ðHwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/30.htmlwww.oocities.org/br/dreamyaoi/anafics/parceiros/30.htmldelayedxáaÕJÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÿÈP“ÖeOKtext/html€X¾:}Öeÿÿÿÿb‰.HSun, 07 Nov 2004 06:31:51 GMTdMozilla/4.5 (compatible; HTTrack 3.0x; Windows 98)en, *àaÕJÖe Parceiros

Parceiros 

Fanfic por Ana-chan


Capítulo 30

Ronda na Madrugada

 

 

"Estou feliz que tenha vindo, Kuronue! Faz tempo que não participa de nossos jogos!", exclamou Enzo, enquanto se certificava que o rapaz ao seu lado não estava espiando suas cartas.

"Kuronue!!", chamou Kaizo, cutucando-o de leve.

"Ahn? ... Desculpe, estava distraído"

"Pra variar...", censurou Kaizo sem tirar os olhos das próprias cartas.

"Eu estava dizendo que há muito não se junta a nós...", repetiu Enzo.

"Vocês não perdem nada com a minha ausência. Sou um péssimo jogador."

"Sentimos a sua falta.", afirmou um outro youkai.

Nada como um joguinho entre amigos para passar o tempo numa noite gelada de inverno. Relaxados ao lado de um pequeno lampião que servia ao mesmo tempo para iluminação e aquecimento, os seis youkais pareciam se divertir. Bom, quase todos...

O tempo passava e tudo que Kuronue desejava era que aquela maldita partida terminasse de uma vez, para que pudesse voltar a se perder em seus pensamentos. No entanto, precisava ser razoável com seu irmão ou jamais teria uma boa oportunidade de conversar com ele sobre Kurama. Assim, lá estava ele, aturando mais uma sessão de bate papo enfadonho e jogos tolos quando na verdade toda a sua atenção estava voltada para outro assunto, outra pessoa.

A reunião prosseguiu animada, a despeito da má vontade de Kuronue. De fato, Kaizo era o único que parava para observá-lo entre uma jogada e outra. Momentos mais tarde, os irmãos trocaram um breve sorriso, o primeiro gesto amistoso da parte de Kaizo desde que Kuronue e Kurama voltaram a ser amigos. Finalmente algo capaz de fazer com que o desolado caçula se sentisse um pouco melhor. Uma pena que ainda não pudesse se abrir com o irmão como realmente desejava...

Subitamente, um ruído alto, como passos de uma besta enfurecida ecoaram pelo corredor, fazendo com que Enzo largasse as cartas. O pequeno grupo de youkais se levantou de imediato, assustados. Mestre Najah entrou na sala ligeiro como uma ventania, passando por cima de tudo o que estivesse em seus caminho. Seu alvo era claro...

Num impulso instintivo, Kaizo se pôs na frente de Kuronue.

"É com você que eu quero falar! Onde está Kurama?", indagou o furioso mestre, investindo
violentamente contra os irmãos.

"Eu não sei.", defendeu-se Kuronue, tentando inutilmente driblar a proteção do irmão.

"Saia da frente Kaizo!", ordenou Najah.

"Não vou sair. Se meu irmão disse que não sabe, é porque não sabe mesmo."

Os olhos de Najah voltaram-se para os dois jovens acuados num canto da sala. Eles tremeram ao constatar que também estavam sob ameaça.

"Não vimos nada.", gaguejaram quase em uníssono.

Seu pavor era tão evidente que Najah se convenceu rapidamente que estavam falando a verdade.

"Não sei onde ele está, mestre.", insistiu Kuronue, controlando o medo da melhor maneira possível.

De fato, Najah não contava encontrar Kuronue em companhia do irmão e de outros jovens, em atitude nada suspeita. Esperava obter alguma informação, e aquela cena o tinha frustrado imensamente. Antes tivesse encontrado Kurama ali. Agora não sabia o que pensar, nem o que fazer.

Kaizo permanecia firme em sua postura defensiva, sem permitir que Najah se aproximasse de Kuronue. Viu quando o mestre olhou em volta em seu visível descontrole. Era assustador...

"Se estiverem mentindo..."

"Não sabemos onde ele está.", afirmou Kaizo com firmeza.

Num gesto brusco e violento, Najah acertou Kaizo com um golpe no rosto que o atirou no chão. Os jovens no canto da sala abafaram um grito, permanecendo paralisados, quase em choque. Kuronue nem sequer teve tempo de reagir, foi agarrado pelo pescoço e empurrado contra a parede. Fechou os olhos, acreditado que iria ser morto. Prendeu a respiração, sem ação...

