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Fanfic por Ana-chan
Capítulo 36
A Volta para Casa
"Kuronue, me espera!"
Era a terceira vez que Kurama era obrigado a gritar por seu parceiro, tentando impedi-lo de sumir de vista.
Desde que deixaram a fronteira do território de Laizen, Kuronue disparara a sua frente tão rápido que seria quase impossível alcançá-lo tendo que arrastar aquela sacola pesada.
O youko parou e respirou fundo. A idéia de abandonar aquele peso morto lhe parecia bastante convidativa...
Kuronue ainda podia ser visto, passos firmes, já bem distante. Até o momento ele ainda não havia olhado para trás uma só vez.
"Não vou correr atrás de você!!", gritou Kurama, sentado no chão, já visivelmente irritado.
Afinal, o que tinha feito demais?
Embora pequenas brigas com Kuronue fizessem parte da rotina, algo lhe dizia que dessa vez as coisas não seriam tão fáceis. Nunca havia visto seu parceiro tão furioso...
Kurama permaneceu onde estava, sem coragem para prosseguir naquele jogo inútil. Kuronue retornaria, mais cedo ou mais tarde, disso estava certo...
O tempo passou. Pensamentos estranhos atravessaram sua mente... E se Kuronue tivesse aproveitado a situação para abandoná-lo e voltar para o leste?
"Não!", afirmou para si mesmo, juntando toda a convicção que lhe restara, "... Kuronue não jamais faria uma coisa dessas..."
Talvez, tivesse mesmo exagerado. Não devia ter se insinuado para o tal Yomi só para competir com seu pobre companheiro... Não havia sido nada demais, apenas uma distraçãozinha! Se ao menos Kuronue não tivesse chegado a tempo de ver... Kurama não precisou pensar muito para chegar à conclusão que fora vítima da mais pura e simples má sorte.
"Dá pra levantar daí?"
Kurama olhou para cima. Kuronue estava parado ao seu lado de braços cruzados e expressão fechadíssima.
O primeiro impulso de Kurama foi se levantar num pulo e abraçar seu parceiro. No entanto, ele conseguiu se segurar antes de completar a ação. Se não tinha feito nada que justificasse tamanha irritação, por que então agir como se fosse culpado?
"Você estava andando muito rápido e essa sacola está muito pesada..."
"A minha também está!", interrompeu o youkai, "Não pense que eu deixei a mais pesada pra você..."
"Eu não pensei..."
"Então vamos andando, tá? Quero dormir num colchão essa noite..."
"Tudo bem, se a gente não conseguir eu deixo você dormir em cima de mim."
"Preferia um cama de espinhos...", retrucou Kuronue já voltando a andar.
"Kuronue, não seja ridículo! Você não pode ficar desse jeito só porque me viu conversando com um youkai..."
Kuronue voltou-se para o youko num movimento brusco, quase ameaçador...
"Você pensa que eu sou um estúpido, não é? Não se atreva a olhar na minha cara e dizer que não estava flertando com aquele soldado caipira porque eu não respondo por mim!"
"Mas eu só estava brincando!"
"Meu irmão estava certo sobre você.... Você não passa de um garoto mimado e egoísta que gosta de brincar com os sentimentos dos outros..."
"Lá vem você de novo com essa estória de meu irmão sabe, meu irmão disse! Se você gostasse dele tanto quanto diz não teria ido embora na primeira oportunidade que teve!"
"Não se atreva a falar de Kaizo! Ele é bom de mais pra alguém como você entender!"
"E se eu falar você vai fazer o que? Vai me bater por acaso?"
Kuronue se aproximou, asas retesadas, parecendo pronto para o ataque. Ele chegou a segurar Kurama pelos ombros e a amaçar empurrá-lo, mas conteve-se no último momento.
"Não vou te dar esse gostinho... Você gosta de tirar seus amantes do sério... Pois fique sabendo que me cansei de suas... brincadeiras.", afirmou Kuronue secamente antes de virar-lhe as costas.
"Vai embora, anda! Eu é que já estou farto do seu ciúme! Você não faz idéia do que aconteceu e ainda assim acha que pode gritar comigo e me dar as costas. Você não é meu dono!! Ninguém é!"
"Então me conta o que aconteceu! Pode falar a verdade que eu agüento! Você está enjoado de mim e quer variar..."
