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Fanfic por Ana-chan
Capítulo 31
Encruzilhada
Amanhecia quando a raposa de três caudas cruzou o pequeno descampado que antecedia a passagem para o subterrâneo. Alguns jovens já estavam lá, removendo a neve que se acumulava na entrada. Um deles apontou para o animal que se aproximava devagar.
"Olhem lá! É Kurama!"
"Ué? Será que ele virou raposa de novo?"
"Claro que não seu lesado! Ele é um youko, pode se transformar quando quiser!"
"Lesado é a sua..."
A pequena contenda entre os youkais silenciou quando o raposa passou por eles de cabeça baixa.
"O que houve com ele?"
"Eu é que sei?"
Kurama prosseguiu corredor adentro, ignorando os comentários. Não tinha a menor idéia do que fazer... Queria encontrar Kuronue e abraçá-lo, sentir seu cheiro, adormecer em seus braços, mas não podia... Tinha que procurar seu padrasto e esperar pelo que quer que lhe estivesse reservado. Fugir havia sido um erro terrível, pelo qual ainda teria muito a pagar.
Entrou num quarto qualquer apenas para voltar à forma de youko, uma tarefa bastante árdua quando se está sem energia. Sua camisa havia sido reduzida à trapos e a calça também estava toda surrada e cheia de rasgos. Isso juntando-se aos arranhões e marcas de luta podiam fazê-lo passar por um refugiado de guerra. No entanto, este era o menor de seus problemas. Levantou os olhos com intenção de seguir seu rumo, no entanto paralisou ao ver a assustadora figura de Najah na entrada da porta. Provavelmente a transformação o alertou de sua presença.
Ao vê-lo se aproximar, Kurama recuou instintivamente. Queria dizer alguma coisa, mas a única coisa em que conseguia pensar era na companheira assassinada por ciúmes. A despeito do que dissera a Hekel, sentia que a estória era verdadeira. Se antes era capaz de superar o medo da fúria de Najah com certa facilidade, agora não seria bem assim... As palavras ficaram presas em sua garganta e seu coração disparou. Fechou os olhos...
"O que houve com você, filho? Sumiu sem dizer nada pra mim..."
Kurama abriu os olhos. Estava sendo abraçado por seu padrasto de forma tão carinhosa e sentida como quando esmagou o pé. Ainda ficou um tempo sem ação antes que conseguisse dizer algo.
"Não está bravo comigo?"
"Estou com saudades... Você está machucado? O que aconteceu?"
"Eu... caí."
"Caiu?"
"No barranco perto do rio... ontem de noite... Estava sozinho e..."
Najah não permitiu que terminasse. O abraçou novamente, um pouco mais apertado. Um beijo leve sobre os lábios selou o fim das explicações.
"Por que não é assim sempre?...", desabafou Kurama um tanto sem pensar, enquanto Najah o ajudava a se levantar.
"Como?"
"Deixa pra lá..."
As pedras quicavam na superfície congelada do lago a medida em que iam sendo arremessadas, uma após a outra. Kuronue não estava prestando atenção quando uma delas rompeu a cobertura cristalina e mergulhou nas águas escondidas. Há dois dias passava as manhãs sentado na beira do lago, aproveitando o pouco calor do sol, atirando pedrinhas para passar o tempo..
Jogou a pedra seguinte, tentando acertar a pequena abertura feita pelo arremesso anterior... passou longe. Desistiu. Impossível se concentrar, ainda que numa atividade tão simples. Já estava pensando em tentar novamente quando um outro objeto acertou em cheio a pequena rachadura sobre o lago, fazendo com que algumas gotas espirrassem para a superfície acompanhadas do som característico.
Kuronue permaneceu imóvel.
"Então voltou?", perguntou quase sem voz, olhando para o chão.
Kurama se ajoelhou ao seu lado e o envolveu com seus braços, mas foi repudiado com um empurrão não muito gentil, que o fez tombar pra trás. Se ergueu e voltou a abraçar Kuronue.
"Me empurre quantas vezes quiser... Pode me bater se isso fizer você se sentir melhor, mas por favor não fique assim comigo..."
"Droga, Kurama... Eu pensei que nunca mais ia ver você..."
