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O Recomeço
Fanfic por Bela Youkai
Prólogo
Estava correndo, sozinho, no meio de uma floresta escura e selvagem. Seu corpo estava suado, fazendo a túnica alva colar-se a ele como uma segunda pele enquanto corria o mais rápido que podia. Mas não de nada adiantava, era sempre alcançado, não importava que direção tomasse. Ele podia senti-lo perto, a respiração quente, a voz lhe dizendo algo que não conseguia entender.
De repente, tudo ficou em silêncio. Ele parou de correr e olhou ao redor, não sabia onde estava, mas percebeu que a mata fechada o cercava por todos os lados. Sentiu de novo aquela presença se aproximando. Seu corpo começou a tremer e seu coração batia tão forte que parecia que toda a floresta o ouvia. Sentiu o toque em seus cabelos prateados, depois no rosto, nos lábios... E finalmente conseguiu entender o que aquela voz lhe dizia:
- Volte para mim...
* * * * * *
Kurama levantou-se da cama de repente, arfando, o rosto banhado em lágrimas. Demorou alguns minutos para acalmar sua respiração e o tremor que percorria seu corpo. Sem contar que seu coração continuava a bater no mesmo ritmo enlouquecido do sonho.
- Droga, o que está acontecendo comigo? - murmurou.
Era o mesmo pesadelo que vinha tendo todas as noites desde que voltara do Makai. A cada dia que passava, o sonho ia se tornando cada vez mais real, mais intenso...
E aquela voz... No começo, não conseguia imaginar que voz era aquela, ou a quem pertencia, tamanha era a confusão de seus sentimentos. Mas depois de reviver tantas vezes o mesmo sonho, já conseguia identificar quem era o dono da voz rouca que tanto o perturbava.
Somente alguém no seu passado de youko tivera o dom de fazer seu coração disparar quando o tocava, como acontecia em seu sonho. Era alguém que tentara de todas as maneiras arrancar de sua vida, pois significava sua única fraqueza. Por um tempo conseguiu, mas depois do último torneio, seus verdadeiros sentimentos voltaram com força total, recusando-se a serem contidos.
Exausto, Kurama deixou-se cair na cama, abraçando seu corpo, como se consolasse a si próprio. E na escuridão do quarto, o único som que se ouvia era um nome sendo murmurado baixinho, quase sussurrado:
- Yomi... Ah, Yomi...
* * * * * *
O último torneio das trevas que escolhera Enki como o imperador supremo do Makai havia terminado há seis meses. O Time Urameshi voltara para o Nigenkai, com exceção de Hiei, que preferiu ficar treinando com Mukuro.
Aos poucos, a vida de todos ia voltando ao normal. Yusuke assumira de vez seu amor por Keiko e, depois de tê-la feito esperar por tanto tempo, finalmente a pediu em casamento. O jovem casal irradiava felicidade, mesmo que no fundo Yusuke sentisse vontade de regressar ao Makai.
Kuwabara estava um pouco deprimido, porque Yukina estava morando no templo de Genkai, e passava a maior parte do tempo imaginando várias desculpas para visitar a koorime.
Apenas Kurama já não era o mesmo. Aos olhos dos colegas da escola e amigos, Suuichi continuava como sempre foi, amável e atencioso com todos. Mas quem o olhasse mais atentamente perceberia que ultimamente ele andava calado, sempre pensativo e com o olhar distante.
Aquela noite não tinha sido diferente. O mesmo sonho, a mesma sensação. Kurama levantou-se mais cedo do que o necessário, pois não tinha conseguido dormir a noite toda. Tomou um banho bem demorado, vestiu uma calça vinho e uma blusa branca com gola vinho, que combinava com a cor de seus cabelos.
Olhou-se no espelho, e não pode evitar uma careta ao ver as profundas olheiras que circundavam seu olhos. Oh, Inari, como estou horrível... Desceu as escadas em silêncio, pois sabia que ainda era muito cedo e Shiori ainda estaria dormindo. Saiu de casa disposto a dar uma caminhada para acalmar um pouco sua mente. Sabia que se fosse pra a aula assim, aquele seria mais um dia desperdiçado, pois não conseguiria se concentrar em nada.
Foi caminhando lentamente, até chegar em um parque a algumas quadras de sua casa. Entrou e caminhou até um local que sabia ser pouco visitado, ainda mais naquela hora. Era um terreno com poucas árvores, mas amplo e florido. Sentou-se na grama, numa parte mais alta, de onde podia ver o sol que nascera há pouco.
Sua mente logo vagou para séculos atrás, quando ainda era Kurama Youko, o famoso ladrão temido em todo o Makai. Naquela época, a única coisa a que dava valor eram os tesouros que conseguia roubar. Todos o admiravam, uns pelo seu poder e inteligência, outros por sua inigualável beleza.
E foi por causa dessa sensualidade latente que dezenas de amantes passaram pela sua cama, alguns tão rapidamente que nem sequer se lembrava de seus nomes. O youko fazia questão de manter seus relacionamentos num nível estritamente sexual, sem qualquer envolvimento que fosse além disso. Mas tampouco se importava se o parceiro do momento viesse a se apaixonar por ele – o que não era raro acontecer. E quando acontecia, Kurama Youko se livrava do amante tão rápido que este nem tinha tempo de protestar.
Era assim desde a morte de Kuronue, o único youkai a quem chegou a se entregar sem reservas, sem medo de ser traído. E desde a sua morte, passou a se esconder atrás de uma máscara de indiferença que tanto angustiava quem tinha o azar de amá-lo, não se importando com ninguém que não fosse ele mesmo.