"De onde você tirou essa idéia? Eu não estou querendo variar... Mas que droga, Kuronue... Eu só comecei a falar com aquele cara porque achei ele parecido com você."
Os dois continuaram se olhando, tensos... Queriam se abraçar e esquecer toda aquela gritaria sem sentido, mas permaneceram calados, hesitantes...
Algum momentos se passaram...
"Eu não sou tão feio...", murmurou Kuronue.
"Hum?"
"Aquele soldadinho desgrenhado... Como você pode pensar que é parecido comigo?"
"As orelhas... e o cabelo. Quer dizer, a cor do cabelo... Você é mais bonito, é claro."
"Kurama... Eu não queria ter dito aquilo... Mas quando eu vi você todo cheio de sorrisos para aquele sujeito... As vezes eu penso se não estou empatando você..."
"Não, você tem razão... Eu é que não devia ter feito aquilo... Você não está me empatando... acho que sou eu quem está impedindo você de ter uma vida melhor..."
"Vamos esquecer tudo isso, tá?"
"Você não gosta dessa vida, eu sei disso..."
"Eu gosto de ficar junto de você e isso é o bastante."
Kurama não respondeu. Preferiu aceitar um abraço reconciliador. Como era bom poder abraçar Kuronue com força novamente. Embora não demonstrasse tanto quanto seu parceiro, era inegável que o nervosismo o consumia durante essas discussões, principalmente nas em que tinha alguma culpa, ou seja, em quase todas... Jamais se perdoaria se por alguma bobagem viesse a perder sua confiança, ou pior, sua companhia.
Mas no fundo, ele sabia que a ansiedade de seu parceiro não se devia apenas à crises de ciúme ocasionais. A verdade é que Kuronue sentia muita falta da vida que levava no subterrâneo, de ter um irmão, colegas, enfim, um lar... Viajar havia sido divertido no início, uma rotina diferente e cheia de novidades... Kurama poderia viver assim o resto de seus dias, mas... não sabia se poderia submeter Kuronue àquela situação por mais tempo.
A dupla desistiu de procurar um povoado... Era tarde e ambos estavam muito cansados. Preferiram acampar usando as habilidades de Kurama. Dependendo do local, suas cabanas de vegetação entrelaçada conseguiam ser bastante satisfatórias.
Assim que tudo ficou pronto, Kuronue tirou a roupa e puxou Kurama, forçando-o a se deitar ao seu lado. Certa tensão ainda pairava no ar... Era evidente o quanto o youko estava inquieto apesar de estar se comportando quase naturalmente. Viver ao seu lado havia ensinado a Kuronue a não acreditar em tudo o que via. Kurama tinha impressionante facilidade de dissimular suas emoções... O youkai, então começou a acariciar o cabelo prateado levemente e a roçar seus lábios no rosto contraído até obter alguma reação, o que não tardou muito a acontecer.
Kuronue sentiu quando as mão de Kurama se entrelaçaram em
seus cabelos, ainda presos no cabo-de-cavalo, ao mesmo tempo em que os lábios
se encontravam pela primeira vez naquela conturbada noite.
Já era dia claro quando Kuronue despertou. Não havia ninguém ao seu lado, mas pela temperatura podia adivinhar que já devia ter amanhecido há bastante tempo.
Instintivamente, o youkai esticou as asas. Se arrependeu no mesmo instante já que o movimento quase provocou o desabamento da barraca. Mas não deu muita importância. Finalmente o triste reino de Laizen havia sido deixado para trás e nada seria capaz de abalar seu bom humor naquele dia. Mal via a hora de encontrar Kurama. Mais uma vez Kuronue prometia a sim mesmo que passaria pelo menos a primavera inteira sem brigar com ele... Primavera? Não, estava decidido a nunca mais brigar com Kurama em toda a sua vida. Já estava mais do que na hora de acreditar nos sentimentos dele e esquecer de vez os ciúmes que teimavam em distorcer seus pensamentos. Kurama era bonito sim, e daí? O fato dele despertar tanto interesse por parte de outros youkais não fazia dele um infiel. E se Kurama quisesse, já o teria largado há muito tempo! Pra que então envenenar a vida com desconfianças bobas o tempo todo?