"Eu sinto muito, não pre..."
Num movimento brusco, Kuronue o segurou e o beijou com paixão arrebatadora, como se não o beijasse há anos... Fizeram amor ali mesmo num rompante desatinado, completamente dominados por sentimentos que desafiavam a razão, que os impediam de pensar enquanto seus corpos ardiam de desejo.
Quando deram-se por si, estavam semi-nus, esgotados, ofegantes, molhados de suor e da neve que derretera sob seus corpos. Kurama trouxe seu descomposto parceiro para cima de seu próprio peito e o abraçou protetoramente, num primeiro sinal de contato com a realidade. A vida real não tardaria a se mostrar através do frio intenso de inverno, temporariamente esquecido durante o êxtase vivenciado pelos amantes.
"Achei que você tivesse fugido sem mim...", sussurrou Kuronue assim que recuperou a fala.
"Eu não fugi... só escapei. Foi burrice minha. Não vai mais acontecer."
"O mestre não..."
"Não... Ele não me castigou, se é o que quer saber..."
"Tive tanto medo que ele tivesse te machucado..."
"Não pense nisso... Eu estou aqui agora, não estou?"
"É... e em ótima forma..."
"Atchinnnnn..."
"Bem... nem tanto."
"Ei! Quem está encostado nesse chão gelado sou eu e.... A... A...A... Atchin!"
"Levanta daí, seu louco... ou vai espirrar pro resto da vida.", disse Kuronue, pondo-se de pé e puxando o youko pra cima.
Os jovens se recompuseram rapidamente a medida em que o frio
os atingia de modo mais contundente. Recomeçara a nevar. Kurama pegou seu
amante pela mão e o guiou pela floresta até uma caverna discreta situada perto
do rio, a mesma de alguns encontros anteriores. Sim, porque o pequeno momento de
insanidade ao relento havia sido apenas o início. Havia ainda toda uma tarde
pela frente até que chegasse o momento de retornar ao quarto de Najah e Kurama
queria aproveitar ao máximo cada minuto.
Anoitecia.
Kuronue havia saído para checar as armadilhas que deixara de véspera na floresta. Não demorou para aparecer com duas avezinhas que vieram bem a calhar como jantar. Estavam tão famintos que mal deixaram a carne cozinhar.
"Encontrei Kaizo hoje de manhã..."
"Hn."
"...Ele andou brigando esses dias? Está com o rosto todo arrebentado."
"Foi só um acidente... É menos grave do que parece."
"Pois eu diria que ele levou um soco bem forte."
"Esses frangos engraçados não tem gosto de nada.", lamentou-se Kuronue esquivando-se do assunto.
"Droga!"
"Poxa... também não estão tão ruins assim..."
"Não é disso que eu estou falando... Você me deixou marcas de novo."
"Você também, engraçadinho."
"Tenho que me livrar disso rápido..."
"Você não precisa ir agora... Ainda é cedo!", afirmou Kuronue, com suplicante convicção.
Era justamente aquela intonação, o modo como Kuronue o
olhava, o quase imperceptível tremor em suas asas ao pedir-lhe para ficar que
fazia com que Kurama esquecesse rapidamente toda a sua firmeza de propósito. Já
tinha se vestido pra ir embora... Mas o que lhe importava? Aproximou-se de seu
amante devagar, mas com intenções claras. Nem sequer foi preciso terminar o
percurso. Kuronue já se incumbira de encurtar a pequena distância entre eles.
Beijaram-se novamente, certos de que não parariam por aí.
"Fica.", murmurou Kuronue fazendo corpo mole.
"Me solta, Kuronue... Ainda tenho umas coisas pra fazer antes de voltar..."
"Não. Vamos fazer de novo..."
"Cê tá brincando, né? Mal consegue falar!"
"Mas consigo segurar você.", afirmou com o voz embotada, envolvendo a cintura de seu amante com mais força, dentro de suas exauridas possibilidades.
"Me deixe ir, vai... Não me faça ter que me arrancar daqui."
"Você não conseguiria."
"É... Tem razão...", ponderou, ciente de que não eram os braços de Kuronue o que o impedia de se levantar.
