixo, onde arrumou?"

"Eu roubei..."

"Posso ver?"

O youko se limitou a acenar a cabeça, cuidadoso para o caso de Hekel tentar alguma coisa. Mas o visitante se limitou a fazer como acertado.

"Este objeto veio do Ningenkai, tem consciência disso?"

"Ningenkai? Não pode ser... é só um enfeite em forma de cruz. É bonito..."

"Esse é o símbolo de um grande poder... O Deus dos humanos, ou pelo menos um deles... Faz muito tempo que não vou ao Ningenkai..."

"Você já foi ao Ningenkai?"

"Digamos que eu costumava me sentir em casa por lá."

"Mentiroso."

"Sou sim, mas quando a isso estou falando a verdade. Há muitos anos não vejo um como este."

"Esse Deus dos homens é assim como Inari?"

"Najah lhe falou sobre Inari-sama? Que professor eficiente ele é... Não perca tempo com rezas, garoto. Se Deuses existem, não passam de sádicos que se divertem com a desgraça alheia."

"E quem disse que eu ligo pra isso? Aliás quem começou a falar sobre Deuses foi você... Se quiser o tal cru-cifi-xo, fique sabendo que não me desfaço dele por pouco."

"Não creio que eu tenho vindo prevenido para isso..."

"Então dê o fora."

"Que tal isso?", propôs Hekel exibindo o cordão antes escondido sob seu manto. Em sua extremidade perdia uma medalha larga, de formato oval.

Kurama examinou bem a oferta. Não era um objeto de se jogar fora embora achasse que não era uma boa idéia negociar com um tipo como Hekel.

"Não sei... acho que gosto mais da cruz."

"Esse também é do Ningenkai. Em verdade, é uma peça que estimo muito."

Virando a medalha de um lado para o outro, o youko se surpreendeu quando o objeto de dividiu em dois entre seus dedos... Em seu interior, uma pequena pintura de um rosto já um tanto desbotada.

"Seu nome era Joseph."

Se não fosse por força da curiosidade, provavelmente Kurama teria se rebelado contra a repentina aproximação de Hekel.

"Nome estranho... Que tipo de youkai ele era?"

"Do mesmo que eu."

"E que tipo é você?"

"Você é muito perguntador... Contente-se em saber que ele era um jovem, que morreu há muitos anos. Uma pessoa que já fez parte da minha vida..."

"Por que quer trocar Joseph pela cruz?"

"Já troquei a cruz por Joseph certa vez, mas não deu certo. Quem sabe se dessa vez eu me saio melhor?... Como ficamos?"

"Tudo bem, aceito a troca.", respondeu Kurama, evitando assim fazer novas perguntas, embora o fato de não ter entendido as explicações de Hekel o aborrecesse consideravelmente.

Negócio fechado, Hekel se retirou. Para espanto de Kurama, não tentou nenhuma gracinha dessa vez. Antes de sair dali, o youko ainda deu mais uma olhada em seu mais novo cordão. Objeto interessante. Se houvesse jeito, bem que gostaria de ter uma medalha com o rosto de Kuronue pintado dentro.
 

Na manhã seguinte, Kurama foi um dos primeiros a acordar no subterrâneo... Não conseguiu dormir direito a noite inteira. Na véspera havia ficado esperando por Kuronue só que ele não apareceu. Sabia que ele tinha ido conversar com Kaizo para devolver o cordão e não conseguia evitar de ficar preocupado com isso. Kaizo tinha o dom de o fazer parecer a pior criatura já nascida no Makai. Talvez tivesse sido uma má idéia devolver o cordão...

O dia estava quente e o lago tentador. Najah o proibira de nadar nu em alguma das prévias crises de ciúme mas o youko se sentia bastante inclinado a ignorar este fato. Além de tomar banho de roupa não ser nada prático, sentia naquele momento a necessidade de nadar a vontade, sem panos se enroscando em suas pernas. Precisava mesmo de esfriar a cabeça. Manteria a roupa de baixo para desencargo de consciência. No mais, que se danasse a maldita proibição.

Se a noite não tinha sido das melhores, ao menos trataria de fazer da manhã algo agradável.

 

 


Continua...

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