No entanto, foi solto. Najah desapareceu tão rápido quanto entrou. Quando ele abriu os olhos, não estava mais lá. Apenas dois youkais apavorados e seu irmão caído no chão.

"Kaizo...", chamou, amparando-o ao mesmo tempo em que fazia de tudo para ignorar o tremor nas pernas e a dor no pescoço.

Somente então os outros se aproximaram. Kaizo estava consciente, apesar da enorme marca avermelhada que lhe cobria todo o lado esquerdo do rosto. Kuronue o ajudou a chegar até o quarto, onde podia cuidar do ferimento longe do olhar dos curiosos. Por sorte, não era tão sério quanto parecia... Kaizo não disse uma palavra e Kuronue sabia bem que não era somente por causa da dor... Ficou com o irmão até ele adormecer. Quanto a si, não seria tão fácil. Sua mente fervilhava de apreensão e incerteza. Não conseguiria pegar no sono tão cedo.
 

Kurama correra até que suas pernas não agüentassem mais. Era mais fácil suportar o frio e o cansaço como raposa, mas a verdade é que já estava correndo há tanto tempo que perdera a noção de quanto. Deveria estar bem longe do subterrâneo... Ou ao menos era o que podia deduzir da situação. Seus senso de direção reduzia-se consideravelmente nesse aspecto. Falta de treino, talvez.

Em instantes, voltou a ser youko. Precisava ficar mais alto antes que a neve o engolisse. Se arrependeu quase que de imediato. O vento gelado parecia cortar-lhe a pele... Saíra tão impensadamente de casa que esqueceu de vestir algo mais adequado. Se não estivesse tão esgotado, voltaria a ser raposa mesmo que ficasse coberto pela neve. Ao menos teria o pelo para se proteger.

Agora sim, tinha arrumado um tremendo problema. Iria congelar se não pensasse em alguma coisa logo. Quanta estupidez, pensou enquanto esfregava os próprios braços com as mãos. Se tivesse passado a noite com Najah não estaria daquele jeito e talvez ainda lhe sobrasse tempo para ver Kuronue... Ah! Pensar em Kuronue numa hora daquelas era como pensar em água num deserto. Atitudes irracionais definitivamente lhe davam azar.

Foi um pouco complicado, mas com algum esforço de memória Kurama conseguiu se localizar. Isso era fundamental se quisesse escapar dali. . Estava num vale isolado, mas por sorte haviam algumas tavernas por perto. Lugares nada recomendáveis, mas a verdade é que não estava em condições de ser exigente. Lá poderia esperar a nevasca passar e arranjar alguma coisa pra comer. Talvez desse até pra roubar um casaco... Enfim, assim que se restabelecesse, voltaria pra casa. Até lá pensaria em uma boa desculpa pra ter sumido daquele jeito... Seu consolo era pensar que não havia incluído Kuronue nessa loucura. Já era alguma coisa...

Sem hesitação, ele entrou no primeiro abrigo que encontrou pela frente, uma espécie de galpão rústico, feito de pedras e barro. Haviam tantos youkais lá dentro que sua entrada passou quase desapercebida. Foi um alívio fechar a porta de madeira atrás de si e deixar aquele frio terrível pra trás. Sua vontade era de chegar mais perto da enorme lareira, mas achou melhor procurar um canto mais discreto. Lugares como aquele eram conhecido por abrigar a pior espécie de ralé do Makai, assassinos, saqueadores, traficantes de escravos. Não valia a pena arriscar embora em seu íntimo acreditasse ser tão ou mais poderoso que todos eles.

Assim, Kurama optou por um espaço entre uma reentrância na parede. Havia um grupo de youkais bem ali perto, mas pareciam fracos demais para lhe causarem problemas. Estava quente ali...  já estava quase voltando a sentir as pontas dos dedos... Era uma questão de tempo até que se recuperasse totalmente. Aquela altura, Najah já teria dado por sua falta. Ficaria uma fera de certo. Muito provavelmente iria levar outra surra... Deu de ombros, ao pensar nesta possibilidade, procurando desviar a atenção para outros assuntos. Com seu padrasto se entenderia mais tarde.

Quando pensara que já tinha superado o frio, começou a sentir os braços gelados novamente. Droga de inverno, pensou ao se encolher ainda mais. Dificilmente escaparia de ter que disputar um lugar perto da lareira... Foi quando reparou que um dos youkais que estavam por perto o observava fixamente.
 