"Fique só mais um pouquinho... por favor."
Kurama suspirou resignado... Força de vontade tem limite, pensou ao voltar a descansar a cabeça na curva do pescoço de Kuronue... E depois, estava cansado também... e muito. Naquela altura seu corpo já deveria estar ostentando dezenas de pequenas provas do crime... Melhor relaxar um pouco e deixar que seu you-ki cuidasse dessa parte.
Só um tempinho a mais não faria mal nenhum...
Devagar, o youko abriu os olhos... Estava tão quente e aconchegante que quase voltou a dormir... Nenhum colchão, nenhum travesseiro, apenas alguns cobertores velhos, mas mesmo assim se sentia melhor do que na mais confortável das camas.
Já devia ser bem tarde mas nem isso e a certeza de estar sendo esperado, foram capazes de fazê-lo se apressar. Kuronue ficava tão lindo quando dormia... Se pudesse, passaria a noite inteira ali olhando pra ele. A caverna era discreta e bem camuflada. Kurama podia perfeitamente sair e deixá-lo dormindo, mas isso sempre lhe dava um certo aperto no coração... Kuronue era tudo que mais amava no mundo reunido em uma só pessoa, seu maior tesouro... E Kurama nunca deixou de pensar que a despeito de ser esperto e um bom ladrão, Kuronue era do tipo que confiava demais...
Kuronue despertou ao sentir uma mecha de seu cabelo ser afastava... Era comum acordar sozinho naquela caverna... Mal podia acreditar que Kurama ainda estava lá, deitado ao seu lado... Parecia bom demais pra ser verdade...
"Que bom te ver...", murmurou, sorrindo.
"Não se empolgue... eu já estou indo."
"Como sempre..."
"Vamos sumir daqui."
"Hn?"
"Vamos fugir, ir pra bem longe daqui."
Kuronue sorriu e puxou o outro pra mais perto.
"Pensei que nunca fosse aceitar essa idéia... É só dizer quando."
"E Kaizo?"
"Vou falar com ele... hoje. Ele vai entender..."
"Eu espero... já esperei tanto."
Um beijo selou a decisão.
"Oh... Vai tirando a mão daí... Será possível?...", protestou Kurama rindo.
Melhor levantar de uma vez ou não conseguiria sair dali. Ele
terminou de se vestir rapidamente e saiu, afastando os vegetais que cobriam a
entrada da caverna. Kuronue também não demorou a sair e tomar o caminho de
volta para o subterrâneo. Estava mais confiante agora. Finalmente aquele
pesadelo iria acabar... Kurama ia ser só seu, de mais ninguém. Quanto a Kaizo...
era hora de contar a ele toda a verdade. Dessa vez não haveria escapatória.
"Kuro, onde você esteve?", disparou Kaizo, assim que viu o irmão.
"Nenhum lugar em especial... Kaizo, o que houve?"
"Você quase me matou de susto... Pensei que estivesse com aquele youko...", desabafou, respirando fundo.
Kaizo parecia aliviadíssimo... tanto que abraçou Kuronue, gesto que não passou desapercebido.
"Kaizo... o que está acontecendo?"
"Nada, vamos pro quarto, tá? Amanhã a gente fala nisso."
"O mestre... ele estava procurando Kurama, não é?"
"Ei...", disse Kaizo segurando-o pelo braço, "... onde pensa que vai?"
"Eu tenho que ver se ele está bem... Me solta!"
"Só se eu estivesse maluco! Quer que o mestre termine de apertar o seu pescoço?"
"Não posso discutir isso agora Kaizo. Me larga!"
Kaizo sacudiu a cabeça e segurou os braços do irmão, detendo-o na marra. Depois praticamente o arrastou até o quarto mais próximo para onde o empurrou com bastante rudeza.
"Escute aqui, Kuronue. Já está mais do que na hora da gente esclarecer o que está acontecendo entre você e a raposa maldita."
"Vamos sair daqui, irmão...", implorou Kuronue, "... O mestre é louco, é violento com o Kurama... Ele te deu um tapa... Vamos pra bem longe daqui, por favor..."
