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Fanfic por Ana-chan
Capítulo 33
Recomeço
Kurama sorriu após de despreguiçar prazerosamente. Fazia mais de quarenta dias que haviam iniciado sua jornada e continuava achando a vida na estrada cada vez melhor. Um roubo aqui outro ali, alguns contratempos rotineiros da vida de ladrões, mas nada que pudesse fazê-lo pensar que haviam feito um mal negócio ao deixar o subterrâneo para trás.
Se sentia tão leve... Poder ficar com Kuronue sem pensar em mais nada... Parecia até que estava vivendo em sonho. Sua vida estava tão diferente que agora era ele quem tinha dado pra acordar cedo... Melhor, era mais um tempinho em que podia ficar admirando seu parceiro, brincando com seu cabelo sem nada pra se preocupar.
Pena que dessa vez tinha uma tarefa para concluir. Assim, ele se levantou com cuidado, não antes de fazer um último afago no rosto adormecido de Kuronue. Depois, deixou a cama alta do quarto em que haviam se hospedado e se dirigiu até a pequena janela de madeira. Era inverno, mas Kurama sabia que estaria bastante claro do lado de fora. Então, abriu a janela apenas o suficiente para que um pouco de luz entrasse no quarto, sem contudo iluminá-lo completamente. Não queria acordar Kuronue, não depois de tê-lo deixado tão cansado na noite anterior... No entanto, precisava de um pouco de claridade para o que pretendia fazer.
Até que não estava muito frio. Kurama estava quase se convencendo que o floresta onde viviam é que deveria ser mesmo mais fria do que o resto do Makai... Ele respirou fundo, inspirando o ar fresco da manhã antes de se acomodar no chão, sentado de pernas cruzadas de frente para o ponto tocado pelo feixe de luz que penetrava pela janela semi-aberta. Hora de trabalhar...
Desde que constatara o quanto era falha a estratégia de esconder sementes pelas roupas, ocupava-se constantemente em descobrir um outro meio de tê-las sempre a mão. Sua segurança e a de Kuronue dependia disso. Já tentara várias formas diferentes, transformar sementes em pulseiras, escondê-las no sapato, na roupa de baixo mas tinha que haver um meio mais fácil, mais surpreendente...
Há algum tempo estava desenvolvendo uma fórmula especial que prometia resolver essa questão. Um meio de fazer sementes variadas secarem até se tornarem minúsculas, sem contudo matá-las. Aí era só misturá-las a uma pasta especial e pronto! Estava pronto o maior coquetel de plantas perigosas do Makai. Era só encontrar o ponto certo e desta vez Kurama, após assassinar várias sementes, tinha certeza que estava quase lá.
Só ele sabia o quanto precisava ser precavido. A caixa de sementes que ganhara de Najah havia ficado no subterrâneo. Na correria de juntar tudo para ir embora, a esquecera numa fenda da parede de seu ex-quarto. Uma grande estupidez. É certo que ainda não conseguia dominar nem três das várias espécies que ela continha, mas o fato é que constatar esta falha o havia aborrecido muito.
Também, na altura mal tivera tempo para pensar...
Kurama estava tão concentrado em sua experiência que nem percebeu que Kuronue
havia se levantado e estava parado bem atrás dele, acompanhando, com
curiosidade, o movimentos de suas mãos. Até levou um susto quando sentiu os
braços de seu companheiro o envolverem.
"Assustei você?"
"Só um instante, Kuronue... Tá quase pronto."
"Você não desiste, né? Posso sentar aqui do lado?"
Kuronue abriu mais a janela e sentou-se ao lado de Kurama, ainda acostumando os olhos à luminosidade. Gostava de vê-lo trabalhar, ainda que não entendesse bem o que estava acontecendo. Kurama ficava tão bonito quando estava assim, compenetrado...
Algum tempo depois, o youko orgulhosamente lhe exibe uma pastinha engraçada, quase sem cor...
"O que é?, pergunta Kuronue depois de muito olhar e cheirar.
"Minha arma secreta! Só não sei direito onde vou colocar..."
"Essa gosminha? Eu tava pensando que era alguma coisa para lavar o cabelo..."
Assim que terminou de falar, Kuronue notou que estava sendo fitado com um certo espanto.
"Que foi que eu disse?"
"Kuronue, você é um gênio!"
"Gênio?"