Num pequeno compartimento fracamente iluminado, um homem alto veste uma capa escura num movimento lento e descontraído.

"Já vai? Ficou pouco hoje.", perguntou um jovem de longos cabelos negros e expressão desapontada.

"Apenas o estritamente necessário, meu caro."

"Quando volta?"

"Quando der vontade."

"Vou ficar esperando."

"Faça isso."

"Por que não me leva para o seu castelo?"

"Até qualquer dia, Nagoya.", despediu-se o outro, saindo sem olhar pra trás.

O jovem, sentou-se na cama.

"Mas que merda!", exclamou, dando um murro no colchão.

Hekel fechou os olhos assim que deixou o quartinho escuro. A diferença de iluminação era grande. Se não fosse pela vontade de estar com seu belo Nagoya, jamais deixaria sua casa no inverno... Se bem que, o menino já não era tão cordato como antigamente. Não que gênios difíceis não tivessem seu encanto. É que não era exatamente este tipo que qualidade o que lhe atraía naquele amante em particular. Talvez já fosse mesmo tempo de levá-lo para uma visitinha ao seu castelo...

Como odiava aquele odor de youkais bêbados por todos os lados, preparou-se para uma retirada rápida. Já se aproximava da porta quando seu olhar deparou-se com uma cena bastante interessante.

Ao se acomodar para observar melhor, Hekel sorriu. Enfim algo para quebrar a monotonia.
 

Pensar nunca fora tão difícil em toda a sua vida. Por mais que lutasse consigo mesmo, já havia perdido totalmente a noção de como tudo aquilo tinha começado. Estava com frio, quase se embrenhando na pequena multidão de youkais em busca de um lugar perto do fogo quando alguém lhe oferecera algo forte para beber. Aceitou um gole e, impressionado com o resultado, seguiu em frente. Agora mal conseguia ficar de olhos abertos...

Kurama segurou a própria cabeça tentando focalizar o lugar onde estava. No entanto, tudo a sua volta rodava tão rápido... Sentia um enjôo brutal e tanto calor que das quatro camisas que usava, uma por cima da outra, só lhe restara a última. O suor lhe escorria da testa. Se pudesse ter imaginado que uma coisa dessas aconteceria... Najah bebia muito as vezes. Ficava histérico durante um tempo mas não se lembrava que passasse mal... Aliás, quem dera isso acontecesse...

Com bastante dificuldade, se levantou escorando-se na parede. O sujeito que o embebedou há muito já roncava, esticado no chão. Sua vontade era a de fazer o mesmo, mas não podia. Tinha algo importante pra fazer embora não lembrasse exatamente o quê. Queria sair dali, mas as pernas não pareciam muito dispostas a cooperar. Apesar da tonteira, pode perceber que era observado por alguns youkais, o que não era um bom sinal. E se estivessem esperando que caísse para aprisioná-lo ou coisa assim? Maldita hora em que começou a beber! Procurou erguer o corpo, ignorar o embrulho no estômago, mas quando deu por si estava vomitando, de joelhos contra a parede. Teve a sensação de que uma mão tocava seu ombro e levantou-se assustado. Só que seus olhos não conseguiram captar nada que não fosse um vulto acinzentado que rodava sem parar. Seu corpo desabou no chão ao mesmo tempo em que tudo a sua volta ficava negro.
 

Pela primeira vez na vida, Kurama sonhou sabendo que estava sonhando. Não havia uma imagem sequer mas as sensações e sons eram bem nítidos por vezes. A maior parte do tempo silenciavam, deixando-o com um prisioneiro num quarto escuro porém estranhamente aconchegante. Depois, voltava a ouvir vozes, voltava a sentir mãos pegando em seus ombros e braços, seguidos novamente pelo silêncio aterrador. Só podia ser sonho. Nas poucas vezes em que abriu os olhos, tudo o que enxergava era um borrão fosco. Acabava voltando a  fechar os olhos. Ainda se sentia melhor no escuro.

"Acorda garoto."

Mais uma vez, Kurama ouvia vozes e sentia ser sacudido de leve. Abriu os olhos devagar e, para sua surpresa, ao invés de uma imagem disforme, pode enxergar com nitidez quase satisfatória o rosto da pessoa que o chamava.

"Até que enfim. Pensei que fosse dormir a noite toda também."

"Hekel? Que lugar é esse?"

"Você está no meu humilde lar."

