ðHwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/26.htmlwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/26.htmldelayedxÞaÕJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÈP“AWOKtext/html€X¾:}AWÿÿÿÿb‰.HSun, 07 Nov 2004 06:31:50 GMT`Mozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *ÝaÕJAW Parceiros

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Fanfic por Ana-chan


Capítulo 26

Primeira Vez

 

 

Os dias se passaram e tudo em que Kuronue pensava era na última conversa que tivera com Kurama... Se é que podia chamar aquilo que conversa. O youko quase não deixou que abrisse a boca. Falou praticamente sozinho tudo aquilo que Kuronue não desejava ouvir, embora no fundo, já soubesse...

Mestre Najah tinha feito de Kurama um youkai precocemente poderoso, extraordinariamente instruído para os padrões do Makai. Pior, tinha feito dele seu amante. Amava o youko e o fez seu filho, seu herdeiro, enfim, o centro de sua vida... Nada mais era digno de sua atenção desde que Kurama havia entrado em sua vida. Nem sequer se dava mais o trabalho de saber o nome dos outros moradores do subterrâneo. Era tanta obsessão que as vezes metia medo.

Ainda assim, Kurama era considerado por todos um felizardo. Kuronue sabia bem que qualquer de seus colegas daria um braço para estar em semelhante situação. Para um jovem youkai, ser o protegido de alguém como o mestre era um privilégio fora do comum. Mas por que tinha que ser logo com ele?

Agora sim estavam separados de vez, não por uma briga estúpida, mas por uma atração forte demais para ser ignorada. Passavam o tempo todo se evitando embora tudo o que quisessem era estar juntos. O passado não podia ser desfeito num passe de mágica, então, era assim que tinha que ser.
 

Ainda era início de outono mas o frio de inverno já fazia se anunciar. O Makai daqueles tempos era assim mesmo, nunca dava pra ter certeza de quando uma estação acabava e outra começava. Por vezes o calor do verão se confundia com a brisa da primavera, assim como não era raro a neve cair a tempo de encontrar folhas verdes nas árvores.

Kuronue abriu os olhos sentindo as pernas geladas. Não podia acreditar que estava acordando com frio naquela época do ano. Incrível como aqueles túneis conseguiam ser gelados no inverno e quentes no verão. Kaizo já não estava mais no quarto, sinal de que já havia amanhecido. Assim, o jovem apesar de ainda estar sonolento, achou melhor levantar do que procurar um cobertor. Qual não foi sua surpresa quando descobriu um pequeno papel dobrado ao seu lado. Papel como aquele, quase branco e quase liso era uma raridade. Só uma pessoa no subterrâneo tinha acesso a tais coisas... Aquilo só podia ser um bilhete de Kurama.

Ele não estava errado. O youko o estava convidando para um roubo naquela noite. Foi um sorte Kuronue ter conseguido entender tudo, já que aquele não era o tipo de nota que poderia ser mostrada para outras pessoas. Maldita hora em que desistiu das aulas. Se tivesse sido um aluno mais persistente, talvez tivesse aprendido a ler direito.... Talvez tivesse percebido as segundas intenções do mestre antes de ser tarde demais.

O tempo nunca demorou tanto para passar até anoitecer.
 

Quando Kuronue chegou ao local combinado, Kurama já estava lá. Os dois se encararam meio sem saber o que dizer, de modo que coube ao youko quebrar o silêncio.

"Kuronue... Ainda bem que você veio. Tive receio que não conseguisse ler o bilhete."

"Tá me chamando de analfabeto, é? Pois saiba que a única coisa que atrapalhou foi a sua escrita mal feita."

"Minha escrita não é mal feita!"

"É sim!"

Os dois desataram a rir, como no tempo em que viviam implicando um com o outro por mera falta do que fazer.

"Eu vou atacar uma fortaleza do outro lado do rio. Soube que tem umas coisas interessantes lá. Quer vir?"

"E o mestre..."

"Ele sabe que eu levar alguém comigo, não tem problema."

"E... esse lugar..."

"Tem guardas sim e a gente vai ter que passar por eles para entrar. Mas, bom, eu não te chamei pra você entrar comigo, sei que esse não é o seu estilo. Na verdade, só queria uma oportunidade de passar um tempo com você longe da vista desses puxa-sacos linguarudos..."

"Você disse que não me amava mais..."

"Eu amo sim, como irmão..."

Kuronue olhou pra baixo sem conseguir disfarçar a indignação que tais palavras lhe causavam.

"Desculpe, tá? Eu estou sendo um cretino. Não foi uma boa idéia ter te chamado aqui."

