ðHwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/28.htmlwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/28.htmldelayedxßaÕJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÈP“³KOKtext/htmlp¡¾:}³Kÿÿÿÿb‰.HSun, 07 Nov 2004 06:31:51 GMTbMozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *ÞaÕJ³K Parceiros

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Fanfic por Ana-chan


Capítulo 28

O Casaco de Pele

 

 

Kuronue olhou para o céu pela centésima vez naquela manhã. O sol estava a pino. Nunca uma espera lhe tinha sido tão custosa em toda a sua vida. Praticamente haviam amanhecido naquele lugar. O dia já estava pela metade e nem um sinal de Kurama.

O jovem deitou, usando a pequena sacola que trazia consigo como travesseiro. Era o que lhe restara após se convencer que não ajudaria ficar andando de um lado para o outro até fazer um buraco no chão. Enquanto continuava sua espera, lembrava-se de sua última conversa com Kaizo... Tudo o que se perguntava a respeito era como pôde ser tão covarde. Por que não fora capaz de dizer a verdade sobre sua noite com Kurama? Seu irmão nunca perdoou o youko pela expulsão de Tieko. Tinha tanta raiva de Kurama que mal tocava em seu nome. Preferia termos pejorativos, não raro extremamente ofensivos. Engraçado como nunca suportara o modo de Kaizo se referir a Kurama, mesmo na época e que estavam de relações cortadas. Só agora entendia o porquê...

O sol estava fraco. Mal dava pra esquentar, mas até que Kuronue poderia estar aproveitando aquele momento de tranqüilidade se não estivesse tão preocupado. O que poderia estar fazendo Kurama se atrasar tanto? Fechou os olhos com força, numa tentativa de afastar os maus pensamentos. Provavelmente Kurama ficou dormindo e só... Foi quando uma sombra tapou a claridade... Abriu os olhos...

"Um... já está me esperando deitado!"

Kurama estava parado a sua frente, sorrindo maliciosamente. Kuronue levantou-se rapidamente. Quando tentou abraçá-lo, o youko segurou sua mão e o puxou para onde a vegetação era mais fechada. Só lá puderam se beijar. Estiveram separados apenas durante a noite, porém para eles era como se fosse uma eternidade.

"Deixe eu ver você.", pediu Kuronue assim que conseguiu apartar o beijo. Bem que pretendia dissimular sua apreensão melhor, mas...

Estava tão ansioso, que todo o receio que procurou em vão abafar veio a tona, fazendo-o levantar os cabelos do youko e puxar suas roupas até ter certeza de que não havia nada errado.

"Ei! Você não quer esperar um pouco, não?", brincou Kurama, como se não entendesse o que o outro pretendia com tanta inspeção.

Sua resposta foi um beijo ainda mais urgente do que o anterior. O coração de Kuronue batia com tanta força que Kurama podia senti-lo contra o seu peito. Kurama abraçou-o, deixando que descansasse a cabeça em seu ombro.

"Me desculpe, Kurama... É que eu queria ter certeza que você estava bem."

"Mas é claro que estou."

"E o mestre..."

"Ele não estava lá...", interrompeu Kurama.

Certas frases pareciam ter efeito calmante. Kurama não evitou de se sentir culpado por mentir para ele desse jeito mas acabou concluindo que era melhor assim. Eles se sentaram.

"Ah... já ia esquecendo... Trouxe uma coisa pra você.", disse Kuronue estendendo uma pequena sacola de couro escuro.

"Pra mim? O que é?"

Kurama espiou dentro da sacola antes de abrir. Depois virou-a ao contrário despejando seu conteúdo sobre seu colo. Era uma roupa branca, bastante bem feita para os padrões do Makai.

"Já tem um tempo que eu roubei essa roupa. Pretendia vender no mercado mas nunca consegui. Acho que tinha que ser sua mesmo. É a sua cara."

"É lindo!"

"Não vai experimentar não?"

"Onde conseguiu isso? Parece tão diferente...", perguntou o youko enquanto se virava de uma lado para o outro tentando se ver melhor.

Kuronue estivera tão distraído observando a mudança de roupas de Kurama que mal ouviu a pergunta.

"Kuronue!"

"Ahn?... É!... Não é bem uma roupa. É como se fosse uma armadura... Tem até uma certo poder de regeneração. Mas não abuse, tá? Não faz milagres."

"Do que está rindo?"

"Nada... É que ficou um pouquinho grande... mas serve."

"Pois eu também tenho uma coisa pra você..."

"Tem? O que?"

"Vire pra lá."

"Pra que? Quero olhar pra você."

"Eu sei... Vira anda. Prometo que não vai se arrepender."

Kuronue obedeceu, tentando imaginar o que poderia ser.

Foi abraçado por trás. Braços e pernas o envolveram... Kuronue não custou muito pra perceber que não havia nenhuma roupa sobre eles.

"Seu presente: casaco de pele de raposa legítima. Não é pra qualquer um não, hein? Bom, ficou um pouquinho grande... mas serve."

"Grande é? Isso é o que nós vamos ver..."
 