Kurama começou a passar o estranho creme no cabelo sob o olhar intrigado de Kuronue.
"O que isso faz?"
"Isso é o que eu pretendo testar agora.", respondeu o youko, levando a mão até a nuca.
Num breve instante, retirou do cabelo uma semente e a fez brotar, transformando-se numa bela flor de pétalas azuladas.
"Pra você."
"Que lindo... Mas, como fez isso? Você tirou a semente do cabelo?"
"A semente estava aqui nessa pastinha, só que tão pequena que não dá pra ver direito. Assim ela gruda no cabelo. É um jeito de ter uma semente sempre a mão... Não disse que conseguir isso um dia?"
"Como é que você sabe que é a semente certa?"
"Sabendo... Dá pra sentir."
"Um... Eu corro o risco de mexer no seu cabelo e ter meus dedos decepados?"
"Não...", respondeu Kurama rindo, "... pode ficar sossegado. Só funciona se eu mandar. Se bem que até que você me deu uma boa idéia...", continuou, retirando o resto da porção com o dedo e passando no cabelo ainda solto de Kuronue.
"Ei! Espera... Em mim não! Não quero ter plantas no cabelo!"
"Só um pouquinho, Kuronue...", insistiu Kurama agarrando uma mecha farta, "... hum... adoro o seu cabelo..."
"Mas pra que? Eu não sei fazer nada com isso..."
"Ha! Mas assim eu vou poder cortar a cabeça de quem ousar mexer com você à distância!"
"Que? Tá pensando que eu sou o que? Não sou..."
Kuronue teve a frase interrompida por um beijo ávido, que lhe
cortou qualquer possibilidade de protesto... Kurama o segurou com força,
deitando-o sobre o chão. Agora que já tinha terminado sua tarefa, se sentia
bastante animado para de divertir um pouquinho...
Ao anoitecer, a dupla deixou o quarto confortável para prosseguir em sua viagem. Estavam rumando oeste, mais precisamente para o famoso reino de Laizen, o youkai mais poderoso do Makai. Kurama não pode evitar de se lembrar que se tratava do irmão de Najah, mas procurou distrair a cabeça desse pensamento. Até que seria uma boa idéia ver de perto o único reino do Makai...
Os jovens seguiram animados, estado de espírito que passara a lhes ser peculiar. Foi viajando que puderam constatar que formidável parceria formavam. Eram instruídos, poderosos, belos e jovens... Nessa altura, Kurama e Kuronue estavam com quinze e dezoito anos, respectivamente. Eram simplesmente irresistíveis e tinha total consciência disso... De tudo que já haviam enfrentado desde o momento que deixaram o território de Najah, nada fora suficiente para, sequer, assustá-los de verdade. Viver havia passado a ser uma mera administração do tempo... tempo de roubar, tempo de comer, de dormir, de viajar e, principalmente de amar... Nem no mais otimista dos sonhos a rotina jamais havia sido tão perfeita, ou quase...
Kurama seguia pela trilha larga com o braço ao redor dos ombros de Kuronue... A noite estava fria, mas nada que incomodasse muito. Depois, haviam roubado casacos ótimos em sua última paragem...
"Não me conformo... Por que eu tinha que ficar com o vermelho? É de mulher!"
"Quem mandou você perder aquele preto? Fique contente que eu consegui esse pra você..."
"Ah Kurama... Por favor... Vamos trocar, vai! Eu não agüento essas cores malucas. Você fica bem de qualquer jeito..."
"Trocar? De jeito nenhum! Seu casaco não faz meu estilo..."
"Por que não... Se não fosse pela cor até seria bonito..."
"Hum... Não... é de mulher..."
"Seu metido...", esbravejou Kuronue, simulando um golpe em Kurama.
"Viu só? Você fez aquela voz estranha de novo!!", revidou o youko, se defendendo com um movimento que estava mais para um abraço do que para um contra-golpe.
"Para o seu governo, estou com voz de adulto, coisa que você ainda vai demorar muito pra ter.", rebateu Kuronue, com convicção.
"De adulto? Pois pra mim você está começando a soar como Kaizo!"
Kurama pode sentir nitidamente o momento em que o abraço de Kuronue se afrouxou e um silêncio incomodo se instaurou...
"Kuronue?"
"Hn... Que?"
"Que houve?"
"Nada... Cansei, só."