"O que estou fazendo aqui?"

"Creio que esta é a parte que me toca... Achei melhor trazer você para cá do que deixá-lo jogado no chão de uma taverna cheia de bandidos. Espero que não se zangue."

"Há quanto tempo estou aqui?"

"Desde hoje de manhã. Já é noite novamente."

Kurama olhou em volta tentando processar as informações. Algumas lembranças esparsas lhe assaltavam a mente. Recordava do lugar e do gosto da bebida que ainda podia sentir em sua boca. Olhou para si próprio... estava só de calça e camiseta...

"Antes que pergunte, não tenho nada a ver com isso."

"Tenho que ir...", disse, tentando se levantar.

"Você passou muito mal. Pelo visto foi seu primeiro porre..."

"Acho que foi."

"Não está com fome? Ainda é uma boa caminhada daqui até os domínios do seu pai."

"Estou bem, obrigado.", respondeu, sentindo o estômago revirar só de pensar em comer.

"Dá pra notar... Afinal, quem é Kuronue?"

O youko olhou para ele de imediato, um tanto surpreso.

"Você falou esse nome algumas vezes enquanto dormia..."

"Meu parceiro."

"Claro, youkai das asas negras... Bela amizade...", concluiu com ironia, "... Já que está aqui, que tal se eu lhe mostrasse minha coleção sobre o Ningenkai? Eu vou me comportar, prometo."

Embora não estivesse inclinado a permanecer ali por mais tempo, Kurama aceitou. Estava com sede, cansado, enjoado e com dor de cabeça. Não parecia prudente se embrenhar na floresta desse jeito.

Hekel o guiou pelos corredores do castelo que mais parecia um mausoléu abandonado. O cheiro de mofo e poeira era quase insuportável e Kurama chegou a pensar que fosse vomitar de novo.

Entraram numa sala escura. Hekel rapidamente tratou de iluminar o ambiente, acendendo os lampiões espalhados pelo local. Haviam estantes altas, que encobriam as paredes por completo. Estavam repletas de livros e objetos estranhos, tão empoeirados quando tudo naquele castelo, ou pior. Mesmo assim, a curiosidade fez com que Kurama vencesse o mal estar para admirar aquela imensa coleção de objetos exóticos e raros. Hekel lhe deu água e um remédio para ressaca. Kurama bebeu a água mas despejou o remédio discretamente atrás de um sofá. Vindo de um sujeito como Hekel, precaução nunca é demais...

"Esta é uma peça muito especial...", disse Hekel, se aproximando do youko, "... Te dou um presente se adivinhar de quem era antes de ser minha."

Kurama olhou a espada... Sem dúvida era bastante diferente das que costumava ver. Mais um objeto do Ningenkai, por certo.

"Do meu pai?"

"Nossa... Mas você é mesmo esperto... Era de Najah sim... Ele mesmo a roubou no mundo dos homens há muito tempo atrás..."

"Vocês eram amigos?"

"Como irmãos. Um pequeno grupo de desordeiros do tempo em que ainda havia um pouco de liberdade e espírito de aventura nessas terras..."

"Laizen é irmão de Najah?"

"Ah... estou vendo que começou a se interessar pela conversa... Laizen e Najah são irmãos de sangue, meio-irmãos, na verdade. Najah é o mais novo e apesar de mestiço também é considerado um toushin, que é uma das raças mais poderosas que já existiu no Makai. Extinta, infelizmente. Pensei que Najah não lhe contasse essas coisas..."

"Ele contou uma vez, depois não quis mais falar sobre isso."

"Imagino..."

"Quem mais era do grupo de vocês?"

"Como disse, éramos poucos. Alguns iam e vinham. Laizen era muito popular, você sabia? Hordas de amantes e admiradores... O oposto de seu irmão anti-social... Najah sempre foi um esquisito... Era o mais inteligente, mas absolutamente intratável... Mesmo assim, por algumas décadas, fomos apenas nós quatro, sendo que um não farreava conosco. Apenas eu, Laizen e Najah. Bons tempos!"

"E quem era o quarto?"

"Uma mulher. Companheira de Najah. Seu nome era Irina."

"Meu pai tinha uma companheira?"

"Tinha sim. Viveram juntos muitos anos, mais de uma século, creio eu. Ela era linda..."

"Era?"

"Se estivesse viva, meu curioso youko, você não teria a menor chance. Até porque, Najah nunca foi chegado em garotos antes, pelo que me conste..."