O inverno veio mais cedo, como era de se esperar. A neve e o frio intenso sempre deixavam o subterrâneo desolado, repleto de jovens sonolentos e sem muito o que fazer. Não eram muitos os dispostos a enfrentar o vento gelado em troca de vã tentativa de encontrar de diversão. Sem dúvidas, dias tristes e monótonos.

Não para Kurama e Kuronue.

A dupla havia se tornado sinônimo de bom humor e disposição. Riam alto pelos corredores sombrios, falavam bobagens e saíam pra roubar como se estivessem em pleno verão. Kuronue sempre tivera fama de pessoa afável e otimista, mas daí a cantarolar enquanto removia gelo dos corredores era um pouco demais... Kurama era outro cujo comportamento em nada condizia com o clima. Andava tão calmo que nem as provocações de Kaizo conseguiam enervá-lo. Pelo contrário, passou a tratar o irmão de Kuronue com suspeita cordialidade, mesmo quando era agredido de alguma forma.
 

"Ainda acho que você deveria tentar..."

"Não dá, Kurama... Essas asas não foram feitas pra voar."

"Como não? Pra que teriam sido feitas então? Só pra servir de cobertor pra mim?"

"Está reclamando?"

"Não é isso..."

"Então..."

Um aperto leve e rápido no braço de Kuronue era o sinal de que deveria se calar rapidamente. Num instante, os jovens voltavam à posição combinada, um de cada lado do tabuleiro estendido no chão. Uma sorte que Kurama ouvisse tão bem...

"Kuronue...", chamou Kaizo ríspido da entrada do quarto, "... Quando tiver um tempo livre, será que poderia ir até a sala? Preciso falar com você."

Ele ainda não tinha engolido a reconciliação. Continuava se recusando a aceitar a presença do youko e por tabela se irritava com o irmão a ponto de não conseguir sequer chamá-lo pelo velho apelido.

"Não quer jogar?", perguntou Kurama, um tanto aliviado por ser Kaizo e não seu padrasto a interromper o "namoro".

"Não tenho tempo para essas inutilidades. Com licença!"

"Ele nunca vai parar de me odiar, não é?", perguntou Kurama assim que o youkai se retirou.

"Não diga isso. Kaizo não te odeia... Ele só é muito cabeça dura.", respondeu Kuronue um tanto sem graça.

Ainda não tinha tido coragem de contar a verdade para seu irmão, e, embora Kurama não lhe cobrasse isso, não evitava de se sentir mal por temer tanto a reação de Kaizo.

Kurama já ia dizer qualquer outra coisa quando outra voz se anunciou da entrada do quarto, dessa vez, sem que fosse precedida pelo menor ruído.

"Quem está ganhando?"

"Ele!", disseram os jovens ao mesmo tempo assim que identificaram o tom grave e abafado de Najah.

"É que está empatado.", emendou Kurama com convicção.

"Não é de se admirar... Ainda não iniciaram a partida.", concluiu o youkai após breve análise das peças sobre o tabuleiro.

"Foi o que eu quis dizer... ainda está empatado.", afirmou o youko.

"Será que você poderia vir aqui um instante."

"Claro pai."

Kuronue tentou o mais que pode olhar para outra direção, fingir que não estava ouvindo mas não havia nada que pudesse desviar sua atenção da conversa que Kurama e Najah tiveram perto da entrada. Sabia que não podia fazer nada, mas a cada beijo e carícia que o casal trocava tinha vontade de pular do chão e arrancar Kurama dos braços do mestre nem que fosse a última coisa que fizesse na vida. Mesmo se sentindo péssimo, agüentou firme. Por sorte, aquela situação não durou muito.

Quando Kurama voltou a sentar a sua frente, virou o rosto, num impulso inesperado.

"Que houve?"

"E ainda pergunta..."

"O que queria que eu fizesse?"

"Esquece, tá? Mas que droga!"

Kurama tentou se aproximar mas Kuronue desviou. Estava visivelmente perturbado. Até as asas tremiam de leve, repetindo o mesmo cacoete do irmão. O youko não insistiu. Se encolheu onde estava sentindo como se tivesse um nó dentro do peito. Demorou um pouco até que conseguisse falar novamente.

"É ele quem eu estou traindo e não você."

"Dá no mesmo."

"Não é justo. Você sabia que ia ser assim."

"Você disse que ia dar um jeito!", disparou Kuronue, levantando-se.

"Pra quem não consegue contar a verdade para o próprio irmão, você está exigindo muito."

Kuronue não esperava por essa. A acusação certeira só serviu para fazê-lo se sentir mais acuado.

"Isso não tem nada a ver com o que eu vi aqui. Droga, Kurama! Você age como se gostasse dele!"

"Eu nunca disse que não gostava."

"Então por que não fica com ele de uma vez?"

"Você sabe porque! Já te disse mais de mil vezes..."

A resposta de Kuronue ficou presa na garganta. Nada do que estava sendo dito ali era novidade e, mesmo assim, estava gritando com Kurama como se tivesse motivos pra se sentir enganado. Não queria brigar. Como poderia viver longe dele? Respirou fundo e se sentou ao lado do youko que continuava a fitá-lo inexpressivamente.