"Não é isso... Eu vou com você, claro."

Durante a jornada até a fortaleza, a prudência os obrigou a permanecer calados. Foi melhor assim.

Kuronue acabou insistindo em entrar na fortaleza junto com Kurama. Não gostava de derramamento de sangue, mas também não podia admitir que o outro se arriscasse sozinho. Depois, se conseguisse se adaptar ao estilo de Kurama, fatalmente acabariam roubando juntos mais vezes, e quem sabe... O jovem youkai suspirava de desgosto ao pensar nos motivos que os impediam de ficar juntos de uma vez. Kurama era um bom ator, mas havia se saído pior do que nunca quando lhe disse que o amava como "irmão". Kuronue tinha um irmão e sabia muito bem que não era a mesma coisa...

Anoiteceu.

Quando finalmente saíram da fortaleza, Kuronue respirou aliviado. Até que não tinha sido tão ruim como da outra vez... E depois, era tão bom ver Kurama em ação - o modo com ele se movia sem fazer barulho, o movimento de suas orelhas em busca do mínimo sinal de perigo, o sorriso discreto que exibia sempre que encontrava algo bonito ou valioso. Definitivamente, valia a pena o risco. Era muito melhor observá-lo na penumbra dos castelos que atacavam do que no subterrâneo sob a vigilância implacável de Najah.

Mesmo assim, Kuronue estava feliz por já estar do lado de fora. Eles dividiram a carga em duas sacolas. Havia um pouco de tudo, jóias, espelhos e algumas armas. Nada mal para uma noite de trabalho.

Os dois voltavam pela trilha satisfeitos, recordando os momentos do roubo. Kurama falava com ares de assumidade, o que não chegava a ser uma atitude pretensiosa considerando que aquele era o 135º roubo que praticara desde que se separara de Kuronue. O mais incrível era ver a naturalidade como ele narrava os momentos de maior perigo. Parecia até que ficar preso em armadilhas e alçapões eram coisas normais do dia a dia...

A conversa seguiu animada. Já estavam bem longe do local do furto quando Kurama parou
bruscamente.

"Que foi?", perguntou Kuronue ainda rindo da última piada.

"Fique quieto...", murmurou o youko o mais baixo que pode, "... estamos numa armadilha."

Um trovão ressoou no céu, encobrindo a voz de Kuronue.

"Kuronue... Quando eu mandar, corra."

"Não vou te deixar pra trás."

"Corre!"

"Não!"

"Vai logo. Depois eu te alcanço, prometo."

"Não."

"Vai!"

O tom de Kurama acabou por convencer seu parceiro e correr. Não adiantou muito. Instantes depois Kurama pode ouvir nitidamente o grito de Kuronue em meio à trovoada cada vez mais estridente.

O youko correu o mais rápido que pode até encontrar Kuronue preso no que parecia ser uma jaula feita de raízes de árvore. Ao menos não era nada demais - pensou - apenas plantas dotadas de movimento. Nada que não conseguisse resolver rapidamente.

"Corre, Kuronue!", repetiu o prisioneiro imitando a voz do youko.

"Nem vem, que eu ouvi você gritar feito uma mocinha."

"Não exagera, tá? Foi só o susto."

"Agora fique quietinho, enquanto eu vejo como tiro você daí."

"E se a planta pegar você também?"

Kurama levantou os olhos na direção do amigo de forma quase irônica.

"Me pegar? A planta? Você só pode estar brincando, né?"

O youko mal havia acabado de falar quando foi erguido pelas pernas até ficar pendurado de cabeça pra baixo. Kuronue se torceu em sua prisão cada vez mais apertada, mas tudo o que conseguiu fazer foi gritar por Kurama, enquanto ele tentava em vão se libertar. Quando mais daqueles estranhos galhos rompia, mais apareciam. Em pouco tempo eram tantos que já não podia mais segurar o chicote. Demorou um pouco até se convencer que de nada adiantava lutar.

Não houve tempo para que algum outro plano fosse posto em prática. Logo surgiram os autores da armadilha, dois youkais que saíram serenamente de seus esconderijos.

"São só garotos, Ryo."

"Garotos, é? Olha só o que eles tem aqui."

Após examinarem o conteúdo da sacola de Kuronue, a dupla caminhou em sua direção. O youkai mais baixo foi o que se aproximou mais, fitando-o insistentemente. Era uma criatura sem graça, de pele esverdeada e enormes orelhas que pareciam membranas.

"Ele é bonito, Ryo. Será que podemos vendê-lo?"

O  youkai não lhe deu atenção. Parecia mais interessado no outro prisioneiro.