Mas nada o havia preparado para a avalanche de emoções que o invadiu quando aquele youkaizinho arrogante surgiu em sua vida. Yomi. Kurama ainda estremecia quando se lembrava de como havia sido intensa a paixão que sentira por Yomi desde a primeira vez que o vira, e no quanto estava despreparado para sentir aquilo.
Talvez o que o tivesse atraído em Yomi, num primeiro momento, fosse sua semelhança com Kuronue. O mesmo tom de pele, a mesma cor dos cabelos, a mesma sensualidade. Apenas os olhos eram diferentes. Kuronue tinha os olhos de um azul profundo, misteriosos, enquanto Yomi possuía olhos rosados, selvagens como ele próprio.
No entanto, a personalidade de Yomi era muito diferente do jeito calmo de Kuronue. Com Yomi, tudo era feito da forma mais intensa possível. Quando roubava, se jogava de cabeça na aventura, não parando pra pensar se estava agindo certo ou não. Não planejava, simplesmente fazia o que tivesse vontade, sem ligar para as conseqüências.
Possivelmente, era isso que mais afetava Kurama. A
impetuosidade de Yomi o irritava imensamente, mas também o fascinava. Sua paixão
pela vida era inigualável, embriagante... Sentia vontade de se deixar levar
pelo turbilhão de sensações que o envolvia quando estavam juntos, mas não
conseguia. Sabia que, no momento em que deixasse seu amor por Yomi vencer, sua
vida como o ladrão legendário estaria acabada. Passaria a ter um ponto fraco,
e isso era inadmissível...
Mas Yomi não entendia sua preocupação, e preferiu acreditar que o youko o
rejeitava porque não o amava. Passou a desafiá-lo constantemente, sempre
questionando suas ordens, a ponto de envolver as atividades do bando naquela
loucura que os envolvia. Os ataques irresponsáveis que liderava resultavam na
morte de dezenas de youkais, e nada mais eram do que uma forma infantil de
chamar a atenção do amante.
Os boatos sobre o impulsivo subchefe de Kurama já corriam por todo o Makai, e vários inimigos passaram a preparar armadilhas para apanhá-lo, como uma forma de chegarem ao líder. A cada ataque fracassado de Yomi, aumentava a certeza de Kurama de que tinha que pôr um fim naquilo.
Suspirando, Kurama retirou uma mecha do cabelo ruivo que lhe caía pelos olhos e deitou-se na relva macia que cobria o local, olhando para o imenso céu azul. Seu coração ainda doía com as recordações daquela época. Já tinha repetido a si mesmo milhares de vezes que aquela era a única saída, mas mesmo assim não conseguia evitar a dor e o arrependimento que sentia toda vez que lembrava de como traíra Yomi.
Já era noite no Makai. Yomi havia saído para mais um de seus
ataques levando consigo alguns youkais. Antes de sair, ele e Kurama haviam tido
mais uma das inevitáveis discussões que sempre precediam aqueles ataques
absurdos. Mas aquela briga havia sido tão violenta que o youkai acabou indo
para a batalha com o lado direito da face inchada, tamanha a fúria que
despertara no youko. E apenas servira para que a raposa tomasse a decisão
que acabaria com toda aquela situação.
Kurama sabia onde seria o ataque planejado por Yomi, distante há uns dois dias
de viagem. Não foi difícil para ele contratar aquele youkai alado para levar a
cabo seu plano. Já o conhecia por sua fama de assassino infalível e sabia que
aquela seria a única maneira de se livrar de Yomi, pois ele mesmo jamais
conseguiria matá-lo pessoalmente.
Ao dar a fatídica ordem ao youkai alado, lembrou-se daquele detalhe crucial, que mais tarde lamentaria profundamente. Não se esqueça de cegá-lo, antes de matá-lo...
Assim foi feito, e Yomi jamais voltou daquela missão. A notícia de sua morte se espalhou pelo bando, atingindo Kurama em cheio. No fundo, acreditava que Yomi sobreviveria ao ataque e voltaria para ele, como sempre fazia, com toda aquela teimosia que tanto amava. Mas dessa vez estava enganado.
Quando se deu conta do que fizera, foi invadido por uma dor muito maior do que a que sentira quando Kuronue morrera. Era como se algo tivesse se partido dentro dele, tirando-lhe o ar, ferindo-o como uma faca afiada.
Incapaz de esconder seu desespero, deixou o esconderijo e caminhou até as ruínas de uma cidade que fora destruída por seu bando há anos atrás, e lá chorou toda a culpa e sofrimento que tomaram conta de sua alma.
Durante dias, ninguém soube de seu paradeiro. E quando voltou
ao bando, tudo o que ainda restara de bom em Kurama Youko havia, finalmente,
morrido...
* * * * * *
Todos estranharam o fato de Suuichi Minamino não ter aparecido na escola naquele dia. Um aluno tão aplicado jamais mataria aula à toa, devia ter acontecido algo, era o que todos achavam. O diretor da escola chegou a entrar em contato com Shiori, que também não fazia idéia do que tinha acontecido.
Kurama permaneceu no parque perdido em suas lembranças até ver o Sol se pondo, tingindo o céu de uma tonalidade única. Aquela era a hora em que seu coração humano sempre acelerava, pois o céu ganhava uma coloração parecida com a do céu de Gandara. Era um tom rosado, quase violeta, que ia se apagando à medida que o Sol desaparecia no horizonte.
Sorriu, tristemente, com esse pensamento. Yomi uma vez lhe
dissera que ele era como um dos sóis do Makai, que aquecia e iluminava sua
vida. E como o sol que observava agora, ele também fora embora, levando consigo
o lindo brilho rosado que iluminava os olhos de seu amado...
Continua...