"Me perdoe... Droga... Acho que acabei de ter um ataque de ciúmes."

"E dos bravos.", complementou Kurama ainda um tanto apático.

Kuronue o abraçou. Encostou-se na parede sem soltá-lo, fazendo com que o youko se reclinasse sobre ele. Pode perceber que estava suando frio, apesar da aparente serenidade.

"Vamos encerrar esse assunto, tá? Do que estávamos falando antes mesmo?", propôs, coçando suavemente uma das orelhas de Kurama.

"Das suas asas."

"Ah sim... Meu irmão me contou uma estória sobre a razão de não podermos voar. Isso já foi há muito tempo... Não creio que seja verdadeira."

"Qual estória?"

"Bom, ele contou que descendemos de uma antiga raça de youkais de longas asa negras Eles praticamente dominavam o céu do Makai. Suas asas eram tão compridas que voavam com mais facilidade do que andavam, coisa difícil de se imaginar... Só que descobriram que as asas eram ótima mercadoria pra se trocar no Ningenkai, na época que qualquer demônio entrava lá..."

"Arrancaram as asas deles?"

"Não. Eles mesmo começaram a amputar pedaços das asas pra trocar pelas riquezas dos humanos. Fizeram isso tanto, e por tanto anos, que acabaram parando de voar. Desaprenderam totalmente e quando deram por si, as asas já não nasciam com força e tamanho suficientes pra permitir o vôo. Atrofiaram por falta de uso, eu acho. Depois o mundo dos homens foi separado do nosso, e os meus antepassados acabaram perdendo as duas coisas, a riqueza e o céu."

"Que azar!"

"Não leve isso a sério. Acho que Kaizo inventou essa lenda pra evitar que eu tentasse me jogar de uma árvore quando era criança. Não que fosse necessário. Sempre morri de medo de altura."

"Não deixa de ser uma boa estória. Quem sabe se não aconteceu mesmo?"

"Pode ser... Será que é possível que alguém contrarie tanto sua natureza que acabe esquecendo de como é de verdade?"

"Não sei."

Silêncio.

"Já te mostrei minha nova cauda?"

"Onde?"

"Não está aí, baka! Outras caudas só aparecem quando estou na forma de raposa!"

"Ah, bom!"

Kurama se transformou e destranformou rapidamente para que Kuronue apreciasse sua nova conquista.

"Então?"

"Incrível! Não é muito peso pro seu bum bum de raposa não?"

"De jeito nenhum! Youkos podem ter até 9 caudas!"

"Credo!"

"Um dia vou ter todas as nove. Já tenho três. Faltam só seis!"

"SÓ seis?... E pra que vai querer tantos... rabos?"

"Quando um youko conquista uma cauda nova é porque está mais poderoso. Najah disse que a maioria dos youkos não consegue mais de três. Com quatro caudas já dá pra desafiar o líder. Há séculos que não aparece um youko de cinco caudas..."

"Desafiar o líder?", interrompeu Kuronue um tanto surpreso com o rumo da conversa, "... Do que você está falando?"

"Não vou desafiar o líder. Quando eu tiver cinco caudas, ele vai ter que me obedecer de qualquer jeito... Eles podem ter me posto pra fora, mas quando eu tiver o poder, quero ver alguém dizer alguma coisa de mim."

"Isso é vingança."

"Que seja."

"É tolice, Kurama! As pessoas não devem cultivar idéias fixas... Não faz sentido."

"Eu não vou matar os outros youkos. Só vou ser mais forte do que eles."

"Você tem cada idéia... Ainda bem que só tem 14 anos. Quando estiver com uns 50 já vai ter esquecido essa bobagem."

Kurama ia responder qualquer coisa mas achou melhor ficar calado. Kuronue jamais entenderia como se sentia a respeito de sua espécie. Era bom demais pra isso... Bom demais pra ver lógica em sentimentos vingativos e mesquinhos, pra compreender suas emoções distorcidas... Era melhor assim. Não voltaria a tocar nesse assunto com ele novamente.

Algum tempo depois, Kuronue teve que ir se encontrar com seu irmão. Nada fora do comum. Ambos sabiam o quanto era difícil poderem passar a noite juntos. Por outro lado, Kurama sabia perfeitamente para onde deveria ir mas era como se algo lhe travasse as pernas. Não seria prudente arrumar problemas com seu padrasto, mas a verdade é que a crise de ciúmes de Kuronue o fez pensar na realidade que preferia abstrair. Algo lhe dizia que não conseguiria entrar no quarto de Najah naquela noite. Era Kuronue, e só Kuronue quem desejava...

Ele agiu rapidamente, num rompante, antes que a coragem lhe faltasse. Primeiro, se certificou que Kuronue dormiria no quarto do irmão. Era fundamental que Najah não pensasse que estivessem juntos... Depois assumiu a forma de raposa, deixando o subterrâneo pra trás a toda velocidade. A neve se encarregaria de cobrir seu rastro e apagar seu cheiro. Seria livre, nem que por apenas uma noite.

 

 


Continua...

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