Kuronue aproveitou para se despreguiçar melhor assim que saiu de tenda. Olhou em volta e não viu Kurama. Provavelmente ele havia ido caçar alguma coisa para o almoço... Assim, Kuronue ficou para reunir os pertences da dupla bem como a pequena carga de bugigangas roubadas no reino de Laizen.
O jovem já estava com quase tudo pronto quando percebeu que havia alguém sentado há uma certa distância, completamente imóvel. Contra o sol parecia até uma pedra, mas agora que a claridade já havia mudado um pouco de direção, podia reparar nitidamente que era Kurama que estava ali. Certamente não tinha dado conta que já estava acordado...
Kuronue caminhou confiante em sua direção. Queria muito contar-lhe suas mais novas resoluções.
"Você está tão quietinho que eu pensei que fosse parte da paisagem...", sussurrou Kuronue ao se sentar atrás do youko, abraçando-o carinhosamente.
Kurama não respondeu. Apenas se acomodou melhor nos braços de Kuronue. O que tinha para dizer necessitaria de uma certa preparação...
"Tenho uma coisa pra dizer...", continuou Kuronue, "... Nunca mais vou ter ciúmes de você. Não quero brigar mais com você, Kurama. Nunca mais."
"Nunca é muito tempo."
"Você duvida de mim? Pois então saiba que até já resolvi comprar uma bacia."
"Bacia? Pra que?"
"Pra amparar a baba do seu admiradores.", explicou o youkai , arrancando uma risada breve e abafada de seu parceiro.
"Acho que você não vai precisar disso, Kuronue. Eu também tomei um resolução essa noite."
"É? E qual?"
"Nós vamos voltar pra casa."
"Que?"
"Não podemos continuar levando uma vida que só é agradável pra um de nós..."
"E quem disse que eu não gosto dessa vida?"
"Você acabou de dizer. Kuronue, não adianta fingir. Eu sei que você sente saudades de casa, do seu irmão, da floresta, talvez até mesmo do subterrâneo."
"Que diferença isso faz? Você não pode voltar e isso é que importa!"
"Eu não estou proibido de voltar..."
"E o mestre?"
"Vamos para a nossa caverna. Najah vai sentir nossa presença, mas não creio que fará alguma coisa. Ele poderia nos achar até aqui se quisesse. A gente procura Kaizo, você passa uns dias com ele, e depois a gente vê o que pode fazer..."
"Você faria isso por mim?"
"Não exagere, tá? Não é só por você. Agora que você já conhece a vida comigo, quero de dar uma oportunidade e pensar e decidir. É por mim também... talvez até mais do que por você."
"Obrigado, Kurama."
"Ora, não é pra tanto. Agora levante daí. Temos que trabalhar. Não quero voltar para o leste na miséria."
Assim que Kurama se afastou, Kuronue se pôs a pensar sobre o que realmente lhe havia sido dito. Estavam voltando pra casa! Talvez só agora fosse capaz de assumir o quanto ansiava por essa notícia. Por mais que amasse Kurama, nenhum dos lugares por onde tinha andado nos últimos tempos o havia feito se sentir em casa. Além disso, sentia falta de Kaizo. Muitas vezes não evitava de se sentir desprezível por ter abandonado um irmão que tanto havia feito por ele. Se preocupava muito com ele... chegara a imaginar se o mestre não teria descontado nele a frustração pela perda de Kurama...
Embora nunca tivesse comentado nada a esse respeito com seu parceiro, por vezes a angustia lhe oprimia o peito ao pensar na situação em que Kaizo fora deixado. Pior, duvidava muito que ele não tivesse percebido sua apreensão.
De uma coisa estava certo: a despeito das palavras de Kurama, sabia que ele só estava tomando aquela atitude por sua causa. O youko apreciava a vida errante e sem compromissos. Gostava da liberdade irrestrita que as vastas pradarias do Makai ofereciam aos viajantes e não se importava nem um pouco com o perigo o desconforto ocasionais. Talvez esse fosse apenas mais um dos traços contraditórios de sua personalidade. Kurama admirava a riqueza e o conforto, mas ao mesmo tempo não se incomodava de perdê-los pelo simples prazer de não ter que dar satisfações a ninguém.
Contraditório e adorável. Kuronue sabia que a cada dia que passava amava o youko mais. Seria muito bom rever seu irmão, um alívio para a sua mente angustiada sem dúvida... Mas, no fundo, sabia que o seu lugar era ao lado de Kurama, onde quer que fosse.