"Do que diabos você está falando? Mestre Najah é o único responsável por estarmos vivo até agora, esqueceu? Não vai ser por causa de um tapa que eu vou virar as costas pra todo o conforto e segurança que temos aqui ou você já esqueceu como é lá fora? O que ele faz com o Kurama é problema dele. Eles são amantes e o mestre tem todo o direito de manter ele na linha usando o método que bem entender..."
"Ele bate nele, Kaizo!"
"Se bate é porque ele merece... Vive arrastando a cauda por aí, pensa que eu não vejo? Para um amigo estranho do mestre, Tieko e até pra você! Desgraçado..."
"Ele não faz isso..."
"Tô pouco me lixando para aquele lixo. Por mim o mestre pode arrebentar ele de pancada..."
"Para Kaizo! Ele é meu... melhor amigo! Não fala assim dele na minha frente..."
Kaizo se aproximou rápido, decidido, olhando Kuronue fixamente nos olhos... Chegou bem perto, até quase encostar seu corpo no do irmão...
"Kuronue, não minta pra mim... O que está acontecendo entre vocês?"
O olhar de Kuronue ainda tentou escapar, desviando para o lado, mas Kaizo segurou seu rosto, delicadamente mas com firmeza, forçando-o a encará-lo... Lágrimas escorreram pelo rosto do caçula enquanto sua mente e espírito sofriam antecipadamente de remorso pelo que iria dizer..
"So.. somos amigos... apenas amigos, como irmãos e eu amo ele... você nem imagina quando..."
Kaizo se afastou, um pouco mais relaxado e prosseguiu num tom de voz mais controlado.
"Não entendo isso... O que você quer de mim, Kuronue?... Que a gente caia no mundo de novo? Que a gente passe por toda aquela miséria de novo? Pra que? Pra pagar pelos erros do seu querido amigo?"
"Não vai ser como antes, Kaizo... Não sou mais criança. Somos mais fortes agora, podemos roubar, nos esconder. Kurama é muito poderoso, você nem imagina..."
"Hn... Imagino que pretenda que eu e ele viremos grandes amigos..."
"Ele não é mau, Kaizo... Eu sei que não é... Ele já me disse mais de mil vezes que não tem nada contra você e..."
"Nada contra mim? Ele roubou a atenção do mestre, a paz desse lugar, a pessoa que eu gostava e até o meu próprio irmão e você vem me dizer que ele não tem nada contra mim?"
"Kaizo, não é bem assim..."
"Eu vou ficar. Você é crescido... não passa de um moleque mas ao menos tem tamanho... Faça o que quiser da sua vida, fuja com o youko e vá pra bem longe daqui com ele... Mas não me peça pra ir com vocês...", disse Kaizo, dirigindo-se para o corredor...
"Irmão... Não posso te deixar pra trás..."
"Você já me deixou."
Kuronue engoliu o choro ao ver seu irmão sumir cabisbaixo pelo corredor. Fora leviano em pensar que as coisas seriam fáceis com Kaizo. Agora, se sentia numa encruzilhada, mais perdido do que no dia em que fora expulso da vila onde nasceu... Naquela vez, foi Kaizo quem se ofereceu para abrandar a sua sina. Ele abandonou tudo o que tinha para proteger um irmão de cinco anos, fraco e inexperiente, que não duraria sequer três dias por conta própria... Como poderia então deixá-lo para trás? Desde a expulsão de Tieko, ele vinha se consumindo em amargura e solidão... Podia parecer bem por fora, mas Kuronue sabia bem que toda aquela disposição não passava de uma fachada para camuflar seus verdadeiros sentimentos... Não podia abandoná-lo, sabendo o quanto era difícil pra ele confiar em outras pessoas... Por outro lado... Kurama... Enquanto estivessem lá, o estaria condenando a uma vida que não desejava para um inimigo, se tivesse algum... Pensar em Kurama como amante do mestre lhe despertava a mais profunda das tristezas, uma angústia que só se dissipava um pouco quando podia abraçá-lo novamente...
Kuronue permaneceu naquele mesmo compartimento, sentado no chão, encostado na parede, sem ânimo sequer para se levantar. Seu dilema sem solução foi sua única companhia durante a longa noite em claro que se seguiu.