"Nada uma ova! Você sente falta do seu irmão... Se me amasse mesmo, seria honesto comigo.", afirmou Kurama, pegando sua sacola do chão e tomando a dianteira.
Kuronue ainda ficou um tempo parado... Depois sacudiu a cabeça e correu atrás do youko.
"Kurama, espera!", gritou, antes de segurá-lo pelo braço.
"Me solta!"
"O que você quer que eu te diga, hein? Que eu estou farto de você e quero voltar pra casa? Se quer tanto saber, eu sinto saudades do meu irmão sim... Se não te falo sobre isso é para não te aborrecer ou você pensa que eu não sei que você se culpa por ter me afastado dele? Parece que prefere acreditar que eu sou um tonto que não sabe o que quer... Por que é tão difícil para você acreditar eu vim porque quis?"
"Eu acredito...", afirmou Kurama se abraçando a ele, "... É que as vezes eu fico pensando se não vai chegar o dia em que você vai se arrepender disso tudo."
"Eu nunca vou me arrepender de ter escolhido você."
Um beijo suave selou o fim da pequena desavença... A empolgação só não pode ser maior porque ainda havia muito o que ser feito naquela noite. Encontrar um abrigo, por exemplo.
A dupla já havia encontrado um lugar para acampar quando uma luminosidade foi detectada por Kuronue. Só podia ser uma vila e não estava muito longe dali. Havia esfriado bastante de madrugada e a idéia de encontrar um quartinho quente os impediu de levar o acampamento adiante. Sem perder mais tempo, eles seguiram em direção da claridade.
Momentos depois, muros altos puderam ser avistados... Para surpresa dos jovens viajantes aquela era a maior vila em que já tinha estado desde do início da jornada. Um tanto boquiabertos, eles passaram pelos portões largos sob os olhares atentos de um grupo de vigilantes.
Parecia tudo tão extraordinariamente civilizado... Construções bem feitas, casas altas, iluminação eficiente e um pátio largo, decorado por jardins bem cuidados... Apesar do frio e das nevascas ocasionais, flores multi coloridas cresciam em vasos largos protegidas por redomas de vidro transparente. Uma visão impressionante... Além disso, youkais de todos os tipos circulavam por toda a parte em trajes mais sofisticados do que a maioria dos encontrados naquela região do Makai.
Não foi difícil encontrar uma espécie de hospedaria, mil vezes mais bem aparelhada do que as anteriores. Kuronue até se espantou ao sentar na cama alta e bem arrumada. O colchão era tão espesso e macio que parecia se amoldar ao corpo. No entanto, a dupla não resistiu à tentação de sair para admirar melhor aquela cidade tão interessante...
Sem perder tempo, Kurama arrastou Kuronue de volta para o jardim, intrigadíssimo com as flores que cresciam no frio.
"Não é lindo? Kuronue, olha só aquele arbusto azulado... e aquelas flores amarelas...", repetia Kurama deslumbrado, enquanto puxava seu parceiro pela mão pra cima e pra baixo, mal dando-lhe tempo para seguir suas observações.
"É lindo sim...", respondeu, resignado, ciente de que só deixaria aquele estranho jardim depois que Kurama tivesse visto tudo o que lá havia.
Embora preferisse estar no calor do interior de uma taverna, Kuronue não podia deixar de admirar o entusiasmo do youko. O que lhe incomodava mesmo era estar numa cidade tão bacana vestindo um casaco tão ridículo...
"Kurama, olha só... Já notou que nesse lugar tem uma porção de gente com orelhas iguais as suas?"
"Desde que não sejam youkos, por mim, tudo bem.", concluiu Kurama sem dar margem ao assunto.
"Hum... Não são youkos, só parecidos... Já percebeu como eles estão olhando pra gente?"
"É porque somos de fora... Vai ver já perceberam qual é a nossa profissão..."
"Sei não... Será que podemos ir para algum lugar agora... Estou congelando aqui."
"Oh... pobrezinho... Vem cá que eu esquento você..."
Abraçados, eles entraram na primeira taverna que encontraram, uma casa grande, de portas largas. Estava tão quente em seu interior que ambos puderam tirar os casacos, para alívio de Kuronue. Graças ao lucro obtido em alguns roubos anteriores, eles teriam condições de aproveitar bastante as facilidades que aquele lugar podia lhes oferecer.