Kurama não gostou do comentário, mas também não queria perder a chance de obter aquele tipo de informação. Preferiu ir em frente com o interrogatório.

"Meu pai gostava dela tanto assim? O que aconteceu?"

"Ele a matou."

A resposta fez a dor de cabeça de Kurama aumentar...

"Ele o que?", murmurou, sentando sem perceber na mais empoeirada das cadeiras.

"Isso o que você ouviu... Ele a matou. Ela era bela. A única youkai fêmea que eu já cobicei até hoje. Era uma santa, também. Nunca traiu aquele infeliz, sou o primeiro a afirmar isso. Só eu sei o quanto a assediei. Uma pena que Najah nunca tenha acreditado nisso... Me surpreende a sua reação. Pensei que já conhecesse melhor as facetas indelicadas de seu padrasto."

"Você é um mentiroso... Najah não faria isso."

"Se acha que é mentira, pergunte a ele. Francamente não penso que seja uma boa idéia..."

"Vou embora daqui!", afirmou o youko recuperando um pouco a cor.

"Não esqueça o seu presente!"

"Fique com ele!", gritou já alcançando o corredor.

Kurama seguia a passos largos. Estava tão atordoado com a estória que acabara de ouvir que até esqueceu das outras mazelas. Algo parou bem a sua frente, impedindo-lhe o caminho. Era Hekel, vindo sabe-se lá de onde. Kurama procurou uma semente e só então lembrou que haviam ficado na roupa que perdera. Se concentrou tentando localizar fontes de vida vegetal mas aquele lugar todo parecia mais morto do que uma rocha. No entanto, Hekel não tinha intenção de atacá-lo. Já havia feito o estrago que pretendia.

"Sai da minha frente.", disse o youko, num tom tão baixo que fez sua voz parecer quase adulta.

"Ora! Pra que isso? Não pensei que fosse ficar tão abalado... Me desculpe se as vezes esqueço que só é uma criança... Não devia ter dito aquilo, mas... agora que sabe..."

"Eu quero que você se dane! Se você pisar no território do subterrâneo novamente, pode ter certeza que eu vou te entregar..."

"Faça isso, Kurama... Quem sabe eu não aproveito a oportunidade pra contar pro seu papai sobre um inocente beijo que você deixou que eu roubasse? Ou talvez sobre o que você faz com um certo jovem de asas negras atrás de arbustos coloridos quando pensa que não tem ninguém olhando..."

A discussão chegou no ponto que Hekel esperava... Kurama o atacou. Na falta de plantas, usou os punhos. O que Hekel não contava é que seria tão difícil dominá-lo... O youko, de algum modo, havia guardado dentro de sua camisa, escondido atrás do cabelo, um punhal de sua própria coleção. Quando foi dominado, sacou da arma escondida e cravou-a em sua perna com toda a força...

Hekel gritou ao sentir a dor inesperada. A perna ferida fraquejou, obrigando-o a cair de joelhos. Mas ainda assim as mãos que seguravam o youko não se soltaram.

Quando pensou que pudesse escapar, Kurama sentiu suas costas arderem como se estivesse em chamas. Sufocou o grito mordendo o lábio com força mas não evitou que um par de lágrima escorresse de seus olhos. Foi solto da chave de braço que o mantinha semi imobilizado, mas ao tentar se levantar, caiu de novo ao chão.

"Isso não precisava ter acontecido, garoto.", disse Hekel antes de arrancar o punhal da perna.

Enquanto ele tentava estancar o sangue que escorria da ferida aberta, Kurama permanecia estendido no chão, arfando violentamente. Seu corpo todo latejava embora o choque inicial já tivesse passado.

"Não se preocupe... Foi um golpe bem calculado...", continuou, "Dói muito, mas é praticamente inofensivo."

"Vai pro inferno!"

"Eu já estou nele, garoto."

Hekel se recompôs sem pressa. Sua perna já não sangrava mais. Antes de se retirar,  abaixou-se ao lado de Kurama. Fez-lhe um longo afago no cabelo.

"Relaxe, Kurama... Sei que essa má impressão que tem de mim vai passar... Tenho certeza que ainda seremos bons amigos... Parceiros, quem sabe? Um dia vai precisar de mim, e eu estarei aqui, esperando por você..."

Kurama viu Hekel caminhar pelo corredor e sumir de vista. Nem sequer estava mancando...

Algum tempo depois, conseguiu se transformar em raposa... A única forma de voltar pra casa.

 

 


Continua...

Voltar

Fanfics.