"Enfim, alguém da família...", comentou lacônico após observar Kurama por alguns instantes.

O youko arregalou um pouco os olhos, se torcendo na tentativa de conseguir um ângulo melhor para encarar seu captor. Ele bem que tinha achado aquela figura um tanto familiar... Podia ser um youko como aqueles que habitavam suas lembranças mais remotas se não fosse por um detalhe: onde estava a cauda?

O estranho rodeou Kurama algumas vezes, deixando-o cada vez mais irritado e apreensivo. Então era por isso que não conseguia manipular aquelas plantas. Elas já estavam sob o controle de alguém, de um outro youko.

"Não vai me cumprimentar, guri. Não é todo o dia que podemos encontrar outro com nós."

"Não sou como você."

As plantas levaram Kurama para mais perto do youko, mas o mantiveram de cabeça pra baixo. O sujeito segurou a cauda de Kurama, praticamente, a única parte do corpo que não estava amarrada pela infinidade de galhos.

"Meu nome é Ryo. E o seu?"

Kurama não respondeu.

"Pelo que estou vendo não é muito educado. Você é muito parecido com um youko pra ser um mestiço, apesar dessa cor incomum... Vamos, não seja infantil. Como se chama?"

"Vai pro inferno."

As plantas que prendiam Kurama apertaram-se com força, desafiando o jovem youko a conter o grito que quase escapou contra a sua vontade.

"Solta ele!", gritou Kuronue de onde estava.

"Soltar? Não... Não creio que farei isso. Há muito tempo não vejo uma cauda tão bem feitinha... Como vê, perdi a minha... Sinto muita falta dessas coisas..."

Kurama aproveitou o momento de distração para se recompor, se é que isso era possível. Por sorte, a planta não lhe partira nenhum osso, uma boa constatação pra começar. Tinha que arrumar um meio de se livrar daquelas plantas, de romper o maldito controle do outro youko se quisesse sair inteiro dali, mas como? Nunca na vida tinha se confrontado com alguém de sua espécie...

Seus pensamentos foram interrompidos por novo questionamento.

"O nervosinho alado é seu amigo? Podemos fazer um trato. Vê, a gaiolinha dele está ficando cada vez menor. Daqui a pouco não vai ter espaço nem pra cabecinha linda dele..."

"O que quer?", perguntou Kurama só pra ganhar tempo.

De fato, as plantas os redor de Kuronue estavam regredindo, forçando-o a se curvar. Embora ele se esforçasse para não demonstrar, era nítida a sua aflição.

Ryo continuava acariciando a cauda de Kurama, com o olhar cada vez mais abstraído. Parecia já não estar ouvindo mais nada. Num movimento calmo, retirou o punhal preso em seu cinto.

"Pra começar, gostaria muito que você ficasse um pouco mais parecido comigo..."

Sem pressa, o youko fez com que as plantas trouxessem Kurama para mais perto e mais baixo, de modo com que a cabeça do prisioneiro quase tocasse o chão. Ele sentiu o metal frio ser encostado na base de sua cauda. Fechou os olhos instintivamente. Era como se sua mente tivesse se fechado. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse na eminente mutilação.

Foi quando ouviu um gemido alto.

Kuronue havia atingido Ryo com um de seus pêndulos, abrindo um imenso corte no braço do youko. A retaliação veio logo em seguida. Quase imediatamente, as plantas ao redor de Kuronue fecharam-se sobre ele. Ao ver seu parceiro desaparecer de vista, completamente envolvido pelos vegetais que multiplicavam-se ao seu redor, Kurama se desesperou. Foi como se em um instante de tempo, tão rápido quanto os trovões que ainda arrebentavam no céu, todo o seu cansaço desaparecesse para dar lugar apenas a uma fúria que julgou que jamais poderia sentir. Todos os galhos que lhe prendiam voltaram-se imediatamente contra o agressor.

Não perdeu tempo vendo o corpo de seu inimigo ser impiedosamente retalhado, nem tão pouco deu importância à atarantada fuga de seu comparsa. Sem esforço, fez com que as plantas que sufocavam Kuronue murchassem até desaparecer no chão. Ele estava bem, embora um tanto zonzo pela falta de ar. Kurama o abraçou, amparando-o e ao mesmo tempo impedindo-o de testemunhar a cena que se desenrolava no local onde estivera preso. Ryo, ou melhor, o que sobrou dele, ainda com vida, se arrastando para lugar nenhum.

Kurama aproveitou o estado de Kuronue para tirá-lo dali sem muita conversa. Explicaria tudo mais tarde, se tivesse estômago... As sacolas com o tesouro roubado tiveram que ficar para trás. Não deu para Kurama carregá-las e ao amigo também. Seu corpo parecia moído. Foi uma sorte que Kuronue não precisou ser carregado por muito tempo.