Assim, a dupla comeu e bebeu como reis... Tiveram um porco de dificuldade de afastar as companhias que aquele tipo de ostentação costumava atrair, mas nada que não pudessem contornar... Em pouco tempo, já estavam mais a vontade, rindo e conversando os youkais das mesas mais próximas.
Não demorou para que fossem convidados para um jogo de apostas... Embora mal conhecessem as regras, Kuronue aceitou o desafio e mudou de mesa, a despeito dos protestos de seu parceiro, bastante menos bêbado. A verdade é que Kurama já havia aprendido sobre os inconvenientes de beber excessivamente e não tinha a menor intenção de baixar a guarda como da última vez...
No entanto, não podia fazer nada a respeito de Kuronue a não ser vigiá-lo para que não fizesse nenhuma bobagem...
Ao menos não estavam apostando alto. Caso Kuronue perdesse, se veria livre do famigerado casaco vermelho, caso ganhasse, passaria a ser dono se um chapéu esquisito... Nenhum prejuízo sério, ponderou Kurama ao observar a jogatina à distância.
Subitamente entediado, o youko nem percebeu quando um youkai alto, com longas orelhas de gato se aproximou...
"Com licença..."
"Tem gente aí...", resmungou Kurama, pondo uma perna sobre a cadeira vazia ao seu lado.
Porém, o estranho não se abalou e sentou-se na cadeira a sua frente.
"Desculpe a insistência mas preciso falar com você... Meu assistente informou que um youko acinzentado havia entrado na cidade essa noite e eu precisava conferir... Estou impressionado, nunca vi um como você...", falou o sujeito, erguendo a mão para tocar o cabelo de Kurama, "... Parece prateado..."
"Ei!", protestou Kurama, esquivando-se do toque bruscamente.
Ele se levantou, levando a mão ao cabelo em busca de uma semente, mas o estranho se desculpou, quase implorando-o para que se sentasse. Kuronue estava tão alto e distraído que nem dera conta do acontecido. Provavelmente iria perder, pensou Kurama de imediato, assim que lhe dirigiu o olhar. Um tanto desconfiado, sentou-se novamente...
"Sinto muito mesmo...", continuou o youkai, "... Não pretendia irritá-lo. Meu nome é Shin e sou um dos membros do conselho desta cidade. Sou médico, está vendo...", disse, exibindo um livro grosso que trazia dentro do casaco, "... oh, imagino que não saiba ler, mas..."
"Eu sei ler e muito bem. Não estou interessado em quem você é e nem na sua ocupação. Não sou um idiota e não estou bêbado, portanto, se está querendo alguém para enrolar, procure outro."
Depois de uma pequena pausa, o youkai prosseguiu sua tentativa de diálogo...
"Bom, estou vendo que é um jovem esperto... Vou ser direto então. Gostaria de saber se é mesmo um youko, ou se é um mestiço como eu. Se for, é melhor aceitar a minha ajuda antes de voltar para junto de seus parentes. Esta cidade já foi contaminada..."
"Que? Você está bêbado ou o que?", desdenhou Kurama.
"Vejo que não compreende... Bom, desculpe incomodá-lo. Pelo visto não é mesmo um youko, ou não estaria tão a margem dos acontecimentos. Não se preocupe, você não corre perigo aqui."
"Perigo? Isso é alguma piada? Nunca vi cidade mais comportada na vida..."
"O que você podia esperar da mais antiga cidade do Makai fundada por youkos? Sabe, garoto, você quase me enganou... Se não fosse sua grande ignorância a nosso respeito, poderia acreditar que era mesmo um youko..."
"Eu sou um youko!", disparou Kurama, irritado.
Ele engoliu seco, impressionado com as próprias palavras... Não tinha bebido tanto assim... Quando poderia imaginar que ficaria irritado por alguém duvidar que fosse youko? Estava numa cidade de youkos... Instintivamente, seus olhos começaram a percorrer o grande salão em busca de figuras conhecidas... Não haviam nenhum youko lá.
"Como pode essa ser uma cidade de youkos se eu não estou vendo youko nenhum?", perguntou, deixando transparecer um pouco de seu nervosismo.
O youkai parecia já ter se desinteressado dele, mas, por algum motivo, voltou a se acomodar na cadeira.
"E como você pode ser um youko se não sabe nada sobre esta cidade e nem sobre a peste?
"Peste?"