Ele sorriu. Levantou-se rapidamente. Tinha que se juntar a
Kurama nos preparativos para a volta para casa!
Quando a dupla de ladrões atravessou a planície que antecedia a grande floresta do leste, já podiam sentir os efeitos da estação mais quente do ano. Ambos esperavam ansiosamente o momentos de mergulhar seus corpos maltratados pelo calor na imensidão verdejante do bosque fresco e sombreado.
Eles sabiam que o primeiro trecho de floresta era extremamente perigoso para forasteiros, mas nada temiam já que conheciam aquela região muito bem.
A viajem de volta havia sido bem mais curta e direta. Não haviam parado mais de que um dia em cada vila por onde passaram, algumas poucas, já que tiveram que evitar as que haviam pilhado na ida. Com isso ganharam um tempo considerável.
O primeiro dia em que pisaram no território de Najah foi um bastante tenso. Os jovens permaneceram o tempo todo alertas e mal conseguiram pregar os olhos durante a noite. Porém, lá pelo quarto dia já se sentiam mais confiantes de que não seriam importunados.
No quinto dia, finalmente alcançaram a caverna escondida no barranco do rio. Ainda estava do mesmo jeito que a haviam deixado, exceto pela desordem característica do abandono.
Aquele lugar lhes provocava as mais doces recordações. Era o esconderijo secreto onde se encontraram por tantas e tantas vezes assim que se tornaram amantes. Se havia um lugar que realmente gostariam de chamar de lar, era aquele.
Rapidamente, os dois colocaram a bagunça em ordem e Kurama ergueu a barreira protetora do mesmo jeito que costumava fazer antes. Quando tudo estava pronto, se sentiam tão eufóricos que nem o desconforto do piso irregular e pedregoso os impediu de fazer amor antes mesmo que o colchão estivesse pronto. Estavam em casa. Kurama podia finalmente rever a floresta que tanto amava e Kuronue em breve reencontraria seu querido irmão. Não poderia ser mais perfeito.
Estava tudo acertado: o local onde se esconderiam, onde procurariam comida, a postura discreta que deveriam assumir. Era importante não provocar Najah em seu próprio território. No entanto, assim que se deixaram envolver pela força daquele lugar tão belo e familiar, perderam totalmente a noção de todas as restrições combinadas. No dia seguinte da chegada à caverna já estavam desfrutando das águas do lago. Kuronue queria estar bonito para ver o irmão... Como Kurama poderia negar seu desejo?
Alguns dias já haviam se passado desde de que entram na floresta e nenhum sinal de Najah. Kurama não conseguia sequer detectar sua energia. Talvez estivesse morto, pensou... Até ele já estava ansioso para que Kuronue revisse Kaizo. Só assim saberia das novidades.
No entanto, o youko não precisou esperar tanto quanto
pensava...
Kurama assobiou.
Era este o sinal que Kuronue esperava. Ligeiro, ele saiu de trás do tronco da árvore onde estava escondido, segurando firmemente o pequeno e desavisado youkai pelas costas.
"Me solta!!", gritou o pequeno antes de ter a boca coberta pela mão do youkai alado.
Kuronue arrastou sua pequena vítima até uma canto afastado, junto à reentrância de uma roxa. O prisioneiro se debatia loucamente, dificultando bastante a manobra de Kuronue. O jovem teve que usar toda a sua força e habilidade para conter o sacudir frenético do youkai preso em seus braços. Subitamente, ele é atingido. A dor aguda na virilha o fez soltar o youkai que principiou uma correria estabanada pouco antes de ser contido novamente, desta vez por um golpe bem aplicado por Kurama. O menino foi atirado ao chão e imobilizado.
"Kuronue! Você está legal?", perguntou Kurama com sorrizinho cínico nos lábios.
"Estou ó-timo...", respondeu Kuronue ainda deitado, com as mãos entre as pernas e expressão dolorida.
"Tá vendo seu monstrinho? Se o meu parceiro ficar prejudicado por sua causa eu te mato!", ameaçou Kurama, arrancando lágrimas instantâneas do assustadíssimo youkaizinho.
"Ah... Também não precisa exagerar Kurama... Eu tô
legal...", afirmou, levantando-se com
dificuldade.