Como se não bastasse o susto, o cansaço e os machucados, a chuva que já se anunciava desabou forte sobre a floresta. A dupla não teve outra saída a não ser procurar abrigo. Aquela tempestade não abrandaria tão cedo. Felizmente, Kurama conhecia bem cada recanto daquela região e não foi tão difícil alcançar uma caverna onde pudessem finalmente desabar exaustos.
 

A chuva parecia só aumentar. Se a caverna não fosse localizada num pequeno aclive, com certeza já teria sido invadida pelas águas. Kurama usou o pouco de força que lhe restava para criar uma barreira de arbustos que os mantivessem mais resguardados do frio, que, naquela altura, já tinha se tornado bastante incômodo. Isso e uma fogueira improvisada por Kuronue eram as únicas defesas possíveis naquela situação. Não havia comida. Kurama tentou fazer algumas sementes brotarem mas tudo o que obteve foram algumas frutinhas silvestres. Melhor do que nada.

"Kurama... O que aconteceu lá?", perguntou Kuronue, tentando discretamente extrair o máximo de polpa de uma minúscula fruta.

"Eu matei o youko. O outro fugiu. Não sei bem como foi..."

"Desculpe não ter te ajudado mais. Eu não consegui arremessar o pêndulo direito naquele espacinho... E obrigado por ter me tirado de lá."

"Kuronue... Você acha que todos os outros youkos são como aquele maluco sem cauda?"

"Claro que não. Você é um youko."

"Pode dormir, se quiser. Não estou com sono."

"Não, durma você Kurama. Eu fico acordado pra vigiar a caverna..."

Algum tempo depois, Kuronue dormia profundamente. Kurama sabia que ia ser assim, conhecia muito bem a facilidade com que seu parceiro pegava no sono. Ele ainda dormia do mesmo jeito, com uma das asas abertas como se estivesse guardando o seu lugar. E bem que Kurama desejou esquecer tudo e deitar-se ao seu lado, nem que fosse apenas para recordar os velhos tempos. No entanto, permaneceu onde estava. Não conseguiria dormir tão cedo, ou pelo menos enquanto o famigerado Ryo ocupasse seus pensamentos.

Impossível calcular quanto tempo havia se passado quando Kurama, ainda acordado, ouviu Kuronue lhe chamar...

"Ainda está acordado? Eu dormi, foi mal."

"Não se preocupe. Estou sem sono."

"Não parou de chover ainda?"

"Ainda não."

"Como se sente? Melhorou um pouco?", perguntou se aproximando do canto ao lado da fogueira onde o youko estava deitado.

"Hn... sim, já estou muito melhor."

"Deixa eu ver."

"Não se preocupe."

"Por favor. Só quero ter certeza de que está bem."

Kurama abriu a camisa. As marcas dos galhos já estavam bem mais suaves, mas talvez só desaparecessem totalmente no dia seguinte. Ele só não esperava que Kuronue voltasse, com um pedaço de pano molhado de chuva, para limpar os machucados.

"Não precisa, Kuronue. Amanhã vai ter sumido tudo.", protestou, sem a menor convicção.

"Não seja teimoso. Sei que você pensa que seu maravilhoso youki resolve tudo, mas eu também tenho os meus truques.", respondeu, num tom tão suave que Kurama teve que virar o rosto para o outro lado, para não abraçá-lo ali mesmo.

Não tinha jeito. Se Kuronue continuasse com aquilo acabaria perdendo a cabeça... Respirou fundo.

"Kuronue, é melhor você..."

Kuronue o beijou.

"... parar."

"Me diga que é isso o que você quer e eu paro."

Kurama puxou Kuronue com um leve abraço e devolveu-lhe o beijo. Em instantes era como se tudo tivesse desaparecido e nada mais existisse no Makai além daquela caverna úmida, sitiada pela tempestade.

"Eu quero você, Kurama...", murmurou Kuronue assim que recuperou o fôlego consumido pela seqüência ininterrupta de beijos... Eu te amo. Desde aquele dia no lago não faço outra coisa a não ser pensar em você. Sei que você me ama também... Não agüento mais ter que ficar te evitando, a fingir pra mim mesmo que não sinto o que eu sinto. Eu quero você pra mim e vou fazer qualquer coisa, até mesmo enfrentar o..."

Rapidamente, Kurama cobriu os lábios de Kuronue com as pontas dos dedos.

"Não fale esse nome... Me faz esquecer disso nem que seja só por essa noite..."

 

 


Continua...

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