"A doença que vem dizimando a sua espécie nas últimas décadas. Mesmo aqui, onde viviam centenas de youkos só restaram os descendentes mestiços. Há algum tempo não vejo não youko saudável nessa região... Se você fosse uma exceção, poderia ser útil..."
Kurama se recostou na cadeira, se esforçando para pensar em algo. Já sentia até um profundo arrependimento pela pouca bebida que havia ingerido.
"Não... na verdade... eu não posso ser útil...", murmurou, evasivo.
"Não se preocupe, filho. Como disse antes, você está a salvo. Aproveite a cidade. É uma das melhores de todo o Makai.", disse, se retirando.
Kurama permanecer quieto, quase estático.
Uma peste...
Uma sensação de enjôo subiu por seu estômago e ele não pode evitar de pesar se, naquela altura, já estaria contaminado também...
"Venci..."
Ele virou-se para trás e deparou-se com Kuronue, completamente bêbado, usando um estranhíssimo meu chapéu na cabeça. O jovem estava tão grogue que mal conseguia ficar de pé. Foi um custo para Kurama conseguir arrastá-lo de volta para a hospedaria. O cheiro de álcool que emanava de Kuronue o fazia sentir cada vez mais nauseado, mas não houve outro jeito a não ser carregá-lo para a cama e aturar sua atitudes desconexas até que apagasse de vez.
Assim que Kuronue dormiu, Kurama tratou de separar as sementes que teria que usar na manhã seguinte. Com certeza a ressaca de seu parceiro seria memorável... Pensando bem, no estado em que estava, não acordaria tão cedo. Kurama também se sentia cansado... Estava amanhecendo, mas a verdade é que não conseguiu sequer se acomodar no colchão. O cheiro o enjoava e os pensamentos não o deixavam em paz. Por mais que tentasse não se importar, a notícia de que sua espécie estava acabando por causa de uma doença mexia com algo dentro dele... sentimentos esquecidos, que pareciam só estar esperando uma chance como aquela para voltar a incomodá-lo.
O sol ainda não havia ultrapassado a linha do horizonte quando Kurama saiu da hospedaria em busca do youkai que tirara o seu sossego. Precisava encontrar o tal Shin. Tinha que saber mais sobre o que estava acontecendo, acalmar seu espírito ou jamais conseguiria sair daquela cidade maldita.
Um youkai que encontrou no caminho para a taverna o informou onde Shin morava. Um casa de paredes de pedra, situada num dos extremos da cidade. Kurama não pensou duas vezes antes de bater na porta de madeira espessa. Seu mal estar havia piorado bastante e ele quase desistiu ao pensar que teria que explicar para aquele estranho sua origem tortuosa.
Alguns tempo depois, Shin abriu a porta. Se surpreendeu um pouco ao vê-lo, mas rapidamente o convidou a entrar.
"Interessante. Tive a intuição que você me procuraria. Quer beber alguma coisa? Está com frio?"
"Não, estou bem."
"Incrível a sua semelhança com um youko... Se não fosse pela cor, ninguém jamais diria que é mestiço."
"Sei... É justamente por isso que eu vim aqui."
"Está com medo de ficar doente? Não se preocupe. Se você fosse um youko mesmo já teria caído por aí..."
"Muitos youkos já morreram aqui?"
"Muitos."
"Mulheres também?"
"Hum... Entendo... Como ela é?"
"Cabelos avermelhados, olhos verdes..."
"Desculpe, garoto, mas isso não ajuda muito... Ela tem nome?"
"... Yu."
"Só isso?"
"Acho que sim."
"Não lembro de ninguém com esse nome... Sinto muito não poder ajudar mais. Você não sabe mais nada que possa ajudar?"
"Não... Mas obrigado assim mesmo."
"Você e seu amigo ainda vão ficar aqui muito tempo."
"Não. Quero ir embora assim que ele melhorar..."
"Compreendo... Espere um momento. Eu tenho umas ervas ótimas para ressaca. Vou buscar."
Kurama queria ir embora. Se sentia péssimo... Mesmo assim aceitou esperar. Kuronue ia precisar de toda ajudar que pudesse conseguir quando acordasse. Depois, queria que ele se recuperasse logo. Mal via a hora de ir deixar aquela cidade pra trás.
Ele sentou. Estava cansado demais e com frio... Shin estava
demorando. Kurama não chegou a dar conta mas instantes depois adormeceu
profundamente.