"Ôoo menino... Para de chorar. Eu não vou matar você. Vou te soltar agora. Não tente correr, entendido? Ou eu vou ficar muito zangado."
O menino assentiu, com uma balançar nervoso de cabeça. Em seguida, foi solto. Sua primeira reação foi a de recuperar o fôlego. Estava exausto depois de tanta luta. Não era justo. Só tinha 10 anos, não tinha como se defender de dois youkais tão grandes!
Foi aí que ele deu uma boa olhada em seus agressores. O que o derrubou era muito claro, tinha orelhas de gato e olhos amarelados e brilhantes. O olhava com expressão superior, fazendo-o sentir-se como se não valesse mais do que um rato. Devia ser poderoso pelo jeito como falava e se movia... Já o outro... Assim que os seus pequenos olhos amendoados focalizaram a figura do grande youkai de asas negras, uma palavra foi pronunciada quase sem pensar...
"Kaizo."
"Você conhece o meu irmão? Como ele está? Ele está aí? Vocês..."
"Calma Kuronue! Assim você atropela o garoto... Como é seu nome, guri?"
"Me chamo Koji. Caramba! Vocês que são Kuronue e Kurama?"
"Somos sim.", respondeu Kuronue orgulhoso.
"Kaizo fala de vocês o tempo todo."
"Bem ou mal?", perguntou Kurama antes que seu parceiro tivesse chance de se manifestar.
"Bom, ele fala muito bem do irmão Kuronue... mas só dele."
Kurama cruzou os braços... As vezes odiava a sinceridade infantil... Porém Kuronue estava tão ansioso que nem deu conta de seu aborrecimento...
"Meu irmão... Como ele está?"
"Muito bem!"
"Ele está por aqui?"
"Quando eu saí pra ir ao lago, ele disse que já estava vindo... Daqui a pouco ele deve estar chegando!"
"Escutou ele Kurama! Meu irmão está vindo!!!"
"Hn.", resmungou o youko entredentes.
"Sabe, vocês são muito parecidos mesmo! Vi logo que só podia ser você... Já você...", continuou, voltando-se para o youko, "...Sei lá, você é bem diferente do que eu pensava."
"Imagino..."
"O mestre é seu pai? Vocês não se parecem nem um pouco..."
"Você não acha que já está falando demais não?",
disse Kurama, encarando o menino
ameaçadoramente.
"Escute Koji. Ninguém, mas ninguém mesmo pode saber que estamos aqui, compreende?", explicou Kuronue tentando ser amável.
"Por que?"
"Porque sim.", respondeu Kurama.
"Porque assim é melhor para todos, acredite em mim.", emendou Kuronue.
"Koji!!" - alguém gritou.
"Meu irmão!", exclamou Kuronue ao mesmo tempo em que disparava em direção ao som.
Kurama deu de ombros, mas não resistiu e acabou seguindo seu parceiro há uma certa distância. Koji o acompanhou de perto, curioso.
Os olhos claros de Kaizo se arregalaram ao ver a figura de seu irmão parada bem a sua frente. Por um momentos, ambos permaneceram parados, como se estivessem em choque. Depois de um tempo, Kuronue se aproximou devagar, sorrindo para o irmão que continuava imóvel como uma estátua.
"Você voltou?", murmurou Kaizo ao ser abraçado por seu irmão, agora, ligeiramente mais alto do que ele.
"Vim ver você, mano. Estava com saudades."
Os youkai se abraçaram forte, deixando vir a tona toda a emoção reprimida por quase um ano de afastamento. Estavam com muitas saudades um do outro. Queriam se olhar mas mal conseguiam parar de se abraçar.
"Deixa eu ver você...", disse Kaizo segurando o irmão pelos ombros, "... Seu infiel, como ousa voltar aqui mais alto do que eu?"
"Não se impressione irmão. Deve ser as botas... O que fez com o cabelo?"
"Eu cortei um pouco... Mas me conte tudo o que aconteceu com você. Pelos Deuses! Achei que nunca mais ia te ver nessa vida!"
"Está tudo bem comigo, mano! Estou cheio de novidades, mas acho que vou demorar um pouco pra colocar tudo em dia..."
"Que voz grossa é essa? Nossa, como você mudou! Já
parece até um adulto! E que chapéu
engraçado! Isso é moda lá no oeste?"
"Nãããoo! Esse chapéu eu ganhei num jogo de cartas. Eu adoro! Uso sempre. Kurama odeia, mas eu acho que é a minha cara!"
"E ele largou você finalmente?"
"Kurama? Mas de jeito nenhum! Aliás foi idéia dele nós voltarmos aqui para te visitar!"
"Visitar? Então vocês estão aqui só de passagem?"
"Creio que sim... Kurama não pode ficar..."
Kaizo olhou para baixo, visivelmente desapontado. Porém Kuronue não deixou que o ânimo esfriasse. Estava feliz demais para isso.
"Não fique assim, mano. Você nem parece feliz de me ver..."
"Estou sim... Ai! Minha nossa! Esqueci de Koji! Você não viu por aí um..."
"Menininho? Vi sim! Ele que nos falou de você... Está lá atrás com Kurama."
"Ah sim... Ele veio."
"Mas é claro. Ele é meu parceiro!... Ah, mano! Não andei o Makai inteiro pra te ver com essa cara. Vem cá vem. Vamos sentar e conversar, eu, você, Kurama e Koji. Por favor, já está mais do que não hora de você superar essa implicância...", insistiu Kuronue, puxando seu irmão pela mão, guiando-o até o local onde estavam os outros.
Ao se aproximarem, Kuronue fez questão de colocar Kaizo e Kurama frente a frente. Os youkais se olharam, procurando não demonstrar a velha animosidade que existia entre ambos.
"Como vai, Kurama?", cumprimentou Kaizo friamente.
"Bem, e você?"
"Melhor agora que Kuronue está de volta."
"Sei... Eu vou levar Koji lá no rio pra que vocês possam conversar melhor."
"Kurama, fique. Vamos sentar pra conversar nós quatro... por favor?", propôs Kuronue com um sorriso esperançoso.
Os quatro youkais se sentaram em roda, numa parte discreta da floresta. Kuronue falou quase o tempo todo, narrando detalhadamente os eventos mais emocionantes da jornada. Koji parecia ser o mais interessado nas estórias, fazendo uma pergunta atras da outra. Kaizo e Kurama permaneciam calados, completamente deslocados...
"... então foi isso o que aconteceu. Mas sério mesmo, nunca pensei que o reino de Laizen fosse tão sem graça! Não é, Kurama?"
"É sim..."
"Vocês viram o rei?", perguntou Koji cada vez mais entusiasmado.
"Uma vez, depois da reunião de que falei.", respondeu Kuronue.
"E como ele é?"
"Claro, alto, musculoso mas bem magro, com uma enorme cabeleira branca e manchas escuras pelo corpo."
"Nossa, mas parece até o mestre!"
"Claro, eles são.."
"Kuronue, porque você não fala sobre os carecas... Eles eram engraçados...", cortou Kurama bruscamente.
"Koji, será que você poderia ir no rio encher esse garrafa pra mim?"
"Claro, Kaizo!", disse o menino, se levantando prontamente.
Assim que Koji se distanciou, Kaizo pode finalmente mudar o rumo da conversa.
"Quando vocês chegaram?"
"Nesta parte da floresta, ontem."
"Onde vocês estão abrigados?"
"Num lugar seguro, perto do rio."
"Como estão as coisas por aqui?", perguntou Kurama.
"Pensei que não fosse perguntar... O mestre ficou muito mal depois que você foi embora... Não sai mais do quarto, nem sequer aparece mais pra gente. Ainda nem pude falar com ele sobre Koji... Sinceramente, não faço idéia de como ele reagiu à volta de vocês. Não quero confusão com meu irmão, Kurama. Acho melhor vocês irem embora daqui logo."
Os amantes se entreolharam um tanto chocados com a franqueza de Kaizo.
"Venha com agente, mano. Por favor!"
"Meu lugar é aqui, Kuro. Não quero passar a vida vagando pelo Makai. Gostei muito de ver você. Por uma momento desejei de coração que você estivesse voltando pra ficar... Mas, pensando melhor, estaria mais tranqüilo se vocês estivessem longe daqui."
Kurama pensou um pouco antes de falar.
"Kuronue, eu vou voltar para a caverna. Fique com seu irmão mais um tempo.", disse se retirando devagar.
Kuronue quis segui-lo mas permaneceu com seu irmão. Sabia que
aquela podia a sua última oportunidade